18.05.2025
Hebreus 2.9 (NVT)
Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.
Por que você deveria ouvir Jesus — em matéria de vida, fé e prática? Por que não ouvir outros mestres, filósofos ou gurus espirituais? Aliás, não seria mais impressionante ouvir um anjo? Ou um ser celestial? Por que Jesus?
O texto diante de nós é de peso eterno. Hebreus 2.9 guarda uma declaração doutrinária de valor incalculável, especialmente em sua última frase:
“Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.”
Convido você a examinar comigo a estrutura desse argumento. O versículo é denso, profundo, glorioso. Ele se desdobra em quatro afirmações colossais, que juntas formam um apelo irresistível para que ouçamos exclusivamente a Cristo. Hebreus 2.9:
A síntese ou a grande ideia desse versículo é esta:
Jesus se rebaixou, por um tempo, abaixo dos anjos, para, pela graça de Deus, sofrer a morte no lugar de pecadores, e assim ser exaltado como o Rei glorificado de um povo redimido.
Essa é a grande tese de Hebreus até aqui. O autor deseja provar a superioridade de Cristo — em sua pessoa e obra — como âncora firme para uma fé vacilante.
Desde os primeiros versículos, ele vem afirmando que Deus, nestes últimos dias, falou por meio do Filho, que é o resplendor de sua glória e o agente da criação e da redenção (1.1-3). Também vem mostrando que Jesus é superior aos anjos (1.4–2.18), não apenas em natureza, mas também em missão. Portanto, rejeitar a voz de Cristo é rejeitar a revelação final de Deus e caminhar rumo à perdição.
Então, por que ouvir Jesus? Porque ignorá-lo é desprezar o próprio Deus. Porque negligenciar sua voz é abraçar juízo. Porque Hebreus 2.9 nos mostra que ele — e somente ele — desceu para nos resgatar, sofreu para nos redimir, e agora reina para nos salvar.
Ouça Jesus. Só ele tem palavras de vida eterna. Mas ouça-o não apenas pelo que ele diz — não apenas porque suas palavras apontam o caminho da salvação. Ouça-o por causa do que ele fez: ele provou a morte para salvar todos. “Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.” (Hb 2.9)
Então, como não ouvir aquele que, para dar a vida eterna, provou a morte? Como ignorar o Filho de Deus, que cruzou o rio e desceu até o vale da sombra — para nos tirar de lá, todos nós?
Ou será que não?
Cristo morreu por todos? Todos… quem?
Por quem, exatamente, Jesus provou a morte?
Por mim? Por você? Por pecadores — todos eles?
Por que isso importa?
Se você fizer essa pergunta — “Por quem Jesus provou a morte?” —, se perguntar a cem cristãos evangélicos, talvez noventa e cinco respondam sem hesitar: “Por todos.”
E, de certo modo, essa resposta tem algo de saudável.
Mas também esconde algo espiritualmente perigoso.
O que há de saudável?
Essa resposta não é exclusivista, nem fria, nem sectária. Ela olha para o mundo com compaixão. Deseja que todos, sem distinção, desfrutem do perdão que os crentes já conhecem. Ela ecoa, com alegria, a verdade de João 3.16 (ARA):
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
É correto e necessário afirmar que todos os que crêem em Jesus — independentemente de sua raça, sexo, escolaridade, inteligência, classe social ou religião anterior — são plenamente justificados diante de Deus com base no sangue do Cordeiro.
E é absolutamente correto dizer: não há uma única pessoa que verdadeiramente deseje crer e ser salva que não possa ser salva. Ninguém pode honestamente dizer: “Eu queria ser salvo por Cristo, mas ele não morreu por mim.” Nenhum coração que crê de verdade está fora do alcance do Calvário. Não há um só crente por quem Cristo não tenha provado a morte.
Hebreus 2.9 (NVT) reforça isso com palavras que soam como música para os ouvidos do pecador arrependido:
Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.
Essas palavras são claras. E é saudável querer repeti-las. O problema, porém, é que — nas palavras de John Piper: — “repetir as palavras da Bíblia não é o mesmo que dizer o que a Bíblia quer dizer com essas palavras.”
Por isso afirmei que há algo espiritualmente insatisfatório — e até perigoso — em responder à pergunta “Por quem Jesus provou a morte?” com um simples “por todos.”
O problema não é, necessariamente, que essa resposta esteja errada. Ela pode até estar certa — dependendo do que você quer dizer com ela.
