03.05.2017
O REI DA GLÓRIA
Salmo 24
Salmo de Davi.
1 A terra e tudo que nela há são do SENHOR; o mundo e todos os seus habitantes lhe pertencem. 2 Pois sobre os mares ele edificou os alicerces da terra e sobre as profundezas do oceano a estabeleceu. 3 Quem pode subir o monte do SENHOR? Quem pode permanecer em seu santo lugar? 4 Somente os que têm as mãos puras e o coração limpo, que não se entregam aos ídolos e não juram em falso. 5 Eles receberão a bênção do SENHOR e a justiça do Deus de sua salvação. 6 São esses os que te buscam e adoram em tua presença, ó Deus de Jacó. Interlúdio 7 Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. 8 Quem é o Rei da glória? O SENHOR, forte e poderoso. O SENHOR, invencível nas batalhas. 9 Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. 10 Quem é o Rei da glória? O SENHOR dos Exércitos; ele é o Rei da glória.
Expectativa de coisa boa
Você já viveu na expectativa de alguma coisa boa que se realizou? Já esperou por algo ou por alguém que chegou? A sensação é muito agradável. Por exemplo: os pais ficam na expectativa quando vai chegando o final da gestação… até que chega o lindo neném; as crianças ficam na expectativa do que irão ganhar no Natal… até que ganham os presentes desejados; jovens ficam na expectativa da aprovação no vestibular… até que entram para a universidade. Enfim, quem nunca saboreou a expectativa pelo acontecimento de alguma coisa muito boa, pela realização de um grande sonho, pela chegada de alguém tão desejado ou pela apresentação a uma pessoa tão especial? É muito bom!
Expectativa, segundo Aurélio, nada mais é do que “esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas”. Dessa forma, muita gente vive na expectativa da herança, de ganhar num sorteio ou de receber a tão desejada promoção profissional ou aumento do salário. Seja como for, a sensação é sempre muito boa. Principalmente quando aquilo pelo que tanto se esperou se torna realidade. Expectativa é o que nos mantém vivos e felizes.
Expectativa que não se frustra
Por outro lado, quem nunca se abateu ao ver suas expectativas frustradas? Os exemplos que poderíamos dar são quase infinitos: reprovação no concurso, abandono do cônjuge, morte de alguém querido, escolha errada do curso ou da carreira, demissão do trabalho, decepção com alguém, etc.
Para que as expectativas não se frustrem, é imprescindível que se saiba nutrir expectativas pelas coisas ou pelas pessoas certas, e tudo na dose ou na medida certa.
Mesmo as pessoas que mais amamos — pai e mãe, por exemplo — podem frustrar nossas expectativas em determinados momentos; mesmo a carreira certa pode frustrar nossas expectativas em determinadas situações. O único que jamais nos frustrará é Deus. Noutro salmo, Davi disse assim:
Sl 40.1 | Esperei com paciência pelo SENHOR; ele se voltou para mim e ouviu meu clamor.
Pai e mãe poderiam frustrar o rei de Israel, mas o Senhor Deus jamais:
Sl 27.10 | Mesmo que meu pai e minha mãe me abandonem, o SENHOR me acolherá.
Até a vida poderia frustrar o coração do homem segundo o coração de Deus, menos o Pai que está no céu:
Sl 63.3 | Teu amor é melhor que a própria vida; com meus lábios te louvarei.
