25.05.2025
Hebreus 2.8-13 (NVT)
8Tu lhe deste autoridade sobre todas as coisas”.
Quando se diz “todas as coisas”, significa que nada foi deixado de fora. É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade. 9Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos. 10Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder [ou: o príncipe, o capitão, o autor] perfeito para conduzi-los à salvação.
11Assim, tanto o que santifica como os que são santificados procedem de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos, 12quando diz:
“Proclamarei teu nome a meus irmãos;
no meio de teu povo reunido te louvarei”.*
13E também afirmou:
“Porei minha confiança nele”,
isto é, “eu e os filhos que Deus me deu”.
Imagine um pai…
Cravando pregos nas mãos do próprio filho. Expondo-o à vergonha pública. Entregando-o ao escárnio de uma multidão enlouquecida. E depois… virando o rosto, enquanto o menino geme de dor.
Isso soa como amor?
Ou como crueldade?
Para muitos teólogos contemporâneos, a ideia de que foi da vontade do Senhor esmagar o Filho e fazê-lo sofrer, causando-lhe dor (cf. Is 53.10), é simplesmente impensável. Steve Chalke chamou essa doutrina de “abuso infantil cósmico”. Brian McLaren afirmou que ela transforma Deus em um “monstro sedento de sangue”. Gregory A. Boyd rejeita veementemente a noção de que Deus tenha se agradado do sofrimento do Filho, dizendo: “A imagem de um Deus que exige sacrifício sangrento para satisfazer sua ira é uma projeção pagã, não a revelação cristã.”
William Paul Young, na ficção teológica popular A Cabana (2007), coloca na boca da personagem que representa Deus Pai a seguinte declaração: “Eu não preciso punir ninguém para ser justo.” E, em entrevistas posteriores, ele deixou claro que rejeita qualquer ideia de que o Pai tenha infligido sofrimento ao Filho como punição.
Até mesmo em púlpitos que outrora proclamavam fielmente o evangelho de Jesus Cristo, já se ouve: a cruz não pode significar justiça punitiva — porque, dizem, o amor verdadeiro jamais exigiria sangue.
Mas… e se for exatamente o contrário?
E se o escândalo da cruz não estiver em sua violência, mas em sua obediência voluntária? E se o horror da cena for, na verdade, o caminho da glória? E se o que foi da vontade do Senhor — esmagar o Filho — for, ao mesmo tempo, a mais pura expressão de justiça e justificação, de ira e graça, de punição pelo pecado e misericórdia pelo pecador, de santidade e amor?
Hoje, em face de Hebreus 2.9-10, nós nos curvamos diante de afirmações tão densas quanto desconcertantes. No versículo 9 se lê: “Jesus… por ter sofrido a morte… Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.” E o versículo 10 complementa: “E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder [ou: o príncipe, o capitão, o autor] perfeito para conduzi-los à salvação.”
Pela graça de Deus!
Convinha a Deus.
Foi plano de Deus.
Foi mão de Deus.
E foi amor de Deus.
Nesta manhã, veremos por que foi o próprio Deus quem feriu o Filho — e por que o Filho, por sua vez, se entregou de forma voluntária. Não foi abuso. Foi redenção.
Não era sede de sangue. Era justiça.
Sim, foi punição. Mas não pelos pecados do Filho — e sim pelos pecados de todos quantos o Pai escolheu salvar no Filho.
Veremos por que Jesus é chamado de o Autor da Salvação — e por que somente ele poderia escrever essa história com sangue, dor… e glória.
Permita-me começar, meu irmão, minha irmã, conduzindo-os pela sequência de pensamento que atravessa os capítulos 1 e 2 de Hebreus.
O autor sagrado quer que compreendamos, desde o início, uma verdade gloriosa: Jesus Cristo não é um anjo. Ele está infinitamente acima deles. Ele é adorado pelos anjos (1.6), porque ele mesmo é Deus (1.8).
Cristo é a palavra final e definitiva de Deus ao mundo nestes últimos dias. “E agora, nestes últimos dias, ele nos falou por meio do Filho” (1.2). Cristo Jesus não apenas transmite uma mensagem — ele é a própria revelação de Deus. Ele, portanto, é superior a qualquer um dos profetas, antes ou depois dele.
Por isso, o autor de Hebreus nos convida a unir nossas vozes às dos anjos, não para adorá-los, mas para adorarmos com eles o Filho glorioso, que revela e expressa perfeitamente o Pai.
E então, nos versículos 2 a 4 do capítulo 1, ele acumula glória sobre glória:
Cristo é o herdeiro de todas as coisas.
