24.11.2019
RENOVANDO O PACTO DA IGREJA
Neemias 9.38
O povo respondeu: “Em vista disso tudo, fazemos uma aliança solene e a registramos por escrito. Neste documento selado estão os nomes de nossos líderes, levitas e sacerdotes”.
RAZÕES PARA A ESCOLHA DO TEXTO
O versículo que nós acabamos de ler descreve, muito brevemente, uma reafirmação de aliança (ou de pacto) entre o povo de Deus em Jerusalém após décadas de exílio na Babilônia. Esdras, escriba e profundo conhecedor da Lei de Moisés (Ed 7.6), tendo chegado ao final da oração, dá-nos conta de que o povo concordou em obedecer:
“Em vista disso tudo, fazemos uma aliança [um pacto] solene e a registramos por escrito. Neste documento selado estão os nomes de nossos líderes, levitas e sacerdotes”.
Este texto é importante para nós, especialmente nesta ocasião, por pelo menos cinco motivos:
O irmão Presidente [pastor, missionário, Dr. Walter McNealy] discorreu em termos singelos e amorosos referindo-se como organizar uma Ig. Batista, apresentando como regra e declaração de fé, dezoito pontos essenciais que depois de devidamente estudados, foram unanimemente aceitos. Seguidamente foi apresentado e discutido O Pacto da Igreja, o qual foi também unanimemente aceito.
Pois bem, permitam-me mostrar a vocês o cenário que torna a renovação da aliança aqui em Neemias 9.38 tão poderosa e também nos encoraja a seguir adiante com a nossa própria renovação do Pacto da Igreja.
O CENÁRIO DA RENOVAÇÃO DA ALIANÇA DE NEEMIAS
Por volta de 445 antes de Cristo, Neemias trouxe um grupo de israelitas do cativeiro de volta para Jerusalém, e com eles reconstruiu os muros da cidade, apesar da tremenda oposição dos povos vizinhos, especialmente dos samaritanos. A reconstrução do muro fora concluída no final do capítulo 6. Ato contínuo, o capítulo 7 registra a genealogia daqueles que voltaram para Jerusalém no primeiro grupo com Zorobabel.
O povo se reúne para ouvir a Lei
Então, no capítulo 8, no primeiro dia do sétimo mês (aproximadamente final de setembro e início de outubro de 445 a.C.), o povo se uniu e pediu a Esdras, o escriba, que lesse para eles a Lei de Moisés que eles haviam tanto negligenciado por um período tão longo de tempo. Foi aí que começou a adoração (em torno da leitura e da exposição da Lei de Deus!) que chegou ao clímax 24 dias depois, em 9.38, com a renovação da aliança.
Esdras leu a Lei e, na medida em que o povo ia tomando conhecimento, todos se entristeceram pelo tamanho da negligência à vontade de Deus na qual eles havia vivido em todos aqueles anos passados. Daí, celebraram a Festa das Cabanas por sete dias (última metade do capítulo 8), depois se consagraram com jejum e adoração (no início do capítulo 9) e Esdras começou a oração (Ne 9.6).
A oração foi uma resposta ao versículo 5, onde os levitas disseram: “Levantem-se e louvem o SENHOR, seu Deus, que vive desde sempre e para sempre!”. Então será isto que a oração de Esdras fará: louvará o nome glorioso de Deus, que é tão exaltado que nenhuma adoração ou louvor jamais poderá ser entoado o suficiente. Mas Esdras conseguiu chegar o mais próximo do bastante que um ser humano provavelmente conseguirá.
A oração de Esdras: a graça de Deus e os fracassos de Israel
Orando, Esdras começa com a criação e reconta, passando pela história de Israel, o poder e a graça de Deus até chegar aos dias deles, contrastando tudo com os repetidos fracassos de Israel em confiar e em obedecer.
Primeiro, as maravilhas do poder e da graça de Deus (Ne 9.5-15):
5[…] Em seguida, oraram: “Louvado seja teu nome glorioso! Exaltado seja acima de toda bênção e todo louvor! 6“Somente tu és o SENHOR. Fizeste o céu e os céus além do céu, e todas as estrelas. Fizeste a terra, os mares, e tudo que neles há. Preservas todos os seres com vida, e o exército dos céus te presta adoração. 7“Tu és o SENHOR Deus, que escolheste Abrão, o trouxeste de Ur dos caldeus e lhe deste o nome de Abraão. 8Viste a fidelidade de seu coração [achou o coração dele fiel] e fizeste com ele uma aliança, para dar a ele e à sua descendência a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos jebuseus e dos girgaseus. E cumpriste tua promessa, pois és sempre fiel à tua palavra. 9“Viste a aflição de nossos antepassados no Egito e ouviste os clamores deles junto ao mar Vermelho. 10Fizeste sinais e maravilhas contra o faraó, seus oficiais e todo o seu povo, pois sabias como tratavam arrogantemente nossos antepassados. Tens uma fama tremenda, que não foi esquecida. 11Dividiste o mar, para que teu povo atravessasse em terra seca, e depois lançaste seus inimigos nas profundezas do mar, e eles afundaram como pedras nas águas impetuosas. 12Conduziste nossos antepassados com uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite, para que encontrassem o caminho por onde deviam ir. 13“Desceste ao monte Sinai e falaste com eles do céu. Deste estatutos justos, leis verdadeiras e decretos e mandamentos bons. 14Tu os instruíste a respeito de teu sábado santo. Ordenaste, por meio de teu servo Moisés, que obedecessem a teus mandamentos, decretos e leis. 15“Providenciaste-lhes pão do céu quando tiveram fome e água da rocha quando tiveram sede. Ordenaste que fossem e tomassem posse da terra que juraste lhes dar.
