28.05.2023
[Atos 19.8-20] 8Em seguida, Paulo foi à sinagoga e ali pregou corajosamente durante três meses, argumentando de modo convincente sobre o reino de Deus. 9Mas alguns deles se mostraram endurecidos, rejeitaram a mensagem e falaram publicamente contra o Caminho. Paulo, então, deixou a sinagoga e levou consigo os discípulos, passando a realizar discussões [grego: dialegomai] diárias na escola de Tirano. 10Isso continuou durante os dois anos seguintes, e gente de toda a província da Ásia, tanto judeus como gregos, ouviu a palavra do Senhor. 11Deus concedeu a Paulo o poder de realizar milagres extraordinários [orla das vestes de Jesus: Mt 14.36; a sombra dePedro: At 5.15]. 12Quando lenços ou aventais usados por ele eram colocados sobre enfermos, estes eram curados de suas doenças e deles saíam espíritos malignos. 13Alguns judeus viajavam pelas cidades expulsando espíritos malignos. Tentavam usar o nome do Senhor Jesus, dizendo: “Ordeno que saia em nome de Jesus, a quem Paulo anuncia!”. 14Os homens que faziam isso eram os sete filhos de Ceva, um dos principais sacerdotes. 15Certa ocasião, o espírito maligno respondeu: “Eu conheço Jesus e conheço Paulo, mas quem são vocês?”. 16O homem possuído pelo espírito maligno saltou em cima deles e os atacou com tanta violência que fugiram da casa, despidos e feridos. 17A notícia do ocorrido se espalhou rapidamente por toda a cidade de Éfeso, tanto entre judeus como entre gregos, e sobre eles veio um temor reverente, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. 18Muitos dos que creram confessaram suas obras pecaminosas. 19Vários deles, que haviam praticado feitiçaria, trouxeram seus livros de encantamentos e os queimaram publicamente. O valor dos livros totalizou cinquenta mil moedas de prata. 20Assim, a mensagem a respeito do Senhor se espalhou amplamente e teve efeito poderoso.
Considere o poder de Deus. Com um aceno de mão, Deus tem poder para esculpir, por exemplo, as montanhas, os vales e os desfiladeiros tão belos do planeta; o mesmo aceno de mão é poderoso para mudar as marés ou colocar milhares de milhares de estrelas no devido lugar. Deus é poderoso tanto para implodir uma cordilheira inteira – poderoso para despedaçar uma cadeia inteira de montanhas – como para dividir com precisão qualquer célula ou átomo. Deus é poderoso tanto para orquestrar as estações como para esculpir um floco de neve. Aliás, sobre o poder da mera palavra de Deus, sobre o poder da mera voz de Deus, eis o que disse o salmistas de Israel, Davi:
Salmo 29.3-10 3A voz do SENHOR ecoa sobre o mar, o Deus da glória troveja; sobre o imenso mar, o SENHOR fala. 4A voz do SENHOR é poderosa, a voz do SENHOR é majestosa. 5A voz do SENHOR quebra os grandes cedros, o SENHOR despedaça os cedros do Líbano. 6Faz os montes do Líbano saltarem como bezerros, faz o monte Hermom pular como novilhos selvagens. 7A voz do SENHOR risca o céu com relâmpagos. 8A voz do SENHOR sacode o deserto, o SENHOR faz tremer o deserto de Cades. 9A voz do SENHOR torce os fortes carvalhos e arranca as folhas dos bosques; em seu templo todos proclamam: “Glória!”. 10O SENHOR comanda as águas da inundação, […]
Nada disso, porém, se iguala à mais misteriosa e maravilhosa demonstração do poder de Deus para mudar uma pessoa. Sim! Deus é poderoso pegar uma vida acorrentada na escuridão mais profunda do pecado e libertá-la, fazendo-a florescer na liberdade da luz; Deus é poderoso para pegar um coração que estava morto no desespero e revivê-lo com a forte batida da esperança. Por exemplo: Charles Swindoll conta a história de uma jovem mulher que andava perigosamente à beira do suicídio, mas que em um domingo na igreja experimentou o poder de Deus para mudar. Dias depois, após aquele culto memorável, a jovem escreveu ao pastor Swindoll:
Eu fui [ao culto] e sentei-me à sua igreja, espremida entre um desespero e uma esperança. Um desespero profundo e devastador, e uma esperança ilusória. Até então eu me agonizava com cada palavra e com cada aspecto da história da minha vida, tentando torná-la crível para mim mesma, dando-a o tipo de interpretação que pudesse manter viva no coração alguma esperança.
