07.09.2025
Mateus 3.16–4.1-11 (NVT)
Mt3.16Depois do batismo, enquanto Jesus saía da água, o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele. 17E uma voz do céu disse: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria”.
Mt4.1Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. 2Depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, teve fome.
3O tentador veio e lhe disse: “Se você é o Filho de Deus, ordene que estas pedras se transformem em pães”.
4Jesus, porém, respondeu: “As Escrituras dizem:
‘Uma pessoa não vive só de pão,
mas de toda palavra que vem da boca de Deus’”.
5Então o diabo o levou à cidade santa, até o ponto mais alto do templo, 6e disse: “Se você é o Filho de Deus, salte daqui. Pois as Escrituras dizem:
‘Ele ordenará a seus anjos que o protejam.
Eles o sustentarão com as mãos,
para que não machuque o pé em alguma pedra’”.
7Jesus respondeu: “As Escrituras também dizem:
‘Não ponha à prova o Senhor, seu Deus’”.
8Em seguida, o diabo o levou até um monte muito alto e lhe mostrou todos os reinos do mundo e sua glória. 9“Eu lhe darei tudo isto”, declarou. “Basta ajoelhar-se e adorar-me.”
10“Saia daqui, Satanás!”, disse Jesus. “Pois as Escrituras dizem:
‘Adore o Senhor, seu Deus, e sirva somente a ele’.”
11Então o diabo foi embora, e anjos vieram e serviram Jesus.
Você já deve ter provado dessa amarga experiência: às vezes, logo depois de um grande momento de alegria espiritual, somos lançados em profunda provação. Após o pico, o vale. Após a luz, a escuridão. É um movimento estranho, por vezes amargo, mas comum na vida cristã.
Em Mateus 3, Jesus está nas águas do Jordão. Os céus se abrem. O Espírito desce como pomba. O Pai declara, com voz clara e amorosa: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria”. É o cume da aprovação divina.
Mas logo em seguida, Mateus nos diz: “Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo.” (Mt 4.1). Dos céus abertos ao chão seco. Da voz do Pai ao sussurro do tentador. Do batismo à batalha.
Por que Deus faz isso? O que há nesse movimento do céu ao deserto? Por fim, mas não menos importante, como vencer o tentador?
A confirmação do céu
Jesus desce às águas do Jordão. Era necessário que ele fosse batizado (Mt 3.13-15). Não por ter pecado ou para ser de algum modo purificado, mas porque veio tomar o lugar dos pecadores. Aquele que não conheceu pecado se apresenta entre os arrependidos — não para confessar faltas, mas para assumir a causa daqueles que veio redimir. O batismo do Senhor não foi simbólico apenas; foi substitutivo desde o início. Deus requereu que o Filho se identificasse com os pecados daqueles que ele veio para salvar, morrendo em seu lugar.
Ali, nas margens do Jordão, o Filho se submete e o Pai se revela. E nesse ato de entrega, Deus estabelece publicamente Jesus como o Salvador prometido e como o exemplo perfeito de obediência. Aquilo que João pregava — arrependimento e fé — seria agora incorporado na prática pelo próprio Messias. E assim como ele foi batizado, Deus requer que todo pecador arrependido professe publicamente seu arrependimento e fé no Salvador.
Mais que isso: ao se submeter ao batismo de João, Jesus afirma que a mensagem proclamada por aquele profeta era verdadeira. Sim, o Reino dos céus havia chegado. Sim, o arrependimento era urgente. Entrar nesse Reino exigia um coração quebrantado diante de Deus. O que João pregava, Deus havia ordenado.
E ali, naquele momento de obediência visível, Deus revela sua aprovação explícita do Filho. O céu se abre. O Espírito desce. A voz do Pai ecoa: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria.” (Mt 3.16). É uma declaração solene: Jesus está pronto. Ele é o Ungido. O Messias. Ele é o Agradável ao Pai. O Cordeiro perfeito. Sem mácula.
Agora… veja o sinal: o Espírito desce em forma de pomba (Mt 3.16). Não como vento, não como fogo — como uma pomba. Essa foi a única vez em toda a Escritura em que o Espírito é representado assim. E isso não é acidental.
