07.01.2024
[Efésios 5.18-20, NAA] 18E não se embriaguem com vinho, pois isso leva à devassidão, mas deixem-se encher do Espírito, 19falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando com o coração ao Senhor, 20dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
A SEGUNDA IGREJA BATISTA EM GOIÂNIA completará, em junho deste ano, 80 anos. Portanto, em 2024, nos 52 domingos que teremos este ano (este é apenas o primeiro!), estaremos a cada culto celebrando o nosso JUBILEU DE CARVALHO. Quero, pois, abrir estas celebrações refletindo sobre o que é essencial na igreja, o propósito final da igreja em tudo o que ela é e faz: adoração, adoração ao Senhor Jesus Cristo. Veja:
Romanos 15.7-11 (NVT) 7Portanto, aceitem-se uns aos outros como Cristo os aceitou, para que Deus seja glorificado. 8Lembrem-se de que Cristo veio para servir aos judeus, a fim de mostrar que Deus é fiel às promessas feitas a seus patriarcas, 9e também para que os gentios glorifiquem a Deus por suas misericórdias, como dizem as Escrituras: “Por isso eu te louvarei entre os gentios; sim, cantarei louvores ao teu nome”. 10E dizem também: “Alegrem-se com o povo dele, ó gentios”. 11E ainda: “Louvem o Senhor, todos vocês, gentios; louvem-no, todos os povos”.
“A Igreja Cristã nasceu na música.” Essas são palavras de Ralph Martin, extraídas de seu livro clássico: Adoração na Igreja Primitiva. De fato, somos um povo que canta. “A igreja”, escreveu Martin, é “uma comunidade em adoração”. Há uma razão para isso: a realidade de Deus e de Cristo e do Espírito e da criação e da salvação e do céu e do inferno é insondavelmente grande para ser apenas falada; ela deve ser também cantada. Isso significa que a realidade do Deus triúno – Pai, Filho e Espírito Santo – e, decorrente dele, a realidade de sua obra são tão absolutamente imensas que não podemos apenas pensar apropriadamente sobre elas, temos que também senti-las apaixonadamente. Pensar apropriadamente e sentir apaixonadamente – isto é, sentir com o tipo e a profundidade e a intensidade da emoção que é devida à realidade que é apropriadamente conhecida.
Simplificando: que tipo de emoção é devida à realidade do nascimento de um bebê? o pedido de casamento da pessoa amada e digna? a notícia da morte de um filho? – Percebeu? – É disso que estamos falando. Estamos falando da realidade (qualquer realidade) que é percebida com propriedade, com verdade; e que, ao mesmo tempo, é sentida com a emoção apropriada, devida. Ora, o que dizer de alguém, por exemplo, que recebe com gargalhadas a notícia da morte de um filho?
Portanto, no que diz respeito à Deus e às suas obras, se pensarmos adequadamente e não sentirmos apaixonadamente, na melhor das hipóteses, prestamos a Deus metade da honra que lhe é devida. Por outro lado, se sentirmos apaixonadamente e não pensarmos adequadamente, prestamos a Deus ainda menos da metade da honra que lhe é devida. Jonathan Edwards (1703–1758) — que, como poucos, conheceu apropriadamente a realidade de Deus na inteligência de sua cabeça e sentiu apaixonadamente a realidade de Deus no amor de seu coração — estava corretíssimo quando escreveu que Deus glorifica a si mesmo em suas criaturas de pelo menos duas maneiras:
Depois de perceber isso – que o trabalho do coração (as emoções) é tão importante para refletir a glória de Deus quanto é o trabalho da cabeça (a compreensão) –, então você começará a ver porque a música e o canto são tão importantes para a adoração cristã. A razão pela qual nós cantamos é que existem profundidades e alturas e intensidades e tipos de emoção que não serão expressadas satisfatoriamente por meras formas prosaicas de expressão, ou mesmo por leituras poéticas. Há realidades que exigem a passagem da prosa para a poesia, e algumas exigem ainda que a poesia se transforme em canção.
Portanto, a música e o canto são necessários à fé e à adoração cristãs pela simples razão de que as realidades de Deus, de Cristo e do Espírito; da criação e da salvação; do céu e do inferno… são tão maciças que, quando são apropriadamente conhecidas e apaixonadamente sentidas, exigirão bem mais do que discussão ou análise ou descrição; essas realidades eternas exigirão poesia, canto e música. Cantar é a maneira cristã de se dizer: Deus é tão grande e o que ele faz é tão imenso que não basta apenas pensar nessas realidades, é preciso haver um sentimento profundo provocado por elas; e falar a esse respeito não basta, é preciso cantar.
Pois bem, o que faremos agora – e hoje à noite, Deus permitindo – será o seguinte: pegaremos Efésios 5.18-20 e faremos seis declarações sobre cantar na adoração coletiva madura da igreja, que é o tema deste texto. Veja bem: cada um desses seis pontos poderia ser facilmente desenvolvido durante uma hora ou mais de pregação, mas vou apenas apresentá-los como uma espécie de esboço para uma teologia básica da música na adoração madura de uma igreja local. Espero que vocês os peguem em algum momento no futuro e os preencham com mais Bíblia e experiência — e os transformem em realidade aqui na SIB em Goiânia.
Permitam-me, primeiramente, esboçar os seis pontos:
Agora, um desses pontos de cada vez. Lembrem-se: estamos em busca das marcas da adoração madura.
Efésios 5.18-20 (NAA) 18E não se embriaguem com vinho, pois isso leva à devassidão, mas deixem-se [verbo no presente, passivo, imperativo] encher do Espírito, 19falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando com o coração ao Senhor,
Não é difícil de perceber, com base nesses versículos, que O CANTO QUE AGRADA A DEUS flui da experiência de se estar cheio do Espírito Santo. Exatamente isto: quem se deixa encher do Espírito (quem se enche do Espírito) – resultado: – fala, canta e louva com o coração ao Senhor. Isto significa que o canto cristão não é natural, mas sobrenatural. O Espírito Santo é Deus. É sobrenatural. Então, ele vem e preenche seu povo e os move a agir de certas maneiras – inclusive falando, cantando e louvando com o coração ao Senhor.
É IMPORTANTE SABER DISTO: cantar sobre coisas cristãs em lugares cristãos não é necessariamente agradável ao Senhor. Lembre-se do profeta:
Amós 5.23-24 (NAA) 23Afastem de mim o barulho dos seus cânticos, porque não ouvirei as melodias das suas liras. 24Em vez disso, corra o juízo como as águas, e a justiça, como um ribeiro perene.”
Ora, qual era a razão para esta rejeição? UMA QUE não era de coração, era apenas da boca para fora; e era da boca para fora porque faltava a paixão e o conhecimento apropriado – o que eles conheciam eram meros preceitos humanos (Is 29.13; Mc 7.6-7).
Marcos 7.6-7 6Jesus respondeu: — Bem profetizou Isaías a respeito de vocês, hipócritas, como está escrito: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.”
OUTRA RAZÃO para Deus rejeitar a adoração, pelo que profetizou Amós, era que essa adoração estava manchada de pecados e de injustiças cometida contra o próprio povo de Deus – não corria entre eles a justiça e o juízo. Não passava, portanto, de barulho de cânticos religiosos que ofendiam o Senhor; ou seja, canto que não era obra do Espírito Santo – que não era entoado com os frutos do Espírito, dentre os quais, a justiça e a retidão.
Agora: DEIXAR-SE ENCHER DO ESPÍRITO. Você tem uma ideia do que é estar cheio do Espírito Santo pela comparação que Paulo faz em Efésios 5.18 com o estar embriagado com vinho — “E não se embriaguem com vinho, […] mas deixem-se encher do Espírito”. Ficar embriagado com vinho significa ser controlado pelo vinho. O álcool domina você de tal modo e faz você se sentir de tal jeito e agir de tal maneira que o leva à devassidão, a esbanjar-se com prodigalidade na prática do pecado. O contrário disso é ser cheio do Espírito: significa ser controlado pelo Espírito para que você sinta e aja de certas maneiras prodigiosamente piedosas, neste caso, falando, cantando e louvando com o coração ao Senhor.
Então, COMO SE DEIXAR ENCHER DO ESPÍRITO SANTO? A pista para a resposta está na pergunta: Como você se embriaga com vinho? A resposta é: bebendo muito, colocando-se sob a farta influência do álcool. Assim é com o Espírito Santo.
Ora, eu não tenho tempo para desenvolver aqui o argumento todo, mas seria possível demonstrar, a partir de textos como 1Coríntios 2.12-16, Romanos 8.4-8 e Gálatas 3.5 (por favor, depois confiram por si mesmos), que a principal forma de se beber do Espírito, de se colocar sob a influência do Espírito Santo é lendo, meditando, crendo e agindo segundo os sopros do Espírito – a revelação de Deus – nas Escrituras Sagradas. É por isso que, no livro de Atos dos Apóstolos, quando as pessoas estão cheias do Espírito, o que transborda delas é a palavra de Deus (confira depois: Atos 2.4, 11; 4.8, 31; 9.17, 20). Talvez o texto mais contundente – a respeito do que significa se deixar encher do Espírito Santo – seja o correlato de Efésios 5.18; isto é,
Colossenses 3.16 (NAA) Que a palavra de Cristo habite ricamente em vocês. Instruam e aconselhem-se mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão no coração.
PORTANTO, o canto cristão no culto coletivo deve ser a expressão da plenitude do Espírito Santo; e essa plenitude é resultado da palavra de Cristo habitar ricamente no coração dos crentes e da igreja reunida. Ora, será que é preciso destacar a importância da palavra de Deus lida e pregada nos cultos da igreja? Infelizmente, tragicamente, em muitos contextos, parece que sim, pois não usam a palavra de Deus, não a tornam o centro da assembleia reunida para adorar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Este é o nosso primeiro ponto: a adoração madura da igreja se expressa em cânticos que fluem da plenitude do Espírito no coração dos membros reunidos para adorar.
[Continua na próxima mensagem.]
S.D.G. L.B.Peixoto
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