12.12.2021
[2Timóteo 3.16–4.5] 16Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. 17Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra. 4.1Eu lhe digo solenemente, na presença de Deus e de Cristo Jesus, que um dia julgará os vivos e os mortos quando vier para estabelecer seu reino: 2 pregue a palavra. Esteja preparado, quer a ocasião seja favorável, quer não. Corrija, repreenda e encoraje com paciência e bom ensino. 3Pois virá o tempo em que as pessoas já não escutarão o ensino verdadeiro. Seguirão os próprios desejos e buscarão mestres que lhes digam apenas aquilo que agrada seus ouvidos. 4Rejeitarão a verdade e correrão atrás de mitos. 5Você, porém, deve manter a sobriedade em todas as situações. Não tenha medo de sofrer. Trabalhe para anunciar as boas-novas e realize todo o ministério que lhe foi confiado.
PREGAÇÃO É ESSENCIAL, esse é meu tópico. Pregação é essencial para os cristãos, essencial na igreja, essencial para a adoração, essencial no culto cristão. MAS, por que eu deveria investir tempo pregando sobre pregação, uma vez que esta não é uma turma de seminário preparando-se para pregar? Há três respostas simples:
Portanto, terá enormes implicações para sua vida e família e para o futuro da igreja – e de todas as igrejas – se o povo de Deus souber o que é a verdadeira pregação bíblica e por que ela é tão essencial na adoração corporativa.
Agora a pergunta principal: por quê pregação é essencial na igreja?
Embutidas nessa pergunta, de fato, estão duas perguntas.
Você percebeu?
A PRIMEIRA PERGUNTA, a mais fundamental, é: “Por que a palavra de Deus é essencial?” Afinal, o que se deve pregar é a palavra de Deus. Ouça o comissionamento de Paulo a Timóteo em 2Timóteo 4.2 – “pregue a palavra”, a palavra de Deus. Então, por que a palavra de Deus é essencial? — Essa é a primeira pergunta embutida na afirmação: Pregação é essencial. Por quê? Por que a pregação da palavra de Deus é essencial?
A SEGUNDA PERGUNTA embutida na nossa pergunta principal é: “Por que essa forma de apresentar a palavra de Deus é essencial? Por que pregação?” Ora “a palavra de Deus é viva, e eficaz” (Hb 4.12), as palavras de Jesus “são espírito e são vida” (Jo 6.63), portanto, a palavra de Deus, a Bíblia Sagrada é, em si mesma, poderosa. Sendo assim, por que a pregação? Por que é essencial essa forma de apresentar a palavra de Deus?
Quer ver uma coisa,
Então, por que pregar? Afinal, Paulo imperou: “pregue a palavra” (2Tm 4.2).
Você percebeu que não se deve perguntar apenas POR QUE A PALAVRA DE DEUS É ESSENCIAL, mas POR QUE A PREGAÇÃO, COMO TAL, É ESSENCIAL? São, de fato, duas perguntas: [1] Por que é essencial pregar A PALAVRA DE DEUS? e [2] Por que PREGAÇÃO da palavra de Deus é essencial?
Primeiro, por que a palavra de Deus é essencial?
A palavra de Deus é essencial porque:
1. DEUS ESCOLHEU REVELAR A SI MESMO COMO O VERBO, A PALAVRA – João 1.1: “(ARA) No princípio era o Verbo”; “(NVT) No princípio, aquele que é a Palavra já existia.” Não é que no princípio “era a música”, nem que no princípio “era o drama” ou “o teatro” ou outra coisa do gênero. Deus identificou seu Filho, que é Deus desde a eternidade, como a Palavra, o Verbo. Isso é extremamente importante. “(ARA) No princípio era o Verbo”; “(NVT) No princípio, aquele que é a Palavra já existia.” O Filho de Deus é o Verbo de Deus. O FILHO É A COMUNICAÇÃO DE DEUS AO MUNDO, A PALAVRA DE DEUS.
