23.01.2022
[Lamentações 3.19-24] 19Como é amargo recordar meu sofrimento e meu desamparo! 20Lembro-me sempre destes dias terríveis enquanto lamento minha perda. 21Ainda ouso, porém, ter esperança quando me recordo disto: 22O amor do SENHOR não tem fim! Suas misericórdias são inesgotáveis. 23Grande é sua fidelidade; suas misericórdias se renovam cada manhã. 24Digo a mim mesmo: “O SENHOR é minha porção; por isso, esperarei nele!”.
Contrário do que se pensa, lamentar biblicamente é cristão. Aprender a lamentar é uma necessidade para a salvação, santificação, sustentação na fé e cumprimento da grande comissão. Vimos isso hoje de manhã. Saber lamentar nos salvará do pecado, guardará nosso coração da ira, decepção e amargura, além de nos proporcionar condições de testemunhar do amor do evangelho de Cristo (mesmo àqueles que nos perseguem).
Foi isso o que vimos hoje de manhã. É por isso que estamos no livro de Lamentações de Jeremias. O cristão sabe chorar. Todo mundo sabe chorar. Mas lamentar do jeito bíblico é para poucos, é uma arte que se aprende. Jeremias está sendo o nosso mestre – e o que vamos aprender é que saber lamentar é ousar ter esperança.
O livro de Lamentações é um lamento coletivo, escrito para refletir sobre a maior devastação jamais sofrida pela nação de Israel. Descreve com detalhes gráficos o resultado da tragédia e expressa tristeza profunda pelo que se despedaçou e pelos pedaços que sobraram do povo de Deus e da nação de Israel. Mas como isso foi acontecer? É importante saber – para não se ficar com a impressão de que Deus não tem coração.
Após os reinados de Davi e Salomão, os anos dourados de Israel, a nação foi dividida em dois reinos. O REINO DO NORTE, com dez tribos, chamava-se Israel, e O REINO DO SUL, com duas tribos, chamava-se Judá. O problema para ambos os reinos era a crescente deslealdade a Deus e desprezo pela sua palavra santa anunciada pelos profetas da para do SENHOR.
O REINO DO NORTE, cuja capital era Samaria, caiu mais rapidamente, pois pecaram muito sob o reinado de reis perversos, um após o outro, cada um pior que o anterior, até que a nação da Assíria conquistou o país, em 722 a.C. O cativeiro do reino do norte deveria ter sido um aviso contundente para o reino do sul. Mas, como se lê em 2Crônicas 36 (texto que descreve a queda de Jerusalém), Judá não se converteu de seus maus caminhos e também experimentou a mesma disciplina divina, em 586 a.C.
Há cinco reis que são mencionados em 2Crônicas 36, os quais levaram à queda O REINO DO SUL. Josias é mencionado como o pai do rei Jeoacaz, e é importante porque Josias foi o último rei piedoso que reinou em Jerusalém, capital do sul. No reinado de Josias houve uma grande reforma espiritual e social. Entretanto, após sua morte, a nação começou a se despedaçar política, social, financeira, moral e, acima de tudo, espiritualmente. Menos de 30 anos após a morte de Josias, Judá foi destruída pelos babilônios.
O ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO, durante esse período da história, estava no meio de muita turbulência e em constante troca de poderes dominantes. A Assíria tinha sido o poder dominante na região sob Tiglate-Pileser III, que reinou de 745-727 a.C. Eles viveram importunando Israel ao norte e Judá ao sul. Isaías fala dessas investidas contra Judá. E como já vimos, foram os Assírios que detonaram Samaria ao norte de Israel. Mas foi nesse período também que o império babilônico começou a ameaçar a Assíria pelo domínio da região e, em 612 a.C. — e a capital da Assíria, Nínive, caiu nas mãos dos babilônios. Esse acontecimento está detalhado no livro de Naum. Resultado: a Babilônia subjugou e assimilou completamente o Império Assírio em 609 a.C., o mesmo ano em que Josias foi morto em uma batalha com o Egito, e se tornou a potência da região.
Jeoacaz, filho de Josias, foi o próximo rei de Judá, mas reinou apenas por três meses. Como tantos outros reis, ele fez o que era mau aos olhos do Senhor (2Rs 23.32), e o rei egípcio o levou cativo, como prisioneiro para o Egito e estabeleceu tributação pesada sobre a terra de Judá. O irmão de Jeoacaz, Eliaquim, foi feito rei de Judá depois que seu nome foi mudado para Jeoaquim.
Jeoaquim era tão perverso quanto seu irmão. Ele também fez o que era mau aos olhos do Senhor seu Deus (2Cr 36.5). Jeremias 25–26 nos narram que Jeoaquim induziu o povo a ainda mais idolatria, à recusa em ouvir a palavra de Deus e à perseguição dos profetas do SENHOR. Como resultado desse pecado, Nabucodonosor, o grande rei da Babilônia, fez de Judá seu vassalo e por fim levou Jeoaquim para a Babilônia como seu prisioneiro. Foi nessa época que Daniel e seus três amigos foram deportados para a Babilônia (Dn1.1-2) e que Nabucodonosor começou a saquear os tesouros do templo.
O próximo rei foi Joaquim, e ele também fez o que era mau aos olhos do Senhor (2Cr 36.9). Seu reinado foi muito curto (cerca de três meses), e ele abdicou do trono depois que as forças babilônicas colocaram Jerusalém sob um cerco punitivo (588-586 a.C.). Após sua rendição, os babilônios invadiram o templo, o palácio, e levaram muita gente, “incluindo todos os comandantes e os melhores soldados, artífices e ferreiros, dez mil pessoas ao todo. Só ficaram na terra os mais pobres.” (2Rs 24.14-15). Em outras palavras, a Babilônia decapitou a liderança da nação. Ezequiel fez parte dessa deportação (Ez 1.1-3). O passo seguinte de Nabucodonosor foi colocar Zedequias no trono de Judá.
Zedequias reinou por onze anos e seguiu o padrão dos reis anteriores em termos de perversão e maldade. No entanto, o governo de Zedequias foi o clímax da rebeldia do povo de Deus, e temos cores adicionais pintadas em 2Crônicas. Observe o orgulho, a dureza de coração, a depravação espiritual, a infidelidade generalizada e a zombaria, a caçoada e o desprezo à palavra de Deus e aos seus profetas mensageiros:
2Crônicas 36.11-16 11Zedequias tinha 21 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por onze anos. 12Zedequias fez o que era mau aos olhos do SENHOR, seu Deus, e não se humilhou quando o profeta Jeremias lhe falou diretamente da parte do SENHOR. 13Também se rebelou contra o rei Nabucodonosor, embora lhe tivesse jurado lealdade em nome de Deus. Zedequias era um homem duro e teimoso e se recusou a voltar para o SENHOR, o Deus de Israel. 14Da mesma forma, todos os líderes dos sacerdotes e o povo se tornaram cada vez mais infiéis. Seguiram todas as práticas detestáveis das nações vizinhas e profanaram o templo do SENHOR que havia sido consagrado em Jerusalém. 15Repetidamente, o SENHOR, o Deus de seus antepassados, enviou profetas para adverti-los, pois tinha compaixão de seu povo e do lugar de sua habitação. 16No entanto, eles zombaram dos mensageiros de Deus e desprezaram suas palavras. Caçoaram dos profetas até que a ira do SENHOR não pôde mais ser contida e nada mais se pôde fazer.
Não perca o peso das palavras “nada mais se pôde fazer”. A nação fora longe demais e por muito tempo. Deus havia chegado a um ponto em que não podia mais permitir que a nação continuasse. Não havia mais remédio. Era a hora do julgamento.