No entanto, quero que saiba que quando saí do culto eu estava diferente, [era uma] nova pessoa. Desde domingo, durante toda esta semana, tenho descartado lentamente as ilusões, desafiado algumas suposições… experimentando novos pensamentos e maneiras de me comportar… baseado não apenas no que ouvi no domingo, mas nas coisas da Bíblia. Estou encantada com a possibilidade de ser refeita. Eu entrei à sua igreja com um revólver e uma nota de suicídio na bolsa. De agora em diante irei apenas com minha Bíblia na mão. As circunstâncias não mudaram muito, maravilhosamente… MAS EU MUDEI.
A história dessa jovem mulher poderia muito bem ter saído diretamente das páginas de Atos dos Apóstolos – que é composto essencialmente de registros de uma vida transformada atrás da outra; vidas transformadas pelo poder de Deus. Pedro, o desertor, tornou-se Pedro, o evangelista. Tiago, o tradicionalista judeu, tornou-se Tiago, o introdutor de gentios na Igreja. Saulo, o destruidor de igrejas, tornou-se Paulo, o plantador de igrejas. Timóteo, o tímido rapaz, tornou-se um dos grandes na edificação de igrejas. E por aí vai… Ao longo do livro de Atos o que se lê são histórias de como Deus muda pessoas e lhes dá nova vida; e por meio dessas pessoas mudadas pelo poder do evangelho, Deus muda também cidades e continentes inteiros.
O continente no qual estamos acompanhando Paulo é a Ásia Menor. Seguimos com o apóstolo na escura e desesperadora cidade de Éfeso. Será aqui que encontraremos mais uma vez o imenso poder de Deus para mudar – um poder não menos extraordinário hoje do que foi no primeiro século da era cristã.
Ao adentrarmos a esta cidade antiga, porém atemporal, faremos bem manter em mente três características básicas da natureza humana – que nos ajudarão a nos prepar para as pessoas e as situações que encontraremos cotidianamente; e nos ajudarão também a discernir nosso próprio coração. São as mesmas condições básicas encontradas por Paulo no coração dos efésios:
Cada uma dessas características se revelará em nossa passagem bíblica (At 19.8-20), assim como o extraordinário poder de Deus para prevalecer sobre elas – mudando a vida dos efésios de dentro para fora. Isso foi tão marcante para Paulo durante seus anos de ministério em Éfeso que, mais tarde, ele escreveu isto (preste atenção às três condições básicas acima expostas – em contraste com o poder de Deus para mudar):
Efésios 2.1-5 1Vocês estavam mortos por causa de sua desobediência e de seus muitos pecados [1 – somos pecadores e teimosos], 2nos quais costumavam viver, como o resto do mundo [2 – atraídos e apegados às coisas do mundo], obedecendo ao comandante dos poderes do mundo invisível. Ele é o espírito que opera no coração dos que se recusam a obedecer [3 – ignorantes e inconscientes do grande inimigo]. 3Todos nós vivíamos desse modo, seguindo os desejos ardentes e as inclinações de nossa natureza humana [pecadores e teimosos]. Éramos, por natureza, merecedores da ira, como os demais. 4MAS DEUS é tão rico em misericórdia e nos amou tanto 5que, embora estivéssemos mortos por causa de nossos pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo. É pela graça que vocês são salvos!
Paulo, no texto em tela – Atos 19.8-20 –, atacará a todas essas condições com o poder da palavra de Deus. Antes, porém, uma palavra sobre a cidade: Éfeso.
Em muitos aspectos, o povo de Éfeso refletia a personalidade de sua cidade; ou seja: como é o caso em toda cidade, Éfeso e seu estilo de vida moldavam seus cidadãos.
MATERIALISMO. Éfeso era o mercado central da Ásia Menor. Naquela época, o comércio seguia os vales dos rios. Éfeso ficava na foz do Caístro (hoje, um rio da Turquia) e, portanto, tinha o privilégio de ser o interior mais rico da Ásia Menor. Apocalipse 18.12–13 dá uma descrição do tipo de comércio e os produtos que circulavam por aquele porto e cidade: ouro, prata, joias e pérolas; linho fino, púrpura, seda e tecido vermelho; produtos feitos de perfumada madeira de cedro, de marfim e de madeira preciosa; bronze, ferro e mármore; também canela, especiarias, incenso, mirra, bálsamo, vinho, azeite de oliva, farinha fina, trigo, gado, ovelhas, cavalos, carroças, e até escravos e vidas humanas. Por isso, Éfeso foi batizada de “a Casa do Tesouro da Ásia” e era chamada de “Feira das Vaidades da Ásia Menor”.
OSTENTAÇÃO. Éfeso era uma cidade pequena. Isso significava que, em determinados momentos, o governador romano se deslocava para lá e casos importantes de justiça eram julgados no local. A cidade, portanto, conhecia e ostentava a pompa do poder e da justiça romanos.
