29.07.2018
OS VERBOS DA VIDA
Marcos 14.22-26
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. 23Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos, e todos beberam. 24Então Jesus disse: “Este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício por muitos. 25Eu lhes digo a verdade: não voltarei a beber vinho até aquele dia em que beberei um vinho novo no reino de Deus”. 26Então cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras.
O Verbo da vida
Jesus é o Verbo da vida (1Jo 1.1). Mas…
O que significa dizer que Jesus é “o Verbo” (Jo 1.1-14)? Por que João, de todos os substantivos possíveis, decidiu chamar Jesus de “Logos” (Verbo ou Palavra)? John Piper oferece uma lúcida interpretação:
João chama Jesus de “Verbo” porque ele enxergou as palavras de Jesus como a verdade de Deus e a pessoa de Jesus como a verdade de Deus de tal forma unificadas que o próprio Jesus (em sua vinda e trabalho e ensino e morte e ressurreição) foi a Mensagem final e decisiva de Deus. Ou, para colocar de forma mais simples: o que Deus tinha a dizer para nós não foi apenas ou principalmente o que Jesus disse, mas quem Jesus era e o que ele fez. Suas palavras explicaram a si mesmo e a sua obra. Mas o seu eu e a sua obra eram a verdade principal que Deus estava revelando [através da vida e da voz de Cristo]… Jesus nasceu para “testemunhar da verdade” (Jo 18.37) e ele mesmo era a verdade (Jo 14.6). O seu testamento (palavras) e o seu testemunho (pessoa) eram o “Verbo [Palavra] da verdade”.
As palavras de Jesus só têm valor porque ele de fato existe, é quem ele é (Deus) e fez o que ele fez (expiação). Por outro lado, nós sabemos que ele existe e compreendemos a sua existência porque as suas palavras testificam a seu respeito. Logo, Jesus é a encarnação da vida e a explicação do que significa viver. Ele é o “Verbo da vida” (1Jo 1.1).
Os verbos da vida
Viver com Jesus significa ir tomando, dia a dia, a sua forma. É refletir ao mundo a sua pessoa em nós (com posturas e palavras). Chamamos isto de santificação progressiva. Ao nos revelar a pessoa de Jesus em essência e nos fazer recordar de suas obras, a Palavra vai nos transformando de glória em glória à imagem do Filho (2Co 3.18); ou seja, a palavra de Deus são os verbosda vida. Precisamos dela para revivere viver(Rm 10.17).
Preparando-nos para a mesa do Senhor, permitam-me chamar a atenção de vocês para alguns verbosna descrição da ceia do Senhor em Marcos; nós os chamaremos de “os verbos da vida”; são parábolas da vida cristã, pois apontam para a ação de Deus em nós e através de nós. Estamos à mesa com Jesus e ele explica o que é viver. Veja (Mc 14.22-26):
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. 23Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos, e todos beberam. 24Então Jesus disse: “Este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício por muitos. 25Eu lhes digo a verdade: não voltarei a beber vinho até aquele dia em que beberei um vinho novo no reino de Deus”. 26Então cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras.
Quais são os verbos da vida? Dentre todos, destacaremos tomar(pegar), agradecer, partir, dar,cantare sair. Tais verbos aparecem, explicita ou implicitamente, em praticamente todas as outras descrições da Ceia (Mt 26.17-30; Lc 22.7-23; Jo 13.18-30; Lc 24.30-31; 1Co 11.23-26). Os verbos da vida, destacados na descrição da primeira Ceia celebrada pelos discípulos e o Senhor ensinam comodevemos viver. Observe.
1. Tomar (Mc 14.22-23)
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão […] 23Então tomou o cálice de vinho […]
Jesus “toma” ou “pega” o que lhe entregamos. A oferta está implícita. O pão está sobre a mesa. Na Ceia, Jesus “tomou o pão” que lhe foi entregue e estava sobre a mesa. “Tomar”vem do grego “labon”. Significa “agarrar”, “tomar posse”, “tornar cativo ou refém”. Jesus agarra e faz seu aquilo que lhe entregamos voluntariamente. Deus não nos explora. Deus não nos obriga. Ele “toma” aquilo que oferecemos sobre a mesa.