A única expectativa que não se frustra é a que está corretamente em Deus. Tudo o mais nos frustrará: presentes e produtos se desgastam, relacionamentos perdem o encanto, beleza e saúde acabam, recursos chegam ao fim e não conseguem bancar o bastante, pessoas ferem ou morrem, enfim, a própria vida pode chegar a momentos de completo desencanto. Salomão sabia bem disso:
Ec 12.1-7 | 1 Não se esqueça de seu Criador nos dias de sua juventude. Honre-o enquanto você é jovem, antes que venham os tempos difíceis e cheguem os anos em que você dirá: “Não tenho mais prazer em viver”. 2 Lembre-se dele antes que o sol, a lua e as estrelas percam o brilho aos seus olhos, e as nuvens voltem a cobrir o céu depois da chuva. 3 Lembre-se dele antes que suas pernas comecem a tremer, e antes que seus ombros se encurvem. Lembre-se dele antes que os poucos dentes que lhe restam já não possam mastigar, e antes que seus olhos deixem de ver com clareza. 4 Lembre-se dele antes que seus ouvidos fiquem fracos e você já não ouça o som das pessoas trabalhando nas ruas. Hoje você levanta com o primeiro canto dos pássaros, mas um dia não os ouvirá mais. 5 Lembre-se dele antes que você tenha medo de cair e se preocupe com os perigos nas ruas; antes que seus cabelos fiquem brancos como a amendoeira em flor, e você se arraste como um gafanhoto prestes a morrer; e antes que você perca o desejo. Lembre-se dele antes que falte pouco para descer ao túmulo, seu lar eterno, quando os pranteadores chorarão em seu funeral. 6 Sim, lembre-se de seu Criador agora, enquanto você é jovem, antes que o fio de prata da vida se rompa e antes que a taça de ouro se quebre. Não espere até que o cântaro se despedace junto à fonte e a roldana se parta junto ao poço. 7 Pois, então, o pó voltará à terra e o espírito voltará a Deus, que o deu.
Deus, o Criador, é o único capaz de não frustrar nossas expectativas, quando dele nos lembramos e com ele convivemos pautados pela sua doce Palavra.
O Rei da glória
O nosso salmo para hoje nos convida a viver na expectativa de Deus. O desejo de Davi é de nos preparar para o encontro com o Senhor, que ele felizmente chama de Rei da glória.
Esse salmo era cantado em procissões ao templo. Foi composto para celebrar o retorno e a entronização da arca da aliança em Jerusalém, por Davi (2Sm 6; 1Cr 15.1-16.3). Tanto que do v. 7 em diante há uma declaração para que as portas da cidade se abram para a entrada da arca, símbolo do próprio Deus, o Rei da glória.
Quando o templo foi construído em Jerusalém, vários salmos eram cantados como parte da liturgia diária: na segunda era Salmo 48; na terça, o Salmo 82; na quarta, o Salmo 94; na quinta, o Salmo 81; na sexta, o Salmo 93; e no sábado, o Salmo 92. No primeiro dia da semana, que é o domingo, eles cantavam o Salmo 24. Assim é que o nosso salmo para hoje estava sendo cantado no templo de Herodes no domingo da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém — o domingo que nós chamamos de Domingo de Ramos. Imaginem a cena: Jesus entrando e lá no templo eles cantando:
Sl 24.7-10 | 7 Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. 8 Quem é o Rei da glória? O SENHOR, forte e poderoso. O SENHOR, invencível nas batalhas. 9 Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. 10 Quem é o Rei da glória? O SENHOR dos Exércitos; ele é o Rei da glória.
O salmo começa declarando que a terra (o mundo) é do Senhor, e termina com ele entronizado em Jerusalém. Há três divisões bem claras no texto — vv. 1-2; vv. 3-6; vv. 7-10, revelando quem é o Rei da glória, por que e como nossas expectativas devem ser depositadas nele. Vejamos quais são e entendamos o que cada uma delas nos transmite.
1. O Rei da glória é o criador de tudo
Sl 24.1-2 | 1 A terra e tudo que nela há são do SENHOR; o mundo e todos os seus habitantes lhe pertencem. 2 Pois sobre os mares ele edificou os alicerces da terra [fez surgir a terra seca em meio às águas — 2Pe 3.5] e sobre as profundezas do oceano a estabeleceu.
Iahweh é o criador (“edificou”) e sustentador (“estabeleceu”) de tudo, inclusive da cidade, aonde a arca vai para ser entronizada. O salmo começa exaltando o poder criador e mantenedor de Deus.
A arca era um símbolo dele — da presença gloriosa do Senhor. Conforme Hebreus 9.4, em seu interior estavam as tábuas da lei (a palavra de Deus), a varão de Arão (a condução de Deus) e um vaso de ouro contendo maná (a preservação de Deus). O Deus de Israel é o que cria, mantém, fala, conduz e preserva. Este é o Deus adorado no salmo.
Nele, portanto, devem estar todas as nossas expectativas. Afinal, só ele cria, mantém, falaz, conduz e preserva a vida e todas as coisas.