2. DEUS ESCOLHEU REVELAR A SI MESMO PELA PALAVRA – 2Timóteo 3.16: “(ARA) Toda a Escritura é inspirada por Deus”. Isso significa que Deus escolheu falar a nós e revelar a si mesmo a nós e interpretar para nós os seus feitos na história pelas palavras escritas que foram por ele mesmo inspiradas. É isso mesmo o que significa o termo “Escritura”: “Escritos Sagrados”. Toda a Escritura – todos os escritos do cânon judaico-cristão – são inspirados, soprados por Deus. Ou como 2Pedro 1.21 diz: “(ARA) nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” As Escrituras do Antigo e do Novo Testamento são a revelação que Deus faz de si mesmo a nós, ele escolheu revelar a si mesmo a nós pela Palavra – 1Samuel 3.21: “(ARA) Continuou o SENHOR a aparecer [nif’al de ra’ah: a ser visto] em Siló, enquanto por sua palavra o SENHOR se manifestava ali a Samuel.
Portanto, as duas primeiras razões do porquê a palavra de Deus é essencial no culto público é que Deus se revelou como a Palavra e pela Palavra. PRESTE ATENÇÃO: se a adoração – a reunião da igreja diante de Deus – deve ser uma comunhão espiritual com Deus e uma resposta reverente e amorosa a Deus, então no centro da adoração no culto público deve estar a revelação do próprio Deus, e ele ordenou ser conhecido principalmente por sua palavra escrita.
3. DEUS ESCOLHEU CRIAR E REALIZAR SUAS OBRAS NO MUNDO PELA PALAVRA. Hebreus 11.3: “(ARA) Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” Deus criou pela Palavra e realiza seus grandes atos pela mesma Palavra – p.ex., sabemos pela Bíblia que Jesus simplesmente falou e ventos e mar se aquietaram (Mc 4.39), a febre da sogra de Pedro foi repreendida (Lc 4.39), demônios foram repreendidos e expulsos (Mc 1.25), pecados foram perdoados e pessoas foram curadas (Mc 2.10), cegos recuperaram a visão (Lc 18:42), mortos ressuscitaram (Lc 7.14)… Deus trabalha neste mundo por meio de sua Palavra! 2Timóteo 3.16-17 “(ARA) 16TODA A ESCRITURA é inspirada por Deus e ÚTIL PARA o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17A FIM DE QUE o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” EM OUTRAS PALAVRAS, a maneira como Deus escolheu realizar as boas obras de seu povo é pela Palavra. Foi por isso que Jesus disse que os homens verão nossas boas obras e darão glória ao nosso Pai que está nos céus (Mt 5.16). REFORÇANDO: Deus escolheu criar e realizar suas obras no mundo pela Palavra – inclusive a obra de santificação (cf. Sl 1.3; Hb 4.12; Jo 17.17).
O que fazemos no culto público é adorar a Deus, e adorá-lo significa conhecer, admirar e saborear a Deus pelo que ele É e FAZ – e tanto o seu SER como as suas OBRAS são vistos em sua Palavra e realizadas (as obras) por sua Palavra. Portanto, a palavra de Deus é essencial no culto público – tudo o mais no culto serve à Palavra.
4. O MILAGRE DO NOVO NASCIMENTO OCORRE PELA PALAVRA. 1Pedro 1.23: “(ARA) pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.” O novo nascimento é operado por Deus pela palavra de Deus. ISSO SIGNIFICA QUE a vida de que precisamos para adorar a Deus autenticamente no culto público vem pela palavra de Deus. Sem vida, sem adoração. Sem palavra, sem vida. Portanto, a palavra de Deus é essencial – o evangelho é essencial: a igreja é o produto do evangelho, protege e prega o evangelho. Assim a palavra de Deus é essencial tanto para gerar nova vida como para mantê-la viva – Romanos 10.17: “(ARA) E, assim, a fé vem pela pregação [pelo ouvir], e a pregação [o ouvir], pela [a] palavra de Cristo.” NOTE que tanto o nascimento quanto o constante despertar da fé, domingo após domingo nos cultos públicos, advêm do ouvir a pregação da palavra de Cristo.
TROCANDO EM MIÚDOS: a palavra de Deus é essencial na adoração coletiva da igreja porque a adoração – em sua essência – consiste de se ver e se saborear o próprio Deus, e Deus se revela como a Palavra e pela palavra. Em particular, Deus realiza suas obras no mundo por meio de sua palavra E dá nova vida por meio de sua palavra E desperta a fé por meio de sua palavra. Sem a palavra de Deus, não haveria vida, fé, obra de Deus, revelação e adoração – não haveria igreja. A PALAVRA DE DEUS É PARA A IGREJA, PARA O CULTO E PARA A ADORAÇÃO COMO O AR É PARA A RESPIRAÇÃO. A palavra de Deus é essencial.
