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19.04.2018

Salmo 45 – Canção de Amor

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Os Salmos
  • Livro: Salmos

CANÇÃO DE AMOR

Salmo 45

[Ao regente do coral: canção de amor para ser cantada com a melodia “Lírios”. Salmo dos descendentes de Corá.]1Lindas palavras comovem meu coração; recitarei um belo poema a respeito do rei, pois minha língua é como a pena de um habilidoso escritor.2Tu és o mais belo de todos; palavras graciosas fluem de teus lábios. Sim, Deus te abençoou para sempre. 3Põe tua espada à cintura, ó poderoso guerreiro; tu és glorioso e majestoso! 4Em tua majestade, cavalga para a vitória e defende a verdade, a humildade e a justiça; avança e realiza feitos notáveis. 5Tuas flechas são agudas e atravessam o coração de teus inimigos; as nações caem a teus pés. 6Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre; tu governas com cetro de justiça. 7Amas a justiça e odeias o mal; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu. Derramou sobre ti o óleo da alegria mais que sobre qualquer outro. 8Mirra, aloés e cássia perfumam tuas roupas; em palácios de marfim, instrumentos de cordas te alegram.9Entre as mulheres de tua corte há filhas de reis; à tua direita, está a rainha, usando joias de ouro puro de Ofir. 10Ouça, ó filha de rei; leve a sério o que digo. Esqueça seu povo e sua família, 11pois o rei, seu marido, se encanta com sua beleza; honre-o, pois ele é seu senhor. 12A cidade de Tiro a cobrirá de presentes, os ricos suplicarão por seu favor. 13A princesa é uma linda noiva, belíssima em seu vestido dourado. 14Em suas roupas bordadas, é levada até o rei, acompanhada de suas damas de honra. 15Formam um grupo alegre e festivo que entra no palácio real. 16Teus filhos serão reis, como o pai deles; tu os farás governantes de muitas terras. 17Eu darei honra ao teu nome por todas as gerações; por isso, as nações te louvarão para todo o sempre.

Amor líquido
Zygmunt Bauman (1925—2017), sociólogo polonês que viveu radicado na Inglaterra, foi de percepção e precisão inigualáveis ao definir os tempos em que vivemos como sendo “líquidos” — são “líquidos” porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser “sólido”. Conforme ele argumenta, disso resultariam, entre outras questões, a obsessão pelo corpo ideal, o culto às celebridades, o endividamento geral, a paranóia com segurança e até a instabilidade dos relacionamentos amorosos. É um mundo de incertezas, e cada um por si. Adriana Prado, repórter da revista ISTOÉ, conduziu uma entrevista com Bauman (09/2010), onde, dentre outras, lhe fez duas perguntas que merecem destaque.

ISTOÉ – O que caracteriza a “modernidade líquida”?

Zygmunt Bauman – Líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob a menor pressão. Na verdade, são incapazes de manter a mesma forma por muito tempo. No atual estágio “líquido” da modernidade, os líquidos são deliberadamente impedidos de se solidificarem. A temperatura elevada — ou seja, o impulso de transgredir, de substituir, de acelerar a circulação de mercadorias rentáveis — não dá ao fluxo uma oportunidade de abrandar, nem o tempo necessário para condensar e solidificar-se em formas estáveis, com uma maior expectativa de vida.

ISTOÉ – E o que o senhor chama de “amor líquido”?

Zygmunt Bauman – Amor líquido é um amor “até segundo aviso” [eterno apenas enquanto dura], o amor a partir do padrão dos bens de consumo: mantenha-os enquanto eles te trouxerem satisfação e os substitua por outros que prometem ainda mais satisfação. O amor com um espectro de eliminação imediata e, assim, também de ansiedade permanente, pairando acima dele. Na sua forma “líquida”, o amor tenta substituir a qualidade por quantidade — mas isso nunca pode ser feito, como seus praticantes mais cedo ou mais tarde acabam percebendo. É bom lembrar que o amor não é um “objeto encontrado”, mas um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço e de boa vontade.

Pode ser que a mesma percepção sobre o que fizeram com o amor tenha inspirado o compositor (Rebanhão?) de um dos primeiros “corinhos evangélicos” (Era assim que nós os chamávamos!) que eu aprendi, logo após minha conversão a Cristo, lá em 1993: “Jesus Cristo mudou meu viver”.

