09.04.2017
CONTEMPLANDO A GLÓRIA DE JESUS
A caminho da Páscoa
A Páscoa é a data mais importante no calendário da igreja, mais importante até do que o Natal. Ouça as palavras de Paulo, argumentando pela ressurreição:
1Co 15.14 e 17 | 14 E, se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é inútil, e a fé que vocês têm também é inútil. […] 17 e vocês ainda estão em seus pecados.
Não é exagero, portanto, afirmar que não há evento mais importante em toda a história universal do que a Páscoa — do que a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
Pois bem, falta pouco para a Páscoa. Já no próximo final de semana celebraremos a morte e a ressurreição de Jesus Cristo — na sexta-feira nós celebraremos a Paixão e no domingo a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.
Aliás, a igreja de Cristo celebrará a Páscoa, pois lá fora não se costuma celebrar o Cordeiro pascal (1Co 5.7). De jeito nenhum! Mercado e mídia, de mãos dadas, como sempre, desvirtuam como podem este evento de magnitude eterna e de fundamental importância para a humanidade, conforme já dissemos inicialmente.
De olho no filão de Páscoa, o comércio geralmente contrata um número enorme de funcionários temporários, visando aumentar produção e venda dos produtos de chocolate. A coluna Economia do portal G1 na internet publicou que “vendas na Páscoa 2017 devem ter crescimento de 1,3% — movimentando R$ 2,1 bilhões no país. Se confirmado, seria a primeira alta nas vendas desde 2014; já o número de empregos será menor em relação a 2016.”
Coelhinhos e ovos de páscoa serão a atração do momento. Não será o Cristo. Quando muito, veremos flashes alusivos à Páscoa cristã, através de encenações da Paixão de Cristo ou de programas que fazem referência ao acontecimento bíblico. No entanto, mais uma vez, o Cristo não será a atração, mas os “artistas globais”.
Nada contra coelhos e ovos de chocolate, necessariamente, mas nós, cristãos evangélicos, precisamos nos preparar melhor para a chegada da Páscoa. Pensando nisto, daremos uma pausa, neste e no próximo domingo, nas séries em Atos dos Apóstolos e em Apocalipse. Queremos preparar os nossos corações para recebermos e celebrarmos a Páscoa de maneira biblicamente proveitosa e frutífera. Então, vamos lá…
Tornamo-nos à imagem daquilo que admiramos
Segundo a Bíblia, nós nos tornamos à imagem daquilo que admiramos. Ou seja, aquilo que contemplamos — i.e.: aquilo que nós vemos, assistimos, investigamos ou analisamos com admiração — tem o poder de transformar o nosso coração e, portanto, de moldar a maneira como pensamos, vivemos e nos comportamos.
É por isso que o cântico que costumamos ensinar para as nossas crianças tem uma mensagem muito mais profunda do que normalmente imaginamos.
Cuidado, olhinho, com o que vê! // Cuidado, olhinho, com o que vê! // O Salvador do céu está olhando pra você. // Cuidado, olhinho, com o que vê!
“Cuidado, olhinho com o que vê!”, não apenas porque “O Salvador do céu está olhando pra você”, mas, também, porque aquilo que o olhinho contempla moldará a maneira de se viver, dará forma ao caráter em processo de formação.
Pensam que não? Notem, com bastante atenção, o que Paulo diz sobre isto e tirem vocês mesmos as suas conclusões:
2Co 3.18 | Portanto, todos nós, dos quais o véu foi removido, podemos ver e refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais parecidos com ele.
Perceberam? Observaram o quanto nós somos moldados e transformados por aquilo que contemplamos? Tudo aquilo que vemos com admiração nós refletimos com paixão.
Outro exemplo bíblico do que estamos dizendo:
Gn 3.6 | A mulher viu que a árvore era linda e que seu fruto parecia delicioso, e desejou a sabedoria que ele lhe daria. Assim, tomou do fruto e o comeu. Depois, deu ao marido, que estava com ela, e ele também comeu.
João, o apóstolo, usando como exemplo esse episódio envolvendo Eva, diz que o mundanismo que reina no coração e na vida das pessoas brota daquilo que elas contemplam e, por isso, passam a amar:
1Jo 2.15-16 | 15 Não amem este mundo, nem as coisas que ele oferece, pois, quando amam o mundo, o amor do Pai não está em vocês. 16 Porque o mundo oferece apenas o desejo intenso por prazer físico, o desejo intenso por tudo que vemos e o orgulho de nossas realizações e bens. Isso não provém do Pai, mas do mundo.