COMO É OPORTUNA ESTA PALAVRA SOBRE A PALAVRA LOGO HOJE, o segundo domingo de dezembro, quando celebramos o DIA DA BÍBLIA! Deus, em sua providência, organizou para que esta mensagem fosse pregada exatamente hoje: o dia da Bíblia.
Agora, a segunda pergunta é: admitindo-se que a palavra de Deus é essencial na adoração, no culto público da igreja, por que essa forma particular da palavra chamada “pregação” é essencial? POR QUE PREGAÇÃO É ESSENCIAL?
Observe o que se segue no texto de Paulo, logo após ele declarar que toda a Escritura é inspirada por Deus (em 2Timóteo 3.16-17). Imediatamente após o apóstolo declarar que a palavra de Deus é essencial (por assim dizer), o apóstolo diz com SURPREENDENTE SOLENIDADE E ALTÍSSIMA SERIEDADE:
2Timóteo 4.1-2 (NVT) 1Eu lhe digo solenemente, na presença de Deus e de Cristo Jesus, que um dia julgará os vivos e os mortos quando vier para estabelecer seu reino: 2PREGUE A PALAVRA…
Portanto, está claro que para esse jovem ministro da palavra de Deus, para Timóteo não ter do que se envergonhar e manejar bem a palavra da verdade, obtendo assim a aprovação de Deus (ver 2Timóteo 2.15), a pregação deveria ser uma atividade essencial para Timóteo. LEMBRE-SE de que o contexto de 2Timóteo 3.16-17 implica que A PREGAÇÃO NÃO É APENAS PARA evangelismo na esquina, na praça ou na sinagoga, MAS PARA os santos que precisam (como diz em 2Timóteo 4.2) de “correção, repreensão, encorajamento, paciência e bom ensino” e que estão na igreja.
Portanto, podemos dizer: PREGAÇÃO É ESSENCIAL porque 2Timóteo 4.2 diz que devemos pregar. MAS POR QUÊ? Por que é tão adequado ao propósito de Deus que a pregação seja essencial na adoração corporativa ou no culto público da igreja?
O precedente bíblico
A resposta óbvia é que, juntamente como o mandamento (“pregue a palavra” – 2Tm 4.2), há o precedente bíblico para se explicar as Escrituras na adoração pública por meio da pregação – tanto no Antigo como no Novo Testamento.
PRIMEIRO, O ANTIGO TESTAMENTO:
Neemias 8.6-8 (NVT) 6Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus, e todo o povo disse: “Amém! Amém!”, com as mãos erguidas. Depois, prostraram-se com o rosto no chão e adoraram o SENHOR. 7Em seguida, os levitas […] instruíram o povo acerca da Lei, e todos permaneceram em seus lugares. 8Liam o Livro da Lei de Deus, explicavam com clareza o significado do que era lido e ajudavam o povo a entender cada passagem.
NOTE que não houve apenas [1.] a leitura da Lei, mas foram chamados e nomeados homens que [2.] “instruíam” e [3] “explicavam com clareza o significado do que era lido e [eles] ajudavam o povo a entender cada passagem” da Lei. E QUAL ERA O CONTEXTO DESSA PREGAÇÃO? O contexto era louvor, mãos erguidas e rostos prostrados em adoração. A Bíblia era LIDA, EXPLICADA E APLICADA.
SEGUNDO, O NOVO TESTAMENTO: a sinagoga judaica deu continuidade ao padrão de pregação do Antigo Testamento. Por exemplo,
Lucas 4.16-17, 20-21 (NVT) 16Quando Jesus chegou a Nazaré, cidade de sua infância, foi à sinagoga no sábado, como de costume, e se levantou para ler as Escrituras. 17Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías, e ele o abriu e encontrou o lugar onde estava escrito: [Isaías 61.1-2] … 20Jesus fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se. Todos na sinagoga o olhavam atentamente. 21Então ele começou a dizer [dando explicação do que eles acabaram de ouvir da leitura da profecia de Isaías]: “Hoje se cumpriram as Escrituras que vocês acabaram de ouvir”.
