02.01.2022
[João 20.1-31] 1No primeiro dia da semana, bem cedo, enquanto ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra da entrada tinha sido removida. 2Correu e encontrou Simão Pedro e o outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, e disse: “Tiraram do túmulo o corpo do Senhor, e não sabemos onde o colocaram!”. 3Pedro e o outro discípulo foram ao túmulo. 4Os dois corriam, mas o outro discípulo foi mais rápido que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Abaixou-se, olhou para dentro e viu ali as faixas de linho, mas não entrou. 6Então Simão Pedro chegou e entrou. Também viu ali as faixas de linho 7e notou que o pano que cobria a cabeça de Jesus estava dobrado e colocado à parte. 8O discípulo que havia chegado primeiro ao túmulo também entrou, viu e creu. 9Pois até então não haviam compreendido as Escrituras segundo as quais era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos. 10Os discípulos voltaram para casa. 11Maria estava do lado de fora do túmulo. Chorando, abaixou-se, olhou para dentro 12e viu dois anjos vestidos de branco, sentados à cabeceira e aos pés do lugar onde tinha estado o corpo de Jesus. 13Os anjos lhe perguntaram: “Mulher, por que você está chorando?”. Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram”. 14Então, ao virar-se para sair, viu alguém em pé. Era Jesus, mas ela não o reconheceu. 15“Mulher, por que está chorando?”, perguntou ele. “A quem você procura?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo”. 16“Maria!”, disse Jesus. Ela se voltou para ele e exclamou: “Rabôni!” (que, em aramaico, quer dizer “Mestre!”). 17Jesus lhe disse: “Não se agarre a mim, pois ainda não subi ao Pai. Mas vá procurar meus irmãos e diga-lhes: ‘Eu vou subir para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês’”. 18Maria Madalena encontrou os discípulos e lhes disse: “Vi o Senhor!”. Então contou o que Jesus havia falado. 19Ao entardecer daquele primeiro dia da semana, os discípulos estavam reunidos com as portas trancadas, por medo dos líderes judeus. De repente, Jesus surgiu no meio deles e disse: “Paz seja com vocês!”. 20Enquanto falava, mostrou-lhes as feridas nas mãos e no lado. Eles se encheram de alegria quando viram o Senhor. 21Mais uma vez, ele disse: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio”. 22Então soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo. 23Se vocês perdoarem os pecados de alguém, eles estarão perdoados. Se não perdoarem, eles não estarão perdoados”. 24Um dos Doze, Tomé, apelidado de Gêmeo, não estava com os outros quando Jesus surgiu no meio deles. 25Eles lhe disseram: “Vimos o Senhor!”. Ele, porém, respondeu: “Não acreditarei se não vir as marcas dos pregos em suas mãos e não puser meus dedos nelas e minha mão na marca em seu lado”. 26Oito dias depois, os discípulos estavam juntos novamente e, dessa vez, Tomé estava com eles. As portas estavam trancadas, mas, de repente, como antes, Jesus surgiu no meio deles. “Paz seja com vocês!”, disse ele. 27Então, disse a Tomé: “Ponha seu dedo aqui, e veja minhas mãos. Ponha sua mão na marca em meu lado. Não seja incrédulo. Creia!”. 28“Meu Senhor e meu Deus!”, disse Tomé. 29Então Jesus lhe disse: “Você crê porque me viu. Felizes são aqueles que creem sem ver”. 30Os discípulos viram Jesus fazer muitos outros sinais além dos que se encontram registrados neste livro. 31Estes, porém, estão registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo nele, tenham vida pelo poder do seu nome.
Você tem fé?
Qual é a fonte de sua fé? De onde vem a sua fé?
Que é fé? [a certeza do que esperamos, convicção do que não vemos]
O que é necessário para alguém ter fé?
Quais são os efeitos da fé?
São essas perguntas que nós buscaremos responder neste primeiro domingo de 2022. Afinal, sem fé, nós não seremos capazes de atravessar os dias, as semanas e os meses adiante de nós… tampouco os anos que ainda nos restam sobre a terra… sobretudo, sem fé será impossível agradar a Deus.
