24.03.2019
O POVO DO PACTO
1Coríntios 11.17-34
17Nas instruções a seguir, porém, não posso elogiá-los, pois, quando vocês se reúnem, fazem mais mal que bem. 18Primeiro, ouço que há divisões quando vocês se reúnem como igreja e, até certo ponto, eu o creio. 19Suponho que seja necessário haver divisões entre vocês para que se reconheçam os que são aprovados! 20Quando vocês se reúnem, não estão interessados de fato na ceia do Senhor. 21Alguns de vocês se apressam em comer a própria refeição; como resultado, alguns passam fome, enquanto outros ficam embriagados. 22Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou querem mesmo envergonhar a igreja de Deus e humilhar os pobres? Que devo dizer? Querem que eu os elogie? Certamente não os elogiarei por isso!23Pois eu lhes transmiti aquilo que recebi do Senhor. Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, ele tomou o pão, 24agradeceu a Deus, partiu-o e disse: “Este é meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”. 25Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, confirmada com meu sangue. Façam isto em memória de mim, sempre que o beberem”. 26Porque cada vez que vocês comem desse pão e bebem desse cálice, anunciam a morte do Senhor até que ele venha. 27Assim, quem come do pão ou bebe do cálice do Senhor indignamente é culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. 28Portanto, examinem-se antes de comer do pão e beber do cálice, 29pois, se comem do pão ou bebem do cálice sem honrar o corpo de Cristo, comem e bebem julgamento contra si mesmos. 30Por isso muitos de vocês estão fracos e doentes e alguns até adormeceram. 31Se examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados dessa maneira. 32Mas, quando somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo. 33Portanto, meus irmãos, quando se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. 34Se estiverem com fome, comam em casa, a fim de não trazer julgamento sobre si mesmos ao se reunirem. Eu lhes darei instruções a respeito de outros assuntos depois que chegar aí.
A CELEBRAÇÃO DO PACTO
Estamos reunidos aqui para celebrar a ceia do Senhor, para celebrar o pacto da graça de Deus com pecadores como eu e você. Foi isto o que dissemos hoje pela manhã: A ceia do Senhor celebra a nova aliança e seu estabelecimento pelo sangue de Jesus. A nova aliança resolve o problema da culpaé do coraçãodo pecador. Agora o segundo ponto.
A CEIA CRIA IGREJAS LOCAIS E CONTROLA SUA EXISTÊNCIA
O segundo ponto que precisamos destacar no texto que lemos, pela manhã e agora à noite — 1Co 11.17-34, é que essa nova aliança, celebrada na ceia do Senhor, cria e controla a existência de igrejas locais.
Enfatizamos “igrejas locais” aqui sem, contudo, negar a existência e o valor da igreja católica ou universal de Cristo — isto é: o povo de Deus em todas as eras e em todos os lugares. Não negamos a catolicidade (universalidade) da Igreja.
A bem da verdade, a nova aliança estabelece um povo para Deus muito maior do que qualquer igreja local ou denominação. Quando Deus diz em Jeremias 31.33: “Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”, ele quer dizer que a nova aliança estabelece um grande povo para Deus, maior que uma igreja local ou denominação.
A nova aliança cria a igreja local
Em que pese o valor da igreja católica ou universal de Cristo (Jr 31.33), quando enfatizamos que a nova aliança cria e controla “igrejas locais”, fundamentamo-nos na aplicação que Paulo faz aqui na carta à igreja local em Corinto. Observe 1Co 11.17-18:
17Nas instruções a seguir, porém, não posso elogiá-los, pois, quando vocês se reúnem[em um determinado local], fazem mais mal que bem. 18Primeiro, ouço que há divisões quando vocês se reúnem como igrejae, até certo ponto, eu o creio.