Mas o que preocupa é a superficialidade.
Muitos se contentam com pouco. Não avançam para a pergunta mais profunda:
O que exatamente Jesus realizou quando morreu? O que sua morte efetivamente conquistou? Qual foi o alcance e o efeito real de sua obra?
Infelizmente, assume-se que todos já sabem. E mais: que a morte de Cristo produziu os mesmos efeitos para todos. Isso não é saudável. Porque isso não é verdadeiro.
John Piper escreveu assim:
Minha impressão pastoral — e digo isso com temor — é que muitos dos que afirmam que “Jesus morreu por todos” não saberiam explicar o que, exatamente, ele realizou na cruz por cada ser humano.
E muito menos o que ele realizou por aqueles que rejeitam o evangelho até o fim e vão para o inferno.
Daí, a próxima pergunta:
Se Cristo morreu por todos, então,
por que nem todos são salvos?
Em outras palavras, é espiritualmente prejudicial dizer que Jesus provou a morte por todos sem compreender o que ele realmente realizou ao morrer.
Suponha que você me diga:
— “Eu creio que Jesus morreu por todos.”
E eu respondo:
— “Então, por que nem todos são salvos?”
Provavelmente você diria:
— “Porque é preciso receber o dom da salvação; é necessário crer em Cristo para que a morte dele tenha validade para a pessoa.”
Eu concordo. É bíblico.
Mas, então, eu pergunto:
— “Você crê, então, que Cristo morreu pelas pessoas que o rejeitam e vão para o inferno do mesmo modo como morreu por aquelas que o recebem e vão para o céu?”
Você responde:
— “Sim. A diferença está na fé dos que vão para o céu. A fé é o elo que conecta a pessoa aos benefícios da morte de Jesus.”
Mas há vários problemas nessa linha de pensamento. Vou mencionar apenas um, citado por John Piper:
Se é isso que você crê — se você crê que a diferença está na fé dos que vão para o céu; se você crê que a fé é o elo que conecta a pessoa aos benefícios da morte de Jesus —, então está perdendo a insondável profundidade do amor pactual que Deus tem por você em Cristo, ao reduzi-lo a algo indistinto — igual ao amor que ele teria por aqueles que o rejeitam.
E, de maneira grave, você está, como vimos em Hebreus 2.3, “negligenciando uma tão grande salvação” — o que jamais devemos fazer.
Há uma grandeza em ser amado com o amor do Calvário que você jamais conhecerá se acreditar que aqueles que estão no inferno foram amados e tiveram Cristo morrendo por eles do mesmo modo que você, que verdadeiramente crê.
Seria como se uma esposa insistisse que seu marido a ama e se sacrifica por ela do mesmo modo que ama — e se sacrificaria — por todas as mulheres do mundo.
Mas o apóstolo Paulo diz, em Efésios 5.25-27 (NVT):
25Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela, 26a fim de torná-la santa, purificando-a ao lavá-la com água por meio da palavra. 27Assim o fez para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e sem culpa.
É disso que falamos quando dizemos que Cristo morreu pela igreja — sua noiva. Em outras palavras, há um amor pactual, precioso e insondável, entre Cristo e sua noiva, que o moveu a morrer por ela.
Reforçando: A morte de Jesus é pela noiva de Cristo de um modo diferente, exclusivo dos que estão sendo salvos.
E aqui está o problema de dizer que Cristo morreu por todos do mesmo modo que morreu por sua noiva, que é a igreja — indagou John Piper:
Se Cristo morreu pelos pecados daqueles que se perdem, do mesmo modo como morreu pelos que são salvos, então por que os perdidos estão sendo punidos?
Foram os pecados deles cobertos e cancelados pelo sangue de Jesus, ou não?
Nós, cristãos, dizemos: “Cristo morreu pelos nossos pecados” (1Co 15.3).
E o que queremos dizer é que sua morte pagou a dívida que os nossos pecados geraram. Sua morte removeu de sobre nós a ira de Deus. Sua morte nos libertou da maldição da Lei. Sua morte comprou o céu para nós. Ela realizou, de fato, essas coisas.
Mas o que significaria dizer que Cristo morreu pelos pecados de um incrédulo no inferno? Estaríamos dizendo que a dívida dos pecados dele foi paga? Se foi, por que ele está pagando novamente no inferno?
Estaríamos dizendo que a ira de Deus foi removida? Se foi, por que a ira de Deus está sendo derramada sobre ele como punição pelos pecados?