O Amor, Só Conheci em Canções,

Que Falavam de Ilusões

Mas Tudo Agora É Diferente,

Isto Falo A Toda Gente,

Pois Cristo Deu-Me o Seu Amor.

Em tempos como o nosso, onde o amor é líquido e o que se canta sobre o amor não passam de ilusões, nós precisamos de um cântico de amor, amor de verdade; um cântico que não apenas celebre o amor, mas que também nos informe conteúdos e nos demonstre características, definindo o que de fato significa amar. É tudo isso, pois, que nós temos no salmo do nosso estudo de hoje.
Amor real
O Salmo 45 é o único do tipo em todo o Saltério. Diferentemente de todos os outros, que em sua maioria são de lamento, ações de graças, penitência, sabedoria etc., este salmo é uma canção de amor, como o próprio título nos informa:

Ao regente do coral: canção de amor para ser cantada com a melodia “Lírios”. Salmo [maskil; salmo de ensino] dos descendentes de Corá.

O único paralelo bíblico para este salmo será encontrado no livro de Cântico dos Cânticos, mais especificamente em Cântico 3.6-11; e, mesmo assim, verifica-se que as semelhanças não são tão precisas. De toda forma, assim como Cântico dos Cânticos de Salomão, o Salmo 45 é uma “canção de amor”.
O salmo foi composto para o casamento de algum rei; alguns falam de Salomão, outros de Jeroboão II, há até quem identifique Acabe (que se casou com uma princesa de Tiro, a tristemente famosa Jezabel — 1Rs 16.30-31, cf. v. 12). A bem da verdade, não se sabe para qual rei o salmo teria sido composto. Sabe-se, porém, com certeza absoluta, qual é o seu significado original: um salmo real; uma canção de amor composta para a cerimônia de casamento de um rei e uma princesa; um salmo real que celebra o amor real.
Canção de amor
A tradição judaica, posteriormente, interpretou o Salmo 45 como símbolo do amor ou do casamento entre Iahweh e Israel. A tradição cristã, mais adiante, o tomou como símbolo do amor ou do casamento entre Cristo e a Igreja.
Intérpretes católicos o veem como as bodas entre o Espírito Santo e Maria. A Bíblia Loyola, por exemplo, diz: “Presentes também à solenidade: Maria, mãe de Jesus e mãe da Igreja; e todas as almas que valorizam sua consagração batismal”. Isto é o que se chama “forçar a barra”. Ver Maria, aqui, é uma violência inominável ao texto bíblico. Como, então, interpretá-lo?
Nós olharemos para esta canção de amor em busca de lições para a maneira como nós devemos celebrar, cultivar e comunicar o amor; ou seja, para sermos de fato honestos com o texto, nós o veremos pelo que ele realmente é — o casamento de um rei e sua princesa. A seguir, utilizando-nos do Novo Testamento (pois ele, como veremos, nos permite), buscaremos entender como o salmo se aplica à união de Cristo com a Igreja.
Há quatro tópicos que desenvolveremos à partir deste salmo ou canção de amor: a celebraçãodo amor; o conteúdodo amor; o frutodo amor e a encarnaçãodo amor.
1. A celebração do amor
A primeira coisa que aprendemos é que o amor entre um homem e uma mulher deve ser celebrado em alto estilo. Agur, o sábio de Provérbios, por exemplo, se maravilhava com a união entre marido e mulher; confira depois: Pv 30.18-19. Em nosso salmo, observe que o autor compõe uma música especial para o casamento do rei com a princesa; seu coração transbordava de alegria pela união de amor entre o casal; o poeta (o indicativo é que ele usa a língua, não a pena), então, à pedido da corte real, elaborou cuidadosamente as palavras que deveriam ser cantadas ou declamadas na cerimônia:

1Lindas palavras comovem [transbordam do] meu coração; recitarei um belo poema a respeito do rei, pois minha língua é como a pena de um habilidoso escritor.

Rei e princesa se arrumaram da melhor maneira e realizaram tudo em local especialmente decorado para a cerimônia do casamento:

7[…] Deus, o teu Deus, te ungiu. Derramou sobre ti o óleo da alegria mais que sobre qualquer outro. 8Mirra, aloés e cássia perfumam tuas roupas; em palácios de marfim, instrumentos de cordas te alegram. 9Entre as mulheres de tua corte há filhas de reis; à tua direita, está a rainha, usando joias de ouro puro de Ofir.

Note que há óleo para o cabelo, perfumes para as roupas, decoração para o local da cerimônia, músicas tocadas ao fundo, testemunhas (mulheres, filhas de reis), além da rainha muito bem vestida e adornada com “joias de ouro puro de Ofir”.
Somam-se a tudo os presentes, o cortejo nupcial e detalhes sobre o vestido:

12A cidade de Tiro a cobrirá de presentes, os ricos suplicarão por seu favor. 13A princesa é uma linda noiva, belíssima em seu vestido dourado. 14Em suas roupas bordadas, é levada até o rei, acompanhada de suas damas de honra. 15Formam um grupo alegre e festivo que entra no palácio real.

O que se pode concluir?
O amor entre o homem e sua mulher precisa ser celebrado em alto estilo. É algo maravilhoso. A Bíblia nunca tratou o amor romântico como mundano ou carnal. Leia, por exemplo, o livro de Cântico dos Cânticos. Marido e mulher se satisfazem nas delícias do amor pactual exclusivamente um para o outro (Gn 2.21-25; Pv 5.15-19; 1Co 7.1-9).
É uma pena que, durante séculos (e ainda hoje, dentro de alguns círculos cristãos), a beleza do amor conjugal foi (e é) tratada com tabus; não se fala sobre o assunto, não se celebra com entusiasmo e não se apresenta a beleza do caminho entre um homem e sua mulher vivendo em aliança diante do Senhor. O Salmo 45, no entanto, a canção de amor do rei, nos ensina que o amor precisa ser celebrado.
2. O conteúdo do amor
No verso 2, o poeta começa exaltando a beleza do noivo. Ficará claro, no entanto, nas palavras seguintes (vv. 2-8) que o elogio não se extende, essencial e exclusivamente, à beleza física do rei, mas aos seus atributos e às suas atitudes reais. Em outras palavras, o rei que se casaria foi elogiado não tanto pela beleza do corpo, mas por seu caráter e papel enquanto homem de Deus.
Observe, a seguir, como a beleza física do noivo é destacada não em termos meramente físicos ou corpóreos, mas sim pelo que o noivo comunica ser em termos de caráter, conduta e contribuições para o bem comum.

2Tu és o mais belo de todos; palavras graciosas fluem de teus lábios. Sim, Deus te abençoou para sempre. 3Põe tua espada à cintura, ó poderoso guerreiro; tu és glorioso e majestoso! 4Em tua majestade, cavalga para a vitória e defende a verdade, a humildade e a justiça; avança e realiza feitos notáveis. 5Tuas flechas são agudas e atravessam o coração de teus inimigos; as nações caem a teus pés. 6Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre; tu governas com cetro de justiça. 7Amas a justiça e odeias o mal; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu. Derramou sobre ti o óleo da alegria mais que sobre qualquer outro. 8Mirra, aloés e cássia perfumam tuas roupas; em palácios de marfim, instrumentos de cordas te alegram.

Aprendemos neste cântico de amor o que realmente uma mulher deve celebrar ou buscar como o amor de sua vida; também enxergamos o que um homem deve buscar cultivar para a sua vida:

  • lábios que jorram palavras de graça e de verdade (v. 2);
  • posturas e atitudes (i.e., masculinidade) que visam batalhar pela verdade e pela justiça, espalhando o reino de Deus (vv. 3-7);
  • coração humilde (v. 4);
  • alguém que odeia a maldade, mas que ama a justiça — i.e., fiel à aliança, pronto para fazer prevalecer a verdade e a justiça (v. 7).