A primeira coisa que deve estar sobre a mesa é o nosso coração, seguido de tudo o que somos e temos. Você se lembra do exemplo dos crentes macedônios (2Co 8.1-5)?
1Agora, irmãos, queremos que saibam o que Deus, em sua graça, tem feito por meio das igrejas da Macedônia. 2Elas têm sido provadas com muitas aflições, mas sua grande alegria e extrema pobreza transbordaram em rica generosidade. 3Posso testemunhar que deram não apenas o que podiam, mas muito além disso, e o fizeram por iniciativa própria. 4Eles nos suplicaram repetidamente o privilégio de participar da oferta ao povo santo. 5Fizeram até mais do que esperávamos, pois seu primeiro passo foi entregar-se ao Senhor e a nós, como era desejo de Deus.
Com Jesus é sempre assim: ele toma ou pega aquilo que lhe entregamos de coração, depois multiplica para abençoar milhares de outros (Jo 6.5-11):
5Jesus logo viu uma grande multidão que vinha a seu encontro. Voltando-se para Filipe, perguntou: “Onde podemos comprar pão para alimentar toda essa gente?”. 6Disse isso para pôr Filipe à prova, pois já sabia o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Mesmo que trabalhássemos vários meses, não teríamos dinheiro suficiente para dar alimento a todos!”. 8Então um de seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, falou:9“Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que adianta isso para tanta gente?”. 10Jesus respondeu: “Digam ao povo que se sente”. Todos se sentaram na grama que cobria o monte. Só os homens eram cerca de cinco mil. 11Então Jesus tomou os pães, agradeceu a Deus e os repartiu entre o povo. Em seguida, fez o mesmo com os peixes. E todos comeram à vontade.
Aquilo que damos de coração ao Senhor (mesmo que pouco) ele “toma” e abençoa para repartir com milhares de outros. No entanto, o mais importante, especialmente neste contexto de ceia do Senhor, é que Cristo, voluntariamente, tomou sobre si os nossos pecados e as suas consequências para nos salvar e nos santificar para Deus (Is 53.4-6):
4Apesar disso, foram as nossas enfermidades que ele tomou sobre si, e foram as nossas doenças que pesaram sobre ele. Pensamos que seu sofrimento era castigo de Deus, castigo por sua culpa. 5Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados. 6Todos nós nos desviamos como ovelhas; deixamos os caminhos de Deus para seguir os nossos caminhos. E, no entanto, o SENHOR fez cair sobre ele os pecados de todos nós.
Jesus tomou sobre si os pecados de seu povo, comprando assim o perdão de Deus para todo aquele que nele crê e o recebe pela fé. É isso, afinal, o que os verbos “secundários” da Ceia nos revelam (Mc 14.22-24):
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-oem pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. 23Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos, e todos beberam. 24Então Jesus disse: “Este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício por muitos.
Jesus tomou a nossa morte para que pudéssemos tomar a vida dele (expiação) e depois reparti-la (evangelização); é isso o que estamos celebrando na ceia do Senhor.
Você que ainda não tomou a vida de Jesus para si, este seria um ótimo momento para você tomá-la pela fé. Como? Arrependa-se de seu pecado e creia para a sua salvação; saiba que o salário do pecado é a morte eterna e que Jesus morreu na cruz como substituto, mas ressuscitou, e todo aquele que nele crê — isto é, crê na sua vida sem pecado, na sua morte como substituto no lugar do pecador, e na ressurreição vitoriosa no terceiro dia após o sepultamento — todo aquele que crê em Cristo não perece, mas tem a vida eterna. Você já creu para a salvação?