Por meio dele, Deus criou o universo.
Ele é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser.
Sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder.
Fez, de uma vez por todas, a purificação dos pecados.
E assentou-se à direita da Majestade nas alturas — de onde reina soberano até que todos os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés (1.13).
Com base nessa extraordinária celebração da grandeza de Cristo, o autor da carta aos Hebreus nos adverte, no capítulo 2, sobre a total insensatez de ignorarmos a Palavra final de Deus (1.1-2) e de negligenciarmos tão grande salvação (2.3).
— “O que nos faz pensar que escaparemos se negligenciarmos essa tão grande salvação” — ele pergunta.
É suicida ouvir sobre um Salvador tão glorioso e uma salvação tão majestosa, e ainda assim seguir distraído com outras coisas — revelando, por essa negligência, que não consideramos essa salvação verdadeiramente grande. E se não a consideramos grande… é porque, de fato, nunca a vimos nem a experimentamos.
A partir do versículo 5 de Hebreus 2, o autor começa a nos mostrar a grandiosidade do que essa salvação realmente envolve. E ele concentra nossa atenção no propósito eterno de Deus para nós, seres humanos: sermos exaltados em glória, sob o governo de Deus e sobre a criação por ele formada.
Nos versículos 6 a 8, ele cita o Salmo 8 — um salmo que descreve a dignidade do homem como coroa da criação, feito por Deus com glória e honra, com todas as coisas sujeitas debaixo de seus pés.
Mas o autor não é ingênuo.
Ele reconhece a fratura entre promessa e realidade. Por isso afirma, no final do versículo 8: “É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade.”
A realidade atual é mesmo outra. Em vez de reinar em glória, o ser humano sofre. Envelhece. Morre.
É verdade que já fomos capazes de alcançar a lua. De fazer foguetes darem ré. De erradicar ou subjugar doenças. De dividir o átomo e sondar a vastidão do universo… Mas ainda não conseguimos deter a decadência. Nem vencer a morte.
O cumprimento pleno do Salmo 8 ainda não é visível.
Qual é, então, a resposta à nossa desesperadora sujeição à morte? Como alcançaremos o destino que o Salmo 8 nos apresenta? A resposta que o autor de Hebreus dá é que Jesus Cristo veio ao mundo como ser humano para ser o precursor ou príncipe de uma nova humanidade, que romperá os grilhões do pecado, da futilidade deste mundo e da prisão tenebrosa da morte, e entrará na glória e honra prometidas por Deus.
É isso que ele afirma em Hebreus 2.8-9. Ainda não vemos todas as coisas sujeitas ao homem regenerado, mas o que vemos agora?
8Tu lhe deste autoridade sobre todas as coisas”.
Quando se diz “todas as coisas”, significa que nada foi deixado de fora. É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade. 9Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos.
Em outras palavras, embora você e eu ainda não desfrutemos da glória e honra prometidas no Salmo 8, pois sofremos e morremos, Jesus veio ao mundo como ser humano, rompeu a futilidade e a morte, e ressuscitou para a glória e honra prometidas a nós. Assim, ele é nosso “Capitão”, “Príncipe” ou “Precursor”. Ele é o Autor da salvação.
Podemos chamar Cristo de Capitão, Príncipe ou Precursor — de Autor da salvação — porque o versículo 10 deixa claro que o que o Filho de Deus estava fazendo ao tornar-se humano era “conduzir muitos filhos à glória”.
Veja o versículo 10:
Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder [ou: o príncipe, o capitão, o autor] perfeito para conduzi-los à salvação.
Há muitas verdades importantes nesse versículo, mas observe, antes de tudo, o seguinte:
Ao enviar seu Filho ao mundo para sofrer e morrer, substituindo na cruz todo pecador que crê, Deus está conduzindo muitos filhos à glória.
Que glória é essa?
É a mesma glória prometida no Salmo 8, citada em Hebreus 2.7-8a: “E, no entanto, por pouco tempo o fizeste um pouco menor que os anjos e o coroaste de glória e honra. Tu lhe deste autoridade sobre todas as coisas”.
Esta é a glória da qual caímos em nosso pecado e rebelião contra Deus. Mas agora Deus está realizando uma “tão grande salvação” (Hb 2.3).
Como?
Deus Pai envia seu Filho para provar a morte por nós, libertar-nos da futilidade, da derrota, da miséria e da condenação do pecado e da morte, e nos conduzir à glória. Para isso, ele sofreu e entrou, antes de nós, nessa mesma glória, como declara o versículo 9:
Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”.
