02.07.2023
[Atos 19.21-22] 21Depois disso, Paulo se sentiu impelido pelo Espírito a passar pela Macedônia e a Acaia antes de ir a Jerusalém. “E, de lá, devo prosseguir para Roma!”, disse ele. 22Então, enviou adiante dele à Macedônia dois assistentes, Timóteo e Erasto, e permaneceu um pouco mais na província da Ásia.
UM DOS PROPÓSITOS de Lucas para o livro de Atos é apologético: é a defesa do evangelho de Cristo. O autor não apenas quis fazer um registro histórico dos primórdios do cristianismo, com motivação evangelística e pastoral, mas desejou também demonstrar que a fé cristã era uma religião lícita, “o verdadeiro Judaísmo”, argumentou Paulo Anglada. De fato, percebe-se no relato bíblico a intenção de se demonstrar que o império romano não precisava temer a religião cristã, pois esta não se tratava de um movimento político subversivo, e, sim, religioso, que almejava a salvação dos perdidos e a promoção do reino espiritual de Cristo, mediante o anúncio do evangelho (em cumprimento à Grande Comissão de Jesus Cristo). FOI POR ISSO QUE Lucas registrou vários acontecimentos nos quais oficiais romanos e outras autoridades civis se mostraram simpáticos ou favoráveis aos cristãos, apesar do confronto do evangelho com as culturas locais e a idolatria onde ele foi anunciado com poder e graça.
A parte final do capítulo 19 de Atos (vs. 21-41) narra um desses episódios. Nesta passagem, Lucas deixará claro o reconhecimento, por parte das autoridades de Éfeso, de que Paulo e seus seguidores não foram responsáveis pelo tumulto ocorrido na cidade, e, sim, Demétrio e seus colegas artesãos (19.23-24, 38), fabricantes de souvenirs relacionados ao culto à deusa Diana, posto que esses homens temiam que seus negócios fossem afetados pelo avanço do evangelho na região (19.25-27).
O relato de Lucas sobre o ministério de Paulo em Éfeso, durante a sua terceira viagem missionária, focaliza três acontecimentos principais:
1. 19.1-7. O ENCONTRO do apóstolo com os discípulos de Éfeso (crentes nominais), até então batizados apenas no batismo de João;
2. 19.8-20. O TRIUNFO da pregação do evangelho, atestado pelos milagres extraordinários que ocorreram na cidade – e a reação de judeus exorcistas frustrados na tentativa de utilizar o nome de Jesus em suas atividades lucrativas;
[até aqui, nós já consideramos em mensagens anteriores; e agora:]
3. 19.21-41. O ALVOROÇO causado pelos artesãos locais, por causa da ameaça que o evangelho representava aos seus negócios tão prósperos, explorando comercialmente o culto idólatra à deusa Diana.
Pois bem, nesta terceira parte de Atos 19, há um pequeno relato – um parênteses, por assim dizer, – que geralmente, infelizmente, passa desapercebido pelo leitor. Lucas nos confidencia os planos íntimos de Paulo para o futuro:
Atos 19.21-22 21Depois disso, Paulo se sentiu impelido pelo Espírito a passar pela Macedônia e a Acaia antes de ir a Jerusalém. “E, de lá, devo prosseguir para Roma!”, disse ele. 22Então, enviou adiante dele à Macedônia dois assistentes, Timóteo e Erasto, e permaneceu um pouco mais na província da Ásia.
Esse plano e a ação de Paulo estão inseridos entremeio a três episódios que, geralmente ofuscam o que acabamos de ler: [1.] a ameaça que o evangelho representava para o negócio idólatra dos artesãos de Éfeso (descrita nos vs. 23-27); [2.] o relato do alvoroço causado por esses artesãos na cidade (registrado nos vs. 28-34); e [3.] a intervenção da autoridade local, inocentando o movimento cristão (detalhada nos vs. 35-41). Desse modo relatado, Lucas deixou bastante claro que os cristãos nunca agiram (sequer pensaram ou se apresentaram) como um movimento político revolucionário. Paulo estava tão somente cumprindo a Grande Comissão de Jesus:
Mateus 28.19-20 19Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 20Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E lembrem-se disto: estou sempre com vocês, até o fim dos tempos”.
Aí sim, quando se cumpre fiel e cabalmente a Grande Comissão de Jesus, não há nada mais revolucionário do que crentes e igrejas fazendo discípulos, plantando e fortalecendo igrejas pelo evangelho puro e simples do SENHOR. Isso, sim, inevitavelmente, deixará o mundo absolutamente perturbado, posto que resgatará pecadores do caminho da perdição e confrontará os ídolos de todas as épocas.
AGORA, antes de narrar o tumulto promovido em Éfeso pelos artesãos locais contra Paulo e seus colaboradores no evangelho, Lucas tomou o cuidado de esclarecer as circunstâncias desses acontecimentos, mencionando os planos do apóstolo para quando partisse de Éfeso, e as providências tomadas com vistas à realização desses planos; e este é o nosso texto para esta manhã:
Atos 19.21-22 21Depois disso, Paulo se sentiu impelido pelo Espírito a passar pela Macedônia e a Acaia antes de ir a Jerusalém. “E, de lá, devo prosseguir para Roma!”, disse ele. 22Então, enviou adiante dele à Macedônia dois assistentes, Timóteo e Erasto, e permaneceu um pouco mais na província da Ásia.
