07.02.2021
[Tito 2.11-14] 11Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação. 12Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção, 13enquanto aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. 14Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pecado, para nos purificar e fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas obras.
É palpável o quanto o cristianismo, o cristianismo evangélico mesmo, produz tão pouco impacto na sociedade contemporânea. A rasura doutrinária e espiritual das pessoas (para não mencionarmos as heresias e os desvios teológicos), os escândalos de todos os tipos e a atuação quase nula dos cristãos (individualmente como sal da terra e luz do mundo) para o bem comum na sociedade é de deixar angustiados os crentes mais dedicados.
Quem conhece o Novo Testamento com maiores detalhes e já leu algo da história da igreja e do impacto dela em seus melhores momentos no mundo certamente que se sente exilado da igreja nesta época, sente-se como um peixe fora d’água, chega a sentir nostalgia – melancolia de tanta saudade da verdadeira igreja e dos crentes de verdade.
A razão para tanto, da perspectiva humana, não é outra senão que se perdeu a noção do significado de se ser discípulo de Jesus Cristo – e, portanto, não se vive ou se pratica o discipulado nos moldes neotestamentários. Veja, não é que não se fala a respeito de “discípulo” ou de “discipulado” ou sobre “discipular” nas igrejas, mas que esses termos perderam por completo os conteúdos de seu significado na prática.
Sem discípulos de Cristo e sem discipulado cristão, igrejas inteiras, quando não se desmantelam, perdem totalmente o poder de impactar e de transformar para a glória de Deus – deixam de ser sal da terra e luz do mundo. Richard J. Foster, no clássico cristão que escreveu – Celebração da Disciplina – fez um apontamento que é cirúrgico:
Onde estão hoje as pessoas que responderão ao chamado de Cristo? Tornamo-nos tão acostumados à “graça barata” que instintivamente nos esquivamos dos apelos mais exigentes à obediência? “Graça barata é graça sem discipulado, graça sem a cruz.”
Sem discipulado nós caímos na graça barata. Mas quem é o discípulo, o que é o discipulado, como discipular? Mark Dever – em Discipulado: como ajudar pessoas a seguir Jesus – definiu do seguinte modo o significado de discipular e de discipulado, e colocou na perspectiva neotestamentária o significado de discípulo na vida cristã:
Essa é a definição de discipular neste livro: ajudar outras pessoas a seguir Jesus. Podemos vê-la no subtítulo. Outra definição possível seria: discipular é exercer uma boa influência espiritual sobre alguém, de modo deliberado, de forma que essa pessoa se torne mais parecida com Cristo. Discipulado é o termo que uso para designar o ato de seguirmos a Cristo. Discipular faz parte disso e significa ajudar alguém mais a seguir Jesus. A vida cristã é uma vida discipulada e uma vida que discipula. Sim, o cristianismo envolve escolher a via menos percorrida e ouvir um tambor diferente.
Vivido assim dessa maneira, nosso cristianismo faria toda a diferença. Procura-se discípulos, portanto: gente que segue Jesus e ajuda outras pessoas a fazer o mesmo, gente discipulada e que discipula para que todos nos tornemos parecidos com Cristo.
A carta a Tito, como escreveu John MacArthur Jr., é bem parecida com a primeira carta que Paulo escreveu a Timóteo, e foi escrita com o mesmo propósito: encorajar e fortalecer um jovem pastor que o apóstolo mesmo discipulou, em quem Paulo tinha total confiança, e pelo qual também nutria grande amor como um pai espiritual.
Paulo estava passando o bastão àqueles pastores que estavam ministrando em situações difíceis. 1Timóteo foi escrita para que Timóteo soubesse como advertir e formar a liderança da igreja em Éfeso de modo que soubessem como proceder no mundo – uma vez que ela é a igreja do Deus vivo, coluna e alicerce da verdade (1Tm 1.3; 3.14-15). A carta a Tito foi escrita com propósito semelhante: preparar a igreja para testemunhar de forma mais eficaz para os descrentes em Creta. Dito de outro modo: Paulo desejava com esta carta preparar Tito para que ele preparasse presbíteros e igrejas em cada cidade com vistas a que as igrejas se tornassem agências discipuladoras eficazes (Tt 1.5).