Apesar de tudo isso, o povo agiu com incredulidade (vs. 16-17a):
16“Nossos antepassados, porém, eram orgulhosos e teimosos e não deram atenção a teus mandamentos. 17Não quiseram obedecer e não se lembraram dos milagres que havias realizado em favor deles. Em vez disso, rebelaram-se e nomearam um líder para levá-los de volta à escravidão no Egito. […]
Ato contínuo, Neemias, registrando a oração de Esdras, traz uma lista dos atos de misericórdia de Deus, não obstante à rebeldia daquele povo tão amado (vs. 17b-19):
17[…]Mas tu és Deus de perdão, misericordioso e compassivo, lento para se irar e cheio de amor. Não os abandonaste, 18mesmo quando fizeram um ídolo em forma de bezerro e disseram: ‘Este é seu deus que os tirou do Egito!’. Sim, cometeram blasfêmias terríveis! 19“Mas, em tua grande misericórdia, não os abandonaste para morrer no deserto. A coluna de nuvem continuava a conduzi-los durante o dia, e a coluna de fogo lhes mostrava o caminho durante a noite.
Graça sobre graça, misericórdia sobre misericórdia, bondade sobre bondade, não obstante ao pecado do povo, é tanto o foco como o coração da oração de Esdras que vai culminar com a renovação da aliança lá no v. 38.
O ponto a se enxergar na oração de Esdras
O ponto a se enxergar nessa oração é que a graça inesgotável de Deus é a base de nossas afirmações pactuais. Não estamos respirando fundo esta noite e dizendo:
Aqui vai, eu darei o meu melhor!
Nada disso. Nossa força não está na mera decisão e não vem da nossa força de vontade. Em vez disso, o que estamos de fato dizendo é o seguinte:
Com um Deus como esse, há esperança de que eu receba a ajuda de que preciso, e quando eu tropeçar e cair e pecar e me arrepender e me voltar a ele com fé, ele me perdoará e me receberá de volta. E continuarei com as promessas que fiz no início.
Deixe seu coração de molho nessa realidade, enquanto avançamos na oração de Esdras.
Continuando a oração: graça inesgotável
Deus não apenas não os abandonou por causa dos pecados deles, como também os seguiu com bondade e misericórdia todos os dias da vida deles (vs. 20-25):
20Enviaste teu bom Espírito para instruí-los e não deixaste de lhes dar maná do céu para se alimentarem, nem água para matarem a sede. 21Tu os sustentaste no deserto durante quarenta anos, e nada lhes faltou. Suas roupas não se desgastaram, nem seus pés ficaram inchados. 22“Depois, entregaste reinos e nações a nossos antepassados e distribuíste teu povo por todos os cantos da terra. Eles tomaram posse da terra de Seom, rei de Hesbom, e da terra de Ogue, rei de Basã. 23Tornaste seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e os trouxeste para a terra que havias prometido a seus antepassados. 24“Eles entraram e tomaram posse da terra. Tu derrotaste nações inteiras diante deles e entregaste nas mãos de teu povo os cananeus que habitavam na terra. Teu povo fez o que quis com essas nações e seus reis. 25Nossos antepassados conquistaram cidades fortificadas e terras férteis. Apossaram-se de casas cheias de coisas boas, com cisternas já escavadas e com vinhedos, olivais e muitas árvores frutíferas. Comeram até se fartar, engordaram e desfrutaram de tuas muitas bênçãos.
O versículo 25 resume tudo: “Eles desfrutaram de tuas muitas bênçãos”. A versão bíblica ARA coloca nos seguintes termos: “Eles viveram em delícias, pela tua grande bondade.”
Agora, a resposta do povo no versículo 26:
Apesar de tudo isso, foram desobedientes e se rebelaram contra ti. Deram as costas para tua Lei, mataram os profetas que enviaste para adverti-los a voltarem para ti e cometeram blasfêmias terríveis.
Deus, por sua vez, seguiu derramando graça sobre graça e se compadecendo do povo sempre que eles se voltavam para ele com arrependimento e fé (vs. 27-30a):
27Por isso, tu os entregaste nas mãos de seus inimigos, que os fizeram sofrer. Nos momentos de angústia, porém, clamaram a ti, e tu os ouviste do céu. Em tua grande misericórdia, enviaste libertadores que os livraram de seus inimigos. 28“Mas, assim que teu povo tinha descanso, voltava a praticar o mal diante de ti. Portanto, permitiste que seus inimigos os dominassem. E, no entanto, quando teu povo voltava para ti e pedia socorro, tu os ouvias novamente. Em tua misericórdia, tu os resgataste muitas vezes. 29“Tu os advertiste a voltarem para tua Lei, mas eles se tornaram orgulhosos e desobedeceram a teus mandamentos. Não cumpriram teus estatutos, que dão vida a quem lhes obedece. Em rebeldia, deram as costas para ti e, teimosamente, não quiseram ouvir. 30Por muitos anos, foste paciente com eles. Enviaste teu Espírito, que os advertiu por meio dos profetas. […]
Mas eles não deram ouvidos. Assim, o Senhor os exilou (v. 30b). Mas Deus, e é isto que queremos dizer com graça inesgotável, não destruiu o povo (vs. 30-31):
30Por muitos anos, foste paciente com eles. Enviaste teu Espírito, que os advertiu por meio dos profetas. Ainda assim, eles se recusaram a ouvir. Por isso, mais uma vez, permitiste que os povos da terra os dominassem. 31Em tua grande misericórdia, porém, não os destruíste completamente nem os abandonaste para sempre. Que Deus bondoso e compassivo tu és!
A petição de Esdras (vs. 32-37)
Essa graça inesgotável de Deus leva Esdras à petição: pedir a ajuda e a libertação de Deus agora em Jerusalém, quando eles estavam angustiados por causa dos povos ao redor.
32“Agora, nosso Deus, o grande, poderoso e temível Deus, que guardas tua aliança de amor leal, não permitas que te pareçam insignificantes todas as dificuldades que enfrentamos. Grande aflição veio sobre nós e sobre nossos reis, líderes, sacerdotes, profetas e antepassados, sobre todo o teu povo, desde os dias em que os reis da Assíria triunfaram sobre nós até hoje. 33Foste justo todas as vezes que nos castigaste. Agimos perversamente e nos deste apenas o que merecíamos. 34Nossos reis, líderes, sacerdotes e antepassados não obedeceram à tua lei nem deram ouvidos às advertências em teus mandamentos e preceitos. 35Mesmo quando tinham seu próprio reino, não te serviram, apesar de teres derramado tua bondade sobre eles. Deste-lhes uma terra ampla e fértil, mas eles não quiseram servir-te nem abandonar sua perversidade. 36“Por isso, hoje somos escravos na terra de fartura que deste a nossos antepassados para que desfrutassem dela. Somos escravos aqui nesta boa terra. 37A grande produção desta terra se acumula nas mãos dos reis que puseste sobre nós por causa de nossos pecados. Eles têm poder sobre nós e sobre nossos rebanhos. Nós lhes servimos como eles querem e estamos em grande angústia”.
O que nos traz ao clímax deste evento no versículo 38:
O povo respondeu: “Em vista disso tudo [Tudo o quê? Todos aqueles longos séculos da aliança poderosa, maravilhosa, graciosa e amorosa de Deus. Em vista disso tudo…] fazemos uma aliança solene e a registramos por escrito. Neste documento selado estão os nomes de nossos líderes, levitas e sacerdotes”.
RENOVANDO O PACTO DA IGREJA
É assim que chegamos à renovação do nosso Pacto nesta noite. Nós não chegamos em nossa própria força. Nós não somos suficientes em nós mesmos. Não chegamos principalmente por causa da beleza da comunidade da aliança. Chegamos principalmente — como Esdras — porque Deus é um Deus grande, poderoso, gracioso, amoroso, maravilhoso e que cumpre suas alianças, e estamos certos de que ele nos ajudará e que demonstrará seu amor por nós através do Pacto. Ele mesmo começou a boa obra em nós e irá completá-la.
O que estamos fazendo nesta noite, portanto, é declarar que queremos ser igreja uns para os outros, e o que nos motiva é a causa mais ampla da glória de Cristo na igreja, é a missão de ir buscar os perdidos para a glória de Cristo, é fazer discípulos de Cristo, é salgar como sal da terra e brilhar como luz do mundo. Não estamos reivindicando ser a única igreja, nem uma igreja perfeita, nem uma igreja imutável. Mas uma igreja da melhor maneira que entendemos ser igreja — para a glória de Jesus e a nossa alegria nele.
Passemos à leitura do Pacto. Será nossa reafirmação desse Pacto. Você assinará seu nome nele e o guardará como testemunho deste momento. Nós deixaremos o Pacto afixado lá no fundo do templo, bem à saída, para todos verem e sempre nos lembrarmos de que somos uma família, um corpo, um povo pactuado com Cristo e uns com os outros, somos uma igreja, igreja de Jesus Cristo.
S.D.G. L.B.Peixoto
Mais Sermões
26 de março, 2017
8 de setembro, 2019
12 de setembro, 2021
5 de maio, 2019
Mais Séries
Renovando o Pacto da Igreja
Pr. Leandro B. Peixoto