A pomba, para a mente judaica daquele tempo, era um símbolo de sacrifício. Os ricos sacrificavam bois, os de classe média levavam cordeiros, mas os pobres — os mais humildes do povo — só podiam oferecer pombas. Jesus é o sacrifício acessível. O Salvador que se entrega por todos, inclusive pelos mais esquecidos da sociedade.
Além disso, a pomba fala de candura, pureza e graciosidade. O Espírito não desce com violência, mas com beleza. Não vem com estrondo, mas com ternura. O Filho que será esmagado pelo pecado do mundo é o mesmo que foi ungido com o Espírito da paz.
Ah! Vejam isto… No batismo de Jesus, Deus se revela trino. O Filho, obediente. O Espírito, descendo para ungi-lo. E o Pai, falando que o ama como a si próprio. A missão começa com a presença da Trindade — e será executada por ela mesma, até o fim.
Mas logo após esse momento de glória… vem o deserto.
A condução ao deserto
Mt4.1Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. 2Depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, teve fome.
Note bem: quem leva Jesus ao deserto não é o diabo — é o Espírito Santo. O mesmo Espírito que desceu como pomba no Jordão agora o conduz à sequidão, à solidão, à provação. O deserto não é um acidente. É um agendamento.
O Filho amado, aprovado publicamente, é levado à prova.
E isso nos ensina algo crucial: a aprovação de Deus não nos isenta das provações — ela nos prepara para elas. Ser amado pelo Pai não significa evitar desertos, mas enfrentá-los com a certeza de sua presença — e de seus propósitos.
Jesus vai ao deserto não como fugitivo, mas como representante. Assim como Adão foi provado no jardim e falhou, assim como Israel foi testado no deserto e caiu, agora o verdadeiro Filho, o segundo Adão, o verdadeiro Israel, entra no deserto para triunfar onde todos os outros caíram.
Durante quarenta dias e noites, ele jejua. O corpo enfraquece, mas a alma se fortalece. Jesus se despe de todo recurso humano para se revestir de total dependência do Pai. O jejum não é um fim em si mesmo, mas uma preparação espiritual — uma declaração silenciosa: “Não viverei do pão, mas da palavra.”
E aqui repousa um mistério glorioso: o Pão da Vida passa fome para que nós sejamos saciados. Aquele que poderia transformar pedras em alimento escolhe confiar no Pai. Ele não veio para se servir, mas para se entregar, servindo-nos a salvação. Aquele que alimentaria multidões com pães multiplicados, agora se abstém de comer — para que, em sua obediência, pudesse ser o Pão que desceu do céu para dar vida ao mundo.
Talvez você esteja em um deserto agora. Um lugar de escassez, de provação, de silêncio. Mas saiba disto: se foi o Espírito que o conduziu até aí, ele também o sustentará. Fortalecerá você. E usará você para socorrer outros que estejam passando pelas mesmas provações. Deus não desperdiça desertos. Ele usa cada grão de areia para forjar fé, purificar o coração e revelar a suficiência de Cristo.
O deserto não é o fim.
O deserto é o campo de batalha onde a vitória começa a ser conquistada.
A confrontação com o tentador
O deserto, seco e silencioso, agora se torna palco de guerra. O tentador se aproxima. E note o primeiro ataque: “Se você é o Filho de Deus, ordene que estas pedras se transformem em pães” (Mt 4.3).
O diabo não nega o que Deus dissera no batismo — ele tenta semear dúvida. “Se és mesmo o Filho…” — como quem diz: “Prove.”
É sempre assim. Deus fala; o diabo distorce. O Pai afirma a identidade; o inimigo sugere que ela precisa ser validada por desempenho. Mas Jesus não negocia com o engano.
Ele responde: “As Escrituras dizem: ‘Uma pessoa não vive só de pão, mas de toda palavra que vem da boca de Deus’”. (Mt 4.4)
Jesus vence não com argumentos humanos, mas com a Escritura. Três vezes ele será tentado. Três vezes responderá: “As Escrituras dizem…” O Verbo vivo combate com a Palavra escrita — Palavra de Deus, que é Espírito e vida. Cristo não cita tradições, não recorre a experiências, ideologias ou qualquer ensinamento humano, científico — ele se ancora na verdade imutável de Deus: as Escrituras Sagradas.