Tiago é ainda mais contundente sobre o que nós estamos dizendo — ou seja: aquilo que contemplamos tem o poder de nos transformar. Diz assim o irmão do Senhor:
Tg 1.14-15 | 14 A tentação vem de nossos próprios desejos, que nos seduzem e nos arrastam. 15 Esses desejos dão à luz o pecado, e quando o pecado se desenvolve plenamente, gera a morte.
Convido-os, pois, a refletirmos juntos sobre a importância de se contemplar a Cristo. João Batista, por exemplo, reconhecia a importância dessa prática:
Jo 1.29 | No dia seguinte, João viu Jesus caminhando em sua direção e disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Investigue: “Tomé ponha o dedo e veja” – Jo 20.27).
Contemplando a Cristo para sermos transformados
A contemplação da glória de Deus em Jesus Cristo é fundamental para a nossa salvação:
2Co 4.3-6 | 3 Se as boas-novas que anunciamos estão encobertas atrás de um véu, é apenas para aqueles que estão perecendo. 4 O deus deste mundo cegou a mente dos que não creem, para que não consigam ver a luz das boas-novas, não entendendo esta mensagem a respeito da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Não andamos por aí falando de nós mesmos, mas proclamamos que Jesus Cristo é Senhor e que nós mesmos somos servos de vocês por causa de Jesus. 6 Pois Deus, que disse: “Haja luz na escuridão”, é quem brilhou em nosso coração, para que conhecêssemos a glória de Deus na face de Jesus Cristo.
A Contemplação da glória de Deus em Cristo é fundamental para nossa santificação:
2Co 3.18 | Portanto, todos nós, dos quais o véu foi removido, podemos ver e refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais parecidos com ele.
No caso de ainda haver dúvida ou confusão, é preciso que se diga que a glória de Deus, necessária para a salvação e para a santificação, é o que se pode contemplar em Jesus Cristo:
Hb 1.1-4 | 1 Por muito tempo Deus falou várias vezes e de diversas maneiras a nossos antepassados por meio dos profetas. 2 E agora, nestes últimos dias, ele nos falou por meio do Filho, o qual ele designou como herdeiro de todas as coisas e por meio de quem criou o universo. 3 O Filho irradia a glória de Deus, expressa de forma exata o que Deus é e, com sua palavra poderosa, sustenta todas as coisas. Depois de nos purificar de nossos pecados, sentou-se no lugar de honra à direita do Deus majestoso no céu, 4 o que revela que o Filho é muito superior aos anjos, e o nome que ele herdou, superior ao nome deles.
Agora, tudo o que podemos contemplar de Cristo, daquilo que é necessário para a salvação e a santificação, está revelado na Escritura — e tão-somente na Escritura (Revelação Especial):
Jo 5.39, 46-47 | 39 Vocês estudam minuciosamente as Escrituras porque creem que elas lhes dão vida eterna. Mas as Escrituras apontam para mim! […] 46 Se cressem, de fato, em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. 47 Contudo, uma vez que não creem naquilo que ele escreveu, como crerão no que eu digo?
A contemplação da glória de Cristo, conforme revelação da Escritura, salva e santifica mediante atuação poderosa do Espírito Santo:
At 16.10, 13-14 | 10 Então decidimos partir de imediato para a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para anunciar ali as boas-novas. […] 13 No sábado, saímos da cidade e fomos à margem do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com algumas mulheres ali reunidas. 14 Uma delas era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, da cidade de Tiatira, comerciante de tecido de púrpura. Enquanto ela nos ouvia, o Senhor lhe abriu o coração, e ela aceitou aquilo que Paulo estava dizendo.
Portanto:
É isto o que Paulo quer dizer quando ele afirma:
2Co 3.18 | Portanto, todos nós, dos quais o véu foi removido, podemos ver e refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais parecidos com ele.
Por isso Paulo batalhava:
Fl 3.12 | Não estou dizendo que já obtive tudo isso, que já alcancei a perfeição. Mas prossigo a fim de conquistar essa perfeição para a qual Cristo Jesus me conquistou.
