14.02.2021
[João 12.37-50] 37Apesar de todos os sinais que Jesus havia realizado, não creram nele. 38Aconteceu conforme o profeta Isaías tinha dito: “Senhor, quem creu em nossa mensagem? A quem o Senhor revelou seu braço forte?”. 39Mas o povo não podia crer, pois como Isaías também disse: 40“O Senhor cegou seus olhos e endureceu seu coração para que seus olhos não vejam, e seu coração não entenda, e não se voltem para mim, nem permitam que eu os cure”. 41As palavras de Isaías referiam-se a Jesus, pois viu sua glória e falou sobre ele. 42Ainda assim, muitos creram em Jesus, incluindo alguns dos líderes judeus. Eles, porém, não declararam sua fé abertamente, por medo de que os fariseus os expulsassem da sinagoga. 43Amaram a aprovação das pessoas mais que a aprovação de Deus. 44Jesus disse em alta voz às multidões: “Se vocês creem em mim, não creem apenas em mim, mas também naquele que me enviou. 45Pois, quando veem a mim, veem aquele que me enviou. 46Eu vim como luz para brilhar neste mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça na escuridão. 47Não julgarei aqueles que me ouvem mas não me obedecem, pois vim para salvar o mundo, e não para julgá-lo. 48Mas todos que me rejeitam e desprezam minha mensagem serão julgados no dia do julgamento pela verdade que tenho falado. 49Não falo com minha própria autoridade. O Pai, que me enviou, me ordenou o que dizer. 50E eu sei que o mandamento dele conduz à vida eterna; por isso digo tudo que o Pai me mandou dizer”.
Imagine a cena: você tem um voo marcado para Israel, com escala em São Paulo e na França. Embarca no primeiro voo em Goiânia até São Paulo. A viagem vai muito bem. Chega à capital paulista e decola dentro do horário previsto para a sua próxima e última conexão lá em Paris, antes de pousar na Terra Santa. Ocorre que o voo com destino a Israel decolará às 23h00, mas você pousou em Paris às 6h00 – ou seja, terá uma espera de nada menos que 17 horas no aeroporto.
Não tem problema! Você aproveita para conhecer e dar uma volta na cidade luz, a cidade do amor. Toma o Uber e passeia pelos pontos turísticos. Sobe na Torre Eiffel, tira uma self, posta no Instagram, almoça em um restaurante bacana, senta em um daqueles cafés charmosos, toma um cafezinho e volta correndo para o aeroporto. Você não pode perder o voo! Está muito feliz e cheio de expectativas com essa viagem a Israel.
De volta ao aeroporto Paris-Orly, você se dá conta de que ainda tem umas quatro horas de espera. Resolve matar o tempo dando uma olhadinha no free-shop. Encanta-se com o local e com os produtos. Faz umas comprinhas. Senta para comer uma torta e tomar um café bem gostoso. Fica olhando as pessoas passarem, contemplando a paisagem da vidraça do local… e se esquece da hora.
Chega a hora de embarcar. Alguém da companhia aérea começa a chamar os passageiros do seu voo. Entretido, você não ouve! Fazem a última chamada, mas você não dá a menor atenção. O avisão decola e de repente você cai em si e diz: “Meu Deus! Perdi meu voo!”. Corre ao balcão de embarque e descobre que perdeu mesmo o voo. Distraiu-se e não ouviu a última chamada. Perdeu a noção do tempo e não se apresentou para o embarque. Que coisa!
Pior: seu dinheirinho está contado!
Ah, os próximos voos já estão lotados!
Imagine a sensação! Quanta frustração! Que raiva, meu Deus!
Se é assim tão arruinante passar por uma experiência dessas, imagina não ouvir a última chamada de Jesus, antes de ele desaparecer da cena pública! Veja:
João 12.35-36 35Jesus respondeu: “Minha luz brilhará para vocês só mais um pouco. Andem na luz enquanto podem, para que a escuridão não os pegue de surpresa. Quem anda na escuridão não consegue ver aonde vai. 36Creiam na luz enquanto ainda há tempo; desse modo vocês se tornarão filhos da luz”. Depois de dizer essas coisas, Jesus foi embora e se ocultou deles.
