17.12.2017
EM DEFESA DA FÉ: A ESPADA
Judas 5-7
5Ainda que já saibam dessas coisas, desejo lembrar a vocês que o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, mas depois destruiu aqueles que não permaneceram fiéis. 6Também lhes lembro os anjos que não se limitaram à autoridade recebida, mas deixaram o lugar a que pertenciam. Deus os mantém acorrentados em prisões eternas, na escuridão, aguardando o dia do julgamento. 7E não se esqueçam de Sodoma e Gomorra e das cidades vizinhas, cheias de imoralidade e de perversão sexual de todo tipo, que foram destruídas pelo fogo e servem de advertência do fogo eterno do julgamento.
O uso da espada
“A espada tem um caráter mítico”, foi o que publicou a revista Aventuras na História, em maio de 2017. Disse assim a matéria, cujo título foi “Espada: A alma da guerra”:
Em quase todas as culturas que a conhecem, a espada é a arma mais venerada. Isso apesar de, na vida real, raramente ter sido a ferramenta principal de uma formação de soldados. Lanças e armas de haste eram preferidas porque a distância dava certa segurança.
A espada era uma arma secundária, com a qual um guerreiro salvaria sua vida após perder a principal. Ou no combate individual. E talvez por isso mesmo ela tenha sido tão celebrada — era usada quando a vida e a honra estavam em jogo. […]
Exceto se houvesse armaduras envolvidas — espadas eram a pior arma possível para enfrentar alguém com elas. Não que não houvesse jeito: há muitas nuances e truques na espada europeia, inclusive um jeito de vencer o desafio da armadura. Os mestres ensinavam que a espada inteira era uma arma.
A espada, portanto, era usada, principalmente, para defesa pessoal; era arma essencialmente de sobrevivência; arma de resistência e de contra-ataque. Paulo entendia dessa forma; tanto que, ao exortar os Efésios a que se defendessem, escreveu assim:
Ef 6.10-17 | 10Uma palavra final: Sejam fortes no Senhor e em seu grande poder. 11Vistam toda a armadura de Deus, para que possam permanecer firmes contra as estratégias do diabo. 12Pois nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas contra governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais. 13Portanto, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir ao inimigo no tempo do mal. Então, depois da batalha, vocês continuarão de pé e firmes. 14Assim, mantenham sua posição, colocando o cinto da verdade e a couraça da justiça. 15Como calçados, usem a paz das boas-novas, para que estejam inteiramente preparados. 16Em todas as situações, levantem o escudo da fé, para deter as flechas de fogo do maligno. 17Usem a salvação como capacete e empunhem a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.
É com a espada que o combatente salva sua própria vida. Foi isso que Paulo nos disse; é isso mesmo que verificamos no texto de Judas que lemos no início.
Os anais da história de Israel
Na última mensagem nesta carta, nós constatamos que a cena pintada por Judas (vv. 5-7) é a de um campo de combate. Não é um cenário bonito de se ver, pois há pessoas alvejadas, mortas e putrefatas pelo chão. Você percebeu? Os hebreus foram destruídos no deserto por causa da incredulidade (v. 5); os anjos caídos foram feitos prisioneiros de guerra e estão aguardando o dia do julgamento por causa da insubmissão (v. 6); os habitantes de Sodoma e Gomorra foram bombardeados por causa da imoralidade (v. 7). Enfim, todos foram alvejados na guerra; foram aprisionados ou destruídos em combate.
Para que esses exemplos? Impressionante! Observe:
5Ainda que já saibam dessas coisas, desejo lembrar a vocês que… os hebreus foram destruídos… 6os anjos foram acorrentados… 7Sodoma e Gomorra foram destruídas… servem de advertência do fogo eterno do julgamento.
Judas recorre aos anais da história para lembrar seu leitores, adverti-los de algo que eles já sabiam, mas que mesmo assim corriam o risco de se esquecerem e, portanto, serem igualmente alvejados pelo “fogo eterno do julgamento”.
As lições da história de Israel
Que lição preciosa nós temos aqui, quanto à natureza humana e ao ministério de ensino da igreja! O coração está sempre propenso a se esquecer e, portanto, a comunicação recorrente, sistemática e fidedigna das verdades eternas de Deus se faz necessária — lembrando, exortando, advertindo o pecador para que não seja julgado e condenado.
Não são de novidades que nós precisamos para sermos exortados ou estimulados na fé, para prosseguirmos combatendo em defesa da fé, para abraçarmos e vivermos a fé cristã. Precisamos ser “lembrados” de coisas que nós já “sabemos”, mas que, por causa da familiaridade, dos apelos do coração e de tantas ofertas na Black Friday de opções, no que diz respeito à maneira de se ver e se viver a vida, precisamos de novo e sempre sermos lembrados do que Deus já revelou a nós — sua igreja. Precisamos da palavra de Deus interpretada corretamente e aplicada de forma relevante aos nossos corações e contextos.
