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13.07.2025

A segurança eterna dos crentes

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Hebreus - A Superioridade de Cristo
  • Livro: Hebreus

Hebreus 3.12
Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo.

A Confissão de Fé das Assembleias de Deus

Pode um crente se afastar ou se desviar do Deus vivo? Ou, ainda: pode um crente perder a salvação? Esta é, sem dúvida, uma das questões mais debatidas entre os evangélicos — e não é um debate recente. Este debate gira em torno da doutrina da segurança eterna dos crentes.

Na semana passada, vimos que, na Declaração de Fé das Assembleias de Deus (1ª edição, 2017), consta, no capítulo X, parágrafo 6, o seguinte ensino:

“É possível a perda da salvação.”

Eis o texto na íntegra:

Rejeitamos a afirmação segundo a qual “uma vez salvo, salvo para sempre”, pois entendemos, à luz das Sagradas Escrituras, que, depois de experimentar o milagre do novo nascimento, o crente tem a responsabilidade de zelar pela manutenção da salvação a ele oferecida gratuitamente…

Então, cita-se Hebreus 3.12 — o nosso texto:

Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que o desvie do Deus vivo.

Prossegue-se:

Não há dúvidas quanto à possibilidade de o salvo perder a salvação, seja temporariamente ou eternamente. Mediante o mau uso do livre-arbítrio, o crente pode apostatar da fé, perdendo, então, a sua salvação… Finalmente, temos a advertência de Paulo aos coríntios: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia” (1Co 10.12). Aqui temos mencionada a real possibilidade de uma queda da graça. Assim, cremos que, embora a salvação seja oferecida gratuitamente a todos os homens, uma vez adquirida, deve ser zelada e confirmada.

Me perdoem, meus irmãos, por voltar a esse assunto com vocês. Não é capricho meu. Não estou aqui movido pelo desejo de falar mal de nenhuma denominação ou grupo de cristãos. Também não estou julgando as intenções ou a salvação de ninguém. Jamais faria isso. Minha motivação é outra. É amor.

Explico.

Essa doutrina é extremamente nociva. Ela é perigosa.

Primeiro, porque diminui — e pode até anular — o valor da obra completa de Cristo na salvação do pecador, colocando as obras do indivíduo em pé de igualdade com a obra de Cristo. Arrisco dizer que é quase “salvação pelas obras”. Quando leio que o “salvo” pode perder a salvação, seja temporariamente ou eternamente, mediante o mau uso do livre-arbítrio, e também que a oferta gratuita da salvação, “uma vez adquirida, deve ser zelada e confirmada”… Sabe o que me vem ao coração? Isso é salvação por mérito! Em outras palavras: Deus fez a parte dele, em Cristo; e nós devemos agora “adquirir”, ou: fazer a nossa parte.

Segundo, essa doutrina, ao roubar do crente a sua segurança eterna, na prática, ela pode lançar o coração em desespero. Afinal, como poderei viver em segurança se ora perco, ora readquiro minha salvação? E se, em certo momento, não tiver forças para lutar contra o pecado que habita em mim? Percebem, meus irmãos? Esse ensinamento é um tormento!

Sem falar que, no céu, diante do trono de Deus, será mesmo que o pecador terá a audácia de dizer:

— “Senhor, deixe-me entrar no teu descanso. Afinal, Cristo fez a parte dele e eu, com muito custo — é verdade —, mas com muito custo, fiz a minha parte. Fiz bom uso do meu livre-arbítrio, adquiri minha salvação e, de novo, com muito custo, zelei por ela e, desse modo, eu a confirmei.”

Isso não é salvação pelas obras?

Não mesmo?

Esse não é o Deus da Bíblia. É Papai Noel.

É Papai Noel porque o pecador estaria dizendo: “Eu fui um bom crente. Eu fui zeloso. Deixa-me, agora, entrar no céu.”

Meus irmãos, será que estou exagerando? Penso que não.

