20.06.2021
[Atos 2.1 e 47] 1No dia de Pentecostes, todos estavam reunidos num só lugar.” […] 41Os que acreditaram nas palavras de Pedro foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.
“OLD SCHOOL”, o que é “OLD SCHOOL”? Se você nunca ouviu falar, não sabe ou não lembra, aqui vai um breve resumo: é um termo em inglês usado para se referir a alguma coisa à moda antiga. Literalmente, significa “escola antiga”. No entanto, seu significado vai muito além disso, diz respeito à “velha guarda”. Sabe aquelas coisas consideradas antigas ou de outra época, que caiu em desuso, mas que ainda são vistas como legais por algumas pessoas? É a situação perfeita para encaixar o termo “OLD SCHOOL”.
O termo pode se referir também a objetos ou tendências considerados clássicos. Por exemplo, no universo da moda, a marca de tênis All Star é um ótimo exemplo de “OLD SCHOOL” – esses tênis foram bastante popular nos anos 80 e 90, e atualmente são utilizados por pessoas mais descoladas e “urbanas”, “moderninhos”, que têm preferência por artigos vintage e retrô. Ainda na moda, pode-se mencionar os suspensórios, as botas, as boinas, os coletes, os suéteres e as gravatas borboleta como as peças que mais representam a linha “OLD SCHOOL”. A camisa xadrez, por exemplo, começou a ser usada pelos lenhadores norte-americanos e canadenses lá pelos anos 70 e atualmente é praticamente símbolo do estilo “OLD SCHOOL”.
Se existe uma característica física que reforça a ideia do “OLD SCHOOL”, certamente é a barba. Febre nas décadas passadas, ela está sendo cada vez mais usada entre os homens e sua principal característica é o ar mais clássico e a inspiração nas barbas (e bigodes) de antigamente.
No mundo dos esportes também existe este conceito “OLD SCHOOL”. Entre skatistas, jogadores de basquete e os fans do boxe há um comportamento admirável que é o respeito com os mais velhos – isso mesmo! – aqueles que têm uma história em cima do carrinho e nas pistas, nas quadras e nos ringues. Existem até competições para essa gente mais velha, chamadas de “OLD SCHOOL”, ou seja, “VELHA ESCOLA”. Nesses eventos, sempre há a presença da nova geração prestigiando os mais velhos. Os mais jovens no esporte querem estar perto daqueles que são as raízes do skate, do basquete, do boxe, do futebol… e manter tradições, aprender manobras e jogadas antigas, enfim, eles valorizam o esporte na sua essência, a qual está além das manobras e das jogadas, mas na longa tradição dos desportistas.
Curioso – diria até lamentável, se não fosse trágico – é que não vemos isso acontecer na igreja, pelo contrário, os mais velhos, a experiência dos antigos, a sabedoria da tradição, as lições da história, o fundamento das origens são tratados como antiquados, ultrapassados, religiosos demais e até fundamentalistas. Esta é a conclusão a que chego quando ouço muita gente, de pastores aos mais jovens, de algum idoso ao adolescente: quando o assunto é igreja, parece-me que todos querem se afastar de tudo que lembra o passado em busca do novo “mover do Espírito”.
Ora, não estou sugerindo que a caminhada cristã deva ser sempre com os olhos no retrovisor – até porque, o que se lê sobre a vida do rei Davi, por exemplo, é que ele “serviu ao propósito de Deus na sua geração” (At 13.36). Perceberam? O homem segundo o coração de Deus foi “OLD SCHOOL” em seu próprio tempo; fundamentou-se na verdade revelada de Deus e abençoou os seus contemporâneos; enraizou-se nas Escrituras e foi frondoso e frutífero em sua época. Este é o chamado para a nossa igreja, para toda e qualquer igreja de Jesus Cristo em todas as épocas e culturas.
Quando Jesus disse (Mt 9.17, ARA) que não “se põe vinho novo em odres [recipientes de couro] velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam”, ele não estava condenando o “antigo” nas questões da fé; até porque ele não veio para descartar o Antigo Testamento, mas para cumpri-lo (Mt 5.17). Jesus usou a imagem de “vinho novo em odres velhos” como uma ilustração para ensinar que as formas dos antigos rituais cerimoniais da lei, como os jejuns cerimoniais praticados pelos fariseus e discípulos de João, não eram adequados para o vinho novo da chegada da Nova Aliança. Colossenses 2.17: “Pois essas coisas são apenas sombras da realidade futura, e o próprio Cristo é essa realidade.” Portanto, em ambas as analogias – roupa velha e odres velhos (Mt 9.16-17) – , o Senhor Jesus estava dizendo que o que os fariseus faziam em jejum ou qualquer outro ritual cerimonial não tinha parte com o evangelho. A questão toda girava em torno do uso indevido da lei e da tradição, não se tratava de descartar a lei e a tradição em si mesmas.
Isto posto, a onda do “OLD SCHOOL” tem algo a nos ensinar como igreja: conhecer e valorizar a nossa história, voltar às origens, conversar com os mais antigos.
Quer ver?
Quantos dos nossos adolescentes e jovens, e até mesmo dos adultos, conhecem o fundamento do Cristianismo, o alicerce dos apóstolos e dos profetas? A historia do Cristianismo? A história da Reforma Protestante? A história dos Batistas? As confissões de fé dos Batistas? Os catecismos históricos para adultos e crianças? O Pacto das Igrejas Batistas? Quantos pastores ou líderes ou igrejas inteiras já não abandonaram o evangelho e a mensagem da cruz, nossa herança reformada, os princípios e as práticas Batistas das origens? Seja honesto: quem ensina sobre o pecado, a substituição penal, a perseverança dos santos no sofrimento ou a santidade? Pastores, líderes e igrejas, hoje, quando muito, mobilizam-se para se tornarem grandes, crescerem, serem relevantes e terem visibilidade (likes ou seguidores) em redes sociais.
Igrejas históricas tinham investimentos em missões, colégios, universidades, literaturas, seminários, enfim, a ênfase era o discipulado e o fortalecimento de cada crente em todas as áreas do saber para que assim se influenciasse com o evangelho a sociedade em todas as suas camadas. A igreja de hoje? Quer marchar para Jesus com placas de ministérios, personalidades gospel, candidatos ou políticos evangélicos sobre os trios elétricos… Onde estão as marcas ou os investimentos de antes?
Eu quero uma igreja “OLD SCHOOL!”
E você?
Mas como é uma igreja assim?
CELEBRANDO NOSSOS 77 ANOS – uma vez que fomos organizados aos 18 de junho de 1944 – , quero usar esta ocasião [manhã e noite] para destacar qual é O MODELO “OLD SCHOOL” DE IGREJA. Dito de outro modo: como nós devemos ser, com o quê devemos parecer? ou: para quê nós estamos aqui, o quê somos chamados a fazer?
Outro fato que me motiva a tomarmos este tempo para este tipo de reflexão é O NOSSO CRESCIMENTO. Nos últimos quatro ou cinco anos, cerca de 250 pessoas se juntaram à nossa igreja (entre batismos, transferências e aclamações) e no curso de novos membros, atualmente, estamos contando aproximadamente 85 pessoas no curso ou que concluíram o curso de novos membros. Sim, algumas dezenas já foram desligadas ou não estão mais conosco (após esta pandemia nós teremos que fazer uma varredura no rol de membros). Em todo caso, pare e pense: cerca de 300 novas pessoas chegaram à nossa assembleia. Gente, isso é uma nova igreja! E o que essa “nova igreja” entende por igreja? O que a SIB em Goiânia, hoje, entende por igreja? Qual é o nosso modelo de igreja? Qual é a missão da nossa igreja?
Queremos ser uma igreja “OLD SCHOOL”: lutar por uma igreja que estude a Bíblia, conheça a história do Cristianismo (e dos Batistas), estude os catecismos e confissões de fé de nossa história, não cometa os mesmos erros da história e da atualidade, saiba discernir a nossa geração e sirva ao propósito de Deus nesta geração, uma igreja cujo maior prazer esteja na glória de Deus “na igreja e em Cristo Jesus por todas as gerações, para todo o sempre! Amém.” (Ef 3.21).
A igreja do século XXI precisa de uma visão do século I, particularmente no Ocidente, inclusive no Brasil. Estamos sofrendo uma “crise de identidade”. Não sabemos como deve ser nem o que deve fazer a igreja. Não temos certeza do que é ser igreja ou daquilo que deveríamos estar fazendo. Não temos ideia de como medir a saúde ou reconhecer o sucesso da igreja. Afinal, pense bem, em termos de igreja: o que é saúde, o que é sucesso?
Em busca de apresentar respostas, uma parte do espectro cristão evangélico diz que a igreja deve ser contemporânea, sensível aos interessados, dirigida por propósitos, relevante em todos os aspectos, voltada para as necessidades das pessoas, positiva em sua mensagem e até atraente para o mundo que a cerca. A outra parte declara que devemos ser clássicos, de certo modo antigos tanto na forma como na prática, minimalistas, orgânicos e por aí afora. Alguns afirmam que devemos ter uma doutrina sólida, fundamentada na teologia da Reforma, enquanto outros nos chamam para ser uma comunidade mais leve, intimista, com ares de família, emergente.
Sinceramente, eu tento compreender tudo isso e avaliar e criticar com cuidado, justiça e honestidade o que está sendo dito em todos os lados, e confesso que encontro elementos de verdade em cada perspectiva. Cada um está dizendo algo que precisamos ouvir e nos desafiando a considerar questões que não podemos ousar ignorar. Se quisermos emergir (trocadilho: “emergente”) de tudo isso e encontrar o caminho para avançar, o desafio, a meu ver, é duplo. O primeiro desafio é o equilíbrio. Como manter nosso equilíbrio nesse vai e vem de movimentos “emergentes”? O segundo desafio, e ainda mais crucial, é a fonte de autoridade. Como definir o que é igreja e o que ela faz – seu modelo e sua missão?