Jesus não falará, não pregará mais às multidões. A próxima seção do Evangelho de João, capítulos 13 a 17, ocupará de descrever o ensino particular de Cristo para aqueles que são seus discípulos mais próximos. Portanto, não haverá mais chamadas públicas para se ir até ele. Essa foi a última chamada para se tomar uma decisão.
Quem prestou atenção? Quem atendeu à última chamada?
Apesar deste bom desfecho, João – o evangelista, inspirado por Deus – decidiu não concluir esta seção do Evangelho sem alguns comentários pontuais, um arremate de tudo o que aconteceu do capítulo 1 até este ponto da narrativa. Portanto, o que lemos nos versículos 37-50, na verdade, não é mais a sequência cronológica da história bíblica, mas um resumo, uma conclusão em duas partes da primeira parte do Evangelho de João (cap. 1–12): há [1] uma análise comentada do fato espantoso da incredulidade de Israel (vs. 37-43) e [2] uma apresentação resumida de todos os ensinamentos de Cristo (vs 44–50). O objetivo de João é explicar a razão pela qual o povo para o qual ele veio o rejeitou, não obstante a tudo o que Jesus fez e falou (Jo 1.11; 12.37).
A minha oração é que, na medida em que caminhamos pelo texto, o SENHOR mesmo exponha o nosso coração à luz de seu evangelho, pois o problema da incredulidade aqui apresentado e o plano de Deus para a salvação e a santificação de seu povo – as suas ovelhas – é o mesmo para todos em todas as culturas e época.
Veremos a seguir:
[1] a anatomia da incredulidade (vs. 37-43)
[2] o antídoto da incredulidade (vs. 44-50)
João chega a este ponto da narrativa e se pega admirado – para ele é quase um milagre que os judeus, a nação de Israel como um todo tenha rejeitado a mensagem de Jesus Cristo, o Messias prometido. Todos os seus esforços com esse Evangelho é para que se creia e se prossiga crendo em Cristo:
João 20.30-31 30Os discípulos viram Jesus fazer muitos outros sinais além dos que se encontram registrados neste livro. 31Estes, porém, estão registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo nele, tenham vida pelo poder do seu nome.
O problema é que (de volta ao nosso texto):
João 12.37 Apesar de todos os sinais que Jesus havia realizado, não creram nele.
Por quê? O que saiu errado?
O problema foi a mensagem de Cristo, os sinais ou o quê?
O coração corrupto
João aloca o problema da incredulidade no coração mesmo do incrédulo. Preste atenção, João 12.37: “Apesar de todos os sinais que Jesus havia realizado, não creram nele.” De fato, o que João intenciona destacar não é tanto a totalidade dos sinais (como a NVT parece colocar), mas a enorme quantidade desses sinais diante dos olhos daquela gente – a ARA coloca assim (Jo 12.37): “E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele”.
Percebeu?
João está destacando a quantidade e a grandiosidade de tudo o que Jesus realizou diante dos olhos de toda aquela gente; através de seus milagres, Jesus revelou o seu poder sobre: a saúde física das pessoas (curas), os elementos químicos das substâncias (transformou água em vinho), as impossibilidades humanas (multiplicou pães e peixes), a natureza criada (andou sobre as águas e acalmou tempestades), a morte (ressuscitou Lázaro), os demônios (libertou pessoas da possessão), a lei (curou no sábado)… Com efeito, ao longo deste Evangelho, até este ponto (Jo 12.37), João escolheu a dedo os sete sinais que relatou – com o fim de revelar graça, glória e verdade na vida e na obra do Messias de Israel, o Senhor Jesus Cristo, e despertar a fé salvadora:
Não parou por aí, lá na conclusão deste Evangelho nós lemos (Jo 21.25):
Jesus também fez muitas outras coisas. Se todas fossem registradas, suponho que nem o mundo inteiro poderia conter todos os livros que seriam escritos.
E o mais espantoso de tudo é que “embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele” (Jo 12.37, ARA)! João não se contém de tanta surpresa; ele está maravilhado; para ele é um “milagre” que eles não tenham crido – o milagre da incredulidade. De fato é um espanto o fato de não terem crido (e de muitos não crerem), posto que a Bíblia diz – de capa a capa – que os sinais de Deus estão por toda parte:
Quem tem olhos para ver realmente enxerga graça, glória e verdade em tudo o que Deus fez, faz e está fazendo em Jesus Cristo. Portanto, quando alguém se recusa a crer em Cristo para a salvação, o problema não está na mensagem do evangelho ou na falta de argumentos lógicos ou mesmo pela escassez de evidências. Longe disso, posto que fatos, evidências e verdades superabundam ao redor! O problema da incredulidade é a dureza, a cegueira do nosso coração que em nosso estado natural não tem olhos para ver e amar a glória de Cristo. Paulo sabia disso:
2Coríntios 4.1-4 1Portanto, visto que Deus, em sua misericórdia, nos deu a tarefa de ministrar nesse novo sistema, nunca desistimos. 2Rejeitamos todos os atos vergonhosos e métodos dissimulados. Não procuramos enganar ninguém nem distorcemos a palavra de Deus. Em vez disso, dizemos a verdade diante de Deus, e todos que são honestos sabem disso. 3Se as boas-novas que anunciamos estão encobertas atrás de um véu, é apenas para aqueles que estão perecendo. 4O deus deste mundo cegou a mente dos que não creem, para que não consigam ver a luz das boas-novas, não entendendo esta mensagem a respeito da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Jesus falou com sabedoria (Jo 12.36) e fez milagres poderosos (Jo 12.37), mas o coração duro, cego do povo que o ouviu e o assistiu se recusou a crer nele para a salvação. O problema é o coração corrupto do homem. Mas tem mais…
O plano soberano de Deus
Para que se tenha uma plena compreensão da anatomia da incredulidade, além de se enxergar a corrupção do coração humano, faz-se necessário compreender o plano soberano de Deus nessa incredulidade, em cumprimento às Escrituras. Leremos o texto mais uma vez – João 12.37-40. Preste bastante atenção e observe que Deus mesmo planejou que muitos em Israel permanecessem cegos, duros e e rejeitassem Jesus. Humanamente falando, é espantoso:
João 12.37-40 37Apesar de todos os sinais que Jesus havia realizado, não creram nele. 38Aconteceu conforme o profeta Isaías tinha dito: “Senhor, quem creu em nossa mensagem? A quem o Senhor revelou seu braço forte?”. 39Mas o povo não podia crer, pois como Isaías também disse: 40“O Senhor cegou seus olhos e endureceu seu coração para que seus olhos não vejam, e seu coração não entenda, e não se voltem para mim, nem permitam que eu os cure”.
Está muito claro: Deus planejou que muitos em Israel permanecem na incredulidade e rejeitassem Jesus Cristo como Messias Salvador.
Mas alto lá!
O SER HUMANO INCRÉDULO É SIM O RESPONSÁVEL PELA SUA PRÓPRIA INCREDULIDADE. De fato, o plano de Deus para a incredulidade, a cegueira e a dureza do coração de Israel (e o de cada pecador) não tira ou contradiz a nossa responsabilidade pessoal ou a culpa por esta incredulidade. Jesus disse em João 3.18: “Não há condenação alguma para quem crê nele. Mas quem não crê nele já está condenado por não crer no Filho único de Deus.” A incredulidade do ser humano é culposa. A responsabilidade do homem de crer em Jesus, por um lado, e a soberania de Deus sobre quem crê em Jesus, por outro lado, são ambas verdadeiras, quer nós consigamos entender ou não.