NOTE que esse era o padrão típico de uma sinagoga: a palavra de Deus era [1.] lida e, em seguida, [2.] era feita a interpretação e [3.] a aplicação da Palavra em tela. Você também vê esse padrão no livro de Atos, no ministério de Paulo:
Atos 13.14-16 (NVT) 14[…] No sábado, foram à sinagoga. 15Depois da leitura dos livros da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga lhes mandaram um recado: “Irmãos, se vocês têm uma palavra de encorajamento para o povo, podem falar”. 16Então Paulo ficou em pé, levantou a mão para pedir silêncio e começou a falar: “Homens de Israel e gentios tementes a Deus, ouçam-me! […]
Portanto, a primeira razão pela qual a pregação é essencial na igreja é O PRECEDENTE BÍBLICO – esse era o padrão estabelecido tanto no Antigo como no Novo Testamento: A Bíblia era [1.] lida, [2.] explicada e [3.] aplicada. Ora, e como pode haver pessoas (pastores até) que dizem que na Bíblia não se encontra o padrão da pregação expositiva! Impressionante, para não dizermos trágico.
Os pré-requisitos da adoração
Além do precedente bíblico, há duas outras razões para o lugar essencial da pregação na adoração, e que vão mais fundo do que o precedente bíblico (que já seria o bastante, não é mesmo?). As duas outras razões têm a ver com a dupla essência da adoração ou os pré-requisitos da adoração (nas palavras de John Piper): [1] entendimento e [2] exultação; [1] o entendimento sobre Deus e [2] a exultação em Deus. Jonathan Edwards explicou o objetivo de Deus na adoração deste modo:
Deus glorifica a si mesmo em suas criaturas também de duas maneiras: (1) Ascendendo à… sua compreensão. (2) Comunicando-se ao seu coração, e em seu regozijo e deleite e desfrute das manifestações que ele faz de si mesmo… Deus é glorificado não apenas por sua glória ser vista, mas por nela se alegrar. Quando aqueles que a vêem se deleitam, Deus é mais glorificado do que se apenas a vissem [entendessem]. Sua glória é então recebida por toda a alma, tanto pela compreensão como pelo coração.
PORTANTO, SEMPRE HÁ duas partes na adoração verdadeira, dois pré-requisitos para que a adoração genuinamente aconteça, dois pares: o conhecimento de Deus e o coração satisfeito, alegre em Deus. John Piper disse assim: “Ver Deus e saborear Deus. Não tem como separar esses dois. Você deve vê-lo para saboreá-lo. E se você não o saboreia ao vê-lo, você o insulta.”
OUTRA MANEIRA DE DIZER ISTO: na adoração sempre há compreensão na mente e sempre há sentimento no coração. A compreensão deve ser sempre a base do sentimento, ou tudo o que se tem é um emocionalismo oco, vazio. Mas a compreensão ou o conhecimento de Deus que não dá origem a sentimentos por Deus torna-se um intelectualismo morto. É por isso que a Bíblia continuamente nos chama a conhecer e pensar e considerar e meditar e lembrar, ao passo que nos chama para regozijar e temer e lamentar e deleitar e esperar e se alegra em Deus.
Ambos – cabeça e coração – são essenciais para a adoração.
Apresentando Jesus para a alegria em Jesus
O que tudo isso tem a ver com a pregação?
A pregação é a forma que a palavra de Deus assume na adoração no culto público porque A PREGAÇÃO VERDADEIRA É O TIPO DE DISCURSO QUE UNE CONSISTENTEMENTE ESSES DOIS ASPECTOS DA ADORAÇÃO – CABEÇA E CORAÇÃO, tanto na maneira como a pregação é feita quanto nos objetivos que a pregação persegue.
Quando Paulo diz a Timóteo em 2Timóteo 4.2, “pregue a palavra”, a palavra grega para “pregar” é a palavra para “arauto” ou “anunciante” ou “proclamador” (κηρυξον). Não é uma palavra que descreve o simples ato de ensinar ou de explicar um texto. John Stott, em O Perfil do Pregador (ed. Vida Nova), explicou que o termo κηρυξον ilustra a pregação e o apelo do pregador:
[pág. 53-54:] Em outras palavras, o verdadeiro evangelismo [o ato de pregar] visa uma resposta. Espera resultados. É pregação que exige um veredito. O arauto não faz preleções. Preleções são discursos objetivos, imparciais, acadêmicos. São dirigidas ao intelecto. Buscam apenas transmitir uma certa informação e, talvez, estimular o ouvinte a pesquisar mais por conta própria. Mas o arauto de Deus vem com uma urgente proclamação de paz através do sangue da cruz, e com uma convocação a todos os homens, para que se arrependam, entreguem suas armas, e aceitem humildemente o perdão oferecido.