Está claro que aqui “igreja” não é o corpo católico ou universal de Cristo. Paulo não está falando do povo de Deus em todos os lugares e em todos os tempos. Sobre a igreja católica ou universal Paulo discorreu noutros lugares, por exemplo: Efésios 1.22-23; 3.10 e 21; 5.23-32. Em 1Co 11.17-18 o apóstolo está se referindo ao povo de Deus reunido em um só lugar, lá em Corinto, para adoração. Isto é o que chamamos de “igreja local”.
Aprende-se, portanto, que a nova aliança cria igrejas locais.
A promessa da nova aliança (Jr 31.33): “Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” cria sim um corpo universal, mas que se reúne para ser a igrejaum para o outro e para adorar a Deus como deve ser, através de expressões locais desse corpo em reuniões locais específicas (assembleias) chamadas de igrejas locais.
As implicações desse ensino são enormes e variadas, destacamos a seguir apenas as duas seguintes:
1 Igreja local é indispensável para o viver cristão:Não basta dizer que sou de Jesus e que pertenço ao seu povo, corpo ou igreja de forma geral; eu preciso da igreja local; a igreja católica ou universal de Cristo se expressa ao mundo através de suas igrejas locais; somos igreja um para o outro e para a glória de Deus na comunhão de uma igreja local — quando nos reunimos como igreja (1Co 11.18).
2 Uma igreja local se reúne em assembleia ou reunião única de cada vez:Não é de tudo condenável, mas é sim difícil de se sustentar pelo Novo Testamento a prática de um mesmo culto para dois públicos diferentes ou a mesma igreja se reunir com públicos diferentes, em diferentes localidades (multi-site), e a isto chamarmos de uma igreja local. Paulo diz assim (1Co 11.18): “quando vocês se reúnem como igreja”.
A nova aliança cria a igreja local, que se reúne em assembleia ou reunião única de cada vez e é indispensável para o viver cristão.
A nova aliança controla a igreja local
A nova aliança não apenas cria a igreja local, ela também controla a vida da igreja local. Observe o nosso texto: Paulo está corrigindo aqui em 1Coríntios 11.17-34 o mau comportamento de uma igreja local — a igreja em Corinto.
Dentre outras coisas, os ricos estavam trazendo sua própria comida para a festa de comunhão da igreja, antes da ceia do Senhor, e estavam se fartando e se embebedando sem o menor cuidado com os pobres que não tinham nenhum alimento para trazer à reunião e, portanto, ficavam passando fome. O apóstolo os repreende. Ouçam (vs. 20-22):
20Quando vocês se reúnem, não estão interessados de fato na ceia do Senhor. 21Alguns de vocês se apressam em comer a própria refeição; como resultado, alguns passam fome, enquanto outros ficam embriagados. 22Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou querem mesmo envergonhar a igreja de Deus e humilhar os pobres? Que devo dizer? Querem que eu os elogie? Certamente não os elogiarei por isso!
A seguir, Paulo traz as palavras da ceia do Senhor — conforme as recebeu de Jesus — como um argumento do porquê de eles não poderem proceder daquela maneira (v. 23):
23Poiseu lhes transmiti aquilo que recebi do Senhor. Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, ele tomou o pão, […]
A conjunção coordenativa “pois” do verso 23 que acabamos de ler demonstra que Paulo passou a dar o fundamento de seu argumentocontra a maneira tão desamorosa com a qual eles estavam tratando uns aos outros. O apóstolo assim o fez, lembrando-os do significado da ceia do Senhor: “Este cálice é a nova aliança, confirmada com meu sangue”.
Em outras palavras: A igreja local não é apenas criadapelo sangue da nova aliança (Eu serei o seu Deus… Porei minhas leis em sua mente e as escreverei em seu coração); a igreja local também é controladopela nova aliança. A natureza da nova aliança molda a natureza da comunidade que ela cria. As pessoas que são compradas com o sangue de Jesus, pessoas que têm a lei de Deus escrita em seu coração, não se esbanjam em suas riquezas nem se embebedam enquanto outros na igreja não têm nada e passam fome.
Como um corpo local de crentes deve pensar
A nova aliança, garantida e selada pelo sangue de Jesus, cria o povo de Deus e controla ou molda o povo de Deus. E como o propósito de Deus é que haja igrejas locais que expressem o corpo universal de Cristo, podemos dizer com a mesma certeza que a nova aliança cria essas igrejas locais e as controla ou as dá forma.
Ou seja, quando um número local de crentes se reúne para formar uma igreja, eles devem assim proceder com a seguinte consciência:
Estamos ligados a Deus pela nova aliança; e não apenas isso, já que estamos ligados a Deus por essa aliança, estamos ligados uns aos outros por essa aliança também (somos o povo que essa liança cria para Deus);
O Pacto que nos faz pertencer a Deus nos faz pertencer um ao outro; portanto, o nosso compromisso uns com os outros em uma igreja local é um compromisso de aliança;
Nosso relacionamento de aliança com Deus implica em um relacionamento de aliança uns com os outros; a aliança de Deus conosco cria e molda nossa aliança uns com os outros.
Assim é que devem pensar os membros de uma igreja local.
O que torna a Segunda Igreja Batista em Goiânia uma igreja
Esta é a base bíblica e teológica do Pacto de Compromisso da Igreja, que hoje você tem impresso no texto pastoral do boletim dominical (e que todo Batista tem impresso nas costas de seu certificado de batismo).
Esse Pacto é uma tradução, quase literal, do Pacto que foi escrito por John Newton Brown, por volta de 1853 lá em New Hampshire, nos Estados Unidos, e se tornou um dos pactos mais amplamente usados entre os Batistas em todos os tempos e lugares.
Cabe aqui lembrar o que dissemos na primeira mensagem desta série: O registro histórico dos pactos de igrejas remonta ao início da vida Congregacional e Batista no continente europeu lá nos meados dos anos 1500. Portanto, nada do que estamos fazendo aqui é novo. Pelo contrário, estamos voltando às nossas origens e ao significado de se ser um povo que se denomina Batista.
Sim, a Bíblia nãodiz explicitamente: “Adotarás um Pacto escrito para a igreja”. E da mesma forma ela nãodiz: “Terás para ti e teu cônjuge uma certidão de casamento”, ou “Terás alianças para usar no dedo anelar, teu e de teu cônjuge”.
Porém, para os crentes que estão convencidos de que igrejas devem ser governadas congregacionalmente (como nós Batistas estamos), ao invés de presbíteros distritais ou bispos diocesanos (que determinam a formação de uma igreja), a realidade bíblica da nova aliança leva, necessariamente, a um Pacto de Compromisso da Igreja como sendo a base de nosso compromisso local com Deus e uns com os outros na forma de uma igreja local estabelecida.
O decreto de um bispo não faz da Segunda Igreja Batista em Goiânia uma igreja. O voto de um presbitério não nos torna uma igreja. A decisão de uma convenção denominacional ou de outra igreja não nos estabelece como uma igreja. O que nos faz igreja é o nosso Pacto. Somos igreja porque nos reunimos e, com compromissos comuns, nos comprometemos a ser a igrejaum para o outro, para o mundo e para a glória de Deus.
Charles Deweese, que escreveu o mais recente estudo histórico dos Pactos da Igreja, define o Pacto de Compromisso da Igreja assim:
Um pacto de igreja é uma série de compromissos escritos, baseadas na Bíblia, que os membros da igreja fazem voluntariamente a Deus e uns aos outros em relação aos seus compromissos morais e espirituais básicos e à prática de sua fé.
Uma maneira de colocar tudo isso é dizer que uma igreja sem Pacto é como um casamento sem votos de compromisso. Os votos de casamento não estão escritos na Bíblia, da mesma forma que o Pacto da Igreja também não está. Ambos, porém, seguem, necessariamente, a natureza dos relacionamentos. Unimo-nos por pacto ou aliança.
