27.06.2021
[Atos 2.1 e 47] 1No dia de Pentecostes, todos estavam reunidos num só lugar.” […] 41Os que acreditaram nas palavras de Pedro foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.
“OLD SCHOOL”, literalmente, significa “escola antiga”, diz respeito à “velha guarda”, ao tradicional. O termo pode se referir à moda, música ou maneirismos. É chique ser “OLD SCHOOL”. Mas quando o assunto é igreja, parece que poucos querem ser “OLD SCHOOL”. Aquela mesma gente descolada, mas conectada ao passado, na igreja, olha para os mais velhos, a experiência dos antigos, a sabedoria da tradição, as lições da história, o fundamento das origens e os rejeita como antiquados, ultrapassados, religiosos demais e até fundamentalistas. A onda do “OLD SCHOOL” tem algo a nos ensinar como igreja: conhecer e valorizar a nossa história, voltar às origens, conversar com os mais antigos e aprender com a tradição.
Um excelente ponto de partida para a nossa busca de uma igreja “OLD SCHOOL” é o dia em que a igreja foi inaugurada em ATOS 2. Aqui nós temos a descrição da vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes, e como ele encheu os crentes naquela ocasião. Pedro, que antes negou o Salvador por medo (Mt 26.69-75), agora pregou com intrepidez para uma grande multidão, compartilhando o evangelho. Muitos responderam à sua mensagem crendo em Cristo, e a nova igreja começou a crescer e a se espalhar.
O MODELO “OLD SCHOOL” DE IGREJA é:
[1] uma igreja empoderada pelo Espírito: 2.1-16;
[2] uma igreja que expõe as Escrituras: 2.17-36;
[3] uma igreja que exalta Jesus Cristo: 2.22-36;
[4] uma igreja que evangeliza o pecador: 2.37-41;
[5] uma igreja que edifica os crentes: 2.42-47.
ESTE É O MODELO “OLD SCHOOL” DE IGREJA: uma igreja empoderada, expositora, exultante, evangelizadora e edificante.
Domingo passado, nós vimos que [1] a igreja “OLD SCHOOL” é empoderada pelo Espírito e [2] ela expõe as Escrituras. Nesta manhã nós abordaremos a marca de número três do modelo “OLD SCHOOL” de igreja:
Atos 2.22-36 é o coração da exposição bíblica de Pedro – revelando-nos tanto o conteúdo central de qualquer ensino bíblico, qualquer pregação das Escrituras como também o coração de qualquer igreja (e cristão): o Senhor Jesus Cristo exaltado. Primeiro, Pedro citou o profeta Joel para explicar que o Pai e o Filho enviaram o Espírito (At 2.16-21). Em seguida, o apóstolo convergiu sua aplicação na exaltação de Jesus cristo. Veja:
Atos 2.22-36 22“Povo de Israel, escute! Deus aprovou publicamente Jesus, o nazareno, ao realizar milagres, maravilhas e sinais por meio dele, como vocês bem sabem. 23Ele foi entregue conforme o plano preestabelecido por Deus e seu conhecimento prévio daquilo que aconteceria. Com a ajuda de gentios que desconheciam a lei, vocês o pregaram na cruz e o mataram. 24Mas Deus o ressuscitou, libertando-o dos horrores da morte, pois ela não pôde mantê-lo sob seu domínio. 25A respeito dele disse o rei Davi [Salmo 16.8-11]: ‘Vejo que o Senhor está sempre comigo; não serei abalado, pois ele está à minha direita. 26Não é de admirar que meu coração esteja alegre e que minha língua o louve; meu corpo repousa em esperança. 27Pois tu não deixarás minha alma entre os mortos, nem permitirás que o teu Santo apodreça no túmulo. 28Tu me mostraste o caminho da vida, e me encherás com a alegria de tua presença’.
29“Irmãos, permitam-me dizer com toda convicção que o patriarca Davi não estava se referindo a si mesmo, pois ele morreu e foi sepultado, e seu túmulo ainda está aqui, entre nós. 30Mas ele era profeta e sabia que Deus havia prometido sob juramento que um de seus descendentes se sentaria em seu trono. 31Davi estava olhando para o futuro e falando da ressurreição do Cristo, que não foi deixado entre os mortos nem seu corpo apodreceu no túmulo. 32“Foi esse Jesus que Deus ressuscitou, e todos nós somos testemunhas disso. 33Ele foi exaltado ao lugar de honra, à direita de Deus. E, conforme havia prometido, o Pai lhe deu o Espírito Santo, que ele derramou sobre nós, como vocês estão vendo e ouvindo hoje. 34Pois Davi não subiu ao céu e, no entanto, disse [SALMO 110]: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se no lugar de honra à minha direita, 35até que eu humilhe seus inimigos e os ponha debaixo de seus pés’. 36“Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”.
Cristo foi o centro da mensagem de Pedro – era o centro da mensagem da igreja. Entretanto, é lamentável o estado de crentes e de igrejas nesta época. Todos centrados no eu, no ego, em necessidade sentidas, personalidades, super-crentes, alvos, objetivos e metas, nas bençãos e conquistas… Jesus, neste contexto de confusão, não passa de um coadjuvante, um meio para algo maior: bem-estar, bens materiais e outras bençãos desta terra. Lamentável, se não fosse eternamente trágico.
Quando olhamos para o que Pedro destacou nesta pregação, nós descobrimos para o quê nós e nossa igreja somos chamados: exaltar Jesus Cristo. NOTE: o apóstolo faz CINCO OBSERVAÇÕES FUNDAMENTAIS SOBRE A PESSOA E A OBRA DE JESUS, observações que são o coração e a alma do testemunho do evangelho em qualquer lugar e em qualquer momento. Pedro começou com o homem Jesus (v. 22) e terminou com o Senhor ascendido, exaltado no céu (v. 34). Observe:
1. Pedro exaltou Jesus Cristo falando de sua APROVAÇÃO
Atos 2.22 Povo de Israel, escute! Deus aprovou publicamente Jesus, o nazareno, ao realizar milagres, maravilhas e sinais por meio dele, como vocês bem sabem.
Jesus de Nazaré (pessoa histórica), um homem “aprovado” (grego: “provado por argumentos; atestado”) pelo poder sobrenatural que Deus exercitou nele e através dele e que todos podem atestar. Evidências do poder de Deus através de Jesus Cristo é o que não falta, em todas as áreas.
Cristo não é mito ou fábula, saga ou lenda. É realidade histórica com base no testemunho público e no depoimento de pessoas – “como vocês bem sabem”. Outra coisa: a ressurreição não estava em questão naqueles dias em Jerusalém. Eles sabiam que tinha acontecido, de fato. Pedro apenas pregou para elucidar o que estava acontecendo com o derramamento do Espírito.
2. Pedro exaltou Jesus Cristo falando de sua CRUCIFICAÇÃO
Atos 2.23 Ele foi entregue conforme o plano preestabelecido por Deus e seu conhecimento prévio daquilo que aconteceria. Com a ajuda de gentios que desconheciam a lei, vocês o pregaram na cruz e o mataram.
Esse Deus-homem foi pregado em uma cruz romana e morreu de forma vergonhosa e injusta, a pedido da multidão. Veja o equilíbrio da culpa.
NOTE: [1] “Conforme o plano preestabelecido por Deus e seu conhecimento prévio [presciência – grego: prognosis – prognóstico: traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo] daquilo que aconteceria” (soberania divina) e [2] “Com a ajuda de gentios que desconheciam a lei, vocês o pregaram na cruz e o mataram” (responsabilidade humana). Deus planejou e decretou todas essas coisas, e os humanos são responsáveis por isso. A soberania de Deus e a liberdade do homem estavam ambas envolvidas.
LIÇÃO: a cruz é obra, iniciativa, plano da gloriosa graça de Deus, sob a maldade dos homens, e para a salvação de pecadores.
3. Pedro exaltou Jesus Cristo falando de sua RESSURREIÇÃO
Atos 2.24 Mas Deus o ressuscitou, libertando-o dos horrores da morte, pois ela não pôde mantê-lo sob seu domínio.
O ARGUMENTO DE PEDRO: “Deus o ressuscitou” (v. 24). Davi profetizou a este respeito em Salmos 16.8-11 (At 2.25-28). Davi não estava falando de si mesmo, mas do Messias (At 2.29-31). Nós, os apóstolos, somos testemunhas da ressurreição (At 2.32).
Desde o princípio, a crucificação e a ressurreição constituíram o núcleo duro do evangelho cristão. Crucificação: morte substitutiva. Ressurreição: vitória sobre o pecado e a morte. Não há evangelho sem cruz e sem ressurreição. Não há igreja sem este evangelho no centro.
4. Pedro exaltou Jesus Cristo falando de sua ASCENSÃO
Atos 2.33 Ele foi exaltado ao lugar de honra, à direita de Deus. E, conforme havia prometido, o Pai lhe deu o Espírito Santo, que ele derramou sobre nós, como vocês estão vendo e ouvindo hoje.
Note a estratégia apologética poderosa do apóstolo: a ressurreição levou à ascensão e à exaltação no céu; Davi também profetizou a este respeito em Salmos 110 (At 2.34-35). Logo, Pedro estava perfeitamente habilitado para dizer, versículos 36: “Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”
A igreja do primeiro século era uma igreja centrada em Cristo, uma igreja de Jesus. Eles o amavam, falavam sobre ele, o adoravam e o compartilhavam com as pessoas com poder e intrepidez, corajosamente.
RESUMO: A igreja “OLD SCHOOL” [1] é empoderada pelo Espírito Santo, [2] expõe as Escrituras e [3] exalta (exulta em) Jesus Cristo – falando de sua aprovação (homem aprovado por Deus; homem-Deus; Cordeiro sem defeito), crucificação (morte substitutiva no lugar no pecado), ressurreição (vitória sobre a morte e o pecado, a verdadeira esperança do crente) e exaltação (ele reina e intercede por nós junto ao Pai).