DIVERSÃO. Éfeso era o local dos Jogos Pan-Jônicos – uma liga composta por dez cidades da região. Presidir esses jogos e ser responsável pela sua organização era uma honra muito cobiçada. Os homens que ocupavam esse alto cargo eram chamados de asiarcas (oficiais da província) e alguns desses – amigos de Paulo – são mencionados em Atos 19.31.
CRIMINALIDADE. O Templo de Diana concedia o direito de asilo a criminosos que para lá afluíam para buscar refúgio. Ou seja, qualquer criminoso que chegasse à área ao redor do templo estava seguro. Inevitavelmente, portanto, Éfeso tornou-se o lar dos criminosos do mundo antigo.
SUPERSTIÇÃO. Éfeso era famosa por encantos e feitiços chamados “cartas efésias”. Diziam que tais textos – palavras mágicas, fórmulas mágicas – garantiam segurança em viagem, fertilidade a homens e mulheres, sucesso no amor ou em qualquer empreendimento comercial. Pessoas de todo o mundo vinham comprar esses pergaminhos mágicos, que eram usados como amuletos da sorte.
IDOLATRIA. A maior glória de Éfeso era o Templo de Ártemis ou Diana. Ártemis era o nome grego. Diana era o nome o latino. O templo tinha 130 metros de comprimento,67 metros de largura e 18 metros de altura. Havia 127 pilares (de 18 metros), cada um presenteado por algum rei à cidade. Eram todos de mármore da ilha de Paros, todos reluzentes, e 36 deles eram maravilhosamente dourados e talhados. O grande altar havia sido esculpido por Praxiteles (395–330 a.C.), o maior de todos os escultores gregos. Sobre a deusa e o templo, John Stott documentou o seguinte:
Na mitologia clássica, Ártemis (a quem os romanos chamavam de Diana) era uma caçadora virgem, mas em Éfeso ela foi identificada de alguma maneira com a deusa asiática da fertilidade. Éfeso guardava com imenso orgulho tanto a sua imagem grotesca, cheia de seios, (provavelmente um meteorito) como o templo magnífico que a abrigava. Essa estrutura tinha mais de cem colunas jônicas [um dos estilos arquitetônicos clássicos] de dezoito metros de altura, que sustentavam uma cobertura de mármore branco. Quatro vezes maior do que o Partenon de Atenas e decorada com belas pinturas e esculturas, ela era considerada uma das sete maravilhas do mundo. Além disso, superstições e práticas ocultas de todos os tipos floresciam sob o patrocínio de Diana.
ORA, O QUE SE ESPERAR DE UMA CIDADE ASSIM? Na verdade, nada de tão diferente do que nós já estamos acostumados: gente materialista, muita ostentação, diversão e trivialidades entorpecentes, criminalidade aterrorizante, superstição ou perversão da fé, idolatria e muita imoralidade. Partindo das descrições já feitas, podemos imaginar o tipo de imoralidade nos quais os rituais pagãos desembocavam. Era tanto que, na carta que Paulo escreveu aos efésios, ele os advertiu: Efésios 5.18: “Não se embriaguem com vinho, pois ele os levará ao descontrole. Em vez disso, sejam cheios do Espírito”. John MacArthur Jr. sustenta que o contexto deste versículo sugere que Paulo estava falando especialmente sobre as orgias de bebedeira comumente associadas às cerimônias de adoração pagãs da época. Tais práticas induziam comunhão extática com as divindades, e eram expressadas em atos sexuais pervertidos. Paulo, aos coríntios, refere-se a essa bebedeira como participação em “cálice de demônios” (cf. 1Co 10.19-20).
Pois bem, invadindo esse antro de Satanás que era a cidade de Éfeso, DE QUE MODO PAULO ATACOU? QUAIS FORAM AS ARMAS DE SUA GUERRA? Impressionante: Paulo pregou e ensinou o evangelho puro e simples de Cristo – pois ele era sabedor de que, conquanto simples, seu evangelho era o poder de Deus para a salvação. Aos romanos, o apóstolo atestou:
Romanos 1.16-17 16Pois não me envergonho das boas-novas a respeito de Cristo, que são o poder de Deus em ação para salvar todos os que creem, primeiro os judeus, e também os gentios. 17As boas-novas revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: “O justo viverá pela fé”.
O EVANGELHO PURO É O PODER DE DEUS PARA MUDAR pessoas, cidades e continentes – foi assim nos dias de Paulo em Éfeso e será assim em qualquer lugar da terra, até a consumação dos séculos.
Continha na parte 2…
S.D.G. L.B.Peixoto
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