A pergunta que se deve fazer neste ponto, no entanto, é: DE QUE MODO “O SENHOR CEGOU SEUS OLHOS E ENDURECEU SEU CORAÇÃO para que seus olhos não vejam, e seu coração não entenda, e não se voltem para mim, nem permitam que eu os cure” (Jo 12.40)? João nos dá um vislumbre de como Deus cega e endurece; está na maneira como ele cita o profeta Isaías.
Note: João poderia ter deixado Isaías de fora e simplesmente ter dito o seguinte: a incredulidade de Israel é culpa deles mesmos que rejeitaram crer e desse modo foi planejada por Deus; a dureza e a cegueira se devem à escolha soberana de Deus em deixá-los como estavam: cegos, duros, incrédulos. Mas não é isto o que João faz. De fato, ele cita dois lugares diferentes em Isaías.
Porque ele faz isto?
João 12.38 cita Isaías 53.1. E João 12.40 cita Isaías 6.10. Essas citações são muito importantes. Isaías 53 é uma descrição, você deve se lembrar, do servo sofredor, que agora sabemos ser Jesus. E os dois versículos que seguem aquele versículo que João cita do profeta (Jo 12.38 = Is 53.1) são reveladores. Vejamos os três em contexto:
Isaías 53.1-3 1Quem creu em nossa mensagem? A quem o SENHOR revelou seu braço forte? 2Meu servo cresceu em sua presença, como tenro broto verde, como raiz em terra seca. Não havia nada de belo nem majestoso em sua aparência, nada que nos atraísse. 3Foi desprezado e rejeitado, homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo. Demos as costas para ele e desviamos o olhar; ele foi desprezado, e não nos importamos.
A questão, portanto, é que Isaías profetizou que esse servo sofredor – Jesus, o Messias – seria rejeitado. Israel não creria nele. Foi por isso que João levantou a indagação de Isaías 53.1 em João 12.38: “Senhor, quem creu em nossa mensagem?”
Por que eles não creram?
Resposta: porque Jesus não tinha beleza ou majestade em sua aparência para que olhássemos para ele e nos encantássemos. Como homem, ele simplesmente não era do material de que o Messias é feito. Não era o tipo de Messias que eles queriam.
Então, em João 12.40, João cita Isaías 6.10: “O Senhor cegou seus olhos e endureceu seu coração para que seus olhos não vejam, e seu coração não entenda, e não se voltem para mim, nem permitam que eu os cure”. Esta citação vem após a visão que o profeta teve da glória de Deus, descrita em Isaías 6.1-3:
1No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor. Ele estava sentado em um trono alto, e a borda de seu manto enchia o templo. 2Acima dele havia serafins, cada um com seis asas: com duas asas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. 3Diziam em alta voz uns aos outros: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia de sua glória!”
E lá em Isaías 6.10 Deus disse a Isaías que quando ele pregasse esse grande, glorioso e santo Deus ao povo, quando revelasse à Israel essa visão gloriosa de Deus, o povo não creria na sua pregação. Eles permaneceriam, de fato, cegos e duros.
Por quê?
Porque eles não queriam ouvir falar de tal majestade, glória, poder e santidade.
De volta à nossa pergunta: de que modo “o senhor cegou seus olhos e endureceu seu coração”?
De um lado, Deus enviou um Messias no qual “Não havia nada de belo nem majestoso em sua aparência, nada que nos atraísse” (Is 53.1-3 = Jo 12.38). Do outro lado, Deus enviou um Messias cheio de glória, grande em esplendor, majestade e santidade, sabendo que eles não queriam esse tipo de Messias e por isso se desviariam dele.
Em outras palavras, parece que a maneira como Deus planejou cegar e endurecer muitos em Israel (e ainda hoje) foi enviando-lhes(nos) um Messias que ele sabia que estava programado para ser rejeitado. Eles não queriam seguir alguém tão humilde e sem formosura – não lhes cairia bem; ao passo que não estavam dispostos a se submeterem a alguém tão glorioso, majestoso e santo – não lhes seria conveniente, ser-lhes-ia custoso. Mas era isso que eles obteriam em Jesus Cristo, e Deus sabia o efeito que isso teria sobre eles, e mesmo assim o enviou, e desse modo os cegou com a fraqueza humana e a glória divina de Jesus Cristo. Esse Messias eles rejeitaram.
Para uma confirmação do que estamos dizendo, leia os versículos seguintes:
João 12.41-43 41As palavras de Isaías referiam-se a Jesus, pois viu sua glória e falou sobre ele [Is 6.1-3]. 42Ainda assim, muitos creram em Jesus, incluindo alguns dos líderes judeus. Eles, porém, não declararam sua fé abertamente, por medo de que os fariseus os expulsassem da sinagoga. 43Amaram a aprovação das pessoas mais que a aprovação de Deus.
Não dá para saber se era autêntica a fé desses muitos que “creram em Jesus” (v. 42). Já nos deparamos com uma fé falsa neste Evangelho (Jo 2.23; 7.1-5). O que se pode afirmar é que essa fé era, na melhor das hipóteses, falha. E a falha está descrita de uma forma que confirma o que vimos em Isaías 53 e Isaías 6. A falha na fé deles, ou como João 5.44 coloca, a barreira para a fé – o que os cegava e os endurecia, é o que está escrito em João 12.43: “Amaram a aprovação das pessoas mais que a aprovação de Deus.” Jesus disse em João 5.44: “Não é de admirar que não possam crer, pois vocês honram uns aos outros, mas não se importam com a honra que vem do único Deus!”
Aqui está a raiz da descrença de Israel: eles amaram a glória dos homens; eles não amavam a glória de Deus. Agora junte isso ao versículo 41: “As palavras de Isaías referiam-se a Jesus, pois viu sua glória e falou sobre ele.” João está dizendo que quando Isaías escreveu sobre o servo sofredor, humilde, fraco e desprezado, e quando escreveu sobre a majestade e a santidade da glória de Deus, ele estava descrevendo a glória de Jesus. Israel, no entanto, não o quis, rejeitou-o!
Israel amava a glória dos homens – e esse homem em Isaías 53 não era glorioso pelos padrões humanos. Israel também não amou a glória de Deus – e esse Deus em Isaías é infinitamente glorioso. Então, quando Jesus vem como um Messias sofredor, não é isso que eles querem. E quando ele afirma ser um com o próprio Deus de Isaías 6, não é isso que eles querem. Eles não querem nada sem glamour, mas também não querem se render diante de glória e majestade tão santa. Então eles não creem em Jesus. Eles o rejeitam. A única glória que eles querem é a dos homens. Deus sabia disso, sabia que seria assim. Deus planejou tudo isso.
DEUS DEU A ELES O QUE ELES ABSOLUTAMENTE PRECISAVAM E NÃO QUERIAM, e dessa forma “o Senhor cegou seus olhos e endureceu seu coração para que seus olhos não vejam, e seu coração não entenda, e não se voltem para mim, nem permitam que eu os cure” (Jo 12.40). Voltar-se para Deus requer humildade e submissão, arrependimento e fé, reconhecimento da enfermidade e desejo de cura… mas isso Israel não quis, e muitos, milhares ainda hoje não querem!
E você, quer? Quer esse Jesus manso e humilde, sem glamour – alguém que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos –, ao passo que é grande, glorioso, majestoso e santo? Você quer esse Jesus? Arrependa-se e creia nele – encante-se com a glória e a majestade dele, encapadas em humildade e nenhuma formosura, homem e Deus, Deus-homem, o Messias Salvador do mundo.