Há uma palavra importante em 2Crônicas 36.17, um advérbio: Então. O texto nos diz não apenas que os caldeus (babilônicos) se levantaram contra o povo de Deus, mas também que foi Deus mesmo quem os investiu contra a nação (veja o livro de Habacuque para o complemento dessa ideia). Sim, Deus estava dirigindo soberanamente uma nação pagã como meio de julgamento de seu próprio povo. É chocante! Leia comigo:
2Crônicas 36.17-21 17Então o SENHOR trouxe o rei da Babilônia contra eles. Os babilônios mataram os jovens e foram atrás deles até dentro do santuário. Não tiveram piedade nem dos rapazes, nem das moças, nem dos idosos e doentes. Deus os entregou todos nas mãos do rei. 18Ele levou para a Babilônia todos os utensílios, grandes e pequenos, do templo de Deus e todos os tesouros do templo do SENHOR e do palácio do rei e de seus oficiais. 19Seu exército queimou o templo de Deus, derrubou os muros de Jerusalém, queimou todos os palácios e destruiu tudo que era de valor. 20Os poucos habitantes que sobreviveram foram levados para o exílio na Babilônia e se tornaram servos do rei e de seus filhos, até que o reino da Pérsia conquistou o poder. 21Cumpriu-se, desse modo, a mensagem do SENHOR transmitida por Jeremias. A terra finalmente desfrutou seu descanso sabático e permaneceu desolada até que se completaram os setenta anos, conforme o profeta havia anunciado.
A destruição de Jerusalém estava agora completa. A rebelião do povo de Deus trouxe desastre generalizado, morte, destruição e deportação. O povo escolhido de Deus estava agora morto ou fora deportado e destituído. É por isso que a abertura do livro de Lamentações soa da maneira que soa:
Lamentações 1.1-3 1A cidade que antes era cheia de gente agora está deserta. Antes era grande entre as nações, agora está sozinha, como uma viúva. Antes era rainha de toda a terra, agora é escrava. 2Ela passa a noite aos prantos; lágrimas correm por seu rosto. De todos os seus amantes, não resta um sequer para consolá-la. Todos os seus amigos a traíram e se tornaram seus inimigos. 3Judá foi levada para o exílio e oprimida com cruel escravidão.
Além de tudo, a pessoa que escreve essas palavras é o profeta Jeremias. Ele ficou conhecido como o “profeta chorão” por causa de seu lamento em Jeremias 9.1: “Quem dera minha cabeça fosse uma represa, e meus olhos, uma fonte de lágrimas! Choraria dia e noite por meu povo que foi massacrado.”
De fato, Jeremias teve um ministério muito difícil, e só se tem registro de dois convertidos fruto de seu trabalho. Deus também ordenou que ele não se casasse, e seu próprio povo conspirou para matá-lo. E os apelos de Jeremias por arrependimento e renovação espiritual não foram aceitos pelos líderes de Judá ou seu povo.
A destruição de Jerusalém por causa da dureza do coração do povo era exatamente sobre o que Jeremias continuamente advertia a nação. Basta ler um resumo em Jeremias 21–29 e você verá a extensão de suas advertências. Tudo em vão! Veja o que eles foram capazes de fazer com Jeremias:
Jeremias 38.1-6 1Sefatias, filho de Matã, Gedalias, filho de Pasur, Jucal, filho de Semelias, e Pasur, filho de Maquias, ouviram o que Jeremias dizia a todo o povo: 2“Assim diz o SENHOR: ‘Todos que ficarem em Jerusalém morrerão por guerra, fome ou doença, mas os que se renderem aos babilônios viverão. A recompensa deles será a vida; eles viverão!’. 3Assim diz o SENHOR: ‘A cidade de Jerusalém certamente será entregue ao exército do rei da Babilônia, que a conquistará’”. 4Então esses oficiais foram ver o rei e disseram: “Esse homem deve morrer! Suas palavras vão desanimar os poucos soldados que restam, bem como todo o povo. Ele não busca o bem, mas a desgraça da nação”. 5O rei Zedequias [sob o reinado de quem Jerusalém caiu nas mãos dos babilônios] concordou e disse: “Façam o que quiserem com ele. Não posso impedi-los”. 6Então os oficiais tiraram Jeremias de sua cela e o baixaram por meio de cordas para dentro de um poço vazio no pátio da prisão. O poço pertencia a Malquias, membro da família real. Não tinha água, mas havia uma camada de lama no fundo, e Jeremias ficou atolado nela.