João 20 registra as aparições de Jesus aos seus seguidores. O capítulo pode ser dividido do seguinte modo: [1.] a aparição a Maria Madalena (vs. 1-18); [2.] a aparição aos dez discípulos (vs. 19-23); [3.] a aparição a Tomé (vs. 24-29) e [4.] João revela seu propósito ao escrever o Evangelho (vs. 30-31).
NOTE QUE JESUS NÃO APARECEU A DESCRENTES. De fato, o Senhor já havia informado seus apóstolos nestes termos, João 14.19: “Em breve o mundo não me verá mais, mas vocês me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão.” E João 16.16 e 22: “Mais um pouco e vocês não me verão mais; algum tempo depois, me verão novamente… Da mesma forma, agora vocês estão tristes, mas eu os verei novamente; então se alegrarão e ninguém lhes poderá tirar essa alegria.” Os discípulos viram o Cristo ressurreto, mas os descrente não o testemunharam! Por quê?
O milagre da ressurreição não os teria convencido de coisa alguma, assim como os diversos milagres realizados por Jesus quando esteve entre eles não haviam conseguido – “Se eles não ouvem Moisés e os profetas, não se convencerão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos”, disse Jesus na história contada sobre o rico e o mendigo Lázaro em Lucas.16.31. O deus deste mundo os havia cegado e impedido de crer (2Co 4.4). Jesus, portanto, apareceu exclusivamente para os seus discípulos com o propósito de confirmar a fé que eles já haviam de algum modo depositado em Cristo antes da crucificação. Essas aparições foram tão profundas que transformaram os discípulos de homens covardes que se esconderam de medo, em testemunhas ousadas de Jesus.
MAIS UMA VEZ: o propósito de João ao registrar os aparecimentos foi demonstrar que a ressurreição física e corporal de Cristo foi a prova máxima de que ele é verdadeiramente o Messias e o Filho de Deus, o qual entregou a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.17-18; 15.13). Pois bem, O QUE FAREMOS A SEGUIR SERÁ O SEGUINTE: caminharemos pelas aparições de Jesus, atentando-nos a alguns de seus respectivos detalhes; por fim, buscaremos aplicações para a caminhada neste e nos próximos anos da vida.
João, o evangelista, inicia a narração dos fatos da ressurreição de Jesus entrelaçando a aparição do Senhor a Maria Madalena com o que julgou ser (e de fato são) evidências que comprovam que Jesus verdadeiramente ressurgiu dos mortos.
Antes de lermos a narrativa de João, é importante recordamos o que Mateus escreveu em seu Evangelho sobre o sepultamento de Jesus:
Mateus 27.62-66 62No dia seguinte, no sábado, os principais sacerdotes e os fariseus foram a Pilatos 63e disseram: “Senhor, lembramos que, quando ainda vivia, aquele mentiroso disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei’. 64Por isso, pedimos que lacre o túmulo até o terceiro dia. Isso impedirá que seus discípulos roubem o corpo e depois digam a todos que ele ressuscitou. Se isso acontecer, estaremos em pior situação que antes”. 65Pilatos respondeu: “Levem soldados e guardem o túmulo como acharem melhor”. 66Então eles lacraram o túmulo e puseram guardas para protegê-lo.
O lacre era uma corda que atravessava a pedra que tampava o túmulo; essa pedra era presa nas laterais do túmulo com argila e recebia o selo romano para a vedação. Qualquer um que quebrasse esse lacre incorreria em pena capital pelo governo romano. O líderes religiosos dos judeus ajudaram os soldados a lacrar o túmulo e também montaram vigília, garantindo que não houvesse qualquer interferência indesejada por parte dos guardas. Os guardas, por sua vez, impediam a interferência dos discípulos.
A pedra removida
Pois bem, de volta à João:
João 20.1 No primeiro dia da semana, bem cedo, enquanto ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra da entrada tinha sido removida.
