22.01.2017
EXPANSÃO DURADOURA
Atos 8.1-8
1b Uma grande onda de perseguição começou naquele dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria.
A crise brasileira
Essa semana eu telefonei para saber como estava a irmã Laury e a sua família, pois tinha ouvido que ela (96 anos) e duas filhas, a Rosa e a Laura, tinham passado por algumas complicações de saúde. Graças a Deus elas já estão bem. Mas o que me chamou a atenção foi uma expressão usada pela nossa anciã. Fazendo referência à chegada do novo ano, disse a irmã Laury: “É pastor, 17 entrou custoso!”. Realmente, esse ano, reflexo de tudo o que vivemos no ano passado, já começou difícil para a maioria do povo brasileiro.
Sobre a crise nacional eu não preciso me delongar, pois todos sofremos na pele o que se abateu sobre o nosso país em termos de política, economia, ética, segurança pública, justiça, educação, saúde, transportes… só para ficar nas áreas mais sensíveis à sociedade.
Nos últimos dois governos falou-se muito em – e até se experimentou alguma – expansão ou crescimento. Muitos adquiriam casa própria, conseguiram subir seu patamar econômico, mobiliaram melhor a casa, etc. O problema é que a expansão não foi duradoura, pois não fizemos bem a tarefa de casa. As causas da crise brasileira eu deixo para os economistas e os analíticos políticos. Púlpito não é lugar para isso. Faço apenas uma constatação: a expansão não durou para a nação brasileira e 2017 “entrou custoso”.
Crescimento sustentável
Todos nós desejamos e precisamos crescer, em todos os sentidos: pessoal, profissional e espiritualmente. A nossa igreja também precisa crescer, em qualidade e em quantidade.
O crescimento de que todos nós carecemos precisa ser sustentável e duradouro. Mas o que será necessário para desencadear esse crescimento nas nossas vidas e na nossa igreja? A resposta para essa pergunta está no texto de Atos que temos para hoje – At 8.1-8.
O crescimento da igreja de Atos foi tão impressionante quanto duradouro. Seus efeitos nós sentimos ainda hoje, aqui e agora. Afinal, somos uma igreja fruto daquela expansão.
O propósito de Atos dos Apóstolos é mostrar como os primeiros cristãos levaram adiante a Grande Comissão de Jesus – que é fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19-20). Já no inicio do livro nós lemos o plano do Senhor:
At 1.8 | Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte: em Jerusalém, em toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais distantes da terra.
O que nós temos de Atos 1 até o final de Atos 7 é uma descrição de como a igreja se estabeleceu em Jerusalém – a primeira parte do plano de Jesus.
À partir de Atos 8, o que nós recebemos é um detalhamento de como os primeiros discípulos se expandiram para a segunda fase desse movimento duradouro: Judeia e Samaria. Você notou a transição anotada por Lucas no texto que lemos inicialmente? Observe mais uma vez:
At 8.1b | Uma grande onda de perseguição começou naquele dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria.
Chamo a sua atenção para o texto de hoje para juntos observamos os princípios adotados pelos primeiros crentes nesta fase de expansão que se provou duradoura. Há dois princípios que nós, para nos expandirmos de forma duradoura como igreja, precisamos observar: 1 siga o plano de Deus e 2 anuncie a palavra de Deus. Vejamos…
1. Siga o plano de Deus
O plano de Deus era que o evangelho saísse de Jerusalem em direção a Judeia e depois Samaria, até chegar “nos lugares mais distantes da terra” – ou seja: alcançar todos os povos. O plano ainda é o mesmo: fazer discípulos aqui, ali e além, simultaneamente; então virá o fim. Jesus, falando de acontecimentos futuros, disse assim:
Mt 24.12-14 | 12 O pecado aumentará e o amor de muitos esfriará, 13 mas quem se mantiver firme até o fim será salvo. 14 As boas-novas a respeito do reino serão anunciadas em todo o mundo, para que todas as nações as ouçam; então, virá o fim.
Por causa disso, nós, igreja e denominação, trabalhamos em cooperação para executarmos a nossa tarefa através de Missões Estaduais, Missões Nacionais e Missões Mundiais. Dos nossos dízimos nós enviamos o nosso dízimo (Plano Cooperativo) para a Convenção Batista. Os vocacionados por Deus e chamados por ele para a obra de missões que saem de nossas igrejas são por nossas juntas missionárias enviados aos campos brancos para a colheita. Nosso dinheiro e nossas orações os sustentam lá nos campos.