Mais uma vez, o Artigo X, parágrafo 6, da Declaração de Fé das Assembleias de Deus — prestem atenção:

É possível a perda da salvação. Rejeitamos a afirmação segundo a qual “uma vez salvo, salvo para sempre”, pois entendemos, à luz das Sagradas Escrituras, que, depois de experimentar o milagre do novo nascimento, o crente tem a responsabilidade de zelar pela manutenção da salvação a ele oferecida gratuitamente… Não há dúvidas quanto à possibilidade de o salvo perder a salvação, seja temporariamente ou eternamente. Mediante o mau uso do livre-arbítrio, o crente pode apostatar da fé, perdendo, então, a sua salvação… Finalmente, temos a advertência de Paulo aos: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia” (1Co 10.12). Aqui temos mencionada a real possibilidade de uma queda da graça. Assim, cremos que, embora a salvação seja oferecida gratuitamente a todos os homens, uma vez adquirida, deve ser zelada e confirmada.

Ora, como é que se cai da graça? Não zelando pela manutenção da salvação.

Isso são obras. É a “parte do homem” na salvação.

A Confissão de Fé Batista de 1689

Tratando “Das Boas Obras”, no capítulo XVII, a Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, escreveu, no parágrafo 5, que

as nossas obras [ou: o nosso zelo] não podem conquistar o perdão de pecados nem a vida eterna, porque, quando são boas, procedem do Espírito de Deus [portanto, eu não tenho parte nisso] e, quando produzidas por nós, são maculadas e misturadas com tanta fraqueza e imperfeição, que não podem suportar a severidade da punição divina.

Ainda citando o documento histórico dos batistas, deixe-me expor o tipo de fé — e somente a fé — que salva o pecador (Cap. XIV: “Da Fé Salvadora”, parágrafo 5):

o crente é capacitado a lançar a sua alma sobre a verdade em que crê. Ele também age de forma distinta quanto ao que cada passagem particular da Escritura contém — obedecendo aos mandamentos, tremendo diante das ameaças e abraçando as promessas de Deus para esta vida e para a vindoura. Entretanto, em virtude do pacto da graça, os principais atos da fé salvadora têm relação imediata com Cristo, aceitando-o, recebendo-o e descansando somente nele para a justificação, santificação e vida eterna.

Não depende do que nós fazemos, meus irmãos, mas do que Cristo fez. E ele fez isso de uma vez por todas — para nos justificar diante de Deus e para nos capacitar a obedecer aos seus mandamentos. Tudo isso é possível somente pela graça. Somente pela fé. Somente por Cristo. Somente para a glória de Deus.

É verdade que essa fé se comprova também no zelo pelas coisas espirituais. Mas jamais é precedida ou auxiliada pelo zelo do cristão.

Pois bem, tendo visto o que traz o documento das Assembleias de Deus, vejamos mais uma vez a Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, capítulo XVII: “Da Perseverança do Santos”, parágrafo 1:

Aqueles que Deus aceitou em Cristo, chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, dando-lhes a fé preciosa dos seus eleitos, não podem, nem total, nem finalmente, cair do estado de graça. Por certo, eles perseverarão nessa condição até o fim e serão eternamente salvos, constatando que os dons e a vocação de Deus são concedidos irrevogavelmente. Por isso, Deus também gera e nutre neles a fé, o arrependimento, o amor, a alegria, a esperança e todas as graças do Espírito que têm como objetivo a imortalidade. Embora muitas tempestades e dilúvios surjam e os atinjam nunca serão capazes de retirá-los do fundamento e rocha sobre os quais, pela fé, estão alicerçados.

O testemunho da palavra de Deus

Quero deixar bem claro, meus irmãos, que essa Confissão de Fé, esse documento tão precioso da tradição batista, está absolutamente em acordo com as Escrituras Sagradas — que são a nossa única regra de fé e prática. Por isso, vou apresentar, a seguir, alguns textos bíblicos que sustentam a doutrina da segurança eterna dos crentes, também conhecida como perseverança dos santos.

Essa doutrina ensina que, uma vez verdadeiramente salvos, os crentes não podem perder a sua salvação. Porque a nossa salvação está segura em Cristo — não no zelo do cristão, não na manutenção que o cristão faz da salvação, mas somente em Cristo.