A lápide imensa e circular que cobria tal túmulo fora colocada nas bordas e encaixada nas rachaduras da rocha maciça e, em seguida, cunhas de madeira ou de pedra foram inseridas entre o vinco da rocha e a pedra da entrada, garantindo o travamento. Não era incomum que uma pedra assim pesasse mais de uma tonelada. Portanto, quem poderia, quem teria conseguido remover a pedra da entrada do túmulo? Seria ilógico presumir que os guardas a tivessem deslocado do local, abrindo o túmulo, pois sabiam o que lhes custaria tal atitude; tampouco os discípulos o teriam aberto, posto que os guardas mantinham sentinela. Então, quem teria aberto o túmulo? Mateus nos aponta o autor da façanha:
Mateus 28.1-4 1Depois do sábado, no primeiro dia da semana, bem cedo, Maria Madalena e a outra Maria foram visitar o túmulo. 2De repente, houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra da entrada e sentou-se sobre ela. 3Seu rosto brilhava como um relâmpago, e suas roupas eram brancas como a neve. 4Quando os guardas viram o anjo, tremeram de medo e caíram desmaiados, como mortos.
E agora, como conter os discípulos de Jesus? Eis a solução encontrada:
Mateus 28.11-15 11Enquanto as mulheres estavam a caminho, alguns dos guardas entraram na cidade e contaram aos principais sacerdotes o que havia acontecido. 12Eles convocaram uma reunião com os líderes do povo e decidiram subornar os guardas com uma grande soma de dinheiro. 13Instruíram os soldados: “Vocês devem dizer o seguinte: ‘Os discípulos de Jesus vieram durante a noite, enquanto dormíamos, e roubaram o corpo’. 14Se o governador ficar sabendo disso, nós os defenderemos, para que não se compliquem”. 15Os guardas aceitaram o suborno e falaram conforme tinham sido instruídos. Essa versão se espalhou entre os judeus, que continuam a contá-la até hoje.
A verdade é que Deus mesmo deu um jeito de deslocar a pedra, não para que Jesus conseguisse sair do túmulo – até porque nós sabemos que o corpo glorificado de Jesus atravessava paredes; veja João 20.19.
O túmulo vazio
A pedra do túmulo fora deslocada para revelar que o túmulo estava vazio. Jesus ressuscitou!
João 20.1-4 1No primeiro dia da semana, bem cedo, enquanto ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra da entrada tinha sido removida. 2Correu e encontrou Simão Pedro e o outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, e disse: “Tiraram do túmulo o corpo do Senhor, e não sabemos onde o colocaram!”. 3Pedro e o outro discípulo foram ao túmulo. 4Os dois corriam, mas o outro discípulo foi mais rápido que Pedro e chegou primeiro ao túmulo.
Jesus não estava no túmulo!
Como ele saiu de lá?
Apenas três conclusões são possíveis.
A PRIMEIRA: JESUS TERIA SAÍDO POR CONTA PRÓPRIA. mas isso teria sido impossível, pois ele estava morto. Ora, os próprios soldados se certificaram de que Jesus estivesse morto, e por achá-lo, de fato, morto, não quebraram suas pernas na cruz (Jo 19.33). Aliás, um dos soldados chegou a furar seu lado com uma lança e, no mesmo instante, correu sangue com água das entranhas do Senhor (Jo 19.34). Jesus, de fato, estava morto. Ele não poderia ter por conta própria saído do túmulo.
A SEGUNDA: O CORPO PODERIA TER SIDO TIRADO POR MÃOS HUMANAS – ou por seus discípulos ou por seus inimigos. Ora, não poderia ter sido pelos inimigos! Por que eles fariam isso, alimentando a “mentira da ressurreição” contada pelos discípulos de Jesus? E se fosse verdade, se os inimigos tivessem mesmo retirado o corpo do túmulo, por que eles permaneceram em silêncio, por que eles não mostraram o corpo quando a pregação da ressurreição de Cristo chegou às ruas? Bastava que eles expusessem no templo o corpo morto de Jesus! E se o corpo tivesse sido retirado do túmulo pelos discípulos de Jesus, como teriam sido capazes de escapar dos guardas que montavam sentinela rigorosa à frente do túmulo? Além disso, seria incompreensível que aqueles discípulos morreriam pela causa de Cristo – como todos eles morreram, com a exceção de João – caso eles mesmos tivessem tomado para si o corpo do Senhor. Você morreria por uma mentira?