Portanto, Cristo é nosso Precursor. Líder. Capitão. Príncipe. Ele se tornou humano. Sofreu e morreu em nosso lugar. Ressuscitou dos mortos vitorioso e entrou na glória.
Por quê? Para que pudesse “levar muitos filhos à glória” (v. 10).
O que precisamos perceber aqui, meu irmão, minha irmã, é que o autor de Hebreus ainda está falando da grande salvação mencionada no versículo 3.
Ou seja: essa salvação gloriosa consiste no fato de que fomos destinados à glória — e isso, por meio da encarnação, sofrimento, morte, ressurreição e exaltação de Jesus Cristo, nosso Precursor, nosso Capitão, nosso Príncipe (v. 10).
A promessa do Salmo 8 será cumprida em nós porque já foi cumprida nele.
Jesus é o nosso Precursor — aquele que nos precedeu no caminho, na trilha, na via dolorosa da salvação. Ele abriu para nós a picada que conduz ao céu. Ele trilhou, por nós, a estrada da cruz. Ele é o Autor da salvação. Ele “provou a morte por todos” (v. 9), para que pudesse “conduzir muitos filhos à glória” (v. 10).
Essa é uma grande salvação, primeiro, porque o destino para o qual somos salvos é grandioso: um dia estaremos livres do câncer, da paralisia, da H1N1, do corona-vírus, da artrite, da cegueira, da depressão, da corrupção e da futilidade, e herdaremos a glória do Filho de Deus ressuscitado. Ele foi coroado de glória e honra (2.9), e é para lá que ele está nos conduzindo.
E essa é uma grande salvação também porque o Salvador é grande: é o Filho de Deus que veio — não um anjo, não um mero ser humano, não um simples profeta, mas o Filho de Deus, que é Deus — adorado e reverenciado para sempre. Ninguém menos do que Deus Filho veio nos conduzir à glória.
Por isso, essa é uma grande salvação: porque o Precursor é glorioso e porque o alvo é grandioso. O Precursor é o Filho de Deus, e o alvo é a glória de Deus.
Portanto, meu irmão, minha irmã — não negligencie sua grande salvação.
Você tem negligenciado a salvação que Deus lhe deu? Tem tratado como algo comum aquilo que é infinitamente precioso? Tem deixado que a grandeza do evangelho se apague na rotina, no cansaço, na distração deste mundo?
Uma das razões da fraqueza espiritual nos crentes e nas igrejas é esta: muitos negligenciam a grandeza da salvação que professam crer.
Mas… qual é o oposto de negligenciar?
Há um conjunto de textos em Hebreus que nos informa que não negligenciar tão grande salvação é aplicar coração, alma, força e entendimento — todo o ser — à glória de Deus revelada em Jesus Cristo (2.1; 3.1, 12-13; 4.16; 10.23, 35; 12.1-2, 25).
É ter ouvidos atentos à Palavra.
É fixar os olhos em Jesus — o Autor e Consumador da fé.
É aproximar-se do trono da graça com confiança.
É guardar o coração contra a incredulidade.
É exortar e ser exortado todos os dias.
É manter firme a esperança, sem vacilar.
É sustentar a confiança, lembrando da recompensa.
É correr com perseverança.
É viver com temor.
É ouvir, com reverência, Aquele que fala dos céus.
Negligenciar, por outro lado, é viver no modo automático. É ceder à distração. É esquecer o essencial. Em contrapartida, dar atenção diligente… É resistir ao endurecimento. É buscar graça dia após dia. É viver com os olhos fitos em Cristo.
Ah, meu povo… como é fácil negligenciar tão grande salvação!
É como uma criança que ganha um brinquedo novo — primeiro, o entusiasmo passageiro e o brilho nos olhos por um instante… depois, o esquecimento. Assim muitos tratam a salvação em Cristo Jesus — que é milhões de vezes mais valiosa do que qualquer tesouro deste mundo.
Há um breve surto de alegria. Uma dedicação momentânea. Mas logo, como advertiu o próprio Jesus, “é sufocada pelas preocupações desta vida, pela sedução da riqueza e pelo desejo por outras coisas” (Mc 4.19).
Primeiro, vem um envolvimento superficial com as coisas de Deus. Depois, o desvio sutil. E então… o esquecimento. E uma indiferença fria.
Mas Deus, em sua misericórdia, nos deu a carta aos Hebreus.
Este livro é uma longa e providencial ajuda divina para que isso não aconteça conosco. Hebreus é, por si só, um exercício de não negligenciar tão grande salvação.
É uma meditação persistente, profunda e gloriosa sobre a salvação que temos em Cristo. É um chamado contínuo à contemplação. Um convite à reverência. Uma convocação à perseverança.
O autor de Hebreus nos mostra, pelo exemplo, o que devemos fazer com a salvação que recebemos: contemplar sua grandeza, examinar suas razões, sondar seus fundamentos, exultar em sua beleza.
Esta é a Palavra de Deus para nós — para nos despertar, nos instruir e nos preservar. Para que jamais venhamos a negligenciar tão grande salvação.
Vejamos como isso acontece em Hebreus 2.10. Esse versículo é, na verdade, uma meditação do autor sobre a grandeza da nossa salvação — mais especificamente, sobre como foi apropriado — não desnecessário, não um escândalo, mas apropriado — que o Filho de Deus, sendo verdadeiro Deus, sofresse morte de cruz como verdadeiro homem.
Hebreus 2.9 termina afirmando que “Jesus provou a morte por todos”. E, em seguida, o versículo 10 nos explica por que isso foi apropriado:
Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação.
Veja o que o autor está fazendo. Ele não está apenas afirmando um fato. Ele está meditando. Está refletindo. Está se perguntando: por que foi conveniente que Deus salvasse desse modo? E ao fazer isso, esse autor nos ensina a fazer o mesmo.
Ele não diz: “Ora, Deus é Deus — Ele salva como quiser. Basta aceitar.”
Não. Ele entende que se Deus agiu assim, então não há escândalo — conforme criam os judeus e muitos teólogos contemporâneos — há beleza, coerência, simetria, sabedoria. Há algo profundamente apropriado no modo como Deus realizou a salvação.
O autor está nos mostrando que não negligenciar tão grande salvação também significa pensar sobre ela. Significa perguntar: por que Cristo sofreu? Por que a cruz? Por que a glória só veio por meio da dor, sobretudo a dor do abandono do Pai?
E, ao buscar essas respostas, o que encontramos não é um escândalo irracional, não é uma ideia pagã cruel— mas a beleza de um Deus que salva com justiça e misericórdia, com santidade e graça.
Pensar assim não é irreverência. É adoração.
Refletir assim não é ousadia. É reverência.
Investigar os caminhos de Deus não é orgulho. É devoção.
Não negligenciamos nossa salvação quando a contemplamos com temor e alegria. Quando buscamos entender sua glória. E quando, ao compreender algo de sua profundidade, nos prostramos e dizemos: “Era apropriado. Sim, apropriado.”
Permita-me apresentar, meu irmão, minha irmã, três razões que há neste texto pelas quais foi apropriado que o Filho de Deus sofresse. É isso que Hebreus 2.10 afirma, na segunda metade do versículo: “E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação.”
(Essas argumentações são um resumo da interpretação de John Piper)
1. Era apropriado que Jesus sofresse…
Para ser aperfeiçoado por meio do sofrimento
Primeiro, os sofrimentos de Jesus são apresentados como o meio pelo qual Deus “aperfeiçoa” o seu Filho — ou: torna seu Filho o líder perfeito.
Mas o que isso significa?
Jesus não era pecaminosamente imperfeito. A própria carta aos Hebreus insiste repetidamente que ele era sem pecado (4.15; 7.26; 9.14).
A resposta está em Hebreus 5.8-9:
8Embora fosse Filho, aprendeu a obediência por meio de seu sofrimento. 9Com isso, foi capacitado para ser o Sumo Sacerdote perfeito e tornou-se a fonte de salvação eterna para todos que lhe obedecem.
“Perfeito” aqui não significa que ele deixou de ser pecador, nem tampouco que tenha se tornado mais puro — porque ele nunca foi pecador ou menos puro.
“Perfeito” significa que sua obediência foi posta à prova, foi aprovada, e assim foi completada. Ele passou da obediência não testada para a obediência provada, vivida, sofrida, sentida e, no final, aprovada. E foi isso que o tornou perfeito para salvar. E ainda: Jesus “aprendeu a obediência” na forma humana, sob seu sofrimento humano. E foi isso que o tornou perfeito para salvar.
Por que isso era necessário? Porque ele está conduzindo muitos filhos (humanos) à glória — e precisava vencer onde todos nós pecamos.