Estaríamos dizendo que a maldição da Lei foi retirada? Se foi, por que ele está carregando sua maldição no lago de fogo?
Uma possível resposta seria:
— “As pessoas só vão para o inferno por causa do pecado de rejeitar Jesus, e não pelos outros pecados que cometeram.”
Mas isso não é verdade.
A Bíblia ensina que a ira de Deus virá sobre o mundo não apenas por rejeitar Jesus, mas por causa dos muitos pecados que permanecem não perdoados.
Por exemplo, em Colossenses 3.5-6 (NVT), Paulo escreve:
5Portanto, façam morrer as coisas pecaminosas e terrenas que estão dentro de vocês. Fiquem longe da imoralidade sexual, da impureza, da paixão sensual, dos desejos maus e da ganância, que é idolatria. 6É por causa desses pecados que vem a ira de Deus.
Portanto, as pessoas que rejeitam Jesus serão, de fato, punidas por seus pecados específicos — não apenas pelo pecado de rejeitá-lo, não apenas pelo pecado de não crer em seu nome.
Prossigamos.
Em que sentido Jesus provou a morte
por alguém que está no inferno?
Voltamos, então, ao problema: em que sentido Cristo provou a morte pelos pecados dessas pessoas — das pessoas que estão no inferno?
Se elas ainda são culpadas por seus pecados e continuam sofrendo punição por causa deles, o que, afinal, aconteceu na cruz com relação aos seus pecados?
Talvez alguém tente responder com uma analogia:
— “Cristo comprou a passagem delas para o céu e a ofereceu gratuitamente, mas elas recusaram aceitá-la — e é por isso que foram para o inferno.”
E, em parte, tal pessoa estaria certa: Cristo realmente oferece seu perdão gratuitamente a todos. E qualquer um que o receba como o tesouro que ele é será salvo pela morte de Jesus.
Mas há um problema com essa analogia.
A “compra da passagem para o céu” é, na realidade, o cancelamento dos pecados. E o que vimos é que aqueles que recusam essa “passagem” serão punidos por seus pecados — não apenas por rejeitarem a oferta.
Então, que sentido faz dizer que seus pecados foram cancelados?
Se esses pecados os conduzem à destruição e os impedem de entrar no céu, então seus pecados não foram realmente cancelados na cruz. E, portanto, a passagem não foi comprada.
A “passagem para o céu” que Jesus obteve para mim com o seu sangue consiste em apagar todos os meus pecados. Cobri-los. Carregá-los em seu próprio corpo. De tal forma que nunca mais poderão me arruinar. Jamais poderão ser lançados novamente contra mim. Nunca mais.
Foi isso o que aconteceu quando Cristo provou a morte por mim.
Hebreus 10.14 (NVT) declara:
Porque, mediante essa única oferta, ele tornou perfeitos para sempre os que estão sendo santificados.
A morte de Cristo me aperfeiçoou diante de Deus. Para sempre. Pela oferta da sua vida, uma única oferta, de uma vez por todas.
É isso que significa dizer: Cristo morreu por mim.
Hebreus 9.28 (NVT) afirma:
também Cristo foi oferecido como sacrifício uma só vez para tirar os pecados de muitos. Ele voltará, não para tratar de nossos pecados, mas para trazer salvação a todos que o aguardam com grande expectativa.
Cristo levou os meus pecados. Ele realmente os carregou. Ele realmente sofreu por eles. Portanto, os meus pecados não podem — e não cairão — mais sobre mim em juízo. Ah, meus irmão, jamais podemos nos cansar da declaração profética, que diz:
Isaías 53.4-5 (NVT)
4[…] foram as nossas enfermidades que ele tomou sobre si,
e foram as nossas doenças que pesaram sobre ele.
Pensamos que seu sofrimento era castigo de Deus,
castigo por sua culpa.
5Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia
e esmagado por causa de nossos pecados.
Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados
e recebeu açoites para que fôssemos curados.
6Todos nós nos desviamos como ovelhas;
deixamos os caminhos de Deus
para seguir os nossos caminhos.
E, no entanto, o Senhor fez cair sobre ele
os pecados de todos nós.
Então, se você disser que, na cruz, Cristo realizou por mim a mesma coisa que realizou por aqueles que vão sofrer no inferno por seus pecados, você está, na prática, esvaziando a morte de Jesus de seu real e eficaz cumprimento em meu favor.