A TERCEIRA CONCLUSÃO PARECE SER A ÚNICA OPÇÃO INTELIGENTE: o corpo saiu do túmulo por meios sobrenaturais… um milagre… Jesus ressuscitou! Como escreveu Paulo em Romanos 1.4: “o poder do Espírito Santo o ressuscitou dos mortos, [e] foi [ficou] demonstrado que ele era o Filho de Deus. Ele é Jesus Cristo, nosso Senhor.”
A mortalha de Jesus
Afora a pedra removida e o túmulo vazio, quando chegaram ao lugar onde estivera sepultado o Senhor Jesus, Pedro e João se depararam com outra evidência da ressurreição de Jesus Cristo: a mortalha de Jesus, o modo como foram deixados os panos ou a vestimenta com que se envolveu o cadáver do Senhor que foi sepultado:
João 20.5-8 5Abaixou-se, olhou para dentro e viu ali as faixas de linho, mas não entrou. 6Então Simão Pedro chegou e entrou. Também viu ali as faixas de linho 7e notou que o pano que cobria a cabeça de Jesus estava dobrado [enrolado] e colocado à parte. 8O discípulo que havia chegado primeiro ao túmulo também entrou, viu e creu.
Três vezes nesta passagem (vs. 5, 6 e 8) há a referência ao verbo ver. Interessante é que no original grego são três verbos distintos para “ver”. No versículo 5 o verbo é blepō – significa “dar uma olhada”. No versículo 6 o verbo é theōreō – significa “observar com cuidado”. No versículo 8 o verbo é oida – significa “prestar atenção para obter uma imagem mental, para perceber o ocorrido”. No que eles deram uma olhada? O que eles observaram com cuidado? Que imagem mental eles tiveram? O que eles perceberam?
João e Pedro viram as faixas de linho e o pano que cobria a cabeça de Jesus depositados, impecáveis sobre a laje de pedra dentro do túmulo – idênticos a um casulo do qual uma borboleta acabara de voar. Devem ter pensado: “Quando o Senhor ressuscitou Lázaro, nós o vimos sair do túmulo com as mãos e os pés presos com faixas e o rosto envolto num pano; por isso Jesus disse: ‘Desamarrem as faixas e deixem-no ir!’” (Jo 11.44) Mas veja aqui! Eis as faixas e o pano na forma do corpo e da cabeça do Senhor, deitados sobre a pedra. Jesus simplesmente atravessou esses panos! Ele ressuscitou!”
Todas as peças se juntaram e se encaixaram na cabeça de João e de Pedro:
João 20.8-10 8O discípulo que havia chegado primeiro ao túmulo também entrou, viu e creu. 9Pois até então não haviam compreendido as Escrituras segundo as quais era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos. 10Os discípulos voltaram para casa.
O encaixe das peças na cabeça de João e de Pedro foram o gatilho da fé no coração desses apóstolos. Viver sem fé na ressurreição é negar as evidências bíblicas contundentes, é chamar a Bíblia de mentira. Inda pior, morrer sem esperança na ressurreição é enfrentar uma eternidade de tormentos. Se até hoje você duvidou da ressurreição de Jesus dentre os mortos, pondere cuidadosamente sobre as evidências que João nos apresenta nesta narrativa do Evangelho. Afinal de contas, se você tiver que ter certeza sobre alguma coisa, deve ser a respeito da ressurreição de Cristo. Porque, como Paulo concluiu, escrevendo aos coríntios, “se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é inútil, e a fé que vocês têm também é inútil” (1Co 15.14).
As aparições de Jesus
Quando o túmulo de Jesus foi encontrado vazio, o primeiro medo, expresso por Maria, foi de que o corpo dele tivesse sido tirado (Jo 20.2). Mas depois, Pedro e João investigaram a cena, e chegaram a uma conclusão diferente (Jo 20.8-10). Embora todas as peças deste evento intrigante não tivessem ainda se encaixado em seus detalhes, os dois discípulos viram o bastante para obterem uma imagem clara: o que faltava, a peça que faltava era o próprio Cristo ressuscitado dos mortos.
A primeira aparição do Senhor foi domingo de manhã (Jo 20.11-17); a segunda foi na noite daquele mesmo dia (Jo 20.19-23); e a terceira aparição ocorreu oito dias depois (Jo 20.26-29). As pessoas que o viram foram, respectivamente: [1.] Maria Madalena, que temia terem tirado dela o corpo do Senhor (vs. 11 e 18); [2.] os discípulos, que temiam os judeus (vs. 19 e 26); e [3.] Tomé, que também temia pela própria vida (vs. 26-28).
