24.10.2021
[Efésios 3.10-11] 10O plano de Deus era mostrar a todos os governantes e autoridades nos domínios celestiais, por meio da igreja, as muitas formas da sabedoria divina. 11Esse era seu propósito eterno, que ele realizou por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor.
Na data de hoje, 88 anos atrás, em 24 de outubro de 1933, Pedro Ludovico Teixeira (1891–1979) lançava a pedra fundamental de Goiânia no planalto onde se encontra atualmente o Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica. Neste dia, portanto, os goianienses celebram 88 anos desta jovem capital, nossa querida Goiânia – composta de cerca de um milhão e meio de habitantes distribuídos em aproximadamente 650 bairros.
Que presente daremos à nossa cidade?
Nada melhor do que, como corpo de Cristo, ofertarmos uma igreja saudável para a nossa querida Goiânia, desse modo cumprindo o plano eterno de Deus realizado por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor, qual seja: “mostrar a todos os governantes e autoridades nos domínios celestiais, por meio da igreja, as muitas formas da sabedoria divina” (Ef 3.10-11). Assim sendo, uma igreja saudável para Goiânia é o melhor presente que poderemos dar à nossa cidade, à qualquer cidade em qualquer região do mundo.
Uma igreja saudável começa a ser edificada quando seus membros compreendem qual é a essência da igreja, biblicamente falando. Assim sendo, vimos na semana passada e hoje pela manhã que a essência de uma igreja bíblica consiste de um povo redimido por Cristo e reunido para adorar o Cristo redentor, louvar o Salvador. Igreja é ekklesia, traduzindo: reunião do povo de Deus, assembleia solene regular do povo de Deus reunido diante de Deus para adorar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Foi Cristo mesmo quem deu o nome e iniciou a obra de edificação desse povo, dessa assembleia, dessa igreja (Mt 16.18). Igreja, portanto, não é menos do que a reunião de seus membros. Certamente que ela é mais do que essa assembleia regular, mas ela não é menos do que seus cultos.
Se a essência de uma igreja bíblica é a reunião dos salvos por Jesus Cristo em um determinado local para a adoração, a pergunta que se segue é esta: com o que se parece essa gente, qual é a sua cara? Posto de outro modo: como essa essência – um povo reunido para a glória de Deus – se expressa ao mundo? Portanto, passaremos ao exame dos seguintes: [1] o plano de Deus para uma igreja; [2] o caráter de uma igreja bíblica; [3] as marcas de uma igreja bíblica; [4] as imagens de uma igreja bíblica; e, por fim, [4] aplicaremos tudo isso à vida real. Estamos em busca da EXPRESSÃO DA IGREJA. Ou seja: COM O QUE SE PARECE UMA IGREJA BÍBLIA?
O plano de Deus para a igreja na história da redenção do mundo está explicito no que Paulo escreveu aos efésios – i.e., exibir a glória de Deus na salvação de seu povo:
Efésios 3.10-11, 20-21 10O plano de Deus era mostrar a todos os governantes e autoridades nos domínios celestiais, por meio da igreja, as muitas formas da sabedoria divina. 11Esse era seu propósito eterno, que ele realizou por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor. […] 20Toda a glória seja a Deus que, por seu grandioso poder que atua em nós, é capaz de realizar infinitamente mais do que poderíamos pedir ou imaginar. 21A ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus por todas as gerações, para todo o sempre! Amém.
Essa história da igreja exibindo a glória de Deus deve ser contada em seis atos – criação, queda, nação, Redentor, nova humanidade e glória. Veja:
Aqui está o resumo da história da redenção e a descrição do papel da igreja no mundo, hoje e sempre – o papel da igreja pré, durante e pós pandemia:
Refletir a glória de Deus no mundo significa refletir o caráter do próprio Deus, conforme já foi visto. Mas o que isto significa, de modo prático?
Historicamente, oficialmente à partir do Concílio da igreja cristã realizado na cidade Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), no ano 381 d.C., os cristãos adotaram a expressão de fé ou o Credo Niceno-Constantinopolitano, o qual afirma que os cristãos creem “na igreja única, santa, universal e apostólica”. Esses quatro adjetivos (ou marcas) têm sido usados historicamente para resumir o ensino bíblico sobre a igreja – ou seja, A IGREJA É única, santa, universal e apostólica COMO UM REFLEXO DA unidade, santidade, imensidade, eternidade e veracidade de Deus.
Veja comigo uma a uma dessas características.
A igreja é única
A igreja é única e tem de ser única porque Deus é único (três em um, um em três – Pai, Filho e Espírito Santo). Os cristãos, desde o nascimento da igreja, sempre foram caracterizados por sua UNIDADE – Atos 4.32: “Todos os que creram estavam unidos em coração e mente. Não se consideravam donos de seus bens, de modo que compartilhavam tudo que tinham.”
A unidade dos cristãos na igreja deve ser uma característica da igreja e, para o mundo, um sinal que reflete a unidade do próprio Deus. Portanto, DIVISÕES E CONFLITOS SÃO ESCÂNDALOS ESPECIALMENTE SÉRIOS – Efésios 4.4-6: “4Pois há um só corpo e um só Espírito, assim como vocês foram chamados para uma só esperança. 5Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, 6um só Deus e Pai de tudo, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos.”
Vemos Paulo argumentando pela unidade em Romanos 12, 1Coríntios 1 e 12, Gálatas 3.7-28 e Filipenses 2.2. O ensino de Paulo reflete o ensino do próprio Cristo, o ensino de que há um só rebanho (Jo 10.16). Por isso, Cristo rogou ao Pai que seus seguidores sejam um (Jo 17.21).
A igreja é santa
A igreja é santa e tem de ser santa porque DEUS É SANTO (Lv 11.44-45; 19.2; 20.7; 1Pe 1.14-16). A santidade da igreja descreve a declaração que Deus faz à respeito de seu povo, bem como a obra progressiva do Espírito Santo na santificação desse povo. Afinal de contas, a igreja é o lugar de habitação do Espírito Santo, composta de santos separados para uso especial de Deus – 1Coríntios 1.2: “[Paulo] à igreja de Deus em Corinto, àqueles que ele santificou por meio de Cristo Jesus. Vocês foram chamados por Deus para ser seu povo santo junto com todos que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.” — Portanto, a santidade da igreja é fundamentalmente a santidade de Cristo. A IGREJA A POSSUI POR DECLARAÇÃO DE DEUS.
Ao mesmo tempo, a santidade de Cristo será refletida na santidade da igreja – Efésios 5.25-27: “Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela, 26a fim de torná-la santa, purificando-a ao lavá-la com água por meio da palavra. 27Assim o fez para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e sem culpa.” — Sem dúvida, a igreja que se conforma ao pecado e ao mal da presente era falha horrivelmente. Esta santidade de status é uma separação, e não uma exclusão do mundo, que resulta em santidade de ação no mundo.
A igreja é universal
A igreja é universal e tem de ser universal porque Deus é o “Senhor de toda a terra” (Js 3.11, 13; Sl 97.5; Mq 4.13; Zc 4.14; cf. Jr 23.24) e o “Rei das nações” (Ap 15.3 ). A igreja é universal porque se estende através do tempo e do espaço.
Desde o ingresso inicial dos gentios – de não-judeu – na igreja do século I, a igreja tem obedecido ao mandato de Cristo de pregar o evangelho e fazer discípulos de todas as nações, para que seja finalmente composta de pessoas de todas as nações – Apocalipse 5.9:“Tu és digno de receber o livro, abrir os selos e lê-lo. Pois foste sacrificado e com teu sangue compraste para Deus pessoas de toda tribo, língua, povo e nação.” A continuidade da igreja através do tempo e no espaço a impede de ser cativa de qualquer de seus segmentos, sejam políticos ou denominacionais. A igreja, em suas manifestações local e universal, pertence a Cristo e somente a Cristo – e ela avança militante e as portas do inferno não prevalecem contra ela, até que atinja o seu triunfo final.
A igreja é apostólica
A igreja é apostólica e tem de ser apostólica porque está FUNDADA SOBRE A PALAVRA DE DEUS, dada por meio dos apóstolos, e se mantém fiel a ela. Paulo disse aos cristãos efésios que eles tinham sido “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Ef 2.20, ARA). A sucessão que seguiu o contexto desta fundação não envolve, necessariamente, uma transmissão de pessoa a pessoa, mas uma sucessão de ensino fiel da verdade bíblica.