— Quanto tempo Paulo permaneceu na Ásia Menor? — Sabemos pelo testemunho dele próprio – aos presbíteros de lá – que o apóstolo ministrou em Éfeso por um período de TRÊS ANOS (20.31). Lucas nos contou que por três meses desse período, Paulo ficou pregando na sinagoga da cidade (19.8); e dois anos ele investiu pregando na escola de Tirano (19.10). Esse relato nos faz concluir que nos últimos nove meses em que esteve em Éfeso, Paulo estava com seu coração já fisgado em Roma: Atos 19.21 — “Depois disso, Paulo se sentiu impelido pelo Espírito a passar pela Macedônia e a Acaia antes de ir a Jerusalém. ‘E, de lá, devo prosseguir para Roma!’, disse ele.”
Esse plano de Paulo começou a ser cotejado por causa do sucesso já obtido em Éfeso e região (note o contexto anterior): Atos 19.20 — “Assim [após dois anos e três meses de trabalho – três meses na sinagoga e dois anos na escola de Tirano], a mensagem a respeito do Senhor se espalhou amplamente [em Éfeso] e teve efeito poderoso [lá, e de lá para o resto da Ásia Menor].” — Em face disso, o apóstolo avaliou que já era hora de retornar a Jerusalém, e de lá chegar a Roma. Antes, porém, ele planejava visitar as igrejas da Macedônia e Acaia, plantadas na sua segunda viagem missionária (v. 21).
A expressão que Lucas escolheu para dizer “Paulo se sentiu impelido pelo Espírito” (v. 21), segundo João Calvino, tem a intenção de indicar que “Paulo pretendia fazer essa viagem pelo instinto e impulso do Espírito; a fim de que soubéssemos que sua vida inteira era planejada de conformidade com a vontade de Deus”.
Aqui, portanto, está A PRIMEIRA BOA LIÇÃO DESTE TEXTO – para nós em nossos “planos para o futuro”: a decisão de Paulo foi direcionada pelo Espírito Santo, com base em evidências quantificáveis, palpáveis, e ao longo de um período de nove meses, pelo menos. EM OUTRAS PALAVRAS: em face do triunfo do evangelho em Éfeso e de lá para toda a Ásia Menor, o Espírito de Deus ergueu os olhos de Paulo para outras cearas e o maturou ao longo de nove meses, pelo menos. LIÇÕES:
E qual era a próxima etapa da missão?
PRIMEIRO, Paulo planejava FORTALECER IGREJAS já plantadas: Atos 19.21a — “Depois disso, Paulo se sentiu impelido pelo Espírito a passar pela Macedônia e a Acaia”. — Ora, ele já estivera nessas regiões cerca de dois anos e meio atrás, antes de se estabelecer em Éfeso: Atos 18.23 — “Depois de passar algum tempo ali [em Cesareia, Jerusalém e Antioquia da Síria, 18.23], [Paulo] voltou pela Galácia e pela Frígia, visitando e fortalecendo todos os discípulos.” — Pois bem, Paulo planejou repetir o feito: fortalecer os irmãos da Macedônia e Acaia, antes de prosseguir adiante.
SEGUNDO, Paulo planejava COLETAR ASSISTÊNCIA FINANCEIRA para os pobres e necessitados em Jerusalém: Atos 19.21b — “Depois disso, Paulo se sentiu impelido pelo Espírito a passar pela Macedônia e a Acaia antes de ir a Jerusalém.” — Para atender a essa necessidade, Paulo planejava levar consigo para Jerusalém ofertas de amor das igrejas majoritariamente gentias (igrejas compostas por não-judeus: gregos, “bárbaros” etc.) que ele havia fundado – e desse modo sanar de vez a rixa que havia entre os crentes judeus de Jerusalém e os crentes gentios no restante do mundo.
Pois bem, antes de retornar a Jerusalém (levando consigo o dinheiro), ele revisitou a Macedônia e a Acaia para recolher as ofertas [como nós podemos aprender aqui sobre dízimos e ofertas!]; os textos estão em ordem cronológica:
[1Coríntios foi escrita de Éfeso, no período narrado em Atos 19; entre 53 e 55 d.C.]
1Coríntios 16.1-4 1Quanto à pergunta sobre o dinheiro que vocês estão coletando para o povo santo, sigam as mesmas instruções que dei às igrejas na Galácia. 2No primeiro dia de cada semana, separem uma parte de sua renda. Não esperem até que eu chegue para então coletar tudo de uma vez. 3Quando eu chegar, entregarei cartas de recomendação aos mensageiros que vocês escolherem para levar sua oferta a Jerusalém. 4E, se for conveniente que eu também vá, eles viajarão comigo.
Continua na próxima mensagem…
S.D.G. L.B.Peixoto
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