Outra observação importante à respeito desta passagem bíblica é que a estrutura de cada aparição de Jesus é semelhante uma da outra: primeiro, Jesus aparece; segundo, as pessoas reagem; terceiro, Jesus faz uma declaração.
A reação de Maria Madalena: sentir para crer
João 20.10-13 10Os discípulos voltaram para casa [pois havia crido com base no que viram]. 11[MAS,] Maria [Madalena] estava do lado de fora do túmulo. Chorando, abaixou-se, olhou para dentro 12e viu dois anjos vestidos de branco, sentados à cabeceira e aos pés do lugar onde tinha estado o corpo de Jesus. 13Os anjos lhe perguntaram: “Mulher, por que você está chorando?”. Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram”.
Talvez estivesse nublado ou fosse a neblina da manhã… talvez as lágrimas tivessem embaçado seus olhos… talvez Jesus fosse a última pessoa que ela espera ver… talvez o corpo ressurreto, glorificado de Jesus fosse um pouco diferente… Qualquer que fosse o motivo, Maria Madalena não reconheceu o Senhor ressuscitado quando ele a ela apareceu no jardim do túmulo.
João 20.14-15 14Então, ao virar-se para sair, viu alguém em pé. Era Jesus, mas ela não o reconheceu. 15“Mulher, por que está chorando?”, perguntou ele. “A quem você procura?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo”.
Primeiro, Jesus se dirigiu a Maria Madalena como “mulher” (v. 15). Mas quando a chamou pelo nome (v. 16), ele imediatamente conseguiu trazê-la para o foco:
João 20.16 “Maria!”, disse Jesus. Ela se voltou para ele e exclamou: “Rabôni!” (que, em aramaico, quer dizer “Mestre!”).
Embora não esteja explicitamente declarado, está implícito neste versículo que Maria Madalena jogou os braços em volta de Jesus e o abraçou com todas as suas força. Tanto é verdade que Jesus a interrompeu imediatamente neste momento de ternura, fazendo-lhe um branda correção:
João 20.17 Jesus lhe disse: “Não se agarre a mim [não fique me detendo, não fique me segurando com abraços], pois ainda não subi ao Pai. Mas vá procurar meus irmãos e diga-lhes: ‘Eu vou subir para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês’”.
Maria Madalena expressou o desejo de ater-se à presença física de Jesus, temendo que pudesse perdê-lo novamente. A referência de Jesus à sua ascensão, além de demonstrar que não havia lascívia naquela atitude da mulher, significava que ele estaria apenas temporariamente com os discípulos, e embora Madalena quisesse desesperadamente ficar junto dele, fisicamente, não seria possível. Após a ressurreição, Jesus esteve com eles somente durante outros 40 dias e então subiu ao céu (At 1.3-11). Depois que subiu ao Pai, enviou o Espírito Santo para que não se sentissem sós (Jo 14.18-19).
Convencida e encorajada, Maria retornou à comunhão dos apóstolos:
João 20.18 Maria Madalena encontrou os discípulos e lhes disse: “Vi o Senhor!”. Então contou o que Jesus havia falado.
A REAÇÃO DE MARIA MADALENA em face da aparição de Cristo é típica de uma pessoa que é frágil, altamente emocional, instável, ansiosa, ferida e medrosa – gente assim se agarra com unhas e dentes aos outros, sufocam. Elas precisam sentir para crer. Do modo como foi pintada aqui, Madalena tipifica a pessoa orientada por sentimentos, sem raízes profundas:
Marcos 4.16-17 16As que caíram no solo rochoso representam aqueles que ouvem a mensagem e, sem demora, a recebem com alegria. 17Contudo, uma vez que não têm raízes profundas, não duram muito. Assim que enfrentam problemas ou são perseguidos por causa da mensagem, cedo desanimam.
Se Maria era sentir para crer, os discípulos eram ver para crer.
João 20.19 Ao entardecer daquele primeiro dia da semana, os discípulos estavam reunidos com as portas trancadas, por medo dos líderes judeus. De repente, Jesus surgiu no meio deles e disse: “Paz seja com vocês!”.
Somos informados por Lucas que, quando eles primeiramente encararam Jesus ali no meio deles, todos se empalideceram, Lucas 24.37: “Eles se assustaram e ficaram amedrontados, pensando que viam um fantasma.” Mas com as palavras “Paz seja com vocês!”, o coração deles começou a se aquietar. E quando, finalmente, eles viram quem era aquele que do nada surgiu no meio deles e lhes falou, eles se tranquilizaram:
João 20.20-23 20Enquanto falava, mostrou-lhes as feridas nas mãos e no lado. Eles se encheram de alegria quando viram o Senhor. 21Mais uma vez, ele disse: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio”. 22Então soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo. 23Se vocês perdoarem os pecados de alguém, eles estarão perdoados. Se não perdoarem, eles não estarão perdoados”.
Esses discípulos representam uma segunda reação familiar ao contato com a pessoa de Jesus: ver para crer. Maria Madalena: sentir para crer. Os discípulos: ver para crer. E ainda tem Tomé: provar para crer.
Tomé já foi descrito como o mais racional dos apóstolos. Seu nome ficou para sempre associado com dúvida e ceticismo. Chamado de Dídimo, ou Gêmeo, ele é mencionado apenas duas outras vezes antes deste incidente. João 11.16: “Vamos até lá [Betânia, ao velório de Lázaro] também para morrer com Jesus”. E João 14.5: “Não sabemos para onde o Senhor vai”, disse Tomé. “Como podemos conhecer o caminho?” — Desse modo, Tomé é um cético ousado, por vezes pessimista e sarcástico, que não consegue viver com uma pergunta não feita. Ele é o empirista clássico: precisa coletar e verificar, tocar, testar, comparar evidências. Veja:
João 20.24-25 24Um dos Doze, Tomé, apelidado de Gêmeo, não estava com os outros quando Jesus surgiu no meio deles. 25Eles lhe disseram: “Vimos o Senhor!”. Ele, porém, respondeu: “Não acreditarei se não vir as marcas dos pregos em suas mãos e não puser meus dedos nelas e minha mão na marca em seu lado”.
Tomé, com essa determinação – “Não acreditarei se não vir as marcas dos pregos em suas mãos e não puser meus dedos nelas e minha mão na marca em seu lado” – , tipifica as pessoas que não crerão a menos que o cristianismo passe por sua bateria de testes científicos. É provar para crer.
Como o Senhor é sempre gracioso, ele se submeteu ao teste de Tomé. Mas ao final ele fez uma forte afirmação à respeito da fé salvadora:
João 20.26-29 26Oito dias depois, os discípulos estavam juntos novamente e, dessa vez, Tomé estava com eles. As portas estavam trancadas, mas, de repente, como antes, Jesus surgiu no meio deles. “Paz seja com vocês!”, disse ele. 27Então, disse a Tomé: “Ponha seu dedo aqui, e veja minhas mãos. Ponha sua mão na marca em meu lado. Não seja incrédulo. Creia!”. 28“Meu Senhor e meu Deus!”, disse Tomé. 29Então Jesus lhe disse: “Você crê porque me viu. Felizes são aqueles que creem sem ver”.
Observe o versículo 29. Essencialmente, Jesus diz a Tomé: “Você me viu e me tocou, e por isso você creu. Bem-aventurados os que não veem… ou sentem… ou tocam, e ainda assim creem. Bem-aventurados os que creem sem ver… ou sem sentir… ou sem tocar. Bem-aventurados os que que sabem que confiar é crer.” E então, João, o evangelista, complementa:
João 20.30-31 30Os discípulos viram Jesus fazer muitos outros sinais além dos que se encontram registrados neste livro. 31Estes, porém, estão registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo nele, tenham vida pelo poder do seu nome.