Veja o que Paulo nos diz, escrevendo aos Romanos e aos Coríntios, por exemplo:
Rm 15.4 | Essas coisas foram registradas há muito tempo para nos ensinar, e as Escrituras nos dão paciência e ânimo para mantermos a esperança.
1Co 10.1-11 | 1Irmãos, não quero que vocês se esqueçam do que aconteceu muito tempo atrás, quando nossos antepassados foram guiados por uma nuvem que ia adiante deles e atravessaram o mar. 2Na nuvem e no mar, todos foram batizados como seguidores de Moisés. 3Todos comeram do mesmo alimento espiritual 4e todos beberam da mesma água espiritual, pois beberam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo. 5No entanto, Deus não se agradou da maioria deles, e seus corpos ficaram espalhados pelo deserto. 6Tais coisas aconteceram como advertência para nós, a fim de que não cobicemos o que é mau, como eles cobiçaram, 7nem adoremos ídolos, como alguns deles adoraram. Segundo as Escrituras, “todos comeram e beberam e se entregaram à farra”. 8E não devemos praticar a imoralidade sexual, como alguns deles praticaram, e morreram 23 mil pessoas num só dia. 9Também não devemos pôr Cristo à prova, como alguns deles puseram, e foram mortos por serpentes. 10E não se queixem como alguns deles se queixaram, e foram destruídos pelo anjo da morte. 11Essas coisas que aconteceram a eles nos servem como exemplo. Foram escritas como advertência para nós, que vivemos no fim dos tempos.
Ao traçar um paralelo com o passado, Judas (também Paulo, conforme ja vimos acima; e Pedro em 2Pe 2.3-10) dá provas de que a história sempre se repete. Não há novidade debaixo do sol. Deus, no entanto, jamais se cansará de condenar os apóstatas.
Importante observar que os atos dos apóstatas quase sempre são apresentados como “novidades” vindas de Deus — seja através de uma nova visão, de uma nova revelação, de um sonho recebido de Deus ou de uma reinterpretação da verdade bíblica à luz dos avanços culturais e sociais. Era isto que estava acontecendo no meio das igrejas dos dias de Judas (cf. vv. 4, 8 e 10) — e ainda hoje acontece. Observe:
4Pois alguns indivíduos perversos se infiltraram em seu meio sem serem notados, dizendo que a graça de Deus permite levar uma vida imoral. A condenação de tais pessoas foi registrada há muito tempo, pois negaram Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor.[…] 8Da mesma forma, essas pessoas, afirmando ter autoridade com base em sonhos, vivem de modo imoral, desprezam a autoridade e zombam dos seres sobrenaturais. […] 10Tais indivíduos, porém, zombam de coisas que não entendem. Como criaturas irracionais, agem segundo seus instintos e, desse modo, provocam a própria destruição.
Judas, porém, ensina como nós devemos combater em defesa da fé, ou seja: recorrendo-nos à “fé que, de uma vez por todas, foi confiada ao povo santo” (v. 3); trazendo à lembrança histórias, fatos e doutrinas antigas, já conhecidas de muitos, mas que necessitam ser recordadas e aplicadas como advertência (vv. 5-7).
Na segunda mensagem desta série, nós estudamos o quanto esse nosso combate é austero, pois é travado dentro de nossas trincheiras, face às pessoas que conhecemos, com quem convivemos e até consideramos com elevada estima. Judas chama essas pessoas de “indivíduos perversos [que] se infiltraram em seu meio sem serem notados, dizendo que a graça de Deus permite levar uma vida imoral. A condenação de tais pessoas foi registrada há muito tempo, pois negaram Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor” (v. 4).
Devemos combatê-los com graça e com verdade, pois Judas, na sequência desse versículo, continuou escrevendo assim:
Jd 5-7 | 5Ainda que já saibam dessas coisas, desejo lembrar a vocês que o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, mas depois destruiu aqueles que não permaneceram fiéis. 6Também lhes lembro os anjos que não se limitaram à autoridade recebida, mas deixaram o lugar a que pertenciam. Deus os mantém acorrentados em prisões eternas, na escuridão, aguardando o dia do julgamento. 7E não se esqueçam de Sodoma e Gomorra e das cidades vizinhas, cheias de imoralidade e de perversão sexual de todo tipo, que foram destruídas pelo fogo e servem de advertência do fogo eterno do julgamento.
Então, face aos lobos em pele de cordeiro, como nós agiremos? Como fizeram os profetas e apóstolos antes de nós: sacando, interpretando, ensinando e aplicando a boa e velha palavra de Deus, que é a espada do Espírito!