À NOITE: A igreja “OLD SCHOOL” [4] evangeliza o pecador e [5] edifica os crentes.
Celebraremos a ceia do Senhor em instantes. Antes, uma palavra sobre o nosso Pacto.
Extraído do capítulo 7 – “O Pacto”– de Membresia Importa: Os Batistas, desde suas origens em 1609, adotaram de seus predecessores (os Separatistas ingleses – grupo dissidente da igreja da Inglaterra) os conceitos de Confissão de Fé (ou Declaração Doutrinária), Pacto e Catecismo (ou discipulado de crianças e novos membros).
No entanto, por motivos que fogem do escopo desta mensagem, a negligência maligna dessas importantes fontes primárias de nossa história certamente tem contribuído para a amnésia teológica, a miopia espiritual e, consequentemente, a falta de saúde espiritual que aflige grande parte dos Batistas contemporâneos no Brasil e no mundo.
Precisamos, portanto, redescobrir o valor e o lugar do Pacto, da Declaração Doutrinária (Confissão de Fé) e do discipulado dos crentes na vida diária da igreja (através de Catecismos ou conjuntos de instruções primárias sobre a fé).
Quando, lá no início do século XVII, os Batistas começaram a organizar suas primeiras igrejas, eles seguiram o padrão dos demais descendentes da Reforma Protestante e adotaram para si pactos, juntamente com confissões de fé.
A Confissão de Fé trata daquilo que se crê como os elementos essenciais da fé cristã, é a declaração que fazemos a respeito das doutrinas bíblicas que protegemos e proclamamos: a Bíblia, Deus, o homem, Jesus Cristo, a salvação, a igreja, a família, etc.
O Pacto das igrejas, por sua vez, é o complemento ético da Confissão de Fé. Em outras palavras, Declaração Doutrinária ou Confissão de Fé tem a ver com o que cremos, já o Pacto das igrejas sinaliza como devemos nos comportar.
A nossa Declaração Doutrinária define o que cremos e o nosso Pacto declara como devemos nos comportar. Então, ao tornar-se membro de uma igreja batista (através do batismo, de carta de transferência de outra igreja batista afiliada à Convenção Batista Brasileira [CBB] ou da aclamação, mediante testemunho de fé e comprovação do batismo bíblico), o cristão afirma para todos os demais membros que assume como sua a Declaração Doutrinária adotada pela igreja e que se compromete a cumprir o Pacto afirmado pela congregação.
A seguir, leremos todos juntos o Pacto que firmamos como igreja:
[Prerrequisito para membresia na igreja]
“Tendo sido levados pelo Espírito Santo a aceitar a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, e batizados, sob profissão de fé, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, decidimo-nos, unânimes, como um corpo em Cristo, firmar, solene e alegremente, na presença de Deus e desta congregação, o seguinte Pacto:
[Eu e a minha congregação]
“Comprometemo-nos a, auxiliados pelo Espírito Santo, andar sempre unidos no amor cristão; trabalhar para que esta igreja cresça no conhecimento da Palavra, na santidade, no conforto mútuo e na espiritualidade; manter os seus cultos, suas doutrinas, suas ordenanças e sua disciplina; contribuir liberalmente para o sustento do ministério, para as despesas da igreja, para o auxílio dos pobres e para a propagação do evangelho em todas as nações.
[Eu e a minha vida particular]
“Comprometemo-nos, também, a manter uma devoção particular; a evitar e condenar todos os vícios; a educar de forma cristã nossos filhos; a procurar a salvação de todo o mundo, a começar dos nossos parentes, amigos e conhecidos; a ser corretos em nossas transações, fiéis em nossos compromissos, exemplares em nossa conduta e ser diligentes nos trabalhos seculares; evitar a detração (diminuição, desvalorização, menosprezo), a difamação e a ira, sempre e em tudo visando à expansão do reino do nosso Salvador.
[Eu e o meu próximo]
“Além disso, comprometemo-nos a ter cuidado uns dos outros; a lembrarmo-nos uns dos outros nas orações; ajudar mutuamente nas enfermidades e necessidades; cultivar relações francas e delicadeza no trato; estar prontos a perdoar as ofensas, buscando, quando possível, a paz com todos os homens.
[Eu e a minha fé]
“Finalmente, nos comprometemos a, quando sairmos desta localidade para outra, nos unirmos a uma outra igreja da mesma fé e ordem, em que possamos observar os princípios da Palavra de Deus e o espírito deste Pacto. O Senhor nos abençoe e nos proteja para que sejamos fiéis e sinceros até a morte.”
O descumprimento repetido e impenitente do Pacto por parte de um membro poderá levar a igreja a submetê-lo à disciplina bíblica (Mateus 18.15-20). Claro que o objetivo não é nos tornarmos bisbilhoteiros da vida alheia, mas, em amor, buscarmos sempre a restauração do outro membro do corpo de Cristo (Gálatas 6.1-5).
S.D.G. L.B.Peixoto
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