Vimos a anatomia da incredulidade: ela é fruto do amor à glória dos homens e do desprezo à glória de Deus. Entregue a si mesmo, o homem está cego e duro. Ele rejeita e despreza Jesus Cristo. Ele permanece andando na escuridão. Foi assim no ministério de público de Jesus, do começo ao final. O antídoto da incredulidade, por outro lado, é a palavra de Deus, pregada no poder do Espírito Santo. Ouça, João 12.44-50 (note as nove vezes em que o Senhor faz menção à Palavra!):
44Jesus disse em alta voz às multidões: “Se vocês creem em mim, não creem apenas em mim, mas também naquele que me enviou. 45Pois, quando veem a mim, veem aquele que me enviou. 46Eu vim como luz para brilhar neste mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça na escuridão. 47Não julgarei aqueles que me ouvem mas não me obedecem, pois vim para salvar o mundo, e não para julgá-lo. 48Mas todos que me rejeitam e desprezam minha mensagem serão julgados no dia do julgamento pela verdade que tenho falado. 49Não falo com minha própria autoridade. O Pai, que me enviou, me ordenou o que dizer. 50E eu sei que o mandamento dele conduz à vida eterna; por isso digo tudo que o Pai me mandou dizer”.
Percebeu?
A ênfase recai sobre a Palavra de Jesus, o mandamento de Jesus, a mensagem de Jesus, a fala e a voz de Jesus, e o resultado é a salvação e a vida eterna para aqueles que ouvem e abraçam essas palavras como a janela para a luz de Jesus.
E o que revela essa luz de Jesus?
O que faz essa luz de Jesus no coração do pecador?
A luz ilumina o coração para se ver a glória de Deus na face de Jesus
João 12.46 Eu vim como luz para brilhar neste mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça na escuridão.
Estar na escuridão é ver, mas não enxergar; é ver tanta glória e poder e ainda assim não enxergar, mas rejeitar, virar as costas para ela, não amá-la, desprezá-la – não obstante a tantos sinais poderosos e gloriosos. A luz ilumina o coração para se ver a glória de Deus na face de Jesus Cristo.
A luz revela que Jesus é Deus – ver Jesus é ver Deus; não se vê a Deus sem que se veja a Jesus; não se vai a Deus se não se for a Jesus
João 12.44-45 […] Se vocês creem em mim, não creem apenas em mim, mas também naquele que me enviou. Pois, quando veem a mim, veem aquele que me enviou.
Estar na escuridão é ver Jesus apenas como um sábio, iluminado, profeta, rabino, guru ou algo do tipo, e não enxergá-lo e adorá-lo pelo que ele de fato é: Deus glorioso, cheio de graça e de verdade; o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; o pão da vida; a luz do mundo; a porta das ovelhas; o bom pastor; a ressurreição e a vida; o caminho a verdade e a vida; a videira verdadeira; e o Salvador do mundo. A luz revela que Jesus é Deus, e quem vê Jesus, vê a Deus, quem vai a Jesus, vai a Deus.
A luz encanta o coração para se obedecer as palavras de vida eterna
João 12.47-50 47Não julgarei aqueles que me ouvem mas não me obedecem, pois vim para salvar o mundo, e não para julgá-lo. 48Mas todos que me rejeitam e desprezam minha mensagem serão julgados no dia do julgamento pela verdade que tenho falado. 49Não falo com minha própria autoridade. O Pai, que me enviou, me ordenou o que dizer. 50E eu sei que o mandamento dele conduz à vida eterna; por isso digo tudo que o Pai me mandou dizer”.
O antídoto da incredulidade do coração cego e duro pelo pecado é a pregação poderosa, a descrição gloriosa e a palavra majestosa do evangelho de Jesus Cristo. Portanto, queira a palavra de Deus, mais do que sinais e maravilhas: a palavra explica os sinais; a palavra descreve Jesus; a palavra ilumina o coração, ela é a janela pela qual entra a luz do evangelho da glória e da graça de Deus.
O Senhor Jesus está, nas palavras de João neste Evangelho, fazendo sua última chamada pública ao pecador que precisa se arrepender do pecado e crer para a salvação.
Você consegue ouvir esta chamada?