Conclusão e aplicação
O método principal de Jesus, na transformação das pessoas, foi a exposição bíblica (Não foi, por exemplo, testemunho ou milagres, mas foi a exposição bíblica!):
Lc 24.25-27 | 25 Então Jesus lhes disse: “Como vocês são tolos! Como custam a entender o que os profetas registraram nas Escrituras! 26 Não percebem que era necessário que o Cristo sofresse essas coisas antes de entrar em sua glória?”. 27 Então Jesus os conduziu por todos os escritos de Moisés e dos profetas, explicando o que as Escrituras diziam a respeito dele.
Is 45.22 | Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.
Spurgeon estava com 15 anos quando ouviu este texto e teve sua vida profundamente transformada. Sua conversão foi no dia 06 de janeiro de 1850. Observe o testemunho dele, narrado por ele mesmo em sua autobiografia.
Quando eu estava preocupado com minha alma, resolvi que iria a todos os lugares de adoração na cidade onde vivia, para que pudesse encontrar o caminho da salvação. Estava disposto a fazer qualquer coisa, e ser qualquer coisa, se Deus tão-somente perdoasse meu pecado. Fui a todas as capelas, e a todo lugar de adoração; mas por um longo tempo foi tudo em vão. Não culpo, no entanto, os pastores […]. Posso honestamente dizer que não houve uma só vez que fui sem orar a Deus, e tenho certeza de que não havia um ouvinte mais atento em todos aqueles lugares do que eu, pois almejava e desejava saber como poderia ser salvo.
Às vezes fico pensando que poderia estar nas trevas e no desespero até agora, se não tivesse sido a bondade de Deus ao enviar uma tempestade de neve, no domingo de manhã, enquanto eu estava a caminho de certo lugar de oração. Quando não pude mais ir adiante, desci a rua ao lado e cheguei a uma pequena capela Metodista primitiva. Naquela capela deveria haver uma dúzia ou quinze pessoas […]. O pastor não tinha vindo àquela manhã; suponho que tenha sido a tempestade de neve. Porém, um homem de aparência muito magra, um sapateiro, ou alfaiate, ou qualquer coisa desse tipo, subiu ao púlpito a fim de pregar. Está certo que os pregadores devem ser instruídos, mas este homem realmente não o era […]. O texto era: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22).
[…] Depois que tinha pregado pouco mais de dez minutos, já estava no fim da sua pregação, quando olhou para mim sob a galeria […], fixou seus olhos em mim como se conhecesse todo o meu coração, e disse: “Jovem, você parece tão miserável!”. Bem, eu parecia; mas não estava acostumado a ouvir estas declarações de púlpito sobre minha aparência pessoal! No entanto, foi um bom sopro que derrubou a casa. Ele continuou: “você sempre será miserável — miserável na vida e miserável na morte — se você não obedecer a meu texto; mas se você obedecê-lo agora, neste momento, você será salvo”.
Então, erguendo as mãos, bradou como só um metodista primitivo pode fazer: “Jovem, olhe para Jesus Cristo! Olhe! Olhe! Olhe! Você não tem nada a fazer senão olhar e viver!”. Eu vi de uma vez o caminho da salvação. Não recordo de mais nada que aquele homem simples disse, pois fiquei tomado com aquele pensamento. Como quando a serpente de bronze foi levantada, e o povo somente olhava e ficava curado, assim foi comigo.
Eu estava esperando fazer cinquenta coisas, mas quando eu ouvi aquela palavra: “Olhe!” — que palavra fascinante ela pareceu a mim! Oh! Eu olhei até quase não poder tirar os olhos! Então a nuvem se foi, as trevas foram retiradas, e naquele momento eu vi o Sol.
Ele abriu os meus olhos! Agora O vejo e posso firmemente crer nEle para a minha salvação eterna. […] Quão doce é a oração! Ficaria sempre engajado nela. Quão maravilhosa é a Bíblia! Nunca a amei tanto antes; ela é para mim como alimento indispensável. Sinto que não tenho qualquer partícula de vida espiritual em mim, salvo a que foi posta pelo Espírito. Sinto que não posso viver se Ele partir. Tremo e temo em entristecê-lo. Temo que a indolência ou o orgulho me vençam, e assim, desonre o evangelho pela negligência da oração, da leitura das Escrituras, ou em pecar contra Deus.
(C. H. Spurgeon’s Autobiography, vol. 1, pp. 112-123)
O convite que este homem simples fez a Spurgeon é o mesmo que faço hoje a você:
Jo 11.40 | Jesus respondeu: “Eu não lhe disse que, se você cresse, veria a glória de Deus?”
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