O ministério profético de Jeremias se iniciou entre os anos de 626 ou 627 a.C. (Jr 1.2; 25.3), quando ele ainda era jovem (Jr 1.6), razão pela qual teria demonstrado receio ao assumir tal tarefa, e prosseguiu até 586 a.C., quando da queda de Jerusalém. Ele profetizou durante os reinados de Josias, Jeoaquim, Jeconias/Joaquim e Zedequias.
Quando Jerusalém caiu, Nabucodonosor permitiu que Jeremias ficasse no país, é quando o profeta vai viver com Gedalias, novo governador da Judeia. Essa história está registrada em Jeremias 49.7–44.30.
No mesmo ano que assumiu o governo, Gedalias foi assassinado por um grupo anti-babilônico [lembre-se: Gedalias era sujeito a Nabucodonosor]. O grupo que assassinou Gedalias era liderado por um descendente da casa real de Judá, Ismael. Foi quando Jeremias forçadamente fogiu para o Egito, obrigado por Joanã (um dos comandantes do exército de Judá). O grupo refugiado no Egito passou a residir na cidade de Tafnes, situada a leste do Delta do Nilo. E mesmo lá, Jeremias não deixou de repreender a desobediência e a idolatria que seus conterrâneos lá praticavam. Uma literatura apócrifa, salvo engano intitulada Vida dos Profetas, escrita por um judeu da Palestina no séc. I d.C., dá conta de que Jeremias foi apedrejado e morto por seus conterrâneos residentes no Egito.
Pois bem, esse era o povo a quem Deus enviara Jeremias para pregar. Não foi por nada, portanto, que o juízo caiu sobre a nação. E Lamentações de Jeremias coloca em poema um lamento pela destruição e pela dor que visitou com justiça o povo de Deus.
As Lamentações, no entanto, como veremos, não são apenas um retrato da devastação; são também lamentos destinados a lidar tanto com a tragédia do que aconteceu quanto com a esperança da futura restauração de Deus, além de vindicar a paciência e a justiça de Deus. Lamentações é apropriadamente sombrio, mas não é sem esperança. É um convite a que se ouse ter esperança em meio ao caos e as adversidades da vida arruinada pelo pecado:
Lamentações 3.19-24 19Como é amargo recordar meu sofrimento e meu desamparo! 20Lembro-me sempre destes dias terríveis enquanto lamento minha perda. 21Ainda ouso, porém, ter esperança quando me recordo disto: 22O amor do SENHOR não tem fim! Suas misericórdias são inesgotáveis. 23Grande é sua fidelidade; suas misericórdias se renovam cada manhã. 24Digo a mim mesmo: “O SENHOR é minha porção; por isso, esperarei nele!”.
OUSE TER ESPERANÇA
Ao considerarmos Lamentações de Jeremias – que é, de fato um lamento coletivo do povo de Deus – descobrimos algumas lições espirituais iniciais que precisamos aprender:
1. O pecado afetou todas as coisas
A razão pela qual o lamento é inerentemente cristão, e porque o cristianismo é capaz de interpretar corretamente a devastação do mundo, é por causa da compreensão bíblica sobre o problema do pecado no mundo. A Bíblia nos diz que Deus é santo, que o maior problema da humanidade é que, em nosso estado natural, todos nós estamos destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), já condenados (Jo 3.18) e que toda a criação geme sob esse pecado (Rm 8.22). Um cristão entende que por baixo de cada problema na vida está a realidade do pecado.
Mas a Bíblia também nos diz que o pecado e a devastação do mundo não são o fim da história. Através da vida e da morte de Jesus, Deus tornou possível que o pecado fosse perdoado. Aqueles que recebem a Cristo – com arrependimento e fé – entendem tanto o problema do pecado do homem quanto o remédio oferecido por Deus por meio da vida e da morte substitutiva de Jesus. Desse modo, ao passo que o cristão entende o problema do pecado e lamenta os efeitos dos pecados, ele ou ela anseia pelo dia em que o pecado não mais devastará o mundo. Os cristãos creem que a graça é incrível. Nós a provamos em Jesus Cristo. Mas também sabemos que o pecado arruina tudo e lamentamos sua presença no mundo. Sem, contudo, perder a esperança.