Esse, portanto, é o conteúdo do amor. Amar é ter e transpirar caráter. Amar não é mera atração física e sexual. Sim, atração física e sexual se derivam do amor bíblico, dentro da aliança ou pacto de amor entre um homem e sua mulher no casamento. O relacionamento, no entanto, não se fundamenta nesses sentimentos. Eles são líquidos. O casamento se firma no conteúdo do amor, isto é: aliança, verdade, justiça, humildade e ódio pela maldade. Mas, tem mais.
Quando olhamos para o que se descreve sobre a noiva (vv. 9-11), descobrimos alguns outros elementos que compõem o conteúdo do amor. Veja:

9Entre as mulheres de tua corte há filhas de reis; à tua direita, está a rainha, usando joias de ouro puro de Ofir. 10Ouça, ó filha de rei; leve a sério o que digo. Esqueça seu povo e sua família, 11pois o rei, seu marido, se encanta com sua beleza; honre-o, pois ele é seu senhor.

A mulher é a auxiliadora do homem (Gn 2.18-25); por isso a rainha está à direita do rei (v. 9). Ela é digna de honra e de privilégios, tanto quanto o seu homem, o rei; por isso a rainha está “usando joias de ouro puro de Ofir” (v. 9); ela é honrada e privilegiada.
Dois outros detalhes merecem nossa atenção.
Primeiro, à noiva é dito que se esqueça de seu povo e de sua família (v. 10); ou seja, os dois deixam pai e mãe e se unem em pacto ou aliança de amor, tornando-se uma só carne (Gn 2.24-25); assim é que nasce o casamento: no pacto ou aliança entre o homem e a mulher. Segundo, a mulher que se une por pacto ou aliança ao marido se submete a ele com honra (v. 11), pois ele é o seu cabeça (Ef 2.22-24).
Aprendemos, portanto, que o amor leva em conta os papeis de cada um: o marido ama e se deleita em sua mulher; a esposa se une a ele em submissão e honra:

10Ouça, ó filha de rei; leve a sério o que digo. Esqueça seu povo e sua família, 11pois o rei, seu marido, se encanta com sua beleza; honre-o, pois ele é seu senhor.

O marido ama e a mulher se submete. Sim, eu sei que a maioria das pessoas se sente incomodada com esses termos. Afinal, infelizmente, o significado de amarfoi esvaziado de seu real sentido e submissãoé percebido como opressão. Nada disso, porém, está mais longe da verdade. Não se assuste, pois a mulher que encontra o homem que a ame da forma como ele deve amá-la (alguém que se encanta com ela! — Sl 45.11) não terá a menor dificuldade de se submeter a ele em amor.
Paulo, aos Efésios, deixou claro o significado de amar a esposae submeter-se ao marido:

Efésios 5.21-33 (NVT) |21Sujeitem-seuns aos outros por temor a Cristo. 22Esposas, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor. 23Pois o marido é o cabeça da esposa, como Cristo é o cabeça da igreja. Ele é o Salvador de seu corpo, a igreja. 24Assim como a igreja se sujeita a Cristo, também vocês, esposas, devem se sujeitar em tudo a seu marido. 25Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela, 26a fim de torná-la santa, purificando-a ao lavá-la com água por meio da palavra. 27Assim o fez para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e sem culpa. 28Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua esposa, como amam o próprio corpo, pois o homem que ama sua esposa na verdade ama a si mesmo. 29Ninguém odeia o próprio corpo, mas o alimenta e cuida dele, como Cristo cuida da igreja. 30E nós somos membros de seu corpo. 31“Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só.” 32Esse é um grande mistério, mas ilustra a união entre Cristo e a igreja. 33Portanto, volto a dizer: cada homem deve amar a esposa como ama a si mesmo, e a esposa deve respeitar o marido.

A prendemos com tudo isso que o amor tem conteúdo; marido e mulher são iguais em honra e dignidade diante de Deus, ambos possuem papeis diferentes: o homem ama e se entrega pela santificação da mulher; a mulher se submete em honra e o auxilia em amor; os dois são pela verdade e justiça; ambos são humildes; marido e mulher recebem de Deus graça e a repartem de volta graça, um com o outro. Esse é o conteúdo do amor.
3. O fruto do amor
O salmo termina falando de filhos, do fruto do amor:

16Teus filhos serão reis, como o pai deles; tu os farás governantes de muitas terras. 17Eu darei honra ao teu nome por todas as gerações; por isso, as nações te louvarão para todo o sempre.