Pedro, por exemplo, combatendo o mesmo tipo de gente que Judas estava combatendo, precisando defender o valor da Palavra de Deus face aos ensinos falsificados desses falsos profetas que falavam em nome da graça e da soberania de Deus, assim escreveu em sua segunda carta — ele estava combatendo em defesa da fé:
2Pe 1.16 e 19-21 — 2.1-3 | 1.16Porque não inventamos histórias engenhosas quando lhes falamos da poderosa vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. […] 1.19Além disso, temos a mensagem que os profetas proclamaram, que é digna de toda confiança. Prestem muita atenção ao que eles escreveram, pois suas palavras são como lâmpada que ilumina um lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da manhã brilhe no coração de vocês. 1.20Acima de tudo, saibam que nenhuma profecia nas Escrituras surgiu do entendimento do próprio profeta, 1.21nem de iniciativa humana. Esses homens foram impulsionados pelo Espírito Santo e falaram da parte de Deus. 2.1Contudo, assim como surgiram falsos profetas entre o povo de Israel, também surgirão falsos mestres entre vocês. Eles ensinarão astutamente heresias destrutivas e até negarão o Mestre que os resgatou, trazendo sobre si mesmos destruição repentina. 2.2Muitos seguirão a imoralidade vergonhosa desses mestres, e por causa deles o caminho da verdade será difamado.
Paulo, instruindo Timóteo, disse-lhe que se agarrasse às Escrituras como fonte para a vida e o ensino, face aos falsos mestres infiltrados na igreja de Cristo já naqueles dias:
2Tm 3.14-17 | 14Você, porém, deve permanecer fiel àquilo que lhe foi ensinado [apesar de perseguições por causa da verdade disseminada por lobos em pele de ovelhas dentro da igreja, cf. vv. 6-14]. Sabe que é a verdade, pois conhece aqueles de quem aprendeu. 15Desde a infância lhe foram ensinadas as Sagradas Escrituras, que lhe deram sabedoria para receber a salvação que vem pela fé em Cristo Jesus. 16Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. 17Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra.
Portanto: nós não precisamos de inovação, mas de instrução na verdade que uma vez por todas foi entregue ao povo santo, à Igreja. É da palavra de Deus que nós precisamos para converter o pecador, comer como alimento espiritual e combater os falsos mestres infiltrados na Igreja de Jesus que, com tanta astúcia falam e agem, pervertendo a verdade.
A espada
A Bíblia é a espada do Espírito (Ef 6.17; Ap 1.16). Precisamos dela para vencermos nossas batalhas no coração (Hebreus 4.12-13) e na mente (2Coríntios 10.3-5).
Hb 4.12-13 | 12Pois a palavra de Deus é viva e poderosa. É mais cortante que qualquer espada de dois gumes, penetrando entre a alma e o espírito, entre a junta e a medula, e trazendo à luz até os pensamentos e desejos mais íntimos. 13Nada, em toda a criação, está escondido de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante de seus olhos, e é a ele que prestamos contas.
2Co 10.3-5 | 3Embora sejamos humanos, não lutamos conforme os padrões humanos. 4Usamos as armas poderosas de Deus, e não as armas do mundo, para derrubar as fortalezas do raciocínio humano e acabar com os falsos argumentos. 5Destruímos todas as opiniões arrogantes que impedem as pessoas de conhecer a Deus. Levamos cativo todo pensamento rebelde e o ensinamos a obedecer a Cristo.
Precisamos da Palavra para andar no Espírito:
Gl 3.1-5 | 1Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Jesus Cristo não lhes foi explicado tão claramente como se tivessem visto com os próprios olhos a morte dele na cruz? 2Deixem-me perguntar apenas uma coisa: vocês receberam o Espírito porque obedeceram à lei ou porque creram na mensagem que ouviram? 3Será que perderam o juízo? Tendo começado no Espírito, por que agora procuram tornar-se perfeitos por seus próprios esforços? 4Será que foi à toa que passaram por tantos sofrimentos? É claro que não foi à toa! 5Volto a perguntar: acaso aquele que lhes deu o Espírito e realizou milagres entre vocês agiu assim porque vocês obedeceram à lei ou porque creram na mensagem que ouviram?
Precisamos da Palavra para obter e para manter fé. A fé vem ao se ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17).
Mais uma vez: nós não precisamos de inovação, mas de instrução na verdade que uma vez por todas foi entregue ao povo santo, à Igreja. É da Palavra de Deus que precisamos para converter o pecador, comer como alimento espiritual e combater os falsos mestres infiltrados na Igreja de Jesus que, com tanta astúcia falam e agem, pervertendo a verdade.
Duas implicações:
S.D.G. L.B.Peixoto
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