10.01.2021
[Filipenses 4.4] Alegrem-se sempre no Senhor. Repito: alegrem-se!
— Sonhei que a vida era alegria; acordei e descobri que viver é servir; servi e descobri que servir é alegria — escreveu o indiano Rabindranath Tagore (1861–1941), que era poeta, romancista, músico e dramaturgo; alguém de quem se diz que reformulou a literatura e a música bengali no final do século XIX e início do século XX. Tagore era polímata (indivíduo que estuda ou que conhece muitas ciências), ou seja, pode muito bem ter aprendido o que escreveu sobre a alegria de um sábio ainda maior do que ele e, principalmente, inspirado por Deus: o apóstolo Paulo (conforme estudaremos aqui em Filipenses) – servir é alegria.
Estamos todos em busca de alegria. O problema é fazer da alegria um destino, não uma decorrência. Para se ter ideia: o mercado global de mídia e entretenimento vai movimentar US$ 2,23 trilhões em 2021; no Brasil, o setor deverá gerar receita de US$ 43,7 bilhões em 2021, revela estudo da PricewaterhouseCoopers (PwC). Tudo em busca de de diversão, risadas, alegria.
Ora, quem não quer ser feliz?
Todo mundo, de um jeito ou de outro, quer alegria. Mas como obtê-la, como cultivá-la? No que consiste a alegria duradoura?
A carta de Paulo aos filipenses será de grande auxílio para nós neste sentido.
Filipenses, de fato, é uma nota de agradecimento escrita pelo apóstolo aos crentes em Filipos. Eles o haviam socorrido financeiramente em sua hora de maior necessidade. Em tom de agradecimento, portanto, Paulo aproveita a ocasião para enviar algumas instruções sobre a unidade cristã. Seu pensamento central é simples: somente em Cristo são possíveis a verdadeira unidade e a alegria de viver.
Havia dentro da própria igreja uma divisão causada por duas irmãs de muita influência – a Evódia e a Síntique (4.1-3). O conflito tinha potencial para devastar a obra da graça naquela que foi a primeira igreja da Macedônia: a porta de entrada da Europa (do Ocidente) em relação aos visitantes provenientes da Ásia Menor.
Em 356 antes de Cristo, o rei Filipe da Macedônia (pai de Alexandre o Grande) tomou a cidade e a expandiu, rebatizando-a com seu próprio nome. Os romanos a capturaram em 168 antes de Cristo, e em 42 antes de Cristo, a derrota das forças conspiratórias de Marco Júnio Bruto e Caio Cássio pelas de Antônio e Otaviano (mais tarde, Augusto – fundador do Império Romano) ocorreu fora da cidade. Foi Otaviano quem tornou Filipos em uma colônia romana (At 16.12) e um posto militar avançado. Os cidadãos dessa colônia eram considerados cidadãos de Roma e desfrutavam de vários privilégios especiais.
Filipos era essencialmente uma cidade ou base militar, não um centro comercial, logo, não havia judeus o suficiente para a formação de uma sinagoga. Sabemos que na cidade havia apenas um lugar de oração à beira do rio, quando Paulo lá chegou para pregar o evangelho (At 16.13).
O “chamado para a Macedônia” que Paulo recebeu do SENHOR em Trôade, durante sua segunda viagem missionária, direcionou seu ministério para a conversão de Lídia e de outros lá em Filipos. Depois dessa experiência maravilhosa, Paulo e Silas foram espancados e presos, mas esse flagelo resultou na conversão do carcereiro filipense. Os magistrados que agiram imprudentemente com o caso de Paulo foram colocados por eles mesmos em uma posição perigosa – uma vez que açoitaram e prenderam cidadãos romanos sem julgamento justo (At 16.37-40) –, e esse embaraço pode ter evitado represálias futuras contra os novos cristãos na cidade.
Paulo visitou os filipenses novamente em sua terceira viagem missionária (At 20.1, 6). Quando soube da prisão do apóstolo em Roma, a igreja de Filipos enviou Epafrodito com a ajuda financeira (4.18) – eles o ajudaram financeiramente em pelo menos duas outras ocasiões (4.16). Epafrodito quase morreu de uma doença, mas permaneceu com Paulo por tempo suficiente para os filipenses receberem a notícia da enfermidade. Após sua recuperação, Paulo enviou esta carta de volta com Epafrodito para Filipos (2.25-30).
Silas, Timóteo, Lucas e Paulo chegaram pela primeira vez a Filipos no ano 51 depois de Cristo, e onze anos mais tarde, cerca de 61 d.C., Paulo escreveu a carta. Certas referências (“guarda do palácio” ou “guarda pretoriana” em 1.13; e “palácio de César” ou “casa de César” em 4.22) sugerem que foi escrita de Roma, embora alguns estudiosos defendam Cesaréia ou Éfeso. Em todo caso, a vida de Paulo estava em jogo e ele evidentemente aguardava o veredicto da Corte Imperial (2.20-26).
A carta foi escrita para transmitir o amor e a gratidão de Paulo pelos crentes em Filipos e para exortá-los a uma vida de unidade, santidade e alegria no SENHOR Jesus. Fica claro pela leitura da carta que Paulo nutria um relacionamento muito caloroso com a igreja, talvez sua favorita. Eles eram mais sensíveis e receptivos às necessidades financeiras dele do que qualquer outra igreja (Fl 4.15-18 e 2Co 8.11), e – além do momentâneo desentendimento entre os grupos encabeçados pelas irmãs Síntique e Evódia – parecia não haver grandes problemas entre eles na igreja.
Filipenses não foi escrita por causa de qualquer crise gritante, mas para expressar o afeto de Paulo por eles, a gratidão do apóstolo pela oferta generosa deles, o encorajamento cristão para o crescimento espiritual dos irmãos, algumas admoestações contra os falsos ensinos e suas reflexões pessoais sobre a alegria em Cristo em toda e qualquer circunstância.
Ademais, Paulo deu aos filipenses notícias frescas sobre a sua situação na cadeia romana e boas notícias de crescimento do ministério na propagação do evangelho – ainda que estivesse na prisão (1.12-20); também os preparou para a ida de Timóteo e possivelmente dele próprio à igreja (2.19-24). Vê-se ainda (no cap. 3) uma breve advertência à respeito dos perigos gêmeos do legalismo (apego indevido à lei) e do antinomianismo (desprezo completo à lei), mas isso era mais uma medida preventiva do que corretiva (3.1-19). Por outro lado, Paulo reconheceu de imediato o incipiente problema da divisão na igreja de Filipos e procurou corrigi-lo antes que se tornasse grave e tarde demais.
A carta é composta de 4 capítulos e 104 versículos. Pode ser dividida do seguinte modo:
[1] A alegria de Paulo — 1.1-30
[2] O apelo de Paulo — 2.1-30
[3] A advertência de Paulo — 3.1-21
[4] O agradecimento de Paulo — 4.1-23
Caminhemos pela carta em busca de sua mensagem e aplicações.
A alegria de Paulo — 1.1-30
O apostolo começa, como de costume, com saudações:
Filipenses 1.1-2 1Paulo e Timóteo, escravos de Cristo Jesus, escrevemos a todo o povo santo em Cristo Jesus que está em Filipos, incluindo os bispos e diáconos. 2Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz.
A alegria, ação de graças e oração de Paulo
É fácil entrar no momento de oração negligentemente, caindo na cilada das repetições vãs. Às vezes, nós nos debatemos a respeito do que orar ou sobre como formatar nossas orações. A oração de Paulo na seção inicial deste capítulo (1.3-11) é um modelo para nós de uma oração com base bíblica. Leia comigo e observe: a oração deve ser parte do ritmo regular da vida de um cristão; ela se expressa em ação de graças a Deus e em intercessão por outros. Paulo não faz simplesmente pedidos gerais de benção, mas ora especificamente para que Deus opere na vida dos cristãos e os faça crescer em amor, com o objetivo de saberem viver neste mundo. Veja (note no que ele encontrava alegria):
Filipenses 1.3-11 3Todas as vezes que penso em vocês, dou graças a meu Deus. 4Sempre que oro, peço por todos vocês com alegria, 5pois são meus cooperadores na propagação das boas-novas, desde o primeiro dia até agora. 6Tenho certeza de que aquele que começou a boa obra em vocês irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar. 7É apropriado que eu me sinta assim a respeito de vocês, pois os tenho em meu coração. Vocês têm participado comigo da graça, tanto em minha prisão como na defesa e confirmação das boas-novas. 8Deus sabe do meu amor por vocês e da saudade que tenho de todos, com a mesma compaixão de Cristo Jesus. 9Oro para que o amor de vocês transborde cada vez mais e que continuem a crescer em conhecimento e discernimento. 10Quero que compreendam o que é verdadeiramente importante, para que vivam de modo puro e sem culpa até o dia em que Cristo voltar. 11Que vocês sejam sempre cheios do fruto da justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para a glória e o louvor de Deus.
A alegria de Paulo por Cristo ser anunciado
Filipenses 1.12-18 12Quero que saibam, irmãos, que tudo que me aconteceu tem ajudado a propagar as boas-novas. 13Pois todos aqui, incluindo toda a guarda do palácio, sabem que estou preso por causa de Cristo. 14E, por causa de minha prisão, a maioria dos irmãos daqui se tornou mais confiante no Senhor e anuncia a mensagem de Deus com determinação e sem temor.
15É verdade que alguns anunciam a Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade. 16Estes pregam por amor, pois sabem que fui designado para defender as boas-novas. 17Aqueles, no entanto, anunciam a Cristo por ambição egoísta, não com sinceridade, mas com o objetivo de aumentar meu sofrimento enquanto estou preso. 18Mas nada disso importa. Sejam as motivações deles falsas, sejam verdadeiras, a mensagem a respeito de Cristo está sendo anunciada, e isso me alegra…
A vida (e a morte) de Paulo é dedicada a Cristo
Filipenses 1.18-26 18[…] E continuarei a me alegrar, 19pois sei que, com suas orações e o auxílio do Espírito de Jesus Cristo, isso resultará em minha libertação. 20Minha grande expectativa e esperança é que eu jamais seja envergonhado, mas que continue a trabalhar corajosamente, como sempre fiz, de modo que Cristo seja honrado por meu intermédio, quer eu viva, quer eu morra. 21Pois, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. 22Mas, se continuar vivo, posso trabalhar e produzir fruto para Cristo. Na verdade, não sei o que escolher. 23Estou dividido entre os dois desejos: quero partir e estar com Cristo, o que me seria muitíssimo melhor. 24Contudo, por causa de vocês, é mais importante que eu continue a viver. 25Ciente disso, estou certo de que continuarei vivo para ajudar todos vocês a crescer na fé e experimentar a alegria que ela traz. 26E, quando eu voltar, terão ainda mais motivos para se orgulhar em Cristo Jesus pelo que ele tem feito por meu intermédio.
A vida de Paulo como incentivo
Pelo que você vive? A fama do nome de Cristo é mais importante para você do que o conforto e a vida fácil? A vida de Paulo estava tão entranhada em Cristo e no evangelho que ele não queria nada mais do que ver o evangelho progredir, mesmo se isso significasse que outros tentariam aumentar sua aflição.
Quando as circunstâncias da vida ficam difíceis, é fácil focar em si mesmo e buscar minimizar o desconforto fugindo do que se deve fazer. Mas Paulo nos encoraja a permanecermos firmes e a vivermos de um modo que seja digno do evangelho. Veja:
Filipenses 1.27-30 27O mais importante é que vocês vivam em sua comunidade de maneira digna das boas-novas de Cristo. Então, quando eu for vê-los novamente, ou mesmo quando ouvir a seu respeito, saberei que estão firmes e unidos em um só espírito e em um só propósito, lutando juntos pela fé que é proclamada nas boas-novas. 28Não se deixem intimidar por aqueles que se opõem a vocês. Isso é um sinal de Deus de que eles serão destruídos, e vocês serão salvos. 29Pois vocês receberam o privilégio não apenas de crer em Cristo, mas também de sofrer por ele. 30Estamos juntos nesta luta. Vocês viram as dificuldades que enfrentei no passado e sabem que elas ainda não terminaram.
O apelo de Paulo — 2.1-30
Tendo falado de sua alegria, Paulo passa a exortar a igreja à unidade, ao altruísmo e à humildade – ele apela à mente e à atitude de Cristo Jesus. Nisso eles achariam alegria!
O apelo à humildade
Filipenses 2.1-4 1Há alguma motivação por estar em Cristo? Há alguma consolação que vem do amor? Há alguma comunhão no Espírito? Há alguma compaixão e afeição? 2Então completem minha alegria concordando sinceramente uns com os outros, amando-se mutuamente e trabalhando juntos com a mesma forma de pensar e um só propósito. 3Não sejam egoístas, nem tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem os outros mais importantes que vocês. 4Não procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios.
Paulo agora lança mão de alguns exemplos para estimular e nutrir a humildade: Jesus, ele mesmo, Timóteo e Epafrodito. Precisamos de modelos. Veja:
O exemplo de humildade de Cristo
Filipenses 2.5-11 5Tenham a mesma atitude demonstrada por Cristo Jesus. 6Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. 7Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, 8humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso Deus o elevou ao lugar de mais alta honra e lhe deu o nome que está acima de todos os nomes, 10para que, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11e toda língua declare que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus, o Pai.
O exemplo de humildade de Paulo
Filipenses 2.12-18 12Quando eu estava aí, meus amados, vocês sempre seguiam minhas instruções. Agora que estou longe, é ainda mais importante que o façam. Trabalhem com afinco a sua salvação, obedecendo a Deus com reverência e temor. 13Pois Deus está agindo em vocês, dando-lhes o desejo e o poder de realizarem aquilo que é do agrado dele. 14Façam tudo sem queixas nem discussões, 15de modo que ninguém possa acusá-los. Levem uma vida pura e inculpável como filhos de Deus, brilhando como luzes resplandecentes num mundo cheio de gente corrompida e perversa. 16Apeguem-se firmemente à mensagem da vida. Então, no dia em que Cristo voltar, me orgulharei de saber que não participei da corrida em vão e que não trabalhei inutilmente. 17Contudo, me alegrarei mesmo se perder a vida, entregando-a a Deus como oferta derramada, da mesma forma que o serviço fiel de vocês é uma oferta a Deus. E quero que todos vocês participem dessa alegria. 18Sim, alegrem-se, e eu me alegrarei com vocês.
O exemplo de humildade de Timóteo
Filipenses 2.19-24 19Se for da vontade do Senhor Jesus, espero enviar-lhes Timóteo em breve para visitá-los. Assim ele poderá me animar, contando-me notícias de vocês. 20Não tenho ninguém que se preocupe sinceramente com o bem-estar de vocês como Timóteo. 21Todos os outros se preocupam apenas consigo mesmos, e não com o que é importante para Jesus Cristo. 22Mas vocês sabem que Timóteo provou seu valor. Como um filho junto ao pai, ele tem servido ao meu lado na proclamação das boas-novas. 23Espero enviá-lo assim que souber o que me acontecerá aqui. 24E tenho confiança no Senhor de que, em breve, eu mesmo irei vê-los.
O exemplo de humildade de Epafrodito
Filipenses 2.25-30 25Enquanto isso, penso que devo enviar-lhes de volta Epafrodito. Ele é um verdadeiro irmão, colaborador e companheiro de lutas, que também foi mensageiro de vocês para me ajudar em minha necessidade. 26Ele deseja muito vê-los e está angustiado porque vocês souberam que ele esteve doente. 27De fato, ficou enfermo e quase morreu. Mas Deus teve misericórdia dele, e também de mim, para que eu não tivesse uma tristeza atrás da outra. 28Por isso, estou ainda mais ansioso para enviá-lo de volta, pois sei que vocês se alegrarão em vê-lo, e eu não ficarei tão preocupado com vocês. 29Recebam-no com grande alegria no Senhor e deem-lhe a honra que ele merece, 30pois arriscou a vida pela obra de Cristo e esteve a ponto de morrer enquanto fazia por mim o que vocês mesmos não podiam fazer.
Cristo quer nosso “tudo”. Ele mesmo nos deu a própria vida. E na mesma esteira nós temos os exemplos de Paulo, Timóteo e Epafrodito. O tipo de vida exibido por Cristo e seus discípulos nas Escrituras deve ser nosso modelo. É dessa vida piedosa, centrada em Cristo e para o bem do outro, que nascerá a alegria.
TAREFA: Pense no modo como Cristo (2.5-16), Paulo (2.17-18), Timóteo (2.19-24) e Epafrodito (2.25-30) se entregaram em altruísmo e humildade. Seja seus imitadores.
A advertência de Paulo — 3.1-21
Paulo fará advertências contra dois tipos comuns de falsos ensinos: um que encoraja a confiança ou a fé em aceitação pelas obras (legalismo), e outro que encoraja o mundanismo em nome da graça (antinomianismo). Na tarefa de advertir, o apóstolo se oferece como exemplo da necessidade de se abandonar a justiça própria e de se buscar a que procede de Deus somente pela fé.
Paulo não confiou na carne
Filipenses 3.1-9 1Por fim, meus irmãos, alegrem-se no Senhor. Nunca me canso de dizer-lhes estas coisas, e o faço para protegê-los. 2Cuidado com os cães, aqueles que praticam o mal, os mutiladores que exigem a circuncisão. 3Pois nós, que adoramos por meio do Espírito de Deus, somos os verdadeiros circuncidados. Alegramo-nos no que Cristo Jesus fez por nós. Não colocamos nenhuma confiança nos esforços humanos, 4ainda que, se outros pensam ter motivos para confiar nos próprios esforços, eu teria ainda mais! 5Fui circuncidado com oito dias de vida. Sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, um verdadeiro hebreu. Era membro dos fariseus, extremamente obediente à lei judaica. 6Era tão zeloso que persegui a igreja. E, quanto à justiça, cumpria a lei com todo rigor. 7Pensava que essas coisas eram valiosas, mas agora as considero insignificantes por causa de Cristo. 8Sim, todas as outras coisas são insignificantes comparadas ao ganho inestimável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, deixei de lado todas as coisas e as considero menos que lixo, a fim de poder ganhar a Cristo 9e nele ser encontrado. Não conto mais com minha própria justiça, que vem da obediência à lei, mas sim com a justiça que vem pela fé em Cristo, pois é com base na fé que Deus nos declara justos.
Paulo se propôs a buscar a mente de Cristo
Filipenses 3.10-16 10Quero conhecer a Cristo e experimentar o grande poder que o ressuscitou. Quero sofrer com ele, participando de sua morte, 11para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dos mortos! 12Não estou dizendo que já obtive tudo isso, que já alcancei a perfeição. Mas prossigo a fim de conquistar essa perfeição para a qual Cristo Jesus me conquistou. 13Não, irmãos, não a alcancei, mas concentro todos os meus esforços nisto: esquecendo-me do passado e olhando para o que está adiante, 14prossigo para o final da corrida, a fim de receber o prêmio celestial para o qual Deus nos chama em Cristo Jesus. 15Todos nós que alcançamos a maturidade devemos concordar quanto a essas coisas. Se discordam em algum ponto, confio que Deus o esclarecerá para vocês. 16Contudo, devemos prosseguir de maneira coerente com o que já alcançamos.
Paulo se colocou como exemplo
Filipenses 3.17-20 17Irmãos, sejam meus imitadores e aprendam com aqueles que seguem nosso exemplo. 18Pois, como lhes disse muitas vezes, e o digo novamente com lágrimas nos olhos, há muitos cuja conduta mostra que são, na verdade, inimigos da cruz de Cristo. 19Estão rumando para a destruição. O deus deles é seu próprio apetite. Vangloriam-se de coisas vergonhosas e pensam apenas na vida terrena. 20Nossa cidadania, no entanto, vem do céu, e de lá aguardamos ansiosamente a volta do Salvador, o Senhor Jesus Cristo. 21Ele tomará nosso frágil corpo mortal e o transformará num corpo glorioso como o dele, usando o mesmo poder com o qual submeterá todas as coisas a seu domínio.
Paulo lembra aos crentes de que nossa pátria está nos céus, onde está Jesus Cristo e para onde devemos olhar. Ele nos da conta de que, quando Jesus Cristo voltar, os cristãos serão transformados em corpos glorificados. Isso acontecerá em um instante.
PENSE: se ver Cristo fisicamente nos transformará em um instante, então podemos admitir que ver Cristo espiritualmente agora nos transforma progressivamente. Essa é a santificação progressiva.
ENTÃO: como você busca contemplar diariamente a Cristo e guiar outros a fazer o mesmo?
O agradecimento de Paulo — 4.1-23
Neste último capítulo, caminhando para fazer os agradecimentos finais – cumprindo o propósito inicial da carta –, Paulo trança suas palavras com algumas exortações em apelo à unidade, e explicações de como ter paz com Deus e alegria em toda e qualquer circunstância. Veja:
Vivendo em paz com os irmãos
Filipenses 4.1-3 1Portanto, meus amados irmãos, permaneçam firmes no Senhor. Amo vocês e anseio vê-los, pois são minha alegria e minha coroa de recompensa. 2Agora, suplico a Evódia e a Síntique: tendo em vista que estão no Senhor, resolvam seu desentendimento. 3E peço a você, meu fiel colaborador [um tal Sízigo?], que ajude essas duas mulheres, pois elas trabalharam arduamente comigo na propagação das boas-novas, e também com Clemente e com meus outros colaboradores, cujos nomes estão escritos no livro da vida.
Obtendo a paz de Deus
Filipenses 4.4-9 4Alegrem-se sempre no Senhor. Repito: alegrem-se! 5Que todos vejam que vocês são amáveis em tudo que fazem. Lembrem-se de que o Senhor virá em breve. 6Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. 7Então vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo entendimento e que guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus. 8Por fim, irmãos, quero lhes dizer só mais uma coisa. Concentrem-se em tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é correto, tudo que é puro, tudo que é amável e tudo que é admirável. Pensem no que é excelente e digno de louvor. 9Continuem a praticar tudo que aprenderam e receberam de mim, tudo que ouviram de mim e me viram fazer. Então o Deus da paz estará com vocês.
A glória de Deus e a nossa paz no contentamento
Filipenses 4.10-20 10Como eu me alegro no Senhor por vocês terem voltado a se preocupar comigo! Sei que sempre se preocuparam comigo, mas não tinham oportunidade de me ajudar. 11Não digo isso por estar necessitado, pois aprendi a ficar satisfeito com o que tenho. 12Sei viver na necessidade e também na fartura. Aprendi o segredo de viver em qualquer situação, de estômago cheio ou vazio, com pouco ou muito. 13Posso todas as coisas por meio de Cristo, que me dá forças. 14Mesmo assim, vocês fizeram bem em me ajudar na dificuldade pela qual estou passando. 15Como sabem, filipenses, vocês foram os únicos que me ajudaram financeiramente quando lhes anunciei as boas-novas pela primeira vez e depois segui viagem saindo da Macedônia. Nenhuma outra igreja o fez. 16Até quando eu estava em Tessalônica, vocês enviaram ajuda em mais de uma ocasião. 17Não digo isso porque quero receber uma oferta de vocês. Pelo contrário, desejo que sejam recompensados por sua bondade. 18No momento, tenho tudo de que preciso, e mais. Minhas necessidades foram plenamente supridas pelas contribuições que vocês enviaram por Epafrodito. Elas são um sacrifício de aroma suave, uma oferta aceitável e agradável a Deus. 19 E esse mesmo Deus que cuida de mim lhes suprirá todas as necessidades por meio das riquezas gloriosas que nos foram dadas em Cristo Jesus. 20Agora, toda a glória seja a Deus, nosso Pai, para todo o sempre! Amém.
Saudações finais
Filipenses 4.21-23 21Transmitam minhas saudações a cada um do povo santo em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo também mandam lembranças. 22Todo o povo santo daqui lhes envia saudações, especialmente os que pertencem à casa de César. 23Que a graça do Senhor Jesus Cristo seja com o espírito de vocês.
Reflita e responda para si mesmo:
— Como você encara as circunstâncias adversas?
— Como você lida com os problemas com as pessoas?
— Como você procura viver diante de Deus?
— Como você enfrenta as preocupações?
Veja, todas essas coisas têm o potencial de roubar sua alegria; e Paulo lida com todas elas nesta carta. Capítulo 1: os cravos das circunstâncias adversas. Capítulo 2: a paulada dos problemas com as pessoas. Capítulo 3: o risco da religião centrada no homem. Capítulo 4: o veneno da ansiedade.
Como você lida com isso tudo?
A oração a Deus é sua primeira ou última opção?
Paulo nos encoraja a lançar todas as coisas que nos causam ansiedade sobre o Senhor em oração. A busca pelo contentamento que traz alegria é uma batalha incessante. É fácil pensar que o alcançaremos se tão somente nossas circunstâncias mudarem ou as pessoas melhorarem ou nós mesmos agirmos assim e assado ou os problemas simplesmente desaparecerem. Todavia, Paulo afirma que precisou aprender o contentamento, mesmo quando tinha prosperidade.
Jesus Cristo é o prêmio do crente. Nada – quer pobreza, quer prosperidade – se compara a conhecer e ter Cristo. Ele é a nossa alegria: em toda e qualquer circunstância. Embora haja uma pequena quantidade de ensino doutrinário, Filipenses está centrada na pessoa e no poder de Cristo, e talvez a passagem cristológica mais importante nas Epístolas Paulinas seja o capítulo 2, versículos 5-11. Foi escrito para ilustrar a humildade como um meio prático de unidade entre os crentes, mas é na verdade um dos textos mais elevados das Escrituras. Condensados nesses sete versículos estão zipados insights profundos sobre a preexistência, encarnação, humilhação e exaltação de Jesus – que é a alegria dos homens.
Jesus, Alegria dos Homens
J. S. Bach
É Jesus minha alegria
Meu prazer, consolo e paz
Ele as dores alivia
E minh’alma satisfaz.
É Jesus meu sol fulgente
Meu tesouro permanente
Eu, por isso O seguirei
E, jamais o deixarei.
É Jesus sua alegria?
S.D.G. L.B.Peixoto
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