Antes de terminarmos, há três aplicações que desejo trazer:
1. DEUS É SOBERANO SOBRE A FÉ E A INCREDULIDADE DAS PESSOAS. Ele sabe exatamente como planejar ambos de forma a exaltar sua soberania e preservar a responsabilidade do homem. Portanto, ele nunca se frustra em seus planos por causa da incredulidade de alguém; ele jamais fica impedido de salvar aqueles que são seus:
João 6.37 Contudo, aqueles que o Pai me dá virão a mim, e eu jamais os rejeitarei.
João 10.16 Tenho outras ovelhas, que não estão neste curral. Devo trazê-las também. Elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
2. A RAIZ DA INCREDULIDADE HUMANA É A REVELAÇÃO DA PRÓPRIA GLÓRIA DE JESUS CRISTO. Ele é o resplendor da glória de Deus, mas é manso, humilde e humanamente sem glamour ou formosura. A raiz da incredulidade é amar a glória do homem (a centralidade do homem, o louvor do homem, o glamour do homem) e não a glória de Deus (a centralidade e a supremacia da glória de Deus). A raiz da incredulidade, portanto, inverte todas as coisas – destrona a glória de Deus e coloca a do homem no trono. Mas quando amamos a glória de Deus acima da glória do homem, não rejeitaremos Jesus, antes, creremos nele. A raiz da incredulidade humana é a revelação da própria glória de Jesus Cristo.
3. O TEXTO DESTA MENSAGEM E TODA A HISTÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS NOS APONTAM PARA A CRUZ ONDE ELE MORRERÁ. Cristo é a glória de Isaías 6. Ele é o servo sofredor nada atraente de Isaías 53. E portanto (por causa de ambos) ele foi rejeitado pelos homens e destinado à cruz – e à salvação do mundo. Foi isso o que Deus planejou para a incredulidade de Israel: a salvação do mundo —
Isaías 53.3-5 3Foi desprezado e rejeitado, homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo. Demos as costas para ele e desviamos o olhar; ele foi desprezado, e não nos importamos. 4Apesar disso, foram as nossas enfermidades que ele tomou sobre si, e foram as nossas doenças que pesaram sobre ele. Pensamos que seu sofrimento era castigo de Deus, castigo por sua culpa. 5Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados.
Foi por tudo isso que o SENHOR cegou e endureceu Israel: a nossa paz… a nossa cura… o nosso perdão… a nossa salvação por meio de um Messias glorioso e desprezado pelos homens… a sua salvação, o seu perdão… a sua cura… a sua paz… se você ama a glória de Deus e vive pela fé em Cristo.
Esta pode ser a última chamada de Jesus para você. Preste atenção. Ouça bem. Venha a Jesus com arrependimento e fé. Não se deixe levar pelo encanto desta vida, pelo engano de seu coração, pelo escândalo da cruz de Jesus Cristo. Esta é a última chamada pública de Jesus neste Evangelho – e pode ser última para você, João 12.44-50:
44Jesus disse em alta voz às multidões: “Se vocês creem em mim, não creem apenas em mim, mas também naquele que me enviou. 45Pois, quando veem a mim, veem aquele que me enviou. 46Eu vim como luz para brilhar neste mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça na escuridão. 47Não julgarei aqueles que me ouvem mas não me obedecem, pois vim para salvar o mundo, e não para julgá-lo. 48Mas todos que me rejeitam e desprezam minha mensagem serão julgados no dia do julgamento pela verdade que tenho falado. 49Não falo com minha própria autoridade. O Pai, que me enviou, me ordenou o que dizer. 50E eu sei que o mandamento dele conduz à vida eterna; por isso digo tudo que o Pai me mandou dizer”.
S.D.G. L.B.Peixoto
Mais episódios da série
Evangelho de João
Mais episódios da série Evangelho de João
Mais Sermões
25 de outubro, 2020
10 de janeiro, 2016
13 de junho, 2018
18 de dezembro, 2022
Mais Séries
A Chamada Final
Pr. Leandro B. Peixoto