Todos sofremos, mas fracassamos no sofrimento. Murmuramos. Reclamamos. Nos iramos. Nos rendemos à incredulidade. Assim, jamais alcançaríamos a glória por nós mesmos. O Salmo 8 nunca se cumpriria em nós. Mas Cristo… venceu. Foi aperfeiçoado no sofrimento — ele demonstrou estar perfeitamente apto para nos substituir na cruz. Obedeceu até o fim, mesmo quando tudo doía. Por isso ele é o Capitão, o Precursor, o Príncipe adequado para nos conduzir à glória. E nossa salvação é ainda mais gloriosa por causa disso.
2. Era apropriado que Jesus sofresse…
Para gerar unidade, empatia e comunhão com os irmãos
Em segundo lugar, foi apropriado que Cristo sofresse para que sua liderança sobre os filhos de Deus fosse marcada por unidade, empatia e comunhão.
Deus deseja uma família de filhos — filhos entrelaçados, unidos em amor, e cujo Irmão mais velho compartilhe de sua dor. Se todos os filhos sofrem, menos um, essa comunhão fica comprometida. Assim, Cristo, embora essencialmente diferente (por ser Deus), tornou-se semelhante a nós em tudo — inclusive no sofrimento; contudo, sem pecar. Vemos isso na ligação entre os versículos 10 e 11.
O versículo 10 fala do sofrimento do Filho como apropriado para conduzir filhos à glória. O versículo 11 explica a razão:
10[…] E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação.
11Assim, tanto o que santifica como os que são santificados procedem de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos,
Cristo não apenas nos salva — ele se une a nós. E sofre conosco. E sofre por nós.
O Pai determinou que ele enfrentasse sofrimento real, horrível, profundo — para que a comunhão da nova família fosse plena.
E isso também é parte da grandeza da nossa salvação: um Salvador que não é alheio às nossas dores, mas que as conhece por dentro.
3. Era apropriado que Jesus sofresse…
Para exibir o valor infinito da glória do Pai
Por fim, foi conveniente que o Filho sofresse para exaltar a glória do Pai — pois tudo existe para glorificar a Deus.
Veja como o versículo 10 começa apresentando essa lógica:
Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação.
Deus é o motivo e o fim de todas as coisas. Tudo o que ele faz é para magnificar sua liberdade, sua suficiência, seu valor eterno, sua graça, sua justiça… E a disposição do Filho em sofrer revela isso com clareza incomparável.
Na carta aos Hebreus, a disposição para sofrer perdas é evidência de profunda fé em Deus para nos conduzir à glória (cf. 10.32-34; 11.24-26; 13.5-6). E ninguém confiou tão plenamente quanto Cristo. Hebreus 12.2 declara:
Mantenhamos o olhar firme em Jesus, o líder e aperfeiçoador de nossa fé. Por causa da alegria* que o esperava, ele suportou a cruz sem se importar com a vergonha.
Que alegria? A alegria de ver o Pai exaltado. A alegria de assentar-se à sua direita, cercado por uma multidão de irmãos redimidos, adorando juntos a glória do Deus eterno.
Por isso, o sofrimento de Cristo não diminui a salvação — engrandece. Aprofunda. Enche de significado. Faz brilhar a glória de Deus.
E essa é, por fim, a razão por que essa salvação é tão grande: porque começa com Deus, termina em Deus, e exalta Deus acima de tudo.
Ó, crente, não negligencie tão grande salvação!
O sofrimento e a cruz de Jesus ainda são escândalo, loucura e vergonha para os que perecem. Mas não para os que são salvos. Estes sabem: “era apropriado que ele sofresse”.
Apropriado — porque, em forma humana, Jesus suportou o sofrimento sem pecado, provando ser o Cordeiro perfeito, sacrificado em nosso lugar.
Apropriado — porque, ao sofrer como nós, ele se tornou o irmão mais velho compassivo. Conhece nossas dores.
Apropriado — porque, ao padecer a morte de cruz, ele exaltou, de um lado, a justiça de Deus; e do outro, a misericórdia de Deus estendida a pecadores.
Ó, meu amigo, minha amiga… o Pai esmagando o Filho na cruz não foi abuso divino — foi amor deliberado.
Foi o modo como a santa Trindade, em perfeita unidade, decidiu revelar o amor de Deus na salvação de pecadores — sem jamais anular sua justiça.
O Filho se entregou voluntariamente a esse plano eterno.
E assim, a justiça de Deus foi satisfeita em amor — não com sadismo, mas com santidade. Não com crueldade, mas com compaixão, graça e glória.
Portanto, não se escandalize.
Antes…
S.D.G. L.B.Peixoto.
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