Observem comigo:

João 10.27-29
27Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém pode arrancá-las de minha mão, 29pois meu Pai as deu a mim, e ele é mais poderoso que todos. Ninguém pode arrancá-las da mão de meu Pai.

Jesus afirma que suas ovelhas têm vida eterna e jamais perecerão, evidenciando segurança total, pois estão guardadas pela força soberana de Deus.

Romanos 8.29-30
29Pois Deus conheceu de antemão os seus e os predestinou para se tornarem semelhantes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primeiro entre muitos irmãos. 30Depois de predestiná-los ele os chamou, e depois de chamá-los, os declarou justos, e depois de declará-los justos, lhes deu sua glória.

Esse “elo dourado da salvação” (a corrente de ouro da salvação) demonstra que todos os justificados chegarão à glorificação, sem possibilidade de “rompimento” do processo.

Romanos 8.38-39
38E estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o que existe hoje nem o que virá no futuro, nem poderes, 39nem altura nem profundidade, nada, em toda a criação, jamais poderá nos separar do amor de Deus revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Nada, absolutamente nada, pode separar o crente do amor de Deus em Cristo.

Filipenses 1.6
Tenho certeza de que aquele que começou a boa obra em vocês irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar.

Deus é quem inicia e termina a obra da salvação, garantindo sua conclusão.

Efésios 1.13-14
13Agora vocês também ouviram a verdade, as boas-novas da salvação. E, quando creram em Cristo, ele colocou sobre vocês o selo do Espírito Santo que havia prometido. 14O Espírito é a garantia de nossa herança, até o dia em que Deus nos resgatará como sua propriedade, para o louvor de sua glória.

O selo do Espírito Santo é garantia (penhor) de que a herança final será plenamente recebida.

1Pedro 1.3-5
3Todo louvor seja a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Por sua grande misericórdia, ele nos fez nascer de novo, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Agora temos uma viva esperança 4e uma herança imperecível, pura e imaculada, que não muda nem se deteriora, guardada para vocês no céu. 5Por meio da fé que vocês têm, Deus os protege com seu poder até que recebam essa salvação, pronta para ser revelada nos últimos tempos.

O crente é guardado pelo poder de Deus até a consumação da salvação, sem qualquer mudança.

Hebreus 7.25
Portanto, ele é capaz de salvar de uma vez por todas [ou: completamente, totalmente, em todo tempo, sempre] aqueles que se aproximam de Deus por meio dele. Ele vive sempre para interceder em favor deles.

A intercessão contínua de Cristo assegura a salvação definitiva dos crentes.

1João 5.13
Escrevi estas coisas a vocês que creem no nome do Filho de Deus para que saibam que têm a vida eterna.

João fala em vida eterna como uma posse presente e certa, não apenas como possibilidade.

Judas 24
Toda a glória seja àquele que é poderoso para guardá-los de cair e para levá-los, com grande alegria e sem defeito, à sua presença gloriosa.

Deus guardará o crente até o fim, apresentando-o irrepreensível.

A perspectiva correta das Escrituras

Entretanto, para sustentar a ideia de que “é possível a perda da salvação”, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus cita seis textos da Bíblia. A seguir, vamos analisar esses textos, para apresentar qual é, de fato, a perspectiva correta das Escrituras.

O primeiro texto,

Hebreus 3.12
Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo.

Para aqueles que creem na perda da salvação, esse texto mostra que crentes verdadeiros poderiam desenvolver um coração incrédulo e se afastar de Deus de forma definitiva. Assim, entendem que a salvação depende da perseverança, exigindo vigilância constante e zelo na manutenção da salvação, para não cair em incredulidade e perdê-la.

Mas o ensino correto é que essa advertência é, sim, séria, mas dirigida a toda a congregação, onde pode haver pessoas não regeneradas. Portanto, quem abandona a fé está apenas demonstrando que nunca foi salvo de verdade (cf. 1Jo 2.19). A exortação, na realidade, é um meio que Deus usa para preservar os seus na perseverança da fé. Sim, o salvo verdadeiro pode cair em pecado — como se lê em 1João 1.8-10 — mas não em apostasia final.

Desse modo, meus irmãos, a salvação não depende da perseverança. É a perseverança que se torna a evidência da verdadeira salvação.