O significado de “filhos” nestes versículos deve ser visto, inicialmente, no contexto da comunidade da dinastia real: filhos de reis que se tornam reis. Podemos, no entanto, interpretar e aplicar essas palavras de forma mais abrangente.
O casamento é uma aliança de amor, através da qual marido e mulher cumprem o mandato cultural de Deus: a terra é enchida pela multiplicação de filhos que governam e dominam todas as coisas para a glória de Deus (Gn 1.28). No Novo Testamento, esse mandato se expande: homens e mulheres se multiplicam através de discípulos de Jesus Cristo que ambos vão fazendo, cumprindo a Grande Comissão de Jesus (Mt 28.19-20).
Aprendemos que marido e mulher criam filhos (naturais ou adotivos ou espirituais) de forma a abençoar a terra com o fruto de seu trabalho ou vocação; mas eles, principalmente, criam filhos no temor do Senhor, visando espalhar a glória do Rei Jesus em toda a terra. Esse é o fruto do amor.
4. A encarnação do amor
O significado principal desse salmo é claro: trata-se de uma canção de amor composta para o casamento de um rei com sua princesa; celebra, portanto, o amor entre um homem e sua mulher no enlace matrimonial. Conforme vimos, há muitas lições sobre como celebrar o amor (com coração transbordante), qual é o conteúdo do amor e o tipo de fruto que produz o amor. É um texto perfeito para cerimônias de casamento.
O Salmo 45, porém, aponta para algo muito superior ao casamento: Jesus Cristo.
O casamento só existe porque, além da necessidade de procriação (Gn 1.28), a imagem do amor de Cristo pela igreja precisa ser encarnada e exemplificada no amor do esposo pela esposa; e a submissão da igreja a Cristo precisa ser vivenciada e espelhada na submissão da mulher ao marido (Ef 5.22-23). No céu não haverá casamento porque não mais haverá a necessidade dessa imagem do amor de Cristo pela igreja(Mc 12.25). No céu viveremos em aliança eterna de amor e prazer com o Noivo: Jesus Cristo (Ap 19.9).
Encontramos no Salmo 45, portanto, a imagem do Rei dos Reis, a imagem de Jesus Cristo entronizado e reinando com justiça; tanto que, citando este salmo (Sl 45.6-7), o autor de Hebreus escreveu (1.8-9):

8Mas ao Filho ele diz: “Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre; tu governas com cetro de justiça. 9Amas a justiça e odeias o mal; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu. Derramou sobre ti o óleo da alegria, mais que sobre qualquer outro”.

A igreja, em resposta ao Soberano Rei Jesus, abandona seu passado, deixa seu povo de pecado para trás (Sl 45.10) — que John Bunyan descreveu em O Peregrinocomo sendo a Cidade da Destruição, e se une em amor ao Senhor, inclinando-se com fé diante de Jesus, o Rei dos reis, honrando a Jesus (Sl 45.11); passando a viver de forma frutífera, fazendo e espalhando discípulos entre as nações para a glória do Rei Jesus (Sl 45.16-17).
Cristo é a encarnação do amor (Jo 1.1 e 14). Assim é que nosso prazer dever ser Cristo; nosso amor deve encontrar parâmetros em Cristo; nosso casamento deve espelhar o amor de Cristo; o fruto do nosso amor deve ser na forma de vidas que espelham e espalham o amor de Deus pelo mundo em Jesus Cristo.
A Cristo devem ser oferecidas nossas canções de amor.
Canção de amor
Concluindo. O Salmo 45 é um salmo messiânico. De um evento particular e menor: o casamento de um rei, para um geral e maior: a união de Cristo e sua igreja. Essa forma de leitura do salmo se chama “tipologia” e foi usada pelos rabinos e pelos primeiros cristãos para ver o Novo Testamento dentro do Antigo.
As alusões poéticas a Cristo foram uma forma válida de entender o ensino do Antigo Testamento sobre Jesus. O ensino do salmo é que Cristo e seu povo estão ligados em amor para sempre; o amor de Deus não é “líquido” e instantâneo, mas “sólido” e eterno. Deus, em Cristo, nos ama e de nós cuida com amor. A igreja se submete com fé, honra e adoração. Guardemos isto. Cantemos sobre este amor.

S.D.G. L.B.Peixoto

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Salmo 45 – Canção de Amor

Pr. Leandro B. Peixoto

SIB GOIÂNIA

LEANDRO B. PEIXOTO

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