Escrevendo aos gálatas, Paulo enfatizou que a lealdade deles à mensagem do evangelho que ele os entregara superava qualquer lealdade prestada a ele pessoalmente, a qualquer outro apóstolo vivo e até mesmo a anjos que por ventura descessem do céu – Gálatas 1.8: “Que seja amaldiçoado qualquer um, incluindo nós [os apóstolos], ou mesmo um anjo do céu, que anunciar boas-novas diferentes das que nós lhes anunciamos.”
NÃO HÁ MAIS PROFETAS OU APÓSTOLOS, pelo menos não no sentido bíblico do termo, portanto, a autoridade “apostólica” ou “profética” não reside em pessoas, sejam bispos, alguém autodenominado profeta ou apóstolo ou mesmo em alguma igreja. OS ESCRITOS DOS PROFETAS E O ENSINO DOS APÓSTOLOS – TAIS QUAIS OS TEMOS NA BÍBLIA SAGRADA – É QUE SÃO O FOCO DESSE ATRIBUTO: APOSTÓLICO. Nada tem a ver com igrejas ou pessoas, mas com as Escrituras Sagradas. Somos apostólicos por nos fundamentarmos na doutrina dos apóstolos revelada na Bíblia.
Desse modo, como bem expressou Edmund Clowney, “comprometer a autoridade da Escritura é destruir o fundamento apostólico da igreja”. Robert Reymond contribuiu dizendo isto: “Assim como a verdadeira descendência de Abraão são aqueles que andam na fé, sem consideração de sucessão linear, assim também a igreja apostólica é aquela que anda na fé dos apóstolos, sem consideração da questão de ‘sucessão ininterrupta’”. Ou seja, somente com o ensino dos apóstolos a igreja é “coluna e baluarte da verdade”, como Paulo a descreveu para Timóteo (em 1Timóteo 3.15, ARA).
Este, portanto, é o caráter que a igreja deve refletir para a glória de Deus no mundo: una, santa, universal e apostólica. Deus é um, santo, Rei de toda a terra e verdadeiro; e com ele se parece a sua igreja: única, santa, universal e apostólica.
No decorrer dos séculos, os quatro atributos da igreja que acabamos de ver – única, santa, universal e apostólica – têm sido associados a duas marcas que definem uma igreja local. Essas duas marcas são A PREGAÇÃO CORRETA DA PALAVRA DE DEUS e A ADMINISTRAÇÃO CORRETA DO BATISMO E DA CEIA DO SENHOR.
A linguagem de “marcas” é a expressão clássica usada para se considerar aquelas características que distinguem uma igreja verdadeira de uma igreja falsa – a igreja verdadeira prega corretamente a palavra de Deus (com teologia bíblica e foco no evangelho da cruz de Cristo) e a igreja bíblica administra corretamente as ordenanças do batismo e da ceia do Senhor.
Por que essas marcas definem uma igreja local como verdadeira?
A PRIMEIRA MARCA – A PREGAÇÃO DA CORRETA DA PALAVRA DE DEUS – é a fonte da verdade de Deus que dá vida ao seu povo e sustenta o seu povo.
A SEGUNDA MARCA – A ADMINISTRAÇÃO CORRETA DO BATISMO E DA CEIA DO SENHOR – é a que torna possível a manifestação da obra gloriosa do novo nascimento e da santificação do crente para a glorificação.
A igreja é 1GERADA pela pregação correta da Palavra de Deus. A igreja é 2DISTINGUIDA DO MUNDO E RESTRINGIDA AOS CRENTES pela administração correta do batismo e da ceia do Senhor. Também devemos notar que essa última marca tanto pressupõe quanto implica a prática de disciplina eclesiástica.
EM MENSAGENS POSTERIORES, que tratarão das ordenanças e da pregação da igreja bíblica, investigaremos mais detalhadamente o ensino bíblico sobre a igreja verdadeira ser organizada em função destes dois tópicos: primeiro, a pregação correta da Palavra; segundo, a administração correta das ordenanças. POR ORA, BASTA DIZER QUE a pregação equivocada do evangelho de Jesus Cristo produz falsas conversões, portanto, falsos crentes – falsas igrejas. E a administração errada do batismo e da ceia do Senhor não cuidará de proteger o evangelho pela membresia – o modo errado de batismo ou uma teologia incorreta do batismo acabará por admitir falsos crentes na membresia; de igual fora, a má condução da ceia do Senhor deixará de resguardar o aspecto comunitário – a reunião dos crentes à mesa com Jesus na igreja loca.