O segundo texto,

Lucas 15.32
Mas tínhamos de comemorar este dia feliz, pois seu irmão estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado!

Para os que creem na perda da salvação, esse versículo mostra que alguém salvo pode se desviar, ficar espiritualmente “morto” e depois voltar, recuperando a salvação pelo arrependimento. O filho pródigo, para eles, ilustra essa possibilidade de perda e reconquista da salvação.

Mas o que Jesus ensina é que as pessoas que muitos consideram totalmente excluídas do Reino de Deus acabam sendo recebidas por ele, enquanto aqueles que se acham muito religiosos e orgulhosos de sua espiritualidade podem, na verdade, ficar de fora (Lc 15.1-32). O contexto disso tudo é que os fariseus desprezavam Jesus porque ele recebia pessoas marginalizadas pela sociedade e ainda sentava à mesa com elas — essas pessoas que, para eles, era irredimíveis (Lc 15.1-2).

Na parábola da ovelha perdida, Jesus mostra que há mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove que se acham justos e nem percebem que precisam de arrependimento (Lc 15.4-7).

Na parábola da dracma perdida, o Senhor destaca que Deus busca o pecador com muita diligência e que há grande festa no céu quando alguém se arrepende (Lc 15.8-10).

E na parábola do filho pródigo, Jesus ensina que Deus está pronto para receber de volta até mesmo aqueles pecadores que Israel ou os crentes rejeitam, mesmo que os fariseus não gostem disso ou fiquem incomodados, confiando na sua própria justiça (Lc 15.11-32).

Portanto, meus irmãos, não há o menor indício, em Lucas 15.32, de que se esteja ensinando que um crente perde a salvação — e depois a readquire. O que se ensina, sim, é que não importa o pecado, nem quem seja o pecador: quando alguém cai em si, arrepende-se, reconhece a bondade de Deus e o busca com fé em Jesus, essa pessoa é recebida com grande alegria por Deus, é regenerada, trazida de volta à vida.

Por isso, tenho muita cautela ao interpretar a parábola do filho pródigo como se fosse apenas sobre um crente desviado que volta. Penso que não. Até porque o que motivou o Senhor Jesus a contar essa parábola foi a resistência dos fariseus em acolher justamente o tipo de pecadores perdidos que eles tanto desprezavam — publicanos, gentios e pecadores (Lc 15.1-2; cf. Lc 4.25-27).

O terceiro texto,

João 17.12
Durante meu tempo aqui com eles, eu os protegi com o poder do nome que me deste. Eu os guardei de modo que nenhum deles se perdeu, exceto aquele que estava a caminho da destruição [ou: o filho da perdição] , como as Escrituras haviam predito.

Há quem use esse texto para afirmar que Judas Iscariotes foi escolhido, esteve entre os discípulos, pregou o evangelho e até expulsou demônios; portanto, para essas pessoas, Judas poderia até ter crido genuinamente em algum momento, mas acabou se perdendo. E, segundo essa interpretação, isso serviria como prova de que alguém verdadeiramente salvo pode, sim, cair e perder a salvação.

O problema com essa interpretação é que Judas, de fato, nunca foi regenerado. Ele estava incluído apenas externamente no grupo dos discípulos, mas, mesmo assim, Jesus o chama de “filho da perdição”. A sua perdição estava decretada para o cumprimento das Escrituras. Judas era um vaso de desonra.

Portanto, meus irmãos, esse texto não contradiz a doutrina da segurança eterna dos salvos. Jesus deixa claro que nenhum daqueles que o Pai lhe deu se perdeu, exceto Judas, que não fazia parte dos que o Pai entregou ao Filho para a salvação.

Quarto texto,

2Pedro 2.20-22
20E, quando alguém escapa da maldade do mundo ao conhecer nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, mas depois se deixa emaranhar e se escravizar novamente pelo pecado, está pior que antes. 21Teria sido melhor nunca haver conhecido o caminho da justiça do que, conhecendo-o, rejeitar a ordem recebida para viver de modo santo. 22Neles se confirmam os provérbios: “O cão volta a seu próprio vômito” e “A porca lavada volta a revolver-se na lama”.