E me deixa com o quê?
John Piper apresenta a resposta:
[Crer que Cristo morreu da mesma forma para os salvos e os não salvos nos deixa] Com uma expiação que perdeu seu poder precioso e tranquilizador. Pois meus pecados não estariam verdadeiramente cobertos. A maldição não teria sido plenamente removida. E a ira de Deus ainda não teria sido afastada. Esse é um preço alto demais a se pagar apenas para se poder dizer que Cristo provou a morte por todos da mesma forma.
Não creio que a Bíblia nos ordene — ou sequer nos permita — dizer que Cristo morreu por todos da mesma maneira.
E o contexto de Hebreus 2.9 é um bom lugar para mostrar que a morte de Cristo teve um desígnio, um propósito especial, para o povo eleito de Deus — um propósito que ela não teve para os demais, para os que se perdem.
O que significa “todos”?
O que significa dizer que “o Senhor fez cair sobre Cristo os pecados de todos nós” (Is 53.6)? Ou: que Cristo “provou a morte por todos” (Hb 2.9)?
A pergunta é inevitável: o que significa “todos”? Refere-se a cada ser humano, sem exceção? Ou a todos dentro de um certo grupo?
É como quando, durante um almoço com a família, alguém pergunta:
— “Todos estão presentes?”
Não se quer dizer todos os seres humanos, mas sim todos da família em questão.
Portanto, qual é o grupo que o autor tem em mente? Será toda a humanidade, sem distinção? Ou algum grupo específico?
Vamos deixar que o próprio autor de Hebreus responda, acompanhando sua linha de raciocínio nos versículos seguintes.
Primeiro, Hebreus 2.9 (NVT):
Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.
Na sequência, no versículo 10, o autor sustenta o argumento do versículo 9:
Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los [esses “muitos filhos”] à salvação.
Em outras palavras, logo após afirmar que Cristo provou a morte por todos, o autor explica que o desígnio de Deus nessa morte era conduzir muitos filhos à glória.
Assim, os versículos 9 e 10 se conectam:
Cristo provou a morte por todos (v. 9), porque era apropriado, aos olhos de Deus, que o caminho para conduzir seus muitos filhos à glória passasse pelo sofrimento e morte de Cristo (v. 10).
Isso indica que o “todos” do versículo 9 se refere a cada um dos “muitos filhos” que estão sendo conduzidos à glória no versículo 10.
Ou seja, o desígnio de Deus — o objetivo e propósito da morte de Cristo — era conduzir seus filhos eleitos à salvação, TODOS ELES; isto é, conduzi-los, todos, do pecado, da morte e do inferno à glória.
O autor de Hebreus tinha um olhar específico, voltado para seus filhos escolhidos.
Essa é exatamente a linguagem de João 11.52 (NVT):
E não apenas por aquela nação, mas para reunir em um só corpo todos os filhos de Deus espalhados ao redor do mundo.
Esses “todos os filhos de Deus”, pelos quais Cristo morreu — como lemos em João 11.52 — são os mesmos “muitos filhos” que Deus conduz à glória pela morte do Filho, segundo Hebreus 2.10.
Foi por esses “todos” que Jesus “provou a morte”, conforme Hebreus 2.9. Todos os filhos de Deus (Jo 11.52), os muitos filhos (Hb 2.10).
O autor de Hebreus prossegue, nos versículos 11 e 12 de Hebreus 2:
11Assim, tanto o que santifica como os que são santificados procedem de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos, 12quando diz [em Salmos 22.22]:
“Proclamarei teu nome a meus irmãos;
no meio de teu povo reunido te louvarei”.
Em outras palavras, os filhos que Deus conduz à glória pela morte de Cristo são agora chamados de “irmãos” de Cristo. Foi por cada um desses — os irmão de Cristo (vs. 11-12), o povo de Deus reunido (v. 12) — que Jesus provou a morte (v. 9).
Mas o texto continua, versículo 13:
E também afirmou:
“Porei minha confiança nele”,
isto é, “eu e os filhos que Deus me deu”.
Perceba: os filhos que estão sendo conduzidos à glória pela morte de Cristo são agora descritos como “filhos que Deus deu a Cristo”. Eles não se tornam filhos apenas por escolherem a Cristo — Deus coloca seu favor sobre eles e os entrega ao Filho.
E por cada um desses filhos Cristo provou a morte, conduzindo-os à glória.