Essa é a razão para a cooperação das igrejas batistas através da Convenção Batista Brasileira, espalhada pelo Brasil através das Convenções Estaduais e das Associações Regionais ou Locais. Se você desejar conhecer mais sobre a nossa estrutura denominacional, acesse batistas.org e veja a estrutura e o trabalho dos batistas brasileiros.
O plano de Deus é que nós avancemos. E sempre que essa expansão fica ameaçada, ele dá um jeito de nos espalhar. Como se diz: se não vai pelo amor, vai pela dor… mas vai!
At 8.1b-4 | 1b Uma grande onda de perseguição começou naquele dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria. 2 (Alguns homens devotos vieram e, com grande tristeza, sepultaram Estêvão.) 3 Saulo, porém, procurava destruir a igreja. Ia de casa em casa, arrastava para fora homens e mulheres e os lançava na prisão. 4 Os que haviam sido dispersos, porém, anunciavam as boas-novas a respeito de Jesus por onde quer que fossem.
Ao longo da história da igreja, perseguição e sofrimento raramente impediram a expansão dos cristãos. Pelo contrário, na maioria dos casos foi como jogar gasolina na fogueira. O que se viu, a exemplo desse texto, foi uma explosão do evangelho para todos os cantos.
A história de Jim Elliot e seus quatro amigos é uma das histórias missionárias mais empolgantes e inspiradoras. Permitam-me ler um trecho dela para vocês:
Jim decidiu se dedicar aos índios aucas no Equador (hoje conhecidos como Huaoranis); que tinham a fama de serem muito violentos e que não possuíam até então qualquer contato com o mundo exterior. Com o propósito de levar o evangelho àquele povo, o grupo de cinco amigos começou a elaborar um plano que ficou conhecido como Operação Auca.
Nate Saint, conseguiu avistar alguns índios aucas sobrevoando algumas áreas que foram demarcadas no mapa da operação. A partir de então começaram sistematicamente sobrevoar as áreas dos aucas durante quatro meses, sempre levando presentes. Amarrado por uma corda, um balde cheio de roupas, bugigangas, cereais e fotografias dos missionários era levado pelo avião que em vôos baixos deixava cair os presentes. Os índios aucas chegaram a colocar no balde um papagaio e alguns enfeites de suas vestimentas. Diante do progresso alcançado, os cinco jovens missionários resolvem montar um acampamento às margens do rio Curray. Através de uma estação de rádio comunicavam constantemente com suas esposas que tinham ficado na base da missão.
Pouco tempo depois, um grupo de quatro índios visitaram os missionários em seu acampamento. Os missionários deram-lhes presentes e alimentos como um sinal de paz. Outros contatos foram feitos por mais algumas vezes e um daqueles índios chegou a voar com Nate Saint em seu avião, sobrevoando sua própria aldeia.
Incentivados por uma visita no dia 7 de Janeiro, os missionários decidiram ir até a aldeia dos aucas. Acordaram cedo no dia seguinte e louvaram ao Senhor. Nate e Jim, sobrevoando a área da aldeia dos aucas, avistaram um grupo de 20 a 30 índios se movendo em direção ao acampamento. Através do rádio comunicaram com suas esposas e decidiram às 16:30 entrarem em contato novamente.
Ao chegarem na praia de seu acampamento, Nate e Jim avisaram aos outros que os aucas estavam vindo. Munidos de armas decidiram não utilizá-las. Pouco tempo depois chegaram os aucas, e pouco esses cinco jovens puderam fazer. Foram mortos pelos aucas naquele dia de 8 de Janeiro de 1956.
Angustiadas pela demora do contato de seus maridos, suas esposas solicitaram imediatamente ajuda. Helicópteros e forças do exercito equatoriano sobrevoando o rio Curray encontraram os corpos de quatro missionários (não foi encontrado o corpo de Ed McCully). Seus corpos foram encontrados brutalmente perfurados por lanças e machados. O relógio de Nate Saint foi encontrado parado em 15:12, do que se deduz a hora em que foram mortos.
As esposas dos missionários, apesar da grande dor que sofreram, decidiram continuar com a missão, e algum tempo depois foram sucedidas na evangelização dos aucas. A tribo foi evangelizada e alguns anos mais tarde, o assassino de Jim Elliot, agora convertido ao Senhor Jesus e líder da igreja na aldeia, batizou a filha de Jim e Elizabeth no rio onde seu pai tinha sido morto.