Para quem crê na perda da salvação, esse texto fala claramente de pessoas que chegaram a conhecer a Cristo e até escaparam das corrupções do mundo, mas acabaram voltando ao pecado. Para eles, isso seria uma prova de que pessoas verdadeiramente convertidas podem se perder.

Já o intérprete cuidadoso da Bíblia lê esse texto com atenção e percebe algo importante: Pedro está falando de pessoas que apenas se ligaram externamente à congregação dos crentes, mas sem terem sido realmente regeneradas. Nesse sentido, “escapar da maldade do mundo ao conhecer nosso Senhor e Salvador Jesus” (v. 20) e “conhecer o caminho da justiça” (v. 21) significam apenas um conhecimento intelectual ou superficial, e não uma verdadeira conversão.

A chave para essa interpretação está nas figuras do cão e da porca. O cão sempre foi cão. A porca sempre foi porca. O que mudou foi apenas a aparência, pois foram “lavados” externamente, mas sua natureza continuou a mesma.

Assim, meus irmãos, parece mais bíblico entender que esse texto fala sobre a existência de falsos convertidos, e não de crentes genuínos que perderam a salvação. Eram “falsos irmãos” (Gl 2.4). Nunca foram verdadeiramente da igreja (cf. Jo 6.66; 1Jo 2.19).

Quinto texto,

Ezequiel 18.24
Contudo, se os justos se afastarem de sua justiça, cometerem pecados e agirem como outros pecadores, deve-se permitir que vivam? Claro que não! Todos os seus atos de justiça serão esquecidos, e eles morrerão por causa de seus pecados.

Para alguns, esse texto seria uma prova de que alguém salvo pode cair e perder a salvação, pois entendem que o “justo” seria um crente que, ao viver no pecado, perde sua posição diante de Deus.

No entanto, Ezequiel 18.24 ensina que, mesmo uma pessoa considerada justa por sua conduta correta segundo a lei, se se desviar e começar a praticar a iniquidade, morrerá pelos seus próprios pecados, sem que suas obras justas anteriores contem a seu favor. O texto deixa claro que boas obras do passado não garantem proteção contra o juízo de Deus, se houver um abandono contínuo da justiça. E ensina, portanto, que a verdadeira justiça se comprova na perseverança até o fim.

Último texto,

1Coríntios 10.12
Portanto, se vocês pensam que estão de pé, cuidem para que não caiam.

Para alguns, esse versículo é uma prova de que a segurança eterna não é incondicional, mas está vinculada à perseverança na fé e na obediência. Entendem que Paulo se dirige a crentes genuínos, advertindo-os de que até mesmo aqueles que se consideram firmes podem cair, não apenas em pecados temporários, mas numa apostasia definitiva que poderia resultar na perda da salvação. Para eles, a exortação é real e implica risco verdadeiro, mostrando que a salvação precisa ser mantida pela fidelidade até o fim.

O texto, entretanto, apesar de ser uma advertência séria, não é prova de que um regenerado possa perder a salvação. Paulo, na verdade, está alertando contra o perigo da presunção e do orgulho espiritual, lembrando que até crentes professos podem cair em pecado grave (cf. 1Jo 1.8-10) ou revelar que nunca foram verdadeiramente salvos (cf. 1Jo 2.19).

Por isso que, na sua segunda carta, o mesmo apóstolo adverte essa mesma igreja:

2Coríntios 13.5 (NAA)
Examinem-se para ver se realmente estão na fé; provem a si mesmos. Ou não reconhecem que Jesus Cristo está em vocês? A não ser que já tenham sido reprovados.

Em vez de exigirem provas (v. 3) de que Cristo fala por meio de Paulo, os coríntios deveriam examinar e testar a si mesmos para saber se continuam firmes na fé — como professaram no início (cf. Hb 3.14). Embora faça um comentário irônico ou hipotético — “a menos que, é claro, vocês não passem no teste” ou “já tenham sido reprovado” —, Paulo não acredita que a maioria deles seja de falsos crentes. No entanto, reconhece que alguns podem precisar ser expostos como cristãos apenas de aparência, mas não genuínos. O verdadeiro crente ouve a palavra do apóstolo e persevera na fé.