O Rei da glória é o criador de tudo.
2. O Rei da glória é o santíssimo sobre tudo
Sl 24.3-6 | 3 Quem pode subir o monte do SENHOR? Quem pode permanecer em seu santo lugar? 4 Somente os que têm as mãos puras e o coração limpo, que não se entregam aos ídolos e não juram em falso. 5 Eles receberão a bênção do SENHOR e a justiça do Deus de sua salvação. 6 São esses os que te buscam e adoram em tua presença, ó Deus de Jacó. Interlúdio
Dois verbos no v. 3 chamam a nossa atenção: subir e permanecer. Quem pode chegar e ficar na presença de Deus? O monte do Senhor era Sião, local do templo, casa do Senhor. Representa o lugar da habitação do Senhor.
Respondendo à indagação, quatro marcas de quem pode subir e permanecer diante de Deus são apresentadas: 1 o de mãos puras (não praticam o mal contra o próximo); 2 o de coração limpo (não flerta com o mal na sua alma); 3 os que não se entregam aos ídolos ou não entregam a alma à vaidade — o ídolo é “vaidade”, vazio, falso; 4 não jura em falso — na NVI: “não jura por deuses falsos”, seu compromisso é com Deus.
Eis, portanto, as marcas de quem pode entrar e ficar na presença de Deus: gente de coração puro, conduta pura, sem cobiça e comprometidos com o nome de Deus. Quem poderá? Sinceramente? Ninguém! Apenas Cristo foi e é assim.
Tornamo-nos como Cristo pela fé, na medida em que, também, pela fé buscamos ter o caráter de Cristo sendo formado em nós. Portanto, pela fé nós subimos à presença de Deus — somos justificados de nossos pecados, e também pela fé nós permanecemos na presença de Deus — somos santificados dos nossos pecados: coração e mãos vão se tornando puros, cobiça vai dando lugar à entrega de tudo o que temos e vaidade vai dando lugar à glória do nome de Deus em tudo o que somos e fazemos. Gente assim vive na presença do rei da glória e não se decepciona, afinal, Deus os recompensa (Hb 11.6). Como?
5 Eles receberão a bênção do SENHOR e a justiça do Deus de sua salvação. 6 São esses os que te buscam e adoram em tua presença, ó Deus de Jacó. Interlúdio
O Rei da glória é santíssimo sobre tudo e Cristo é o nosso acesso.
3. O Rei da glória é o vitorioso sobre tudo
Sl 24.7-10 | 7 Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. 8 Quem é o Rei da glória? O SENHOR, forte e poderoso. O SENHOR, invencível nas batalhas. 9 Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. 10 Quem é o Rei da glória? O SENHOR dos Exércitos; ele é o Rei da glória.
A procissão chegou às portas da cidade. Que se abram as portas. O Rei da glória entrará. Note os três atributos dele: forte, poderoso e glorioso. O salmo termina com a majestade de Deus, diante de quem todos devem se inclinar.
Esta parte deve ter sido acrescida ao salmo mais tarde, para uma procissão de gratidão a Deus pela vitória em alguma guerra. Mesclam-se o poder criador de Deus, sua majestade e sua proteção na vida. Por tudo isso, ele deve ser adorado. Ele é o “Senhor dos Exércitos” (Iahweh tsebaôth, o Deus que controla as potestades celestiais, senhor do mundo). Isto é o bastante, você não acha?
O Rei da glória é o vitorioso sobre tudo.
O Rei da glória
Durante anos, a tradição cristã tem utilizado este salmo para ser lido no dia da Ascensão, i.e.: o quadragésimo dia após a Páscoa. Por quê?
Os cristãos vêem Jesus Cristo como “o Senhor da glória”, primeiro retornando ao céu depois de sua paixão, morte e ressurreição (Efésios 4.8 e Colossenses 2.15), e depois retornando à terra em glória para estabelecer definitivamente seu reino (Mt 25.31).
Hoje, portanto, vivemos na expectativa da chegada do Rei da glória, que virá buscar o seu povo para reinar sobre tudo para sempre. Enquanto isso… algumas lições para aqui e agora:
Torne seu este cântico de triunfo: confesse o seu pecado e receba Jesus, o Rei da glória.
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