A notícia do massacre chocou o mundo. Para muita gente a morte de cinco jovens talentosos e promissores parecia uma tragédia sem sentido. Deus, no entanto, mais uma vez, fez de uma desgraça uma bênção para as nações. Elisabeth Elliot, viúva de Jim Elliot, na biografia que escreveu (Através dos portais do esplendor – Ed. Vida Nova), comentou:
Para o mundo em geral tudo não passou de um triste desperdício de cinco vidas jovens. Mas Deus tem seus planos e propósitos em todas as coisas. Houve aqueles cujas vidas foram mudadas pelo que aconteceu às margens daquele rio. No Brasil, um grupo de índios em uma base nas matas profundas de Mato Grosso, quando ouviram a notícia, caíram de joelhos e clamaram o perdão de Deus por não terem se preocupado o bastante com os seus pares indígenas que ainda não conheciam Jesus Cristo. De Roma, um oficial americano escreveu para uma das viúvas: “Eu conhecia o seu marido. Ele era para mim o ideal de como deve ser um cristão.” Um major da Força Aérea americana, que servia em uma base na Inglaterra, com muitas horas de experiência de voo na bagagem, imediatamente iniciou planos para se juntar a uma agência missionária de aviação. Um missionário, da África, escreveu: “Nosso trabalho nunca mais será o mesmo. Conhecíamos dois dos jovens mortos. As vidas deles deixaram suas marcas em nossas vidas.”
Da costa na Itália, um oficial da marinha americana se envolveu num acidente no mar. Enquanto ele flutuava à espera de socorro, ele se lembrou e recitava para si palavras de Jim Elliot que havia lido em um jornal missionário: “Quando chegar a hora de morrer, certifique-se de que tudo que você tem a fazer é morrer.” Ele orou pedindo que fosse resgatado com vida, pois sabia que havia mais o que fazer antes de morrer. Não estava pronto. Deus respondeu sua oração, e ele foi resgatado. No estado americano de Iowa, um jovem de 18 anos ficou orando por uma semana em seu quarto, então revelou aos seus pais: “Estou devolvendo minha vida completamente a Deus. Vou tentar pegar o lugar de um daqueles cinco.”
À primeira vista, perseguições, tragédias ou sofrimentos podem parecer desperdício sem sentido. No entanto, o que realmente importa, é seguir o plano de Deus. Aqueles cinco missionários mortos pelos índios aucas sabiam disso. Nate Saint, um dos cinco mártires, tinha escrito em seu diário, dias antes de morrer, algo que revela o quanto aqueles jovens missionários estavam mais comprometidos com o plano de Deus para as vidas deles do que com os prazeres passageiros deste mundo:
Enquanto pesamos o futuro e buscamos a vontade de Deus, parece certo que devamos arriscar nossas vidas por apenas alguns poucos selvagens? Na medida em que nos fazíamos essas perguntas, nós percebemos que esse não é o chamado dos milhares necessitados, mas sim a simples intimação da Palavra profética de que no último dia haverá alguns de toda tribo na presença de Jesus; e em nossos corações sentimos que é agradável ao Senhor nos interessar em fazer uma abertura na prisão auca para Cristo.
A expansão duradoura, seja de uma vida ou de uma igreja, é o resultado de se seguir o plano de Deus, custe o que custar. Agora, não deixe de notar quem foram os que levaram adiante aquele plano de expansão duradoura. Note para quem é o plano de Deus.
At 8.1b-4 | 1b Uma grande onda de perseguição começou naquele dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria. 2 (Alguns homens devotos vieram e, com grande tristeza, sepultaram Estêvão.) 3 Saulo, porém, procurava destruir a igreja. Ia de casa em casa, arrastava para fora homens e mulheres e os lançava na prisão. 4 Os que haviam sido dispersos, porém, anunciavam as boas-novas a respeito de Jesus por onde quer que fossem.
O plano de expansão do evangelho do reino não era só para os apóstolos, assim como não é só para pastores e missionários – é para todos os cristãos dispersos pelo mundo, aonde quer que o Senhor coloque você: escola, empresa, hospital, ônibus, condomínio, etc.
O plano de expansão é para todos e nada poderá nos deter – nem as dores da vida (o luto pela morte de Estêvão – v. 2) nem a crueldade dos homens (a fúria de Saulo – v. 3). As portas do inferno não resistirão à nossa investida. Se seguirmos o plano de Deus, a nossa expansão será duradoura.
Continua na próxima mensagem.
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