Implicações de um Pacto de Compromisso da Igreja
Comparar o Pacto de Compromisso da Igreja a aliança de casamento ou à certidão de casamento nãosignifica que alguém jamais poderá deixar uma igreja local por outra, da mesma forma que o divórcio é combatido na Bíblia. Sabemos que a noiva de Cristo, a Igreja, é maior que a Segunda Igreja Batista em Goiânia. O que estamos dizendo, contudo, é que enquanto somos membros desta igreja, somos dela membros por Pacto — no espírito da nova aliança que cria um novo povo que se reúne em uma igreja local com um compromisso pactuado com Deus e uns com os outros.
Também não estamos dizendo que o Pacto da Igreja implica que você tem que pactuar conosco — unir-se a nós por Pacto — para poder adorar conosco e ser ministrado ou servido por nós enquanto igreja. Às vezes, há boas razões para que uma pessoa ainda não assuma esse compromisso (p.ex., pouca idade, imaturidade, falta de entendimento, indisposição de prestar contas, dúvidas sobre salvação e membresia na igreja etc.).
Em que pese as pessoas irem e virem com frequência, e embora alguns estejam entre nós, sendo amados e cuidados, mas ainda impossibilitados de alguma forma de fazer um Pacto conosco, a Segunda Igreja Batista em Goiânia existe como igreja estabelecida em virtude de um Pacto que este corpo local faz uns com os outros e com Deus.
Parágrafo Primeiro do Pacto da Igreja
Começa assim o nosso Pacto. Parágrafo Primeiro:
[REGENERAÇÃO OU NOVO NASCIMENTO OU CONVERSÃO]Tendo sido levados pelo Espírito Santo a aceitar a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, e [PROFISSÃO PÚBLICA DE FÉ E BATISMO]batizados, sob profissão de fé, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, [PACTUAÇÃO COM DEUS E COM O CORPO LOCAL DE CRENTES]decidimo-nos, unânimes, como um corpo em Cristo, firmar, solene e alegremente, na presença de Deus e desta congregação, o seguinte Pacto:
Ou seja: Em resposta à iniciativa soberana de Deus (“Tendo sido levados pelo Espírito Santo”) — em resposta à iniciativa da nova aliança de Deus, recebemos JesusCristo com arrependimento e fé, fomos batizados sob pública profissão de fée nos unimos a Deus e uns aos outros em Pactode Compromisso. Essa pactuação é a essência de nossa igreja, é o que de fato nos torna igreja. Segunda Igreja Batista em Goiânia, leve isto a sério!
Deus permitindo, investiremos mais algumas mensagens, nos próximos domingos de celebração da ceia do Senhor, desembrulhando o conteúdo do nosso Pacto à luz da Bíblia. Rogamos a Deus que nos dê uma compreensão profunda e alegre de seu significado para a nossa vida juntos, e nos prepare para o reafirmarmos solenemente ao final desta série de mensagens ao longo do ano de nosso Jubileu de Brilhante.
Por ora, duas coisas importantes a se fazer:
1Leve com você o Pacto impresso no texto pastoral; leve-o para casa; leia-o e releia-o; medite nele; ore sobre ele; peça a Deus entendimento para você compreendê-lo e vivê-lo; o que está aí é o que significa se membro da Segunda Igreja Batista em Goiânia; sim, ser membro da SIB é muito mais do que isto, mas não é de jeito nenhum menos do que está no nosso Pacto.
2 Leiamos o Pacto, agora, juntos, os membros da Segunda Igreja Batista em Goiânia (em pé), como forma de afirmarmos a nossa união pactual com Deus e uns com os outros, preparando-nos para celebrar na ceia do Senhor, que é a nova aliança que nos une a Deus e ao povo de Deus — e nos une aqui na SIB em sua expressão local que é a nossa igreja.
Leiamos. Examine-se a si mesmo. Participe da ceia do Senhor.
Aos amigos:receba Jesus (arrependa-se do pecado e creia em Cristo para a sua salvação); professe fé pelo batismo; una-se a nós em Pacto. A Ceia é a celebração de pessoas pactuadas com Cristo e com o corpo de Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
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