João está nos dizendo que Jesus nos quer confiando nele – sem ter que sentir, ver ou tocar; foi por isso que o Evangelho de João foi escrito: para que nós creiamos nas palavras daqueles que viram, sentiram e tocaram. Confiar é crer. Confiar nas palavras das Escrituras. Foi por isso que Paulo escreveu que a fé vem pela pregação, mediante o ouvir (ou ler) a palavra de Cristo (Rm 10.17). Foi por isso que noutro lugar João escreveu:
1João 1.1-4 1Proclamamos a vocês aquele que existia desde o princípio, aquele que ouvimos e vimos com nossos próprios olhos e tocamos com nossas próprias mãos. Ele é a Palavra da vida. 2Aquele que é a vida nos foi revelado, e nós o vimos. Agora, testemunhamos e lhes proclamamos que ele é a vida eterna. Ele estava com o Pai e nos foi revelado. 3Anunciamos-lhes aquilo que nós mesmos vimos e ouvimos, para que tenham comunhão conosco. E nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 4Escrevemos estas coisas para que vocês participem plenamente de nossa alegria.
O QUE É NECESSÁRIO PARA ALGUÉM TER FÉ? Sentir? Tocar? Ver? Não! Para ter fé é necessário confiar nas palavras das Escrituras – crer nas evidências das testemunhas oculares de Jesus: os apóstolos. A Bíblia, iluminada pelo Espírito Santo no coração regenerado pelo mesmo Espírito Santo, é a fonte da fé.
QUAL É A FONTE DA SUA FÉ? Sentimentos? Razão? Sensações? Visões? A única fonte autorizada para a fé e a prática cristã, a fonte confiável para a fé salvífica, é a palavra de Deus – a inspirada, sem erros, suficiente, poderosa e sempre atual palavra de Deus; a palavra de Deus carregada de evidências apresentadas pelos autores sagrados.
VOCÊ TEM FÉ? Você precisará de fé para 2022. Você precisará de fé para a sua salvação. Sem fé é impossível agradar a Deus. Quer ter fé? Quer aumentar a fé? Olhe para a Bíblia. Veja Jesus pelos olhos dos apóstolos. Toque em Jesus pelo toque dos apóstolos. Ache argumentos para a sua fé nos argumentos dos profetas e dos apóstolos.
Tome o relato da ressurreição de Jesus, por exemplo: aqui nós vemos a incontestável realidade de que Jesus é o Filho eterno de Deus, o Salvador, o Messias prometido de Israel. Por quê? Porque ele ressuscitou. Ele não mentiu. Ele não era um louco ou lunático. Ele é o SENHOR e Salvador. Olhe para Cristo. Confie nas palavras da Bíblia. Creia.
Agora, não é que o cristianismo ignora fatos e sentimentos. Muito pelo contrário. Da passagem que estudamos emergem uma série de considerações a esse respeito:
Foi porque Jesus Cristo ressuscitou que a nossa pregação não é inútil, e a fé que nós temos no Filho eterno de Deus também não é inútil (1Co 15.14), mas poderosa para nos salvar, nos santificar e nos tornar fortes para vencer o mundo e chegar a salvo no céu – venha o que vier em 2022.
Mas tem uma última pergunta que precisamos responder:
Quais são os efeitos da fé bíblica, da fé que confia na palavra de Deus?
PRIMEIRO, você para de chorar, não vive em desespero (Maria Madalena, vs. 11-13). Você consegue ir para casa (João e Pedro, v. 10). E consegue também sair e voltar para casa sem medo (os apóstolos após a ressurreição de Jesus). Por quê? Porque Jesus vive e por isso nós podemos crer no amanhã.
SEGUNDO, você busca a comunhão da igreja (Tomé, que passou a se reunir com os apóstolos).
TERCEIRO, você cumpre a missão entregue a nós por Jesus: “Assim como o Pai me enviou, eu os envio” (Jo 20.21) – você encarna o evangelho para as pessoas sem perder a sua identidade. Tudo isso porque recebemos do Senhor paz (comprada na cruz: as feridas nas mãos e no lado, vs. 19-21), poder (o Espírito Santo: ilustrado no sopro do Senhor, v. 22) e a palavra de Deus (que tem poder para perdoar os pecados, v. 23).
Ache fé na palavra de Cristo. Olhe para Cristo, o Cristo ressurreto.
Nutra sua fé na palavra de Cristo.
Porque Jesus Cristo ressuscitou, nossa pregação não é inútil, e a fé que nós temos no Filho eterno de Deus também não é inútil (1Co 15.14), mas poderosa para nos tornar fortes para vencer o mundo e chegar a salvo no céu – venha o que vier em 2022.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto