19.03.2023
[Atos 18.18-23; 19.1-7] 18Paulo ainda permaneceu em Corinto por algum tempo. Então se despediu dos irmãos e foi a Cencreia, onde raspou a cabeça, de acordo com o costume judaico para marcar o fim de um voto. Em seguida, partiu de navio para a Síria, levando consigo Priscila e Áquila. 19Chegaram ao porto de Éfeso, onde Paulo os deixou. Enquanto estava ali, foi à sinagoga para debater com os judeus. 20Eles pediram que ficasse mais tempo, mas ele recusou. 21Ao despedir-se, Paulo disse: “Voltarei depois, se Deus quiser”. Então zarpou de Éfeso. 22A parada seguinte foi no porto de Cesareia, de onde subiu a Jerusalém e visitou a igreja. Em seguida, voltou para Antioquia. 23Depois de passar algum tempo ali, voltou pela Galácia e pela Frígia, visitando e fortalecendo todos os discípulos. […] Atos 19.1-7 1Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelas regiões do interior até chegar a Éfeso, no litoral, onde encontrou alguns discípulos. 2Ele lhes perguntou: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”. “Não”, responderam eles. “Nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo.” 3“Então que batismo vocês receberam?”, perguntou ele. “O batismo de João”, responderam. 4Paulo disse: “João batizava com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois, isto é, em Jesus”. 5Assim que ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6Paulo lhes impôs as mãos e o Espírito Santo veio sobre eles, e falaram em línguas e profetizaram. 7Eram ao todo uns doze homens.
VOCÊ SABE O QUE REALMENTE IMPORTA PARA DEUS? Semana retrasada nós terminamos com esta nota: importa para Deus um coração santo, sincero e satisfeito em Cristo, um coração de servo; importa para Deus sermos iguais a Jesus: servos, mansos e humildes; importa para Deus o coração de servo de João Batista, o qual fora elogiado pelo próprio Cristo. Outro deste calibre foi Paulo. Este apóstolo tinha Jesus como superfície de contraste com o qual entrar e comparação, e com propriedade podia dizer: “Sejam meus imitadores, como eu sou imitador de Cristo” (1Co 11.1).
Gente, é impressionante! GRAÇAS A PAULO, a esta altura – entre o final da segunda viagem missionária e o início da terceira – o cristianismo não estava mais confinado a um pequeno grupo em Jerusalém. A fé cristã já estava transbordando nas grandes metrópoles de seu tempo, e apesar de tudo e de tanto, Paulo era humilde; ele sabia qual era sua fonte de poder: a graça de Deus derramada na sua vida.
Pois bem, na semana passada, juntos nós olhamos para Atos 18.18 e vimos a primeira de quatro qualidades de quem sabe que imagem não é tudo; a primeira de quatro qualidades de grandeza aos olhos de Deus; a primeira de quatro qualidades de um servo, um servo de Deus. Vimos esta: [1.] a piedade pessoal de Paulo. Hoje, resta-nos estudar ainda as outras três qualidades: [2.] descentralização ministerial (ou multiplicação); [3.] prestação de contas; e [4.] relacionamento interpessoal.
1. Piedade pessoal
Atos 18.18 Paulo ainda permaneceu em Corinto por algum tempo. Então se despediu dos irmãos e foi a Cencreia, onde raspou a cabeça, de acordo com o costume judaico para marcar o fim de um voto.
Desta passagem, na semana passada, aprendemos o seguinte: neste voto se enxerga a piedade pessoal que se tornou o motor do coração de servo de Paulo. Aos olhos de todo mundo estava Paulo: homem forte, durão, MAS – em sua essência – servo e humilde, amoroso, respeitoso e dedicado; e SUSTENTANDO ESTA PERSONALIDADE, lá no coração de tudo, estava acesa a sua piedade pessoal que [1.] fortalecia sua vida e seu ministério com um poder silencioso e oculto. A mesma piedade que [2.] também o manteve humilde – uma atitude particularmente difícil em meio ao sucesso e a aclamação do público nas regiões por onde passou (exceto, talvez em Corinto).