Paulo escreveu aconselhando o seu discípulo Tito a que nomeasse presbíteros, homens de caráter espiritual comprovado em casa e nos negócios, para supervisionarem, presidirem e pastorearem a igreja em sua obra discipuladora. Mas os presbíteros não são as únicas pessoas na igreja que devem se destacar espiritualmente como discípulos e na prática do discipulado. Homens e mulheres, jovens e velhos, cada um tem suas funções vitais a cumprir na igreja e através dela, se quiserem ser exemplos vivos da doutrina que professam aos olhos do mundo. Desse modo, ao longo da epístola, Paulo enfatizou a necessidade de se praticar a salvação na vida diária tanto por parte dos pastores, diáconos e líderes quanto da congregação.
Com efeito, Paulo desejava que a vida do discípulo e a prática do discipulado, que são para ser vividos e praticados no contexto de uma igreja local, não parassem, mas prosseguissem. Mark Dever captou muito bem essa finalidade quando escreveu:
Talvez você tenha pensado que precisa ser discipulado antes de poder discipular. Com certeza, é crucial ser um discípulo. No entanto, Jesus deu a você a ordem de fazer discípulos. E parte de ser um discípulo, na verdade, é discipular. Parte do processo de crescimento em maturidade é ajudar o próximo a crescer em maturidade. Deus quer que você esteja na igreja não apenas para suprir suas necessidades, mas também para ser preparado e estimulado a cuidar de outras pessoas.
PAULO ESCREVEU tanto 1Timóteo quanto Tito após a libertação de sua prisão em Roma (At 28). Incansável que era, o apóstolo não se deixou intimidar nem parou de aplicar seus esforços missionários, o que adiante resultou em sua segunda prisão em Roma (quando ele, preso e aguardando o momento de ser executado com a pena de morte, escreveu 2Timóteo). Infelizmente, a ordem dos eventos após a soltura da primeira prisão só pode ser reconstruída a partir de pistas, posto que não há história posterior registrada que faça paralelo com Atos (até a primeira prisão em Roma) para narrar os últimos anos do apóstolo. A seguinte reconstrução, portanto, é apenas conjectura:
Como previsto por ele mesmo (Fl 1.19, 25-26; 2.24), Paulo foi libertado de sua primeira prisão romana. É possível que seus acusadores judeus tenham desistido de comparecer para sustentar acusações contra ele em seu julgamento perante César.
Posto em liberdade e em cumprimento à sua promessa aos filipenses (Fl 2.19-23), Paulo enviou Timóteo a Filipos para relatar-lhes as boas novas, ao tempo em que Paulo mesmo foi para Éfeso (apesar de ter uma vez pensado que não os veria novamente, em Atos 20.38), e depois foi para outras igrejas asiáticas como a de Colossos (Fm 22).
Quando Timóteo se juntou a ele em Éfeso, Paulo instruiu seu cooperador a “permanecer em Éfeso” (1Tm 1.3) enquanto ele viajava para a Macedônia. Quando percebeu que poderia demorar na Macedônia, Paulo escreveu Primeira a Timóteo, talvez de Filipos (1Tm 3.14-15).
Da Macedônia, o apóstolo viajou para a ilha de Creta. Após um período de trabalho na ilha, Paulo deixou Tito para continuar a obra de ambos naquele local tão devasso e, portanto, carente de igrejas discipuladoras (Tt 1.5).
De Creta, seguiu para Corinto. De Corinto, Paulo decidiu escrever a carta a Tito, uma vez que Zenas e Apolo fariam uma viagem com escala em Creta (Tt 3.13) – e desse modo os dois entregariam a carta a Tito, na qual instruía Tito a se juntar a ele em Nicópolis após a chegada de seu substituto à Creta: Ártemis ou Tíquico (Tt 3.12).
Se Paulo foi para a Espanha como havia planejado (Rm 15.24 e 28), ele provavelmente partiu com Tito para aquela província do Ocidente após o inverno em Nicópolis (Tt 3.13). A tradição da igreja primitiva afirma que Paulo foi sim para a Espanha. Por exemplo: antes do final do século I, Clemente de Roma testemunhou que Paulo “atingiu os limites do Ocidente” (1Clemente 5.7). Como estava escrevendo de Roma, Clemente evidentemente tinha a Espanha em mente. Paulo deve ter estado na Espanha de 64 a 66 depois de Cristo. Da Espanha, Paulo voltou para a Grécia e a Ásia Menor – Corinto, Mileto e Trôade (2Tm 4.13 e 20), e pode ter sido preso em Trôade, onde deixou seus valiosos livros e pergaminhos (2Tm 4.13 e 15).
Agora que o cristianismo havia se tornado uma religião ilegal no Império (uma vez que o incêndio de Roma que foi jogado na conta dos cristãos ocorreu em 64 d.C.), os inimigos covardes de Paulo acharam oportunidade de acusá-lo com sucesso.
O apóstolo foi preso em 67 d.C. e escreveu Segundo a Timóteo de sua cela romana após sua primeira defesa perante a Corte Imperial (2Tm 1.8-17; 2.9; 4.16-17). Paulo não tinha esperança de ser libertado e esperava ser executado (2Tm 4.6-8 e 18). Ele pediu a Timóteo que fosse ao seu encontro em Roma antes que chegasse o dia da sentença (2Tm 4.9 e 21); e, de acordo com a tradição, o apóstolo foi decapitado a oeste de Roma na Via Óstia.
A ILHA MEDITERRÂNEA DE CRETA tem aproximadamente 412 km de comprimento e 48 km de largura, e seus habitantes do primeiro século eram famosos por suas mentiras, imoralidades, violência, glutonaria e preguiça (Tt 1.12-13). “Agir como o cretense” – “cretinense” – tornou-se uma expressão idiomática que significava “bancar o mentiroso, o imoral, o mal caráter”.
A OBRA CRISTÃ NA ILHA deve ter tido início pelo seguinte: vários judeus de Creta estavam presentes em Jerusalém na ocasião do sermão de Pedro no Dia de Pentecostes (At 2.11), e alguns deles devem ter crido em Cristo e levado o evangelho com eles a seus compatriotas na ilha. Certamente que Paulo não teria tido tempo hábil de fazer algum trabalho evangelístico durante sua breve estadia em Creta enquanto estava a caminho de Roma (At 27.7-13). O apóstolo deve ter contribuído para espalhar o evangelho nas cidades de Creta após sua libertação da primeira prisão romana (At 28), e depois deixou Tito lá para terminar de organizar as igrejas (Tt 1.5).
Por causa do problema da imoralidade entre os cretenses, era importante para Tito enfatizar a necessidade da retidão na vida cristã. Falsos mestres, especialmente os “que insistem na necessidade da circuncisão” (Tt 1.10), também eram enganosos e divisivos.
RECAPITULANDO: Paulo escreveu esta carta aproximadamente em 63 d.C., talvez de Corinto, aproveitando a viagem de Zenas e Apolo (Tt 3.13), cujo destino os faria passar por Creta. Paulo estava planejando passar o inverno em Nicópolis (à oeste da Grécia), e pediu a Tito nesta carta que se juntasse a ele quando fosse substituído por Ártemis ou Tíquico (Tt 3.12). Paulo estaria planejando deixar Nicópolis para ir à Espanha na primavera, e ele queria que seu útil colaborador Tito o acompanhasse.
Já vimos que Tito e Primeira a Timóteo são semelhantes em data, circunstâncias e propósitos. Ambas dão instruções sobre as qualificações para a liderança, como lidar com o ensino falso e a necessidade de doutrina e comportamento corretos para que a igreja desempenhe seu papel no mundo. As duas contêm encorajamento e exortação aos cooperadores de Paulo, mas Tito é mais breve, mais oficial ou formal e menos pessoal do que Primeira a Timóteo.
A situação em Éfeso exigia uma ênfase mais forte na sã doutrina (ortodoxia), enquanto a de Creta exigia mais concentração na conduta cristã (ortopraxia). Mesmo assim, Tito oferece três excelentes resumos da teologia cristã (eleição: 1.1-4; salvação: 2.11-14; e justificação: 3.4-7), e os dois últimos estão entre os mais sublimes retratos da graça de Deus na salvação e justificação do pecador em todo o Novo Testamento.
Não muito depois da partida de Paulo de Creta, ele escreveu esta carta para encorajar e ajudar Tito em sua tarefa. Ele enfatiza a sã doutrina e adverte contra aqueles que distorcem a verdade, mas também apresenta um manual de conduta que enfatiza as boas obras e a conduta adequada de vários grupos de pessoas que compõem a igreja. Paulo estava ensinando Tito a edificar líderes e igrejas discipuladores. Desse modo, aprenderemos com Paulo sobre os essenciais para o discipulado cristão:
[1] O discipulado acontece no contexto da igreja local (cap. 1)
[2] O discipulado aplica a sã doutrina à vida (cap. 2)
[3] O discipulado atinge a sociedade ao redor (cap. 3)
A evangelização e o discipulado cristão são para acontecer no contexto de igrejas locais. Essas igrejas, por sua vez, devem ser calcadas na palavra de Deus (1.1-4), cuidadas por líderes saudáveis (1.5-9) e combatentes das falsas doutrinas (1.10-16).
O alicerce da igreja é a palavra de Deus (1.1-4)
A saudação a Tito é na verdade uma declaração doutrinária compacta (a primeira desta carta), que exalta “a sua palavra [de Deus]” como a fonte da verdade que revela o caminho para a vida eterna (começando na soberana eleição de Deus):
Tito 1.1-4 1Eu, Paulo, escravo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, escrevo esta carta. Fui enviado para fortalecer a fé daqueles que Deus escolheu e para ensinar-lhes a verdade que mostra como viver uma vida de devoção. 2Essa verdade lhes dá a esperança da vida eterna que Deus, aquele que não mente, prometeu antes dos tempos eternos. 3E agora, no devido tempo, ele revelou essa mensagem [gr.: logos], que anunciamos a todos. Por ordem de Deus, nosso Salvador, fui encarregado de realizar esse trabalho em favor dele. 4Escrevo a Tito, meu verdadeiro filho na fé que compartilhamos. Que Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Salvador, lhe deem graça e paz.
A igreja é pastoreada por líderes saudáveis (1.5-9)
Paulo lembra a Tito sua responsabilidade de organizar as igrejas nas cidades de Creta, nomeando presbíteros (também chamados de bispos em 1.7) e lista as qualificações que esses líderes espirituais devem cumprir (cabendo à igreja discernir se há):
Tito 1.5-9 [o apontamento:] 5Deixei-o na ilha de Creta para que você completasse o trabalho e nomeasse presbíteros em cada cidade, conforme o instruí. [a avaliação:] 6O presbítero deve ter uma vida irrepreensível. Deve ser marido de uma só mulher, e seus filhos devem partilhar de sua fé e não ter fama de devassos nem rebeldes. 7O bispo administra a casa de Deus e, portanto, deve ter uma vida irrepreensível. Não deve ser arrogante nem briguento, não deve beber vinho em excesso, nem ser violento, nem buscar lucro desonesto. 8Em vez disso, deve ser hospitaleiro e amar o bem. Deve viver sabiamente, ser justo e ter uma vida de devoção e disciplina. 9Deve estar plenamente convicto da mensagem fiel que lhe foi ensinada, de modo que possa encorajar outros com o verdadeiro ensino e mostrar aos que se opõem onde estão errados.
A igreja é combatente das falsas doutrinas (1.10-16)
As qualificações para os presbíteros, bispos ou pastores são especialmente importantes em vista das perturbações que sempre são causadas por falsos mestres que vira e mexe estão incomodando os crentes e as igrejas com seus mitos e falsos ensinos. A tendência natural para a frouxidão moral entre os cretenses (não diferente das pessoas de nossa geração), associada a esse tipo de engano doutrinário, era uma força perigosa que deveria ser confrontada por uma liderança piedosa, corajosa e calcada na sã doutrina:
Tito 1.10-16 10Pois há muitos rebeldes que promovem conversas inúteis e enganam as pessoas. Refiro-me especialmente àqueles que insistem na necessidade da circuncisão. 11É preciso fazê-los calar, pois, com seus ensinamentos falsos, têm desviado famílias inteiras da verdade. Sua motivação é obter lucro desonesto. 12Até mesmo um deles, um profeta nascido em Creta, disse: “Os cretenses são mentirosos, animais cruéis e comilões preguiçosos”. 13Isso é verdade. Portanto, repreenda-os severamente, a fim de fortalecê-los na fé. 14É preciso que deixem de dar ouvidos a mitos judaicos e às ordens daqueles que se desviaram da verdade. 15Para os que são puros, tudo é puro. Mas, para os corruptos e descrentes, nada é puro, pois têm a mente e a consciência corrompidas. 16Afirmam que conhecem a Deus, mas o negam por seu modo de viver. São detestáveis e desobedientes, e não servem para fazer nada de bom.
RECAPITULANDO: o discipulado acontece no contexto da igreja local. Essa igreja, por sua vez, deve ser calcada na palavra de Deus (1.1-4), cuidada por líderes saudáveis (1.5-9) e combatente das falsas doutrinas (1.10-16).
A igreja saudável, pastoreada por líderes saudáveis, ouvirá do dever que todos os crentes têm de viver com sabedoria, domínio próprio e piedade mediante a fé no Cristo crucificado, o qual está prestes a voltar para buscar a sua igreja.
A incumbência da igreja
Primeiro, Tito recebe uma incumbência – é a incumbência de todo crente, igreja e pastor:
Tito 2.1 Mas, quanto a você, que suas palavras reflitam o ensino verdadeiro.
O discipulado na prática
Homens mais velhos
Tito 2.2 Os homens mais velhos devem exercitar o autocontrole, a fim de que sejam dignos de respeito e vivam com sabedoria. Devem ter uma fé sólida e ser cheios de amor e paciência.
Mulheres mais velhas
Tito 2.3-4 3Semelhantemente, as mulheres mais velhas devem viver de modo digno. Não devem ser caluniadoras, nem beber vinho em excesso; antes, devem ensinar o que é bom. 4Devem instruir as mulheres mais jovens […]
Mulheres mais jovens
Tito 2.4-5 4Devem instruir as mulheres mais jovens a amar o marido e os filhos, 5a viver com sabedoria e pureza, a trabalhar no lar, a fazer o bem e a ser submissas ao marido. Assim, não envergonharão a palavra de Deus.
Homens mais jovens
Tito 2.6-8 6Da mesma forma, incentive os homens mais jovens a viver com sabedoria. 7Você mesmo deve ser exemplo da prática de boas obras. Tudo que fizer deve refletir a integridade e a seriedade de seu ensino. 8Sua mensagem deve ser tão correta a ponto de ninguém a criticar. Então os que se opõem a nós ficarão envergonhados e nada terão de ruim para dizer a nosso respeito.
Os servos
Tito 2.9-10 9Quanto aos escravos, devem sempre obedecer a seu senhor e fazer todo o possível para agradá-lo. Não devem ser respondões, 10nem roubar, mas devem mostrar-se bons e inteiramente dignos de confiança. Assim, tornarão atraente em todos os sentidos o ensino a respeito de Deus, nosso Salvador.
O fundamento teórico do discipulado
A segunda declaração doutrinária de Paulo a Tito (2.11-15) dá a base para as exortações que o apóstolo acabou de fazer aos vários grupos de pessoas na igreja. Deus, em sua graça, justifica e redime os crentes de serem escravos do pecado, assegurando-lhes a “bendita esperança” da vinda de Cristo como fonte da fé que vence o pecado. Desse modo, Paulo nos apresenta o fundamento teórico do discipulado cristão. Veja:
[1] A iniciativa da graça soberana de Deus
Tito 2.11 Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação.
[2] Os efeitos da graça na vida dos crentes em Deus
Tito 2.12 Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção,
[3] A fé na graça futura de Deus
Tito 2.13 enquanto aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.
[4] A obra da graça de Deus
Tito 2.14 Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pecado, para nos purificar e fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas obras.
[5] A disciplina da graça de Deus
Tito 2.15 Ensine essas coisas e encoraje os irmãos a praticá-las. Corrija-os com autoridade. Não deixe que ignorem o que você diz.
O discipulado aplica a sã doutrina à vida. Desse modo, a igreja tem a incumbência de, em palavras e posturas, refletir o ensino da verdade que se aplica a todo mundo de igual modo e se fundamenta no evangelho da glória e da graça de Deus.
A conduta piedosa (2.1-10) – a aplicação da doutrina na prática de vida dos crentes –, a mesma que é fundamentada no evangelho (2.11-16), deve atingir a sociedade ao redor com o fim de que todos testemunhem do evangelho e de seus efeitos práticos – tudo muito bem fundamentado no amor, na bondade e na misericórdia de Deus (a terceira afirmação doutrinária de Paulo a Tito, cf. 3.3-7):
O discípulo na sociedade secular
Tito 3.1-7 1Lembre a todos que se sujeitem ao governo e às autoridades. Devem ser obedientes e sempre prontos a fazer o que é bom. 2Não devem caluniar ninguém, mas evitar brigas. Que sejam amáveis e mostrem a todos verdadeira humildade. Tito 3Em outros tempos, também éramos insensatos e desobedientes. Vivíamos no engano e nos tornamos escravos de muitas paixões e prazeres. Éramos cheios de maldade e inveja e odiávamos uns aos outros. 4Mas, Quando Deus, nosso Salvador, revelou sua bondade e seu amor, 5ele nos salvou não porque tivéssemos feito algo justo, mas por causa de sua misericórdia. Ele nos lavou para remover nossos pecados, nos fez nascer de novo e nos deu nova vida por meio do Espírito Santo. 6Generosamente, derramou o Espírito sobre nós por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador. 7Por causa de sua graça, nos declarou justos e nos deu a esperança de que herdaremos a vida eterna. 8Essa é uma afirmação digna de confiança, e quero que você insista nesses ensinamentos, para que todos os que creem em Deus se dediquem a fazer o bem. São ensinamentos bons e benéficos para todos.
O discípulo na comunidade de fé
Tito 3.9-11 9Não se envolva em discussões tolas sobre genealogias intermináveis, nem em disputas e brigas sobre a obediência às leis judaicas. Essas coisas são inúteis, e perda de tempo. 10Se alguém tem causado divisões entre vocês, advirta-o uma primeira e uma segunda vez. Depois disso, não se relacione mais com ele. 11Tais indivíduos se desviaram da verdade e condenaram a si mesmos com seus pecados.
O discípulo e a sua vocação
Tito 3.12-14 12Planejo enviar-lhe Ártemas ou Tíquico. Assim que um deles chegar, procure ir ao meu encontro em Nicópolis, pois decidi passar o inverno ali. 13Faça todo o possível para ajudar Zenas, o advogado, e Apolo na viagem deles. Providencie que tenham tudo de que precisam. 14Nosso povo deve aprender a fazer o bem ao suprir as necessidades urgentes de outros; assim, ninguém será improdutivo.
Saudações e bênção final
Tito 3.15 Todos aqui mandam lembranças. Por favor, envie minhas saudações a todos que nos amam na fé. Que a graça de Deus esteja com todos vocês.
Concluiremos com três aplicações:
1. Essa carta é de fato um pequeno manual sobre como o cristianismo vivido na igreja nos transforma e deve impactar a sociedade – um manual para o discipulado no contexto da igreja local (cap. 1), com o propósito de atingir e transformar todo mundo – homens e mulheres, dos mais novos aos mais velhos (cap. 2) – e de um modo que a sociedade ao redor prove e veja a transformação dos crentes e se sinta impelida a se render ao evangelho de Cristo (cap. 3).
E aqui está a nossa primeira aplicação: você precisa plantar sua vida em uma igreja local – uma igreja calcada na palavra de Deus, pastoreada por líderes saudáveis, que aplica a sã doutrina à vida no contexto do discipulado (do púlpito aos relacionamentos discipuladores) e que se importa em atingir a sociedade com o evangelho tanto em palavras com em posturas.
Mark Dever:
O cristianismo (a religião da Bíblia) não é para o durão e autossuficiente, que não precisa de mais ninguém; é uma religião para os discípulos de Cristo, seguidores que guiam outras pessoas a também fazer discípulos [no contexto da igreja local].
2. Pelo menos três vezes Paulo se volta à descrição do que Deus, em Cristo e pela Palavra, fez pelos crentes. Há repetidas referências a tais doutrinas fundamentais da fé – eleição: 1.1-4; salvação: 2.11-14; e justificação: 3.4-7, e outras como revelação, graça, redenção, misericórdia, Espírito Santo e a segunda vinda de Cristo.
E aqui está a nossa segunda aplicação: toda salvação e transformação genuínas se fundamentam em doutrina sólida e são promovidas pela ação do Espírito Santo – desse modo, discipulado que não seja aplicação de verdades e de doutrinas da palavra de Deus à vida e ao coração, em total dependência do Espírito Santo, não será discipulado no sentido neotestamentário.
3. Todo cristão é um discípulo de Cristo, e ponto final. O caminho do discipulado começa com a conversão e se desenvolve ao longo da vida no processo de santificação, até o dia da glorificação. A salvação, portanto, é um processo – um processo progressivo que vai da conversão ou justificação pela fé, passa pela santificação também pela fá e termina na glorificação. E o caminho é o caminho do discipulado: vida no evangelho e evangelho na vida.
E aqui está a nossa terceira aplicação: você precisa do evangelho e de gente evangélica na sua vida – ser discípulo e fazer discípulos; ser discipulado e aplicar o discipulado. Cristianismo sem discipulado é cristianismo sem cruz. No discipulado cristão nós aprendemos a, dia a dia, negar a nós mesmos, tomar a cruz de Cristo e segui-lo para a vida eterna.
Mark Dever:
[…] O cristianismo não é para solitários ou individualistas. É para pessoas que viajam juntas pelo caminho estreito que conduz à vida. É preciso seguir e guiar. É preciso ser amado e amar. E amamos mais quando ajudamos outras pessoas a seguir Jesus ao longo da vereda da vida. É assim que você tem compreendido o cristianismo e o significado de ser cristão?
Você Já segue Jesus? É discípulo? Está no caminho do discipulado?
Tem ajudado outros a seguir Jesus? Faz discípulos? Está discipulando?
Discipulado – conforme a mensagem de Paulo a Tito – é o único caminho possível pra que a igreja impacte e transforme o mundo com o poder da sã doutrina evangélica.
S.D.G. L.B.Peixoto
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