Você que já creu precisa continuar entregando-se a si mesmo de coração ao Senhor e ao próximo; o que somos e o que temos não pertence mais a nós, mas a Deus (2Co 5.15) — vida, bens, talentos, família, etc. tudo é do Senhor e para ele devemos entregar. O que você tem retido para si mesmo e ainda não entregou a Jesus? Vida? Corpo e alma e bens? Entregue tudo a Jesus e cante (Hino 295 do Cantor Cristão, “Tudo Entregarei”):
Tudo, ó Cristo, a ti entrego; Tudo, sim, por ti darei! Resoluto, mas submisso, Sempre, sempre, seguirei!
Tudo, ó Cristo, a ti entrego, Corpo e alma, eis aqui! Este mundo mau renego, Ó Jesus, me aceita a mim!
Tudo, ó Cristo, a ti entrego, Quero ser somente teu! Tão submisso à tua vontade Como os anjos lá no céu!
Tudo, ó Cristo, a ti entrego; Oh, eu sinto teu amor Transformar a minha vida E meu coração, Senhor!
Tudo, ó Cristo, a ti entrego; Oh, que gozo, meu Senhor! Paz perfeita, paz completa! Glória, glória ao Salvador!
[Tudo entregarei! Tudo entregarei! Sim, por ti, Jesus bendito, Tudo deixarei!]
Tome a sua vida em suas mãos e entregue-a nas mãos de Jesus. Ele te salvará, santificará e repartirá seus dons e talentos com todos quantos ao seu redor precisarem. Viver significa deixar Jesus tomarpara si a nossa vida. Entregue-a a ele pela fé.
2. Agradecer (Mc 14.22-23)
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. 23Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus.
Aquilo que oferecemos ao Senhor, ele oferece a Deus com ações de graças(gr. “eulogeo” — “elogiar”, “falar bem”). Ele não avalia primeiro para recusar, duvidar ou desprezar em seguida (como fez André em Jo 6.9). Ele não rejeita o que vem de coração.
Se o primeiro verbo de vida (“tomar”) nos ensina que devemosentregarde coração o que somos e o que temos ao Senhor, o segundo verbo (“dar graças”, “agradecer”, “elogiar diante de Deus”) nos ensina que podemos e devemos nos entregar sem reservas. Significa que não podemos, primeiro, querer melhorar para, somente depois, irmos a Jesus Cristo. Isto porquê Não há nada que possamos fazer para melhorar o que somos ou o que temos.
Nossas obras não passam de “trapo da imundícia”(Is 64.6); o que devemos, pois, fazer é correr com arrependimentoe fépara os braços de Jesus. Justiça própria não nos salvará. Justiça terá que vir de Cristo (2Co 5.21). Deus não ajudaquem cedo madruga; antes, ele trabalhapara aqueles que nele confiam. Ouça o profeta Isaías (Is 64.4-7):
4Porque desde o começo do mundo, nenhum ouvido ouviu e nenhum olho viu um Deus semelhante a ti, que trabalha em favor dos que nele esperam. 5Recebes de braços abertos os que praticam a justiça com alegria, os que seguem teus caminhos. Mas ficaste muito irado conosco, pois pecamos constantemente; como seremos salvos? 6Estamos todos impuros por causa de nosso pecado; quando mostramos nossos atos de justiça, não passam de trapos imundos. Como as folhas das árvores, murchamos e caímos, e nossos pecados nos levam embora como o vento. 7Ainda assim, ninguém invoca teu nome nem suplica por tua misericórdia. Por isso te afastaste de nós e nos entregaste a nossos pecados.
Portanto, não queira melhorar para vir a Cristo. Venha como você está. Trate-se aos pés de Jesus Cristo. Assim, ele tomará você, abençoará você, dará graças ao Pai por ter dado e trazido você a ele; Jesus salvará você e santificará você; tudo o que você precisa fazer é dar-se a ele com fé, ansiando por nova vida. Ouça o apóstolo Paulo (Rm 1.17):
As boas-novas [o evangelho] revelam como opera a justiça de Deus, que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: “O justo viverá pela fé”.
Portanto, venha como estás e com o que tens; o Senhor cuidará do resto (Mc 14.22-23):
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. 23Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus.
Viver é ser abençoadopor Jesus quando pela fé o deixamos tomar para si a nossa vida.
3. Partir (Mc 14.22)
O que entregamos de coração a Deus não permanece como o trazemos. Ele toma, agradecea Deus (abençoa) e depois parteem pedaços; ele quebra.
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços
O Senhor quebra o nosso orgulho, a autoaprovação, a vaidade, a justiça própria, as obras da carne, as distorções da autoestima… Ele quer que produzamos mais para a sua glória. Logo, ele não pode nos deixar como nos apresentamos a ele; ele não nos rejeita, mas nos transforma; ele nos santifica. Ele nos parte em pedaçospara podermos alimentar os famintos. Ele nos poda para que possamos dar ainda mais frutos (Jo 15.1-4):
1“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. 2Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta [arranca]. Todo ramo que dá fruto, ele poda [limpa], para que produza ainda mais. 3Vocês já foram limpos pela mensagem que eu lhes dei. 4Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Pois, assim como um ramo não pode produzir fruto se não estiver na videira, vocês também não poderão produzir frutos a menos que permaneçam em mim.
Sobre partir em pedaços (Mc 14.22), Eugene H. Peterson escreveu:
Esse “partir” torna impossível entender nossa participação na salvação como uma vida de serenidade imperturbada, sem sofrimento, uma vida protegida de perturbação, privilegiada, isenta de dor, humilhação e rejeição. O “partir” elimina qualquer alusão de que a salvação pode ser um programa de auto-ajuda. Descobrimos isso inicialmente em Jesus (o corpo partido, o sangue derramado) e, depois, em nós mesmos.
Cristo, pelo evangelho, nos parte em pedaços para arrancar de nós tudo aquilo que por natureza nós mais amamos (mas que nos separa dele para sempre); i.e.: a glória dos homens ao preço da glória de Deus. Inteiros nós não servimos, pois é quebrados ou partidos em pedaços que nós somos santificados para Deus e satisfazemos os planos de Deus. Viver significa ser partidopor Jesus.
4. Dar (Mc 14.22-23)
A seguir, Jesus nos devolve o que entregamos ele. O que somos e o que temos é por ele recebido, partido (transformado em pedacinhos de graça) e depois devolvido:
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. 23Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos, e todos beberam.
Recebemos de volta melhorado, aumentado — aliás, revivido e pronto para abençoar. Deus “toma”, “dá graças” (abençoa) e “parte em pedaços” antes de “dar”. Observe essa dinâmica dos verbos da vida nas palavras de Paulo a Tito (2.11-14):
11Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação. 12Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção, 13enquanto aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. 14Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pecado, para nos purificar e fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas obras.
Deus entrega de volta, com o sabor do evangelho, aquilo que lhe entregamos, de forma a podermos abençoar os outros com o evangelho que nos salvou e está nos santificando. Essa é a dinâmica da vida cristã. Assim se conjugam os verbos da vida.
As palavras de Jesusneste processo são fundamentais, tanto para nos corrigircomo para nos comunicarsentido e direção. O texto em Marcos nos revela que as palavras de Jesus davam sentido e significado a tudo o que ele estava fazendo na Ceia. Observe (Mc 14):
22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. 23Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos, e todos beberam. 24Então Jesus disse: “Este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício por muitos. 25Eu lhes digo a verdade: não voltarei a beber vinho até aquele dia em que beberei um vinho novo no reino de Deus”.
As palavras de Jesus
É tudo isso e muito mais o que faz a palavra de Deus pela iluminação do Espírito:
Saiba, portanto, que para darmos nossa vida como Cristo de nós requer, precisaremos da palavra de Deus. Logo, se você deseja dar a sua vida para algo que realmente valha a pena, para algo maior do que o seu mundinho centrado em si mesmo, você precisa entregar-se com arrependimento e fé ao Senhor Jesus Cristo; ele salvará e santificará você; em seguida, devolverá você com a palavra de Deus na mão e no coração para você viver para a glória de Deus neste mundo sem Deus.
5. Cantar e sair (Mc 14.26)
Os últimos verbos da ceia do Senhor em Marcos são os verbos cantar e sair.
26Então cantaramum hino e saírampara o monte das Oliveiras.
Depois de Jesus ter tomadopara si o que lhe entregamos de coração, após sua ação de graças, depois de ele ter partidoe entregadode volta nossa vida e tudo que lhe entregamos pela fé, resta-nos apenas louvar e adorar. Essa é a ceia do Senhor. Assim é a vida cristã. Tendo provado o que o Senhor fez por nós e ainda está fazendo em e através de nós, não conseguimos nos conter: cantamos em louvor e adoração, depois saímos para levar a cruz aos que ainda não estão sentados à mesa do Senhor Jesus Cristo.
O mundo aonde saímos ao deixarmos esta reunião da igreja é como a cena do monte das Oliveiras. Pessoas que amamos nos abandonam no caminho (Mc 14.27):
26Então cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras. 27No caminho, Jesus disse: “Todos vocês me abandonarão, pois as Escrituras dizem: ‘Deus ferirá o pastor, e as ovelhas serão dispersas’.
A alma da gente se angustia até a morte (Mc 14.32-34):
32Então foram a um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. 33Levou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir grande pavor e angústia. 34“Minha alma está profundamente triste, a ponto de morrer”, disse ele. “Fiquem aqui e vigiem.”
Pessoas nos deixam na mão por causa de suas fraquezas, enquanto outras nos traem por pura maldade (Mc 14.41-42 e 44-45):
41Ao voltar pela terceira vez, disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta; chegou a hora. O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos de pecadores. 42Levantem-se e vamos. Meu traidor chegou”. […] 44O traidor havia combinado com eles um sinal: “Vocês saberão a quem devem prender quando eu o cumprimentar com um beijo. Então poderão levá-lo em segurança”. 45Assim que chegaram, Judas se aproximou de Jesus. “Rabi!”, exclamou ele, e o beijou.
Aponto essas coisas para pontuar algo fundamental na vida cristã: a vida do salvo deve ser vivida nos laços da igreja (em pacto); aqui nós vivemos em comunhão fortalecedora, cantamos em adoraçãoao nosso Deus e comunicamos o evangelho; e daqui saímos para o mundo.
Os verbos da vida
O que aprendemos com a ceia do Senhor aqui em Marcos? Aprendemos que a vida deve ser conjugada, vivida em cinco ou seis verbos. São os verbos da vida. Quando o Senhor diz: “Façam isto em memória de mim” (1Co 11.24-25), ele está ensinando que não podemos escolher entre um verbo e outro, muito menos ignorá-los. O Senhor diz: “Façam”. Os verbos da vida descrevem a vida cristã de um modo orgânico e rítmico.
Tudo o que celebramos na Ceia, todo último domingo de cada mês, em memória de Cristo, serve para nos ensinar e fazer relembrar os verbos da vida, a configuração da vida cristã, a dinâmica de ação da vida com Deus:
Façamos isto em memória de Cristo. Participemos da Ceia.
Para tanto, você precisa ser crente em Jesus Cristo; ter dado pública profissão de sua fé através do batismo; estar em plena comunhão com sua igreja local. Se não é o seu caso, o que lhe falta? Arrepender-se e crer; ser batizado mediante pública profissão de fé; integrar-se ou reconciliar-se com a igreja; o que lhe falta? Procure-me ao final para conversarmos.
A todos quantos conjugar em seu viver os verbos da vida, convido-os: em memória de Cristo, comamos do pão e bebamos do cálice. Conjuguemos os verbos da vida.
S.D.G. L.B.Peixoto
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