Uma igreja bíblica, portanto, pregará corretamente a palavra de deus e a administrará corretamente o batismo e a ceia do senhor.
O último aspecto da expressão de uma igreja bíblica que eu desejo abordar com vocês nesta noite é o das imagens da igreja. DE MODO PRÁTICO,
[1] essa igreja que tem como propósito tornar visível no mundo a glória de Deus em Cristo Jesus;
[2] essa igreja que é una, santa, universal e apostólica;
[3] essa igreja que nasce da pregação da palavra de Deus e que se distingue do mundo e se restringe aos crentes pela administração correta do batismo e da ceia do Senhor;
QUAL É A CARA DESSA IGREJA NO MUNDO?
O Novo Testamento utiliza dezenas de figuras ou imagens (há quem conte mais de 90 dessas figuras ou imagens) para representar a natureza da igreja – e eu desejo usar algumas para ilustrar com que cara a igreja deve aparecer no mundo.
De largada, nós podemos dizer o seguinte: por serem tantas, CADA UMA DELAS OFERECE UMA PERSPECTIVA DIFERENTE, e nenhuma delas deve dominar nosso conceito sobre igreja de tal modo que a profundidade e a textura de entendimento se perca. A riqueza de descrições da igreja nos ensina que nenhuma figura sozinha pode abranger todos os aspectos da igreja. A igreja é o arauto do evangelho (como em Atos). A igreja é o servo obediente (com base em Isaías). A igreja é a noiva de Cristo (como em Ap 19 e 21). A igreja é um edifício (1Pe 2.5; Ef 2.21); e a igreja é um templo (1C 3.16; 2Co 6.16; Ef 2.19-22; 1Pe 2.4-8). A igreja é a comunidade de pessoas – a nova humanidade – que vivem nos últimos dias inaugurados pelo ministério de Cristo na terra e pela vinda do Espírito. Muitas outras figuras menores poderiam ser listadas, todavia, faremos consideração específica às seguintes imagens da igreja:
Esta deve ser a casa da igreja no mundo: um povo, uma família, um corpo, um templo ou casa, coluna e alicerce da verdade. Pedro, diria assim:
1Pedro 2.4-5, 9 4Vocês têm se aproximado de Cristo, a pedra viva. As pessoas o rejeitaram, mas Deus o escolheu para lhe conceder grande honra. 5E vocês também são pedras vivas, com as quais um templo espiritual é edificado. Além disso, são sacerdotes santos. Por meio de Jesus Cristo, oferecem sacrifícios espirituais que agradam a Deus. […] 9Vocês, porém, são povo escolhido, reino de sacerdotes, nação santa, propriedade exclusiva de Deus. Assim, vocês podem mostrar às pessoas como é admirável aquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz.
Quase a totalidade dos brasileiros se diz cristã. Esse cristianismo das massas, no entanto, não passa do que dizem ser o relacionamento do indivíduo com Deus – “Eu e Deus” – e ponto final. Não é assim aí fora (e mesmo entre nós!), minha gente? Infelizmente, sim.
Cristianismo para um bom punhado de gente não passa de “Eu e Deus” e, quando muito, “dois ou três” muito bem selecionados por mim que se reúnem “comigo” diante de Deus em fraternidade. Igreja? Ah, se der… quando der… e se eu preferir! Igreja não é importante. Alguns, na verdade, vêem a igreja organizada como um obstáculo ao crescimento e à liberdade espiritual.
Ora, meu povo, não é bem assim, biblicamente falando. Como vimos:
Uma igreja bíblica, em essência, expressa a glória da sabedoria e da graça de Deus que em Cristo salva o pecador, submete-o à igreja e o separa para servir ao corpo e sair para buscar e salvar as ovelhas de Cristo que precisam ser trazidas para o aprisco.
Sua vida expressa essas realidades? Responda:
Cristo te salvou?
Você é membro ativo de alguma igreja, desta igreja?
Você serve ao corpo? Sai para buscar e salvar ovelhas de Cristo?
Você salga e ilumina este mundo com o evangelho?
S.D.G. L.B.Peixoto
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