2. Nosso pecado e nosso sofrimento não são o único problema
O pecado afeta pessoas e relacionamentos, mas também afeta famílias, igrejas, cidades e nações. Nossa rebelião contra Deus emerge em um nível pessoal, mas também se esparrama nas sociedades, igrejas, cidades e nações do mundo. É bom se lembrar disso, pois tendemos a superindividualizar o sofrimento, e Lamentações de Jeremias nos mostrará a importância de lamentar em uma escala maior, coletiva, comunitariamente.
Oro para que você não apenas comece a fazer orações de lamento por sua própria dor e sofrimento, mas também pelo que vê ao seu redor. Espero que seu coração seja despertado para o “gemido” da criação ao seu redor. Desejo que Deus abra seus olhos para ver a devastação ao seu redor. Estou orando para que Deus lhe dê um coração maior para o que está errado em sua família, igreja, pequeno grupo, cidade, nação e o mundo, e não apenas para o que está errado em sua vida. E que você saiba lamentar biblicamente.
3. O lamento é uma forma de ousar ter esperança
Dissemos na mensagem desta manhã que o lamento é a ponte entre a sua dor e o louvor a Deus. O lamento é como um coração dolorido e deprimido é sintonizado para cantar a canção de Deus. O lamento é como nós reorientamos nosso coração para longe do desencanto, da ira, da frustração e do desespero. O lamento nos coloca em um caminho de adoração cheio de fé. O lamento nos leva ao louvor. É a forma de ousar ter esperança quando se está perdendo a esperança.
O lamento faz isso em um nível pessoal, mas também em um nível coletivo. Quando chega o fundo do poço para a sua família, cultura, cidade ou nação, para onde você vai? O que você faz? Tantas vezes os cristãos reagem com indiferença, ressentimento, ira, medo, apatia ou desespero. Mesmo os seguidores de Jesus podem olhar para o colapso ao redor e começar a agir como se estivéssemos excessivamente em dívida com nossa cultura (dependendo dela) e como se não conhecêssemos o longo arco da história humana, à luz da história da redenção.
Então, meu povo, em vez de ficar com ira, medo, apático ou em desespero, devemos lamentar. Devemos fazer o que Jeremias fez na queda de Jerusalém. Devemos usar o lamento para nos tirar de uma perspectiva limitada sobre os efeitos devastadores do pecado no mundo, e deixar que o lamento nos lembre do plano maior de Deus.
Além do mais, devemos ouvir os lamentos na Bíblia e permitir que eles despertem nosso coração. Devemos ouvir Lamentações para sermos lembrados de que Deus é santo e nossa cultura não, e que chega um momento em que Deus diz “Basta! Chega! Não tem mais remédio ou solução!”. Devemos usar o lamento para despertar nosso coração para a devastação que está ao nosso redor e que podemos facilmente esquecer, suprimir ou ignorar. E que oportunidade essa pandemia nos tem dado para isso, para lamentarmos biblicamente, ao passo que quantos a têm desperdiçado – querendo a velha vida de volta! Quase todo mundo! Isso também é lamentável. A pandemia é lamentável, e a falta de lamento da igreja, dos crentes, também é lamentável.
O lamento nos lembra de que há algo errado com o mundo. Aponta para aquele que pode, em última análise, curar e fazer tudo novo, novo de verdade e para sempre. O lamento volta nosso coração para Deus quando somos lembrados em tom menor de que individualmente, coletivamente e nacionalmente precisamos de sua misericórdia. O lamento nos permite lembrar que o problema do mundo é o pecado, e Deus é o único que pode realmente trazer uma solução.
Chorar é humano; lamentar é cristão.