2. Descentralização ministerial (ou multiplicação)
Além da piedade pessoal, enxergamos em Atos 18 a descentralização ministerial (a multiplicação) no modelo de liderança de Paulo. Veja que quando chegou a Éfeso, o apóstolo foi logo, de algum modo, aclamado ou solicitado; mas note como ele agiu:
Atos 18.19-20 19Chegaram ao porto de Éfeso, onde Paulo os deixou. Enquanto estava ali, foi à sinagoga para debater com os judeus. 20Eles pediram que ficasse mais tempo, mas ele recusou.
Esse “não”, essa recusa, não era descaso, insensibilidade, falta de educação, omissão, ou qualquer coisa do tipo. Esse “não” aos efésios significava descentralização e multiplicação na prática – uma das características do ministério de Paulo. Confiante de que Áquila e Priscila poderiam fazer um bom trabalho sem ele, Paulo queria sair do caminho e deixar que os esforços do casal florescessem em Éfeso (a base ou a embaixada do reino de Deus que estava sendo estabelecida na Ásia Menor), enquanto os esforços dele, naquele momento, dessem frutos noutros lugares.
Bons líderes, contrário do que parece, não vivem do personalismo; bons líderes [1.] não são aqueles que fazem de si mesmos o ponto de referência de tudo o que está a sua volta; [2.] não são os que se fazem insubstituíveis; de fato, além de cultivarem piedade pessoal, multiplicam-se através de outros. — É o caso, por exemplo, com o colegiado de pastores e ou presbíteros de uma igreja local (de nossa igreja, a SIB Goiânia).
Como resultado desta atitude descentralizada e multiplicadora, o ministério de Paulo floresceu. Áquila e Priscila, os quais ficaram para trás cuidando da igreja em Éfeso, discipularam Apolo, o qual, por sua vez, mais tarde viajaria para Corinto e regaria a semente do evangelho que fora plantada por Paulo lá naquela cidade. O problema foi que, em Corinto, a igreja se dividiu por não saber como lidar ou não querer superar ou mesmo por ter criado o problema do líder personalista. Ouça:
1Coríntios 1.10-17 10Irmãos, suplico-lhes em nome de nosso Senhor Jesus Cristo que vivam em harmonia uns com os outros e ponham fim às divisões entre vocês. Antes, tenham o mesmo parecer, unidos em pensamento e propósito. 11Pois alguns membros da família de Cloe me informaram dos desentendimentos entre vocês, meus irmãos. 12Refiro-me ao fato de alguns dizerem: “Eu sigo Paulo”, enquanto outros afirmam: “Eu sigo Apolo”, ou “Eu sigo Pedro”, ou ainda, “Eu sigo Cristo”. 13Acaso Cristo foi dividido? Será que eu, Paulo, fui crucificado em favor de vocês? Alguém foi batizado em nome de Paulo? 14Graças a Deus, não batizei nenhum de vocês, exceto Crispo e Gaio, 15de modo que ninguém pode dizer que foi batizado em meu nome. 16Sim, também batizei a família de Estéfanas, mas não me lembro de ter batizado mais ninguém. 17Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar as boas-novas, e não com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não perca seu poder.
1Coríntios 3.4-7 4Quando um de vocês diz: “Eu sigo Paulo”, e o outro diz: “Eu sigo Apolo”, não estão agindo exatamente como as pessoas do mundo? 5Afinal, quem é Paulo? Quem é Apolo? Somos apenas servos de Deus por meio dos quais vocês vieram a crer. Cada um de nós fez o trabalho do qual o Senhor nos encarregou. 6Eu plantei e Apolo regou, mas quem fez crescer foi Deus. 7Não importa quem planta ou quem rega, mas sim Deus, que faz crescer.
Bons líderes se descentralizam, multiplicam-se; e boas igrejas entendem e vivem isso na prática – com alegria. Como é bonito de se ver que em Éfeso a coisa fluiu e Paulo nem estava por perto; e em Corinto, apesar dos trancos e barrancos, um grande líder floresceu e frutificou: Apolo. Eu gosto do que Charles Swindoll escreveu sobre este episódio de Paulo, deixando Áquila e Priscila em Éfeso. Ouça:
Verdadeiros servos como Paulo não permitem que o canto da sereia da fama os convença de sua indispensabilidade. Eles percebem que são apenas uma entre muitas pessoas que formam uma equipe e que precisam do encorajamento uns dos outros. Eles estão dispostos a reduzir seu próprio impacto para aumentar o de outra pessoa. Competitividade e ciúme não têm lugar no coração de um servo. Tampouco há espaço para o isolacionismo […]
3, Prestação de contas
Além de [1.] piedade pessoal e [2.] de descentralização ministerial (ou se preferirem: multiplicação), Paulo era um líder que sabia do valor da prestação de contas. Veja:
Atos 18.21-23 21Ao despedir-se, Paulo disse: “Voltarei depois, se Deus quiser”. Então zarpou de Éfeso. 22A parada seguinte foi no porto de Cesareia, de onde subiu a Jerusalém e visitou a igreja. Em seguida, voltou para Antioquia. 23Depois de passar algum tempo ali, voltou pela Galácia e pela Frígia, visitando e fortalecendo todos os discípulos.
Servo que era — servo de Deus, servo de Cristo e de pessoas — Paulo cultivava relacionamentos, não aplausos. Este apóstolo [1.] se debruçava em piedade pessoal diante de Deus e [2.] operava em pé ao lado de pessoas. Ele mantinha contato com Deus, por meio de Cristo e a obra do Espírito, mas também nutria (da mesma forma trinitária) contato – ele ombreava – com aqueles que serviam com ele; Paulo voluntariamente prestava contas a Deus e a essas pessoas: inclusive à sua igreja mãe (Antioquia da Síria).
Infelizmente, essa nem sempre é uma tendência natural dos líderes, principalmente se comportam-se (se enxergam a si mesmos) como celebridades. Muitos se isolam das pessoas em vez de servi-las ou servir ao lado delas para o bem maior do reino de Deus. A fama tem uma maneira de revelar a verdadeira atitude egoísta, como diz o sábio em Provérbios 27.21 — “O fogo prova a pureza da prata e do ouro, mas a pessoa é provada pelos elogios que recebe [ou: pela bajulação].” — No cadinho de Paulo, entretanto, as labaredas de louvores que recebia das pessoas expuseram – não orgulho e vaidade, mas – humildade e preocupação genuína com gente. E quando ele finalmente voltou a Éfeso, essas qualidades de servo brilharam intensamente, mais uma vez.
4. Relacionamento interpessoal
Quando se lê sobre o retorno de Paulo a Éfeso, fica-se com a impressão de que Paulo não correu até a cidade esperando tomar imediatamente as rédeas das mãos de Áquila e Priscila. Longe disso. Não há qualquer atitude da parte dele do tipo: “Cheguei! Dá licença?”. De novo, longe disso. O que transparece é que o apóstolo, ao chegar a Éfeso, serviu de apoio ao ministério que Áquila e Priscila já vinham desenvolvendo na igreja e na cidade: — e o que este casal vinha fazendo? — ensinando e discipulando pessoas, especialmente aquelas que conheciam apenas o batismo de João. Veja:
Atos 18.24-26 24Enquanto isso, chegou a Éfeso vindo de Alexandria, no Egito, um judeu chamado Apolo. Era um orador eloquente que conhecia bem as Escrituras. 25Tinha sido instruído no caminho do Senhor e ensinava a respeito de Jesus com profundo entusiasmo e exatidão, embora só conhecesse o batismo de João. 26Quando o ouviram falar corajosamente na sinagoga, Priscila e Áquila o chamaram de lado e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus.
Depois desse discipulado, Apolo foi para Corinto, com carta de recomendação da igreja em Éfeso (At 18.27-28). E Paulo voltou para Éfeso. Mas veja que, ao chegar a Éfeso, Paulo não se fez parecer superior ao casal que lá estivera servindo. O apóstolo se colocou ombro a ombro com o que eles já vinham fazendo. Preste atenção:
Atos 19.1-7 1Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelas regiões do interior até chegar a Éfeso, no litoral, onde encontrou alguns discípulos. 2Ele lhes perguntou: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”. “Não”, responderam eles. “Nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo.” 3“Então que batismo vocês receberam?”, perguntou ele. “O batismo de João”, responderam. 4Paulo disse: “João batizava com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois, isto é, em Jesus”. 5Assim que ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6Paulo lhes impôs as mãos e o Espírito Santo veio sobre eles, e falaram em línguas e profetizaram. 7Eram ao todo uns doze homens.
Na próxima mensagem, Deus permitindo, descobriremos mais sobre a natureza do trabalho de Paulo com esses homens (dentre os quais saíram os presbíteros da igreja. Adiante neste livro nós achamos uma janela aberta para esta atividade de Paulo em Éfeso com esses discípulos (e no que eles se tornaram):
Atos 20.16-21 16Paulo havia decidido não aportar em Éfeso, pois não queria passar mais tempo na província da Ásia. Tinha pressa de chegar a Jerusalém, se possível, para a Festa de Pentecostes. 17Por isso, em Mileto, mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso. 18Quando chegaram, ele lhes disse: “Vocês sabem que, desde o dia em que pisei na província da Ásia até agora, 19fiz o trabalho do Senhor humildemente e com muitas lágrimas. Suportei as provações decorrentes das intrigas dos judeus 20e jamais deixei de dizer a vocês o que precisavam ouvir, seja publicamente, seja em seus lares. 21Anunciei uma única mensagem tanto para judeus como para gregos: é necessário que se arrependam, se voltem para Deus e tenham fé em nosso Senhor Jesus.
Impressionante! O relacionamento pessoal de Paulo formou discípulos fortes e presbíteros competentes em Éfeso. A exemplo de Jesus (imitador que era de Jesus), o apóstolo Paulo evitava as multidões e a glória dos homens, buscando, em vez disso, trabalhar ao lado de outros líderes em um ministério mútuo, interpessoal. Paulo não era estrela ou espertalhão; jamais se portava como alguém digno de um pedestal. Paulo era como uma coluna de sustentação, – só que discreta – sempre lá, dando sustentação aos outros que estavam servindo ao rei Jesus.
Paulo não vivia de sua imagem; ele refletia a imagem de Cristo: não veio para ser servido, mas para servir, dando a própria vida em resgate de muitos. Paulo sabia que imagem NÃO é tudo; sabia que grandeza aos olhos de Deus se traduz em santidade, sinceridade e satisfação em Cristo; no reino de Deus os grandes são os que servem com santidade, sinceridade e satisfação em Cristo.
No caso de Paulo, vimos que essas coisas se traduziram, dentre outros, em [1.] piedade pessoal; [2.] descentralização ministerial (ou multiplicação); [3.] prestação de contas; e [4.] relacionamento interpessoal.
Meu povo, os ensinamentos de Cristo e o exemplo de Paulo retratam um tipo de grandeza rara em nosso mundo: humildade e serviço. Sendo o que somos: o novo homem (ARA) ou a nova humanidade (NVT) em Cristo (cf. Ef 2.15), nós temos a responsabilidade em nossa igreja (e na vida lá fora) de ser um modelo moderno da grandeza que importa no reino dos céus: servindo uns aos outros aqui dentro (edificando uns aos outros) e servindo aos outros lá fora (com compaixão e graça, e evangelização e discipulado). Mas eu sei, sei por experiência própria que servir não é fácil. Ajudará, portanto, se tivermos algumas diretrizes a seguir – talvez estas três que podemos extrair de nosso estudo do modelo de liderança de Jesus e de Paulo poderão nos ajudar:
S.D.G. L.B.Peixoto
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15 de fevereiro, 2017
17 de fevereiro, 2019
19 de novembro, 2017
18 de novembro, 2018
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Um Modelo de Liderança – Parte 3
Pr. Leandro B. Peixoto