[pág. 76:] O verdadeiro arauto de Deus tem cuidado primeiramente de fazer uma proclamação fiel e detalhada do grande ato redentivo de Deus na cruz de Cristo, e então de transmitir um apelo intenso e sincero aos homens, para que se arrependam e creiam. Nunca uma destas coisas sem a outra; sempre as duas juntas [PORTANTO: cabeça e coração, conteúdo e comoção, doutrina e decisão, ensino e emoção]!
John Piper chamou a prática da pregação de “exultação expositiva” – i.e., A PREGAÇÃO É UMA EXULTAÇÃO PÚBLICA CAUSADA PELA VERDADE QUE O PREGADOR APRESENTA; ela não é desinteressada, fria ou neutra; a pregação é apaixonada.
No entanto, essa proclamação exultante, ESSA PREGAÇÃO APAIXONADA CONTÉM ENSINAMENTO, CONTEÚDO. Constata-se isso ao olhar para o pano de fundo de 2Timóteo 4.2 (“pregue a palavra”) – ao olhar para traz pode-se ver o fundamento: a Escritura – que ensina, repreende, corrige e educa, essa Escritura é que dá origem à pregação (2Timóteo 3.16-17). Portanto, a verdadeira pregação não é a opinião de um mero homem apaixonado pelo que ele crê. É a exposição fiel e apaixonada da palavra de Deus.
CONCLUINDO, ENTÃO, a razão pela qual a pregação é tão essencial na adoração é que a adoração não é apenas compreensão, mas também coração. Não é apenas ver a Deus, mas também saborear Deus. Não é apenas a resposta da mente, mas também da alma. Deus ordenou que, na adoração corporativa na igreja, a forma assumida pela Palavra [1.] não seja apenas uma explicação para a mente e [2.] não apenas um estímulo para o coração. Em vez disso, a palavra de Deus deve vir ensinando a mente e estimulando o coração; demonstrando a verdade de Cristo e despertando o deleite na glória de Cristo. No culto público, o pregador deve expor a palavra de Deus e exultar no Deus da Palavra. Isso é pregação. E é por isso que ela é tão essencial na igreja reunida para adorar. A pregação não é uma mera obra do homem. É um dom e obra do Espírito Santo. Pregação é essencial.
Vou tentar amarrar tudo o que disse com a definição e uma experiência de Martyn Lloyd-Jones – expostos em Pregação e Pregadores (editora Fiel) – falando sobre “O Ato de Pregar”:
O que é a pregação? É a lógica pegando fogo! É raciocínio eloquente! Estas coisas são contraditórias? É claro que não. A razão concernente à verdade deve ser poderosamente eloquente, conforme percebemos no caso do apóstolo Paulo e de outros. É teologia em chamas. E a teologia que não pega fogo, insisto eu, é uma teologia defeituosa; ou, pelo menos, a compreensão de quem a prega é defeituosa. A pregação verdadeiramente é a teologia expressando-se por meio de homem que está em fogo. A verdadeira compreensão e a experiência da verdade tem de levar a isso. Repito que o homem que pode falar sobre essas coisas de maneira desapaixonada não tem qualquer direito de subir a um púlpito; e jamais se deveria permitir que ele subisse a um púlpito.
Qual é a principal finalidade da pregação? Gosto de pensar que é esta: dar a homens e mulheres o senso de Deus e de sua presença.
Conforme já disse, estive enfermo neste último ano, assim, em vez de eu mesmo pregar, tive a oportunidade e o privilégio de ouvir outros. Enquanto estive enfermo, foi isso que busquei, anelei e desejei. Posso desculpar um homem por um mau sermão; posso perdoá-lo por qualquer coisa, contanto que ele me dê o senso da presença de Deus, alimente a minha alma e me dê o senso de que, embora ele seja inadequado em si mesmo, está lidando com algo mui profundo e glorioso, quando me dá um vislumbre da majestade e da glória de Deus, do amor de Cristo, meu Salvador, e da magnificência do evangelho. Se ele conseguir isso, eu lhe serei devedor e me sentirei profundamente grato para com ele. Pregar é a atividade mais admirável e emocionante na qual um homem pode se envolver, por causa do que ela nos proporciona no presente e das gloriosas e infindas possibilidades no futuro eterno.
David Martyn Lloyd-Jones. Pregação e pregadores (pp. 114-115). Editora Fiel. Edição do Kindle.
Pregação é essencial!
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