É exatamente assim que Jesus fala sobre seus discípulos em sua oração em João 17.6 (NVT) :“Eu revelei teu nome àqueles que me deste do mundo. Eles sempre foram teus. Tu os deste a mim, e eles obedeceram à tua palavra.”
A imagem que temos, portanto, é a de um povo escolhido, que o Pai, livre e graciosamente, entrega ao Filho como seus filhos.
Agora, os versículos 14-15, de Hebreus 2, o propósito da encarnação:
14Visto, portanto, que os filhos são seres humanos, feitos de carne e sangue, o Filho também se tornou carne e sangue, pois somente assim ele poderia morrer e, somente ao morrer, destruiria o diabo, que tinha o poder da morte. 15Só dessa maneira ele libertaria aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte.
Ou seja, o motivo da encarnação e morte de Jesus (v. 14) é que “os filhos” partilham de carne e sangue. Por isso, Cristo também assumiu carne e sangue humanos.
E quem são esses “filhos”? Segundo o versículo 13, são os filhos que Deus deu a Cristo — não a humanidade em geral.
Portanto, todo o propósito da encarnação e morte de Jesus foi conduzir à glória os filhos, as filhas, os irmãos espirituais que Deus deu a Jesus. Foi por esses todos que Jesus provou a morte.
Encerramos aqui nossa exposição, ainda que pudéssemos seguir percorrendo o restante deste capítulo de Hebreus — mostrando, passo a passo, como o propósito de Deus ao enviar e fazer Jesus morrer foi realizar algo específico e eficaz pelos seus irmãos, seus filhos, aqueles que Deus lhe deu do mundo.
Mas agora, quero concluir com algumas aplicações pastorais.
Meu irmão, minha irmã: não estou, nem por um instante, interessado em restringir a ninguém o valor infinito da morte de Jesus. Que isso fique claro. Que seja anunciado com toda a força do evangelho:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16, ARA).
Cristo morreu para que todo aquele que crê — inclusive alguém aqui, hoje — não pereça, mas tenha a vida eterna.
E quando você crer — como deve crer — descobrirá uma realidade gloriosa:
Sua fé, como todas as demais bênçãos espirituais, foi comprada pela morte de Cristo.
O pecado da incredulidade, no seu caso, foi coberto pelo sangue do Cordeiro. E, por isso, o poder da misericórdia de Deus foi liberado por meio da cruz para subjugar sua rebelião e levá-lo ao Filho.
Você não tornou a cruz eficaz em sua vida ao crer.
Foi a cruz que se tornou eficaz em sua vida ao comprar sua fé, seu direito de crer, sua capacidade de crer. E por isso você se arrependeu do pecado e crê para a salvação.
Então, glorie-se na cruz de Cristo, oh cristão! Ouça Jesus!
Glorie-se na cruz de Cristo porque seus pecados foram de fato cobertos quando Jesus provou a morte — quando ele, literalmente, engoliu, tragou a morte — por você. — Ouça Jesus!
Glorie-se na cruz de Cristo porque sua culpa foi realmente removida quando Jesus provou a morte por você. —Ouça Jesus!
Glorie-se na cruz de Cristo porque a maldição da Lei foi de fato retirada, e a ira de Deus foi realmente afastada de você. — Ouça Jesus!
Glorie-se na cruz de Cristo porque a preciosa fé que o une a todas essas riquezas em Cristo foi um dom comprado com o sangue do Cordeiro. — Ouça Jesus!
E glorie-se na cruz de Cristo porque aqueles que o Pai deu ao Filho ouvirão a voz do evangelho através da sua voz, e eles crerão e serão salvos. Isso encoraja você a ir, pregar, fazer discípulos de Cristo. — Ouça Jesus!
Cristo provou a morte por todos os que creem.
Porque a fé de todos os que creem foi comprada pela morte de Cristo.
Ouça Jesus!
Ouça a voz de Cristo te chamando:
“Vinde a mim, você que está cansado e sobrecarregado, e eu vos aliviarei. Você achará descanso para a sua alma — descanso eterno!”
Ouça a voz de Cristo te chamando:
“Vá. Eu estou com você. Não tema. Vá. Pregue a minha cruz. Faça discípulos para mim. As minhas ovelhas ouvirão a minha voz — através da sua voz — e me seguirão.”
Tudo isso porque Jesus provou a morte.
S.D.G. L.B.Peixoto.
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Pr. Leandro B. Peixoto