02.04.2023
[Atos 19.1-7] 1Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelas regiões do interior até chegar a Éfeso, no litoral, onde encontrou alguns discípulos. 2Ele lhes perguntou: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”. “Não”, responderam eles. “Nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo.” 3“Então que batismo vocês receberam?”, perguntou ele. “O batismo de João”, responderam. 4Paulo disse: “João batizava com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois, isto é, em Jesus”. 5Assim que ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6Paulo lhes impôs as mãos e o Espírito Santo veio sobre eles, e falaram em línguas e profetizaram. 7Eram ao todo uns doze homens.
John Wesley – o precursor do metodismo – viveu na Inglaterra no século XVIII. Nasceu em 1703 e morreu em 1791, aos 88 anos. Nessa época, Johann Sebastian Bach (alemão) e Georg Friedrich Haendel (alemão, naturalizado britânico) eram os maiores compositores de música sacra. Haendel chegou a compor três melodias para os metodistas. Wesley apreciava muito o oratório “Messias”, composto por Haendel. De fato, John era um profundo admirador da música religiosa erudita (Bach, Haendel, Mozart, Haydn). Ele mesmo compôs e traduziu para o inglês cerca de vinte e cinco hinos. Seu irmão, Charles, também gostava do estilo clássico, e compôs mais de oito mil hinos.
A época de Wesley, todavia, não se resumia à elevadíssima qualidade musical. A Inglaterra estava, na verdade, passado por uma conturbadíssima revolução: a Revolução Industrial (1740—1840). Dentre outros males, crescia descontroladamente o número de desempregados. Resultado: a cidade ficou cheia de mendigos itinerantes. Some-se a isto os políticos corruptos, os vícios (principalmente o alcoolismo) e a violência generalizada. O cristianismo, em todas as suas denominações, ou estava ainda bem incipiente ou definhava. Ao invés de influenciarem, no geral, os cristãos estavam sendo influenciados de maneira alarmante, decorrente da apatia religiosa e pela degeneração moral. Já havia os puritanos, separatistas, presbiterianos, batistas etc. E dentre esses que não se conformavam com o estado decadente do cristianismo (sobretudo dentro do anglicanismo, a Igreja da Inglaterra), destacou-se John Wesley. Primeiro, durante o tempo de estudante na Universidade de Oxford, então como líder no meio do povo cristão.
Eis um resumo de sua história.
John Wesley era filho de Samuel e Suzanna Wesley. O pai, reverendo Samuel era pastor anglicano; além de ser politicamente bastante engajado. Devido às atividades pastorais e políticas que impediam o pai de dar a devida assistência ao lar, a mãe, Susanna (aos 19 anos, quando se casou) assumiu a administração financeira da família e a educação dos filhos e das filhas.
— Abre parênteses. — Suzanna deu à luz 19 filhos (incluindo dois pares de gêmeos); mas a mãe dela deu mais à luz, 25 filhos. Detalhe, mães: diz-se que Susanna disciplinava com rigidez seus filhos, mantendo horários para cada atividade e reservando um tempo de encontro com cada filho para conversar, estudar e orar. — Fecha parêntesis. —
Ainda na infância, com cinco anos de idade, John Wesley foi o último a ser salvo de um incêndio. Os demais conseguiram escapar, mas John ficou preso no segundo andar da casa onde morava. Quando não havia mais esperança, de forma miraculosa, escapou; e o incêndio destruiu toda a sua casa. Cena de cinema! A partir desse dia, Susana dedicou atenção especial ao pequeno John, pois entendeu que Deus o havia poupado para algo muito especial na vida. Depois desse acontecimento, John Wesley ficou conhecido como “um tição tirado do fogo”, fazendo-se referência ao “sumo sacerdote Josué” (em Zacarias 3.1-2).
Quando o menino John completou cinco anos, Susana começou a alfabetizá-lo, usando o livro de Salmos como apostila. O garoto ficou sob a tutela escolar da mãe até os 11 anos, depois foi enviado para uma escola pública (o que era grandíssima coisa naquela época!). Ficou como aluno interno por seis anos nessa escola. Aos 17 anos, foi para a Universidade de Oxford.
Iniciados os estudos em Oxford, John Wesley começou a se reunir com um grupo de estudantes para meditação bíblica e oração. Receberam dos colegas universitários o nome de “Clube Santo”. Outra coisa: Wesley não inventou o nome para o que veio a se tornar uma denominação; outros alunos, notando que os membros do dito “Clube Santo” tinham horário e método para tudo que faziam, passaram a tachá-los de “metodistas”. Wesley preferia dizer que eles eram os “Metodistas de Oxford”, mas nada além disso que pudesse sugerir o desejo de se criar uma denominação. Entretanto, tamanha era a dedicação e a piedade dos do “Clube Santo” que, partindo desse grupo, Wesley e seu irmão Charles iniciaram visitas a presídios e atividades evangelísticas entre os presos.
John Wesley graduou-se em Teologia; foi consagrado ao ministério da pregação da Palavra em 1724 (aos 21 anos); e começou a auxiliar o pai, Samuel, em uma congregação da Igreja Anglicana. Charles, seu irmão, foi consagrado em 1735 (aos 34 anos).
Em 1736 (John estava com 32/33 anos), os Wesleys foram enviados para pregar o evangelho de Cristo aos colonos ingleses, região que hoje é o Estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Na viagem de navio para a América, John Wesley e seu irmão conheceram crentes morávios (oriundos da Morávia, atualmente a região da República Tcheca). O canto congregacional entoado no navio durante a viagem para a América os marcou tanto que, inspirado pela hinódia do congregacionalista Isaac Watts (1674—1748), John Wesley começou a traduzir alguns hinos alemães para a língua inglesa, os quais foram publicados em 1737 (“A Collection of Psalms and Hymns”) em Charlestown (em Boston).
Charles Wesley, irmão mais velho, ficou na Virgínia somente por um ano, voltando para casa em razão de sua saúde debilitada (talvez em 1737, ano seguinte à chegada). Embora John Wesley tivesse permanecido, o ministério não prosperou, e logo ele seguiu o rastro do irmão, voltando à Inglaterra em 1738. Na viagem de retorno, John Wesley expressou em palavras no seu diário a angústia que sentia na alma, nestes termos [PRESTE ATENÇÃ!]: “fui à América evangelizar os índios, mas quem me converterá?”. ISTO MESMO! John Wesley, apesar de tudo e de tanta coisa, ainda não era convertido.
Durante a travessia do Oceano Atlântico, voltando ao lar em Londres, John Wesley ficou profundamente impressionado com um grupo de crianças e adultos (morávios) que, durante uma grande tempestade, cantavam e louvavam o nome do SENHOR Deus. Wesley, testemunhando a fé dessas pessoas, em face do risco de perecerem todos em naufrágio, estava ele mesmo morrendo de medo. — Por que o medo? — Dizia a si mesmo que Deus não poderia justificá-lo por causa de seus tantos pecados. Era por isso que constantemente, desde a tenra idade, Wesley temia a morte.
Chegou à Inglaterra em 1738. De volta a Londres, John foi convidado para uma reunião de culto e estudo bíblico dos morávios. Era 24 de maio de 1738. Foi ao encontro do grupo, relatou ele próprio, mas foi “bastante a contragosto”. A providência de Deus, entretanto, mais uma vez o visitou. Houve algo naquela reunião que transformou radicalmente a vida de Wesley. Ele descreveu o que lhe aconteceu, enquanto alguém lia [veja bem:] o comentário de Martinho Lutero sobre a carta de Paulo aos Romanos; ouça:
Cerca das oito e quinze da noite, enquanto ouvia a preleção sobre a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu passara a confiar somente em Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus pecados, e que me havia salvado da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todo o meu poder por aqueles que me haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira vez, sentia em meu coração.
Após a conversão e subsequente ministério, estima-se que nos 50 anos seguintes, até a sua morte aos 88 anos, Wesley pregou, em média, três sermões por dia; a maior parte ao ar livre. Faça as contas. 50 anos são equivalentes a 18.262 dias. Multiplique os dias por três sermões diários. Resultado: 54.786 sermões, aproximadamente. Relata-se que houve uma ocasião em que ele pregou ao mesmo tempo para aproximadamente 14.000 pessoas reunidas no local a céu aberto.
Durante o ministério de John Wesley, milhares de vidas saíram da condenação e miséria do pecado, abandonaram a imoralidade e passaram a cantar a fé em Cristo nas palavras dos hinos de Charles Wesley, irmão de John. Os dois irmãos Wesley – os filhos da Dona Susanna – deram à cristandade protestante e evangélica um novo espírito de alegria e de piedade.
MAS NÃO SE ESQUEÇA DISTO: até os 32/33 anos de idade, John Wesley não era convertido! Isto mesmo [PRESTE ATENÇÃO!]: apesar da alfabetização recebida ter sido pautada no livro de Salmos; apesar de toda a piedade do pai e da mãe; apesar de que, dos 17 aos 32/33 anos, John Wesley tivesse estudado teologia em Oxford, dirigido pequenos grupos, orado em grupos cristãos, cantado hinos, discipulado pessoas, visitado presidiários e pregado a eles, ter se formado teólogo pela Universidade de Oxford, começado a pregar e auxiliar o pai pastor no ministério local de uma igreja, ter sido enviado como missionário aos índios nos Estados Unidos… apesar de tudo e de tanto… John Wesley participou desses privilégios e fez todas essas coisas E NÃO ERA CONVERTIDO. Era convencido, mas não era convertido. Estava na igreja, era pastor de igreja e missionário, mas estava sob a condenação de Deus. MEUS DEUS DO CÉU!
— E você meu irmão? Qual é o estado de sua alma nesta manhã? —
A conversão de John Wesley, uma vez que foi exposto ao puro e poderoso evangelho de Cristo – lá na reunião dos morávios, em 24 de maio de 1738 – foi resultado da obra regeneradora do Espírito Santo. Até aquela ocasião, apesar de tudo: filho de pastor, criado por mãe tão piedosa e dedicada, formado em teologia, pastor auxiliar, missionário e muito, muito mais… Wesley ainda não era salvo pela graça de Cristo. Que alerta!
Atos 19.1-7 – o texto que temos para esta manhã – lida com o mesmo fenômeno: pessoas convencida, mas não convertidas; pessoas piedosas, mas não perdoadas; discípulos, mas não verdadeiramente discípulos. Preste atenção: Atos 19.1 — “Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelas regiões do interior até chegar a Éfeso, no litoral, onde encontrou alguns discípulos.” — Ora, gente, eram esses homens realmente discípulos?
Sabemos que já nos dias de Jesus havia aqueles que o seguiam, que eram discípulos – pois seguiam Jesus —, mas não eram discípulos de verdade; por exemplo:
João 6.61-67 61Jesus, sabendo que seus discípulos reclamavam, disse: “Isso os ofende? 62Então o que pensarão se virem o Filho do Homem subir ao céu, onde estava antes? 63Somente o Espírito dá vida. A natureza humana não realiza coisa alguma. E as palavras que eu lhes disse são espírito e vida. 64Mas alguns de vocês não creem em mim”. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem não acreditava nele e quem iria traí-lo. 65E acrescentou: “Por isso eu disse que ninguém pode vir a mim a menos que o Pai o dê a mim”. 66Nesse momento, muitos de seus discípulos se afastaram dele e o abandonaram. 67Então Jesus se voltou para os Doze e perguntou: “Vocês também vão embora?”.
Certamente que pela influência desse episódio e dessa palavra de Jesus foi que João, mais tarde em sua primeira carta, escreveu nestes termos: 1João 2.19 — “Eles [muitos anticristos que apareceram, v. 18] saíram de nosso meio, mas, na verdade, nunca foram dos nossos; do contrário, teriam permanecido conosco. Quando saíram, mostraram que não eram dos nossos.”
Realmente, desde os dias de Jesus já havia “crentes”, já havia “discípulos”, já havia gente de dentro do círculo, mas que não era crente mesmo nem discípulo de verdade: João 8.31 “Jesus disse aos judeus que creram nele: ‘Vocês são verdadeiramente meus discípulos se permanecerem fiéis a meus ensinamentos’.”
Se há algo que a prática cristã revela é que — nas palavras de Tomás de Aquino — “Veritas filia temporis” ou seja: “A verdade é filha do tempo.” Realmente! E isto não poderia ser mais verdadeiro do que quando se fala a respeito de conversão. A conversão se comprova com o tempo. A experiência (o tempo vivido) revela que há muitos, muitos mesmo!, que não permanecem; e muitos desses um dia “creram nele”, participaram de benefícios cristãos e praticaram alguma coisa cristã, mas não permaneceram (cf. Hb 6.4-6); e não permaneceram porque nunca foram “verdadeiramente” discípulos de Jesus; nunca nasceram de novo. Foram convencidos, mas não convertidos.
Observação: refiro-me aqui não necessariamente aos que mudam de igreja, mas àqueles que não têm ou não querem mais a igreja, qualquer igreja local. Note o que João, o apóstolo, disse (1Jo 2.19): “saíram de nosso meio” — qual “meio”? — o meio da igreja. O autor de Hebreus (que segundo Martinho Lutero teria sido Apolo), escreveu assim sobre convencidos, mas não convertidos – aqueles que deixaram de congregar:
Hebreus 6.4-6 4Pois é impossível trazer de volta ao arrependimento aqueles que já foram iluminados, que já experimentaram as dádivas celestiais e se tornaram participantes do Espírito Santo, 5que provaram a bondade da palavra de Deus e os poderes do mundo por vir, 6e que depois se desviaram. Sim, é impossível trazê-los de volta ao arrependimento, pois, ao rejeitar o Filho de Deus, eles voltaram a pregá-lo na cruz, expondo-o à vergonha pública.
Verdadeiros discípulos são estes [leia a sequência de João 8.31]: João 8.31b-32 — “Vocês são verdadeiramente meus discípulos se permanecerem fiéis a meus ensinamentos. ENTÃO conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.” É a santificação progressiva [ao longo do tempo] que comprova a justificação, a conversão, a profissão pública de fé, a veracidade do batismo e a comunhão praticada regularmente à mesa da ceia do Senhor. Verdadeiros discípulos, portanto, permanecem, crescem no conhecimento da verdade e, fruto disso, são progressivamente libertados do pecado. São santos.
Seria este o caso dos “discípulos” de Éfeso?
Parece que não; parece que esses “discípulos” (At 19.1) eram crentes nominais; bem-intencionadamente crentes, mas nominais; convencidos, mas não convertidos.
Qual é a base para dizer-se que eles eram crentes nominais?
PRIMEIRO, sabemos que Lucas usou o substantivo “discípulo” em outros contextos, fazendo referência a pessoas não convertidas:
Lucas 5.33 Algumas pessoas disseram a Jesus: “Os discípulos de João Batista jejuam e oram com frequência, e os discípulos dos fariseus também. Por que os seus vivem comendo e bebendo?”
Lucas 7.18-19 Os discípulos de João Batista lhe contaram tudo que Jesus estava fazendo. Então João chamou dois de seus discípulos 19e os enviou ao Senhor, para lhe perguntar: “O senhor é aquele que haveria de vir, ou devemos esperar algum outro?”.
Inda mais intrigante é o que se lê a respeito de Simão, um feiticeiro de Samaria:
Atos 8.9, 13 9Um homem chamado Simão praticava feitiçaria ali havia anos. Ele deixava o povo de Samaria admirado, e afirmava ser alguém importante. […] 13O próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava.”
Mas este homem não era ainda convertido! Confira:
Atos 8.18-23 18Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro, 19dizendo: “Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo!”. 20Pedro, porém, respondeu: “Que seu dinheiro seja destruído com você, por imaginar que o dom de Deus pode ser comprado! 21Você não tem parte nem direito neste ministério, pois seu coração não é justo diante de Deus. 22Arrependa-se de sua maldade e ore ao Senhor. Talvez ele perdoe esses seus maus pensamentos, 23pois vejo que você está cheio de amarga inveja e é prisioneiro do pecado”.
Conclui-se, primeiro, que o uso da expressão “discípulo” não significa necessariamente que seja “verdadeiramente” discípulo de Jesus. Logo, é duvidoso que os doze homens de Éfeso fossem convertidos de verdade – ainda que muito bem-intencionados.
Segundo, compare esses doze “discípulos” com Apolo, ali na mesma cidade:
Atos 18.24-26 24Enquanto isso, chegou a Éfeso vindo de Alexandria, no Egito, um judeu chamado Apolo. Era um orador eloquente que conhecia bem as Escrituras. 25Tinha sido instruído no caminho do Senhor e ensinava a respeito de Jesus com profundo entusiasmo e exatidão, embora só conhecesse o batismo de João. 26Quando o ouviram falar corajosamente na sinagoga, Priscila e Áquila o chamaram de lado e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus.
Ora, não dá para ser dogmático; não da para se afirmar categoricamente que Apolo já fosse convertido. Mas, com muita reserva e aberto para o diálogo eu digo: parece que sim; parece que Apolo era “convertido”. Primeiro, por causa da “exatidão” com a qual se lê que ele falava “a respeito de Jesus”. Segundo, por não se ver o batismo ser aplicado a Apolo nem a descida do Espírito Santo sobre Apolo.
Em comparação, confira o caso dos doze “discípulos” de Éfeso:
Atos 19.1-7 1Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelas regiões do interior até chegar a Éfeso, no litoral, onde encontrou alguns discípulos. 2Ele lhes perguntou: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”. “Não”, responderam eles. “Nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo.” 3“Então que batismo vocês receberam?”, perguntou ele. “O batismo de João”, responderam. 4Paulo disse: “João batizava com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois, isto é, em Jesus”. 5Assim que ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6Paulo lhes impôs as mãos e o Espírito Santo veio sobre eles, e falaram em línguas e profetizaram. 7Eram ao todo uns doze homens.
O que se tem de diferente aqui (em relação à experiência de Apolo)?
PRIMEIRO, esses homens não sabiam da pessoa do Espírito Santo ou não tinham sequer ouvido falar que o Espírito Santo havia descido em Pentecostes (v. 2). Muito estranho, posto que João Batista falava que aquele que viria, o Messias, batizaria com o Espírito Santo e fogo, referindo-se à regeneração e santificação do Espírito (Mt 3.11).
SEGUNDO, esses homens foram batizados “em nome de Jesus” (v. 4). — Por quê? Por que só “em nome de Jesus”, e não “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” como está em Mateus 28.19?. — Porque Cristo ainda não lhes havia sido apresentado. O fundamento da fé: o evangelho de Deus não havia sido esclarecido; isto é, a vida e a obra de Jesus não havia sido revelada a eles com os detalhes necessários. OU SEJA: eles conheciam a promessa messiânica apresentada por João Batista, responderam com fé a essa promessa e receberam “o batismo de João [Batista]” (v. 3); mas eles ainda não haviam crido em Jesus Cristo como o Messias e seu Salvador pessoal. Havia arrependimento de pecados (contrição), havia a disposição para mudar de vida e havia a esperança da chegada do Messias, mas a fé ainda não havia sido colocada única e exclusivamente em Jesus Cristo e sequer tinham provado do Espírito. Portanto, não eram convertidos; não eram salvos. Eram convencidos, mas não convertidos.
Meus Deus! Como essa história deve te fazer refletir! Como a história de John Wesley deve me fazer refletir (nos fazer refletir)! É possível estar na igreja, ser da igreja, fazer a missão da igreja, e não ser convertido; convencido, mas não convertido. É possível ter crescido e sido criado em lar piedoso, dentro de uma tradição cristã piedosa, centrada em Jesus até, e não ser convertido; convencido, mas não convertido! Que perigo!
Você é convertido(a)?
Para saber se é, primeiro, OLHE PARA O SEU CORAÇÃO, E RESPONDA:
no que você crê? que é o evangelho? você sabe explicar o evangelho? sabe pregar o evangelho para você? sabe dizer: o evangelho é… ? e de que modo o evangelho se aplica a você?
quais são suas grandes dúvidas ou questões? seus grandes medos? seus desejos mais latentes? seus prazeres? seus planos?
em tudo o que você pensa e deseja fazer, o lema de sua vida é: “em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça”? é este o seu motivo para viver: o reino de Deus e a sua justiça?
é este o seu mote: “amar o Senhor, meu Deus, de todo o meu coração, de toda a minha alma e de toda a minha mente; e amar o meu próximo como a mim mesmo”?
é este o seu maior desejo de conhecimento: “nada desejo saber tanto, senão a respeito de Jesus Cristo e este crucificado”?
é esta a sua maior aspiração: “crescer na graça e no conhecimento de meu Senhor e Salvador Jesus Cristo; e a ele tributar toda a glória, tanto agora como no dia eterno”?
é esse o seu mote, o seu lema? você é convertido? olhe para o seu coração e responda sinceramente a essas perguntas. MAS TEM MAIS…
Para saber se você é convertido(a), em segundo lugar, OLHE PARA O SEU COMPORTAMENTO (OS SEUS FRUTOS DE VIDA) E RESPONDA:
o que eu digo crer no coração transparece no meu comportamento?
sim, você creu em Cristo crucificado para perdão de seus pecados! MAS você crucificou sua carne, crucificou as paixões e os desejos de sua natureza humana?
sim, você crê que Jesus Cristo ressuscitou para a sua justificação! MAS você ressuscitou, em Cristo pela fé, para viver em novidade de vida? será que você não se esqueceu de que, quando foi unido a Cristo Jesus no batismo, você se uniu a ele em sua morte para viver como quem também ressuscitou para uma nova vida? você realmente vive em novidade de vida?
sim, você crê que o Espírito habita em você, você diz isto! MAS sua vida produz o fruto do Espírito? sua vida produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio? sim, você diz pertencer de coração a Cristo Jesus! MAS você crucificou as paixões e os desejos de sua natureza humana?
sim, você crê que, em Cristo, foi batizado em um só corpo [na Igreja] pelo único Espírito; você crê que foi reconciliado com Deus em um só corpo [a Igreja] por meio da morte de Cristo na cruz, eliminando a inimizade que havia entre você e o irmão! MAS você congrega ativamente em uma igreja local? é membro de igreja, membro ativo? tem uma igreja local? ou você deixou de congregar como é costume de alguns?
sim, você diz que ama Jesus! MAS você é capaz de, com alegria, abrir mão de tudo e do mundo, somente para ter Jesus como seu tesouro mais precioso?
Você é crente, crente mesmo, crente em Jesus Cristo?
Você é convertido(a)? Ou será você crente convencido(a), mas não convertido(a)?
Esta é uma ótima oportunidade para você se arrepender e crer para a sua salvação; integrar-se à igreja ou reintegrar-se a ela; adiante, após preparação, professar sua fé pelo batismo; e viver de fato a vida do corpo na igreja local.
NÃO BASTA SER CONVENCIDO; É PRECISO SER CONVERTIDO. E como é fácil se enganar! Pergunte a John Wesley. Pergunte aos doze de Éfeso. Não seja você a viver enganado. Arrependa-se do pecado e creia em Cristo para a sua salvação.
S.D.G. L.B.Peixoto
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