A primeira tentação é sobre provisão: transforme pedras em pão. A segunda, sobre proteção: lance-se do templo e veja se os anjos virão para te socorrer. A terceira, sobre posição: adore-me, e eu te darei os reinos.
São tentações sutis: confiar no pão em vez do Pai; usar Deus como escudo para os próprios caprichos; buscar glória sem cruz.
Mas Jesus permanece firme. Onde Adão caiu em meio à abundância, Jesus vence em meio à escassez. Onde Israel duvidou no deserto, Jesus confia. Onde nós tantas vezes cedemos, ele resiste — por nós.
E ao final, Satanás o deixa. Os anjos vêm e o servem. O deserto não dura para sempre. A provação não é infinita. O Filho vence — não como Deus apenas, mas como homem cheio do Espírito, em perfeita obediência.
Ele venceu por nós, para que nele também sejamos mais que vencedores.
A vitória sobre o tentador
Você será tentado. O tentador não dá trégua. Ele espreita, persiste, retorna. Seu objetivo é minar sua confiança em Deus, distorcer a verdade, oferecer atalhos. Mas você não precisa ceder. É possível vencer o tentador.
Como?
Vença como Jesus venceu.
Não na força da carne, mas no poder do Espírito. Não na lógica do tentador, mas na verdade da palavra de Deus. Não buscando escapar da tentação, mas resistindo firmemente nela, sustentado pela graça.
Jesus venceu não por escapar da nossa condição, mas por assumi-la em santidade. Como verdadeiro homem, foi cheio do Espírito, armado com as Escrituras, submisso ao Pai. Como verdadeiro Deus, permaneceu imaculado, incorruptível, invencível. Ele venceu como o Deus-Homem — por nós.
Ele mostrou o caminho. Agora, ele caminha conosco — como nosso Senhor, nosso Irmão e nosso Sustentador fiel.
1) Chamado à fé: deixe-se encher do Espírito
A primeira lição deste texto não é “lute melhor” — é “deixe-se encher do Espírito”. Que a palavra de Cristo habite ricamente em você. Antes de vencer no deserto, Jesus foi ungido no Jordão. Ele foi conduzido, fortalecido e guardado pelo Espírito Santo.
Você também precisa disso. Você não vencerá a tentação na força da sua carne, mas pela presença real do Espírito de Deus habitando em você (Rm 8.9). Deixe-se guiar por ele. Ande no Espírito. Submeta seus desejos, seus passos, seus pensamentos — e o Espírito o sustentará (Gl 5.16).
2) Encorajamento: espere a luta, mas exercite a espada
A tentação virá. O inimigo é real. E ele atacará sua confiança — tentando fazer você duvidar do cuidado de Deus (Mt 4.3). Depois, tentará inflar sua confiança — encorajando você a testar a Deus (Mt 4.6). Por fim, sugerirá atalhos — que você confie em outros senhores (Mt 4.8–9).
Mas há uma arma eficaz: a espada da Palavra de Deus (Ef 6.17). Três vezes Jesus enfrentou o inimigo com “Está escrito”. E você também pode. Leia a Palavra. Medite nela. Decore-a. Aplique-a com fé viva.
3) Exultação: desfrute do consolo do céu e da vitória de Cristo
Depois da batalha, vem o consolo. Assim termina o nosso texto: “Então o diabo foi embora, e anjos vieram e serviram Jesus.” (Mt 4.11)
Que cena gloriosa. Os céus que se abriram no Jordão agora se manifestam no deserto. O Filho fiel é honrado. E se Cristo venceu — Ele venceu por você.
Agora, ele é o nosso Sumo Sacerdote, que pode compadecer-se das nossas fraquezas (Hb 4.15). Ele foi tentado em tudo, mas sem pecado. Por isso, nele nós temos socorro certo, graça suficiente e vitória segura.
Senhor nosso Deus e Pai,
E agora, ao se prepararem para voltar ao mundo com a mensagem do evangelho, esta é minha súplica a Deus em favor de vocês:
Hebreus 13.20-21
Que o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos o nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, aperfeiçoe vocês em todo o bem, para que possam fazer a vontade dele. Que ele opere em vocês o que é agradável diante dele, por meio de Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!
S.D.G. L.B.Peixoto.
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