Precisamos uns dos outros

Na semana passada, concentramo-nos na séria advertência encontrada em Hebreus 3.12:

“Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo.”

E a grande questão que levantamos foi esta:

— Como alguém pode se afastar ou se desviar de Deus? Como pode alguém se desviar, se nunca foi, de fato, participante de Cristo? Se nunca foi crente verdadeiro?

Essa indagação carrega consigo uma premissa — a mesma premissa que acabamos de analisar: crentes não perdem a salvação. Se não perdem, então, repito: Como alguém pode se afastar ou se desviar de Deus, se nunca foi participante de Cristo?

Desvia-se ou afasta-se… de quê… se nunca foi salvo?

A resposta é clara. Há muitas maneiras de chegar perto das coisas de Deus, sem, contudo, confiar, esperar ou amar o Senhor Jesus de coração, com alegria verdadeira.

Portanto, há igualmente muitas formas de se afastar de Cristo… sem jamais ter sido, de fato, participante do próprio Cristo. Sem ter sido salvo (cf. Hb 6.4-6).

E isso é tremendamente perigoso!

Pois bem, há uma segunda questão que precisamos tratar:

— O que devemos fazer? Como podemos conhecer, desfrutar e ter certeza da nossa salvação eterna?

A isso, retornaremos na próxima mensagem (3 de agosto), se o Senhor permitir.

E, quando voltarmos os olhos para Hebreus 3.12-14, aprenderemos uma verdade vital: Precisamos uns dos outros — para a nossa perseverança na fé.

Hebreus 3.12-14 (NVT)
12Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo. 13Advirtam uns aos outros todos os dias, enquanto ainda é “hoje”, para que nenhum de vocês seja enganado pelo pecado e fique endurecido. 14Porque nos tornaremos [temos nos tornado] participantes de Cristo, se de fato mantivermos firme até o fim a confiança que nele depositamos no início.

Na sequência, nas demais manhãs dos domingos de agosto, pretendo demonstrar algo fundamental: o púlpito, por si só, não é suficiente para a nossa perseverança na fé.

Agora, tome cuidado. Não estou dizendo que o púlpito seja dispensável. Minha afirmação é outra: o púlpito é o ponto de partida indispensável, mas insuficiente.

Precisamos de algo além do púlpito — não de menos púlpito.

Basta lançar um olhar para Atos 2.42-47, e veremos que os irmãos da igreja primitiva investiam tempo juntos, reunidos em grande número no templo. E, praticamente todos os dias, desfrutavam de comunhão nas casas, cuidando uns dos outros, partilhando vida, fé, orações, bens materiais e amor cristão. O resultado era que, a cada dia, o Senhor acrescentava convertidos à igreja.

Logo, precisamos ser intencionais — não apenas em cultivar uma vida a sós com Deus, lendo a Palavra e orando diariamente, mas também em congregar com regularidade nos cultos públicos da igreja.

Além disso, devemos ser intencionais em cultivar relacionamentos de discipulado, buscar aconselhamento bíblico, participar de pequenos grupos de comunhão (ou: koinonias) e envolver-nos em tantas outras formas de cuidado mútuo, pelas quais Deus sustenta e fortalece o seu povo. A própria história da Reforma Protestante e seus desdobramentos posteriores comprovam essa verdade.

Para isso, se Deus permitir, pretendo pregar sobre os seguintes tópicos nas manhãs dos domingos de agosto:

1. Precisamos uns dos outros (Hb 2.12-14)
2. O púlpito não é suficiente (diversos textos)
3. O púlpito e os pequenos grupos na igreja primitiva (At 2.42-47)
4. Pequenos grupos na história (história da igreja e textos diversos)
5. O tipo de comunhão que faz a diferença (1Sm 23.15-18)

Que o Senhor nos abençoe e nos conduza, para que, pelo poder do Espírito Santo, permaneçamos firmes até o fim — seguros de nossa salvação eterna, perseverando na fé, na esperança e no amor, como povo que foi regenerado e vive em novidade de vida em Cristo.

S.D.G. L.B.Peixoto.

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A segurança eterna dos crentes

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