Lamentações 3.19-24 19Como é amargo recordar meu sofrimento e meu desamparo! 20Lembro-me sempre destes dias terríveis enquanto lamento minha perda. 21Ainda ouso, porém, ter esperança quando me recordo disto: 22O amor do SENHOR não tem fim! Suas misericórdias são inesgotáveis. 23Grande é sua fidelidade; suas misericórdias se renovam cada manhã. 24Digo a mim mesmo: “O SENHOR é minha porção; por isso, esperarei nele!”.
Ouse ter esperança.
Paulo, o apóstolo foi alguém que, tendo sido achado por Cristo, convertido-se a ele com arrependimento e fé, e padecido muitos sofrimentos por causa da fé que vivia e pregava, nunca deixou de ourar ter esperança. Como? Paulo soube lamentar pelos seus próprios pecados, e seus lamentos o levavam a Cristo (sua única esperança):
Romanos 7.21-25 21Assim, descobri esta lei em minha vida: quando quero fazer o que é certo, percebo que o mal está presente em mim. 22Amo a lei de Deus de todo o coração. 23Contudo, há outra lei dentro de mim que está em guerra com minha mente e me torna escravo do pecado que permanece dentro de mim. 24Como sou miserável! Quem me libertará deste corpo mortal dominado pelo pecado? 25Graças a Deus, a resposta está em Jesus Cristo, nosso Senhor. Na mente, quero, de fato, obedecer à lei de Deus, mas, por causa de minha natureza humana, sou escravo do pecado.
Romanos 8.1-4 1Agora, portanto, já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. 2Pois em Cristo Jesus a lei do Espírito que dá vida os libertou da lei do pecado, que leva à morte. 3A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de nossa natureza humana pecaminosa e apresentá-lo como sacrifício por nosso pecado. Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, 4de modo que nós, que agora não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as justas exigências da lei.
Paulo sabia lamentar pelos pecados de sua gente (a mesma gente que não parava de persegui-lo, e assim o perseguiram até tê-lo morto pelos romanos; e assim como foi com Cristo, o lamento guardou o coração de Paulo da ira, amargura ou revanche; o lamento lhe deu esperança para pregar para sua própria gente):
Romanos 9.1-3 1Digo-lhes a verdade, tendo Cristo como testemunha, e minha consciência e o Espírito Santo a confirmam. 2Meu coração está cheio de amarga tristeza e angústia sem fim 3por meu povo, meus irmãos judeus. Eu estaria disposto a ser amaldiçoado para sempre, separado de Cristo, se isso pudesse salvá-los.
Romanos 10.1-4 1Irmãos, o desejo de meu coração e minha oração a Deus é que o povo de Israel seja salvo. 2Sei da dedicação deles por Deus, mas é entusiasmo sem entendimento. 3Pois, não entendendo a maneira como Deus declara as pessoas justas diante dele, apegam-se a seu próprio modo de se tornar justos tentando seguir a lei, e recusam a maneira de Deus. 4Pois Cristo é o propósito para o qual a lei foi dada. Como resultado, todo o que nele crê é declarado justo.
Paulo sabia pelo que e para que vale a pena viver:
Filipenses 3.7-11 7Pensava que essas coisas eram valiosas, mas agora as considero insignificantes por causa de Cristo. 8Sim, todas as outras coisas são insignificantes comparadas ao ganho inestimável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, deixei de lado todas as coisas e as considero menos que lixo, a fim de poder ganhar a Cristo 9e nele ser encontrado. Não conto mais com minha própria justiça, que vem da obediência à lei, mas sim com a justiça que vem pela fé em Cristo, pois é com base na fé que Deus nos declara justos. 10Quero conhecer a Cristo e experimentar o grande poder que o ressuscitou. Quero sofrer com ele, participando de sua morte, 11para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dos mortos!
Paulo ousou ter esperança. E você?
Próximo domingo em diante… nas próximas mensagens, Deus permitindo, caminharemos pelos capítulos de Lamentações. Um de cada vez, e seguiremos os seguintes:
Em tudo isso, meu empenho e minha oração é que você ouse ter esperança.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto