18.06.2025
1Timóteo 3.14-16 (NVT)
14Embora espere vê-lo em breve, escrevo-lhe estas coisas agora, 15para que, se eu demorar, você saiba como as pessoas devem se comportar na casa de Deus. Ela é a igreja do Deus vivo, coluna e alicerce da verdade.
16Sem dúvida, este é o grande segredo de nossa fé:
Cristo foi revelado em corpo humano,
justificado pelo Espírito,
visto por anjos,
anunciado às nações,
crido em todo o mundo
e levado para o céu em glória.
No dia 18 de junho de 1944, enquanto o mundo ardia nas chamas da Segunda Guerra Mundial, tropas aliadas avançavam sobre a Normandia. No Pacífico, soldados americanos travavam batalhas sangrentas. Era um tempo de medo, incerteza e destruição. Governantes se erguiam e caíam. Nações tremiam diante dos horrores da guerra.
Mas, naquele exato domingo, enquanto a humanidade escrevia mais um capítulo da sua fragilidade, Deus, soberanamente, escrevia outra história. Uma história de graça. De redenção. De esperança. Aqui, em Goiânia, o Senhor plantava a Segunda Igreja Batista — uma obra que não nasce do esforço humano, mas do decreto eterno do Deus que edifica a sua igreja.
Curiosamente, o dia 18 de junho carrega consigo marcas profundas na história das nações. Em 1778, tropas britânicas recuaram da Filadélfia na Guerra da Independência Americana. Em 1812, os Estados Unidos declararam guerra à Grã-Bretanha, durante as guerra napoleônicas. Três anos depois, em 1815, Napoleão foi derrotado em Waterloo, selando o fim de seu império. No próprio 18 de junho de 1944, celebrava-se o quarto aniversário do famoso “Apelo de 18 de junho”, quando Charles de Gaulle conclamou a França à resistência contra a ocupação nazista. Hoje, 18 de junho de 2025, mais uma vez os olhos do mundo se voltam, apreensivos, para os horrores da guerra — não mais nas trincheiras da Europa, mas nas tensões crescentes entre Israel e Irã, que ameaçam a estabilidade de toda a região e do mundo.
E, no entanto, eis uma verdade que atravessa os séculos: reis são depostos. Impérios caem. Guerras começam e terminam. Ideologias surgem e desaparecem. Waterloo. O apelo de De Gaulle. O colapso do nazismo. O avanço e o recuo do comunismo. As tensões no Oriente Médio. Isso e muito mais compõem a narrativa turbulenta da história dos homens.
Mas, enquanto as estruturas deste mundo se abalam, a igreja de Jesus Cristo permanece firme. Porque ela não está edificada sobre os alicerces deste século, mas sobre a Rocha eterna.
Como declara o apóstolo Paulo, ela é “a coluna e o baluarte da verdade” (1Tm 3.15). Este é o milagre da perseverança da igreja: as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Em meio a guerras, pandemias, crises políticas e econômicas, guerras ideológicas, ameaças nucleares… a igreja segue de pé. Não porque seus membros sejam fortes. Nem porque seus líderes sejam assim tão capazes. Mas porque Aquele que a sustenta é fiel.
Por 81 anos, a Segunda Igreja Batista em Goiânia tem sido uma testemunha viva dessa verdade. O mundo muda. O evangelho não muda. As promessas do Senhor permanecem. Sua Palavra não passará. Governos cairão. Impérios ruirão. Mas a Igreja de Cristo, plantada por suas mãos, continuará a cumprir sua missão: glorificar o Senhor, edificar os santos e proclamar, até os confins da terra, as insondáveis riquezas de Cristo.
Isso é muito bom, pois a igreja de Cristo, a casa de Deus, a igreja do Deus vivo, a coluna e baluarte da verdade… essa igreja é a única esperança para o mundo.
E nós, Segunda Igreja Batista em Goiânia somos uma fração deste sinal de Deus ao mundo — somos um farol que brilha à noite, ponte sobre as águas, abrigo no deserto.
Mas… que tipo de igreja devemos ser?
Isso nos traz a 1Timóteo 3.14-6.
Acompanhe comigo.
Em 1Timóteo, o apóstolo Paulo está procurando garantir a excelência no ministério da igreja local. Ele está dizendo:
— O ministério da igreja deve ser desempenhado na forma como Deus o planejou. A igreja deve, primeiramente, refletir excelência cristã por meio da vida dos seus membros — e de tudo o mais que eles realizam, conforme se aprende em 1Timóteo, do capítulo 1 ao 3.
Primeiro, a igreja deve pregar com excelência a mensagem do evangelho, como se aprende no capítulo 1.
Segundo, a igreja deve cuidar para que seus membros reflitam excelência cristã, como está no capítulo 2.
E, em terceiro lugar, a igreja deve modelar essa excelência na vida dos seus oficiais, conforme Paulo ensina no capítulo 3, versículos de 1 a 13.
Pois bem.
Ao chegarmos aos versículos finais do capítulo 3 (versículos 14-16), Paulo nos apresenta a razão para tamanha preocupação. Esses versículos, de fato, constituem o coração desta epístola. Eles descrevem a natureza da igreja do Deus vivo.
E, em uma época marcada por tanta tensão e confusão sobre o que é a igreja, celebrando, hoje, os 81 anos da Segunda Igreja Batista em Goiânia, essas palavras do apóstolo Paulo se destacam com uma relevância impressionante para nós.
Paulo faz três considerações que são vitais para a vida da igreja do Deus vivo. Primeiro, o cuidado devido à igreja. Depois, as metáforas que descrevem a igreja. E, por fim, a mensagem que a igreja defende e difunde.
1. O cuidado devido à igreja (1Tm 3.14-15a)
Paulo, consciente de sua autoridade apostólica, planeja visitar Timóteo em Éfeso (1Tm 3.14), como também menciona em 1Timóteo 4.13. Contudo, considerando a possibilidade de atraso, ele envia orientações fundamentais para aquele período interino. Essas instruções formam, portanto, um manual de conduta para a igreja do Deus vivo.
1Timóteo 3.14-15a (NVT)
14Embora espere vê-lo em breve, escrevo-lhe estas coisas agora, 15para que, se eu demorar, você saiba como as pessoas devem se comportar na casa de Deus. Ela é a igreja do Deus vivo,
Percebemos aqui como Paulo cuidava meticulosamente da igreja. Ao identificar qualquer desvio doutrinário, ao constatar o enfraquecimento da moral cristã, ao perceber a inversão de valores e ao enxergar deficiências na liderança, ele não se omitia. Deixou Timóteo em Éfeso com a tarefa de colocar as coisas em ordem, como lemos no capítulo 1, versículo 3, e enviou orientações precisas, como vemos aqui em 1Timóteo 3, versículos 14 e 15.
Três princípios norteadores para qualquer ministério local
Primeiro, a expansão da obra de Deus não deve parar. Paulo seguiu para a Macedônia, deixando claro que a missão continua — lá e cá.
1Timóteo 1.3-4 (NVT)
3Quando parti para a Macedônia, pedi a você que ficasse em Éfeso e advertisse certas pessoas de que não ensinassem coisas contrárias à verdade, 4nem desperdiçassem tempo com discussões intermináveis sobre mitos e genealogias, que só levam a especulações sem sentido em vez de promover o propósito de Deus, que é realizado pela fé.
Segundo, a excelência no ministério da igreja local deve ser mantida. Timóteo permaneceu em Éfeso justamente para alinhar tudo, não inventando modelos, nem se guiando por intuições humanas, mas firmando-se na doutrina apostólica.
1Timóteo 3.14-15a (NVT)
14Embora espere vê-lo em breve, escrevo-lhe estas coisas agora, 15para que, se eu demorar, você saiba como as pessoas devem se comportar na casa de Deus. […]
E terceiro, para que a expansão e a excelência sejam sustentadas, é necessário um trabalho colegiado. Paulo nunca trabalhou sozinho. Caminhou com Timóteo, Tito, Lucas, Barnabé, Apolo e outros. E estabeleceu que a igreja local deve ser presidida e pastoreada por presbíteros (cf. At 14.23; 1Tm 5.17; Tt 1.5).
1Timóteo 5.17 (ARA)
Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino.
A igreja, portanto, precisa cultivar esse equilíbrio saudável entre expansão e excelência, sustentado por uma liderança colegiada, fundamentada na doutrina dos apóstolos.
Paulo tratou do cuidado devido à igreja.
E, agora, tratará das metáforas que descrevem a igreja.
2. As metáforas que descrevem a igreja (1Tm 3.15b)
Paulo utiliza três metáforas poderosas para descrever a natureza da igreja — em 1Timóteo 3.15:
— “para que, se eu demorar, você saiba como as pessoas devem se comportar na casa de Deus. Ela é a igreja do Deus vivo, coluna e alicerce da verdade.”
Casa de Deus
A palavra casa, aqui, não se refere simplesmente a uma construção, ao prédio, mas sim à família. Esse é exatamente o sentido usado três vezes neste mesmo capítulo (falando sobre os presbíteros e diáconos, em 1Timóteo 3): no versículo 4 (“governe bem a própria casa”), no versículo 5 (“governar a própria casa”) e no versículo 12 (“O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar/liderar bem seus filhos e sua casa”).
A igreja é a casa de Deus. A família de Deus.
Quando nascemos de novo pelo Espírito de Deus, somos inseridos nessa família, passamos a fazer parte dessa casa. Como Paulo diz aos efésios (2.19):
— “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus”.
Como filhos e filhas de Deus, desfrutamos da mesma dignidade diante do Pai, independentemente de idade (se novo ou velho), gênero (se homem ou mulher), raça (se judeu ou gentio) e classe (se servo ou senhor), como aprendemos em Gálatas 3.26-29.
E como irmãos e irmãs em Cristo, somos chamados a amar, a suportar uns aos outros e a carregar as cargas uns dos outros, como Paulo ensina em Gálatas 6.2.
Segunda Igreja Batista em Goiânia, nós somos uma família. Não somos, de um lado, um corpo jurídico ou administrativo e, do outro, uma igreja. Somos uma só família, a SIB.
Isso deve se refletir na prática.
Dialogamos com amor e respeito. Buscamos juntos soluções para os desafios. Ouvimos uns aos outros com paciência. Usamos de amor e zelo na maneira como colocamos nossos pontos de vista. Exortamos uns aos outros em amor, como ensina 1Timóteo 5.1-2. Trabalhamos juntos na resolução dos conflitos. E, acima de tudo, usamos os recursos, os dons e os talentos que Deus nos confiou para servir à família da fé, e não para que vivamos em função de negócios desta vida.
Também devemos respeitar a liderança que nós mesmos reconhecemos e elegemos, da mesma forma que em uma família se respeita o líder. Afinal, como diz 1Samuel 15.23, a rebeldia no lar é comparada ao pecado de feitiçaria.
Antes de sermos uma pessoa jurídica, antes de possuirmos qualquer patrimônio ou negócio, nós somos uma família. A família de Deus. A SIB. Vivamos como tal, pois, se não o fizermos, todos sofreremos. Precisamos de sabedoria para usar tudo o que Deus nos deu, não para gerar divisões, mas para promover o bem e o progresso desta família.
A igreja do Deus vivo
No Antigo Testamento, Deus é frequentemente chamado de Deus vivo, em contraste com os ídolos mortos das nações. Esse Deus vivo habita no meio do seu povo, como Josué afirma:
— “Hoje vocês saberão que o Deus vivo está entre vocês. Ele certamente expulsará os [povos da terra de Canaã] de diante de vocês.” (Js 3.10, NVT).
Essa consciência moldava toda a vida daquele povo, desde a higiene pessoal até sua conduta social e espiritual, como podemos observar em todo o livro de Levítico.
E, se isso era verdade no Antigo Testamento, muito mais agora. Porque hoje o Deus vivo habita não apenas entre nós, mas dentro de nós. Como Paulo afirma em 2Coríntios 6.16: “Nós [crentes, individualmente] somos o santuário do Deus vivente.” E também em Efésios 2.22: “[Somos, juntamente, igreja toda] habitação de Deus no Espírito.”
Essa realidade deveria gerar em nós temor e tremor. Deveria nos impulsionar a uma vida santa, separada, distinta do mundo. Não nos conformando com este século, mas sendo transformados pela renovação da nossa mente. E não mais vivendo para nós mesmos, mas deixando Cristo viver em nós.
A igreja é a casa de Deus…
É a igreja do Deus vivo…
E é…
Coluna e alicerce da verdade
Essa imagem teria um impacto muito forte sobre Timóteo e a igreja de Éfeso.
Sabe-se que Éfeso era o lar do famoso templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo, sustentado por 127 colunas de mármore, algumas revestidas de ouro e prata, outras ornadas com pedras preciosas, cada uma com mais de dezoito metros de altura. Essas colunas sustentavam o teto daquele templo, medindo aproximadamente 137 metros de comprimento por 69 metros de largura — maior que um campo de futebol atual. Tais medidas o tornavam visível a grandes distâncias, com toda sua imponência.
O baluarte, por sua vez, era a fundação sólida — o alicerce — que sustentava todo aquele edifício.
Quando Paulo diz que a igreja é coluna e baluarte/alicerce da verdade, ele está dizendo que a igreja tem uma responsabilidade dupla diante do mundo.
A igreja deve defender a verdade com firmeza, com coerência, com clareza. Essa é sua função apologética. Ela discerne, avalia, compara e confronta tudo com a verdade de Deus. Ela é sal, que evita o apodrecimento do mundo. A igreja é o alicerce da verdade.
Mas, ao mesmo tempo, a igreja deve difundir a verdade de forma visível, bela e clara. Esta é sua função evangelística. Ela é luz, que aponta o caminho que leva até Deus. A igreja é a coluna da verdade.
As três metáforas revelam quem somos
Somos a casa de Deus, a família de Deus. Como tal, a igreja é chamada a viver em profunda mutualidade, refletindo no relacionamento entre os irmãos a comunhão que existe no próprio ser triúno de Deus. Por isso, — como a casa de Deus — a igreja deve amar uns aos outros, perdoar-se mutuamente, carregar as cargas uns dos outros, edificar-se, exortar-se, servir-se, orar uns pelos outros, praticar a hospitalidade e submeter-se uns aos outros no temor de Cristo.
Esses imperativos não são sugestões, nem meras opções devocionais, mas expressões concretas da nova vida em Cristo. Eles revelam que a verdadeira espiritualidade não é vivida no isolamento, mas no contexto da comunhão dos santos, onde cada membro cuida, sustenta, consola e encoraja o outro, como expressão visível da graça de Deus operando no meio do seu povo.
E somos também a coluna e o alicerce da verdade, o que nos compromete a defender e difundir a verdade de Deus no mundo.
Paulo tratou do cuidado devido à igreja.
Tratou das metáforas que descrevem a igreja.
E concluirá tratando da mensagem defendida e difundida pela igreja…
3. A mensagem defendida e difundida pela igreja (1Tm 3.16)
Paulo nos mostra qual é a mensagem que a igreja tem de defender e difundir. Ele faz isso citando aquilo que parece ser um hino ou cântico conhecido da igreja primitiva.
16Sem dúvida, este é o grande segredo de nossa fé:
Cristo foi revelado em corpo humano,
justificado pelo Espírito,
visto por anjos,
anunciado às nações,
crido em todo o mundo
e levado para o céu em glória.
Qual é, então, a mensagem a ser defendida e difundida pela igreja?
A mensagem é uma confissão comum — unificada
Sem dúvida, este é o grande segredo de nossa fé: […]
Paulo afirma que essa verdade é uma confissão comum entre todos os santos. Não é uma entre muitas. É a única confissão que une a verdadeira igreja de Cristo.
A mensagem é a revelação de Deus — não invenção humana
Sem dúvida, este é o grande segredo de nossa fé: Cristo foi revelado […]
Essa verdade, diz Paulo, não é invenção humana. É revelação de Deus. Mistério (ou: segredo), no Novo Testamento, não significa algo misterioso, mas algo que estava encoberto e foi agora revelado por Deus.
A mensagem promove piedade — verdade que transforma
Sem dúvida, este é o grande segredo de nossa fé [i.e., piedade, religiosidade ou fidelidade a Deus]: […]
A verdade que defendemos e difundimos não é meramente um conjunto de informações. É um mistério que gera piedade, que promove santidade, que transforma a vida daqueles que o abraçam.
A mensagem é absolutamente cristocêntrica
Essa é a mensagem que cremos, defendemos e difundimos.
Esse é o evangelho de Jesus Cristo.
Por isso, a igreja deve levar muito a sério três coisas.
E por quê?
Porque ela é a igreja do Deus vivo.
A igreja deve cuidar de sua missão, equilibrando expansão com excelência, trabalhando em unidade e estar fundamentada na doutrina dos apóstolos.
Deve viver sua identidade como família de Deus, buscando santidade diante do Deus vivo, e defendendo, sustentando e difundindo a verdade do evangelho neste mundo.
E deve manter sua confissão, sabendo que ela não vem dos homens, mas de Deus, e que ela é totalmente centrada na pessoa e na obra de Jesus Cristo — nosso Salvador, nosso Senhor, nosso Rei, que reina e que voltará.
Que Deus nos ajude a ser essa igreja — para a glória do nome de Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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