Entendo que a resposta seja a mesma para as duas perguntas [como manter o equilíbrio e qual é a fonte de autoridade]. O que precisamos, o que devemos ter é uma visão rigorosa e clara do século I para a igreja do século XXI. Devemos tirar nossas vendas culturais e nos livrar de nossas irritações pessoais e teológicas, e trabalhar nosso caminho de volta para os fundamentos básicos das Escrituras. Somente assim teremos uma visão da igreja como Deus deseja que ela seja nesta geração.
Um excelente ponto de partida para a nossa busca é o dia em que a igreja foi inaugurada em Atos 2. Aqui nós encontramos o que Alistar Begg chama de “uma boa igreja”, uma igreja que eu diria: “agrada e honra a Deus”. O que faremos a seguir [manhã e noite] será, basicamente ler e comentar/esclarecer o capítulo 2 de Atos: queremos ver o modelo “OLD SCHOOL” de igreja.
ATOS 2 descreve a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes, e como ele encheu os crentes naquela ocasião. Pedro, que antes negou o Salvador por medo (Mt 26.69-75), agora pregou com intrepidez para uma grande multidão, compartilhando o evangelho. Muitos responderam à sua mensagem crendo em Cristo, e a nova igreja começou a crescer e a se espalhar.
O MODELO “OLD SCHOOL” DE IGREJA é:
[1] uma igreja empoderada pelo Espírito: 2.1-16;
[2] uma igreja que expõe as Escrituras: 2.17-36;
[3] uma igreja que exalta Jesus Cristo: 2.22-36;
[4] uma igreja que evangeliza o pecador: 2.37-41;
[5] uma igreja que edifica os crentes: 2.42-47.
ESTE É O MODELO “OLD SCHOOL” DE IGREJA: uma igreja empoderada, expositora, exultante, evangelizadora e edificante. Estudaremos essas marcas em duas partes: agora pela manhã e, Deus permitindo, hoje à noite.
Atos 2.1-16 descreve a vinda do Espírito Santo e os resultados disso na igreja e na sociedade imediata ao redor dela:
1. A vinda do Espírito foi um dom sobrenatural dado por Cristo (2.1-4)
1.1 – Eles ficaram cheios do Espírito:
Atos 2.1-3 1No dia de Pentecostes, todos estavam reunidos num só lugar. 2De repente, veio do céu um som como o de um poderoso vendaval [símbolo: Espírito Santo]e encheu a casa onde estavam sentados. 3Então surgiu algo semelhante a chamas ou línguas de fogo [símbolo: poder e presença de Deus] que pousaram sobre cada um deles.
1.2 – Eles falaram pelo Espírito:
Atos 2.4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas [linguagens], conforme o Espírito os habilitava.
2. A vinda do Espírito reverteu a maldição de Babel (2.5-11)
2.1 – Ouviram a palavra de Deus em sua própria língua:
Atos 2.5-10 5Naquela época, judeus devotos de todas as nações viviam em Jerusalém. 6Quando ouviram o som das vozes, vieram correndo e ficaram espantados, pois cada um deles ouvia em seu próprio idioma. 7Muito admirados, exclamavam: “Como isto é possível? Estes homens são todos galileus 8e, no entanto, cada um de nós os ouve falar em nosso próprio idioma! 9Estão aqui partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia, da Capadócia, do Ponto, da província da Ásia, 10da Frígia, da Panfília, do Egito e de regiões da Líbia próximas a Cirene, visitantes de Roma
2.2 – Ouviram sobre as maravilhas de Deus em sua própria língua:
Atos 2.11 (tanto judeus como convertidos ao judaísmo), cretenses e árabes, e todos nós ouvimos estas pessoas falarem em nossa própria língua sobre as coisas maravilhosas que Deus fez!”.
3. A vinda do Espírito deixou alguns confusos e outros céticos (2.12-16):
3.1 – Pessoas ficaram confusas:
Atos 2.12 Admirados e perplexos, perguntavam uns aos outros: “Que significa isto?”.
3.2 – Pessoas ficaram céticas:
Atos 2.13 Outros, porém, zombavam e diziam: “Eles estão bêbados!”.
3.3 – Pedro as respondeu pelas Escrituras:
Atos 2.14-16 14Então Pedro deu um passo à frente com os onze apóstolos e dirigiu-se em alta voz à multidão: “Ouçam com atenção, todos vocês, povo da Judeia e habitantes de Jerusalém! Escutem o que lhes digo! 15Estas pessoas não estão bêbadas, como alguns de vocês pensam, pois são apenas nove horas da manhã. 16Pelo contrário! O que vocês estão vendo foi predito há tempos pelo profeta Joel:
RESUMO: A igreja “OLD SCHOOL” é empoderada pelo Espírito.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto