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09.11.2025

Olhando para o que é duradouro

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Salmo 119 - Lâmpada Para os Pés e Luz Para o Caminho
  • Livro: Salmos

Salmo 119.33-40

He
33Ensina-me teus decretos, ó SENHOR,
e eu os guardarei até o fim.
34Dá-me entendimento e obedecerei à tua lei;
de todo o coração a porei em prática.
35Faze-me andar em teus mandamentos,
pois neles tenho prazer.
36Dá-me entusiasmo por teus preceitos,
e não pela ganância!
37Desvia meus olhos de coisas inúteis
e restaura-me por meio de tua palavra.
38Confirma a teu servo a tua promessa,
que fizeste aos que te temem.
39Afasta-me de meus caminhos vergonhosos,
pois teus estatutos são bons.
40Anseio por obedecer às tuas ordens;
restaura minha vida por tua justiça.

Somos transformados pelo olhar. Os olhos não têm poder em si mesmos; são apenas o canal por onde o coração se derrama em desejo. A força está no objeto da contemplação.

Goethe percebeu algo disso ao colocar Werther dizendo: “Perder-se para viver no olhar do outro — isso é felicidade.” Mas aí está o perigo: o coração se torna aquilo que contempla. Simone Weil escreveu: “Aquilo a que damos nossa atenção é aquilo que somos.” C. S. Lewis disse o mesmo em linguagem cristã: “Se você olha para o céu, recebe a Terra; se olha apenas para a Terra, perde ambos.”

Paulo leva essa verdade ao seu ápice: “Todos nós, com o rosto descoberto, contemplando a glória do Senhor, somos transformados na sua imagem, de glória em glória, pelo Espírito” (2Co 3.18).

O olhar é o canal; o objeto é a fonte. Aquilo que aprendemos a amar e contemplar — com os olhos do corpo ou da alma — molda quem nos tornamos.

Por isso, a direção do olhar é decisiva: Se repousa em Cristo, formamo-nos à sua imagem. Se se fixa nas sombras do mundo, conformamo-nos às trevas.

Deus é quem efetua tanto o querer como o realizar

Davi sabia disso. Por isso escreveu Salmo 119.33-40. O homem segundo o coração de Deus conhecia a força dos desejos — especialmente quando já foram tocados pelo pecado. Ele sabia que desejos não se vencem apenas pela vontade, mas por um desejo maior. O amor desordenado precisa ser substituído por um novo afeto, nascido da Palavra e sustentado pelo Espírito. Não basta conhecer a lei de Deus; é preciso desejá-la. Amá-la.

Davi também entendeu que até esse desejo precisa ser dado por Deus. Séculos depois, Paulo diria: “É Deus quem opera em vocês tanto o querer quanto o realizar” (Fp 2.13). Sem essa obra de Deus no coração, o homem continua preso à velha natureza.

Por isso, a estrofe de Salmo 119.33-40 é formada por orações de súplica. Nove pedidos, todos apontando para a mesma realidade: “Senhor, faz em mim o que eu não posso fazer sozinho.” Ou: “Causa em mim o desejo e a força para realizar.”

E há um detalhe importante no hebraico: esta é a quinta estrofe, marcada pela letra he (ה), que frequentemente indica o sentido causativo do verbo (hiphil). Literalmente, o texto poderia ser lido assim:

33 Faze-me aprender teus decretos
34 Faze-me entender a tua lei
35 Faze-me andar na vereda dos teus mandamentos
36 Faze-me inclinar o meu coração aos teus testemunhos, ou: Faze-me entusiasmado
37a Faze-me desviar meus olhos das vaidades (das coisas inúteis)
37b Faze-me viver no teu caminho, ou: restaura-me
38 Faze-me confiar em tua promessa; ou: confirma a teu servo a tua promessa
39
Faz afastar de mim a vergonha que temo
40b Faz-me ter vida por meio da tua justiça

Ou, de forma mais literal:

33 Causa em mim o aprendizado dos teus decretos
34 Causa em mim o entendimento da tua lei
35 Causa em mim a mobilidade na vereda dos teus mandamentos
36 Causa em mim o desejo — o entusiasmo — do coração aos teus testemunhos
37a Causa em mim a visão das coisas virtuosas
37b Causa em mim a vida no teu caminho
38 Causa em mim a confiança na tua promessa
39 Causa em mim a integridade revelada em teus estatutos
40b Causa em mim o anseio pela vida por meio da tua justiça

A quinta estrofe do Salmo 119 é uma cadeia de súplicas. Davi reconhece sua limitação e pede que Deus o mova, o incline e o sustente. É um modelo para todos que desejam obedecer: somente a graça pode capacitar o coração para andar no caminho do Senhor.

E é aqui que muitos tropeçam. É fácil ler o texto apenas como um chamado ético — buscar entendimento, voltar os olhos ao eterno, rejeitar cobiça e vaidade. Tudo isso está presente, mas há algo mais profundo: se Deus não nos mover, não veremos; se Deus não nos inclinar, não desejaremos; se Deus não nos sustentar, não obedeceremos. Toda a vida cristã depende da ação do Espírito pela Palavra: conversão, santificação, glorificação, tudo.

Assim, esta estrofe confronta uma visão comum e falsa de cristianismo: “Deus faz a parte dele, e nós fazemos a nossa.” Não. Nós só fazemos a nossa parte porque Deus opera primeiro. Sem sua obra interior, a vontade permanece cativa. A Escritura é clara: “É Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar” (Fp 2.13). Ele “começou a boa obra” e ele mesmo “a completará” (Fp 1.6). “Porque dele, por ele e para ele são todas as coisas” (Rm 11.36).

E quanto ao nosso papel?

Nós realmente agimos: cremos, obedecemos, perseveramos (Fp 2.12). Mas só o fazemos — nós só desenvolvemos a nossa salvação, com temor e tremor — porque Deus já nos deu fé, desejo e força.

A graça não substitui nossas ações — ela as torna possíveis.

É isso que este salmo vai nos mostrar: como a graça de Deus põe o coração em movimento.

O desejo de obedecer e praticar

Nos dois primeiros versículos desta estrofe, Davi suplicava graça. Ele sabia que sua própria vontade não bastava para viver em santidade. Sua oração não nasce do que já possui e quer aprimorar, mas do que lhe falta e desesperadamente precisa.

33Ensina-me teus decretos, ó SENHOR,
e eu os guardarei até o fim.
34Dá-me entendimento e obedecerei à tua lei;
de todo o coração a porei em prática.

“Ensina-me” e “Dá-me entendimento” expressam um só clamor: “Senhor, eu não consigo sozinho.” Davi pede que Deus ilumine sua mente e incline seu coração.

Como resumiu Charles Bridges:

Somos igualmente ignorantes quanto ao caminho dos mandamentos de Deus e impotentes para nele andar. Portanto, precisamos de uma dupla assistência: nossas mentes precisam ser iluminadas e nossos corações, constrangidos.

E é assim que tudo começa em você também: para aprender a palavra do SENHOR e colocá-la em prática, é preciso começar confessando a própria ignorância e clamando pela graça de Deus que ensina e transforma.

E é assim conosco. Obediência não começa na força de vontade, mas na confissão humilde: “Senhor, eu não sei. Mostra-me. Guia-me.”

É como errar o caminho: enquanto confiamos na nossa própria direção, continuamos perdidos. Mas quando admitimos que não sabemos, Deus “recalcula a rota” e nos conduz à sua vontade.

Se hoje você deseja obedecer, isso já é evidência da graça operando em você. A resposta é unir esse desejo à oração:

33Causa em mim o aprendizado dos teus decretos, ó SENHOR,
e eu os guardarei até o fim.
34Causa em mim o entendimento da tua lei;
de todo o coração a porei em prática.

A busca pelo crescimento espiritual

Um bom aluno busca uma formação completa, não apenas aprovação em exames. Porém, grande parte da educação hoje se limita a “passar no ENEM” ou obter um diploma para garantir sustento. No papel, as áreas de conhecimento do Ministério da Educação apontam para uma formação integral, mas, na prática, isso raramente se cumpre.

Pensar em formação integral, contudo, nos ajuda a entender o Salmo 119. Assim como uma boa educação trabalha a pessoa como um todo, o salmista deseja ser formado por Deus como um todo.

Qual é a melhor maneira de alcançar uma educação completa na escola de Deus? Os versículos 34-37 ensinam que isso acontece mantendo a palavra de Deus diante da mente, dos pés, do coração e dos olhos — quatro partes essenciais do corpo.

34Dá-me entendimento [ensina-me] e obedecerei à tua lei;
de todo o coração a porei em prática.
35Faze-me andar em teus mandamentos,
pois neles tenho prazer.
36Dá-me entusiasmo por teus preceitos, [ou: Inclina-me o coração]
e não pela ganância!
37Desvia meus olhos de coisas inúteis
e restaura-me por meio de tua palavra.

Resumindo:

  • a mente, que deve entender a Palavra;
  • os pés, que devem andar nela;
  • o coração, que deve desejá-la;
  • os olhos, que devem fixar-se no que é eterno.

1. Mente: “Dá-me entendimento” ou “Ensina-me” (v. 34)

A sabedoria que o salmista busca é prática: não apenas conhecer a lei de Deus, mas andar segundo ela. Porém, ninguém vive o que não conhece. Por isso, o primeiro passo é entendimento. Assim como Paulo liga a vida obediente à renovação da mente (Rm 12.1-2), o salmista também começa pela mente, pedindo que Deus lhe dê compreensão da Palavra.

John Stott escreveu um pequeno livro para afirmar exatamente isso: a mente importa. Em inglês, Your Mind Matters. Em português, Crer é Também Pensar. Nele, Stott mostra que toda a vida cristã depende do uso correto e vigoroso da mente. Ele destaca seis áreas diretamente afetadas por isso: a adoração, a fé, a santidade, a direção da vida, a evangelização e o ministério.

A mente e a adoração

Nossa mente é essencial na adoração, porque adorar é honrar a Deus por quem ele é. Para isso, precisamos conhecer seus atributos — por exemplo: sua soberania, santidade, misericórdia, sabedoria. Sem entendimento, o culto se reduz a emoção subjetiva, moldada por sentimentos humanos (cf. Mt 15.9).

Jesus ensinou à mulher samaritana: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.23). Em espírito: com o coração vivificado. Em verdade: conforme o conhecimento da Palavra.

Sua mente importa — para uma adoração verdadeira.

A mente e a fé

A mente também é indispensável à fé, porque crer é conhecer e agir sobre as promessas de Deus. Para confiar nelas, precisamos entendê-las. Sem o uso correto da mente, a fé se torna pura emoção — ou, pior, autoengano piedoso.

Sua mente importa — para a fé verdadeira, a fé que salva.

A mente e a santidade

Nossa mente é essencial para o crescimento em santidade — o tema deste trecho do Salmo 119. A santificação não nasce da emoção, mas do conhecimento:

(1) do que Deus já nos concedeu ao nos unir a Cristo, e
(2) da vida coerente com essa nova realidade.

Como aprendemos em Romanos 6: se fomos feitos novos em Cristo, não podemos voltar ao que éramos; a única direção possível é avançar com fé na palavra de Deus — um tipo de fé…

que busca seguir até o fim os decretos de Deus (Sl 119.33);
que busca guardar a lei de Deus e cumpri-la de todo o coração (v. 34);
que busca trilhar com prazer a vereda dos mandamentos divinos (v. 35);
que busca desviar o coração da cobiça (v. 36);
que busca não ter olhos para a vaidade (v. 37);
que busca confiar nas promessas de Deus (v. 38);
que busca se afastar da vergonha de não se guiar pelos bons juízos de Deus (v. 39);
que busca com anseio, com suspiros, os preceitos do SENHOR (v. 40).

Sua mente importa — para a fé verdadeira, para a sua santidade.

A mente e a direção pessoal

A mente é indispensável também na busca por direção. Os princípios que nos guiam estão na Escritura. Deus não nos conduz por impulsos místicos ou sinais subjetivos, mas principalmente pela sua Palavra — iluminada pelo Espírito, claro. E para sermos guiados, devemos estudar, compreender e aplicar o que ele revelou — e isso exige pensar.

Sua mente importa — para a direção pessoal.

A mente e a evangelização

A mente é essencial na evangelização. Se alguém precisa crer para ser salvo, e se a fé vem pela palavra de Deus, então devemos apresentar o evangelho de modo compreensível. O ouvinte precisa entender aquilo em que crê. Se a resposta é apenas emocional, sem compreensão, não há fé verdadeira nem conversão genuína.

Sua mente importa — para a evangelização.

A mente e o ministério

Por fim, a mente é indispensável ao ministério. Primeiro, para discernir onde e como servir — “Quais são meus dons? O que Deus me chama a fazer?” — e depois, para servir bem — “Como devo cumprir a tarefa que recebi?”.

Sua mente importa — para o ministério.

A advertência de John Stott

Stott conclui afirmando que o anti-intelectualismo é parte da moda do mundo e, portanto, uma forma de mundanismo. Ele adverte:

Desdenhar da mente é minar as doutrinas fundamentais do cristianismo. Deus nos criou seres racionais — negaremos, então, a humanidade que ele nos concedeu? Deus nos falou — não ouviremos suas palavras? Deus renovou nossa mente em Cristo — não pensaremos com ela? Deus vai nos julgar pela sua Palavra — não seremos sábios, edificando nossa casa sobre essa rocha?

Por isso Davi ora:

34Dá-me entendimento [ensina-me] e obedecerei à tua lei;
de todo o coração a porei em prática.

2. Pés: “Guia-me pela vereda dos teus mandamentos” (v. 35)

Se quisermos progredir na escola de Deus, precisamos manter a sua Palavra diante dos nossos passos, para que ela guie o caminho. Thomas Manton resume bem: “Davi havia pedido luz; agora pede força para andar segundo essa luz.”

Salmo 119.35a — “Faze-me andar em teus mandamentos.”

Ou, na NAA, “Guia-me pela vereda dos teus mandamentos.”

A palavra hebraica aqui traduzida como “vereda” indica um caminho já trilhado — uma trilha marcada pelos que vieram antes. Herbert Lockyer a descreve como “a trilha visível dos pés piedosos dos peregrinos do passado.”

Isso nos lembra Jeremias 6.16 (NAA): “Ponham-se à beira dos caminhos e olhem; perguntem pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andem por ele e vocês acharão descanso.”

Vivemos numa época obcecada pelo novo. Muitos procuram “novas revelações”, “novos métodos”, “nova espiritualidade”. Até marcas antigas são redesenhadas continuamente, como se novidade fosse, por definição, melhor. E alguns querem aplicar essa lógica ao evangelho.

Mas o salmo nos lembra: o caminho do Senhor não é novo. É a vereda antiga, em que o povo de Deus tem andado desde Abraão. Na vida cristã, não somos inovadores — somos imitadores (1Co 11.1). Não celebramos a “evolução” da fé, mas a fidelidade à fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3).

Contudo, essa vereda é estreita, e poucos a encontram (Mt 7.13-14). Por isso, como Davi, oramos: “Guia-me — faça-me andar — pela vereda dos teus mandamentos.” (v. 35)

Porque ver o caminho não basta — precisamos que Deus nos faça andar nele.

3. Coração: “Inclina-me o coração para aos teus estatutos” (v. 36)

Para progredir na escola de Deus, não basta a mente e os pés — compreensão e obediência. É preciso o coração. É isso que o salmista pede:

(NAA) “Inclina o meu coração aos teus testemunhos e não à cobiça.” Ou:
(NVT) “Dá-me entusiasmo por teus preceitos, e não pela ganância!”

Aqui surge o primeiro contraste negativo da estrofe: o coração pode se voltar para a Palavra ou para a cobiça. Davi sabe que seu desejo é dividido. Quer obedecer, mas sente a atração do ganho egoísta — do ídolo do dinheiro.

Jesus advertiu: “Ninguém pode servir a dois senhores… Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6.24)

Davi reconhece esse perigo. Ele sabe como o coração pode ser seduzido. Por isso ora: “Senhor, inclina meu coração para ti. — Dá-me entusiasmo pela Palavra —  Desvia o meu coração da cobiça. Faz-me querer o que ordenas.”

4. Olhos: “Desvia os meus olhos da vaidade” (v. 37)

Os olhos também precisam ser instruídos. Aqui, porém, o salmista não pede para ver, mas para desviar-se do que seduz e distrai:

36Inclina-me o coração aos teus testemunhos
e não à cobiça.
37Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade,
e vivifica-me no teu caminho.

Depois de reconhecer o perigo da cobiça (v. 36), ele percebe que há outras vaidades igualmente sedutoras (v. 37). Se quisermos avançar na escola de Deus, precisamos fixar os olhos nas coisas do alto, não nas coisas passageiras.

Essa verdade é ilustrada em O Peregrino, de John Bunyan, quando Cristão e Fiel passam pela Feira da Vaidade, a caminho da Cidade Celestial. Nesse lugar do pecado, todo tipo de mercadoria mundana é vendido — mas os peregrinos não se encaixam naquele ambiente. Quando são convidados a comprar, tapam os ouvidos e fogem, clamando: “Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade!” E olham para o céu, indicando onde está “o verdadeiro negócio de suas vidas.”

Essa frase — “Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade!” — é exatamente Salmo 119.37 na tradução usada por Bunyan. É também a única resposta sábia do cristão diante dos encantos e ilusões deste mundo.

Precisamos de ajuda

O salmista começou expressando seu desejo de obedecer (vs. 33-34) e mostrou como busca crescer — mente, pés, coração e olhos (vs. 34-37). Agora, ele reconhece que precisa de ajuda. E onde essa ajuda está? Somente em Deus.

“Confirma a teu servo a tua promessa, que fizeste aos que te temem.” (v. 38, NVT)

Mas qual promessa?

Não uma promessa específica, e sim toda a palavra de Deus. A palavra traduzida por “promessa” é o hebraico ’imrah, que significa “palavra” ou “dito”. Ou seja, Davi está se apegando a tudo o que Deus disse, não escolhendo partes convenientes, mas submetendo-se à Palavra inteira.

Esse versículo ecoa as palavras de Jesus a Satanás: “O ser humano viverá de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4; cf. Dt 8.3).

Toda palavra de Deus é, de certo modo, promessa — vida para quem teme ao SENHOR e anda em seus caminhos, mas é também juízo, para quem o rejeita.

O salmista se apega à Palavra como promessa de vida, porque teme o Senhor. E nós, se quisermos seguir seu exemplo, devemos fazer o mesmo: temer a Deus e viver de toda a Palavra que saiu de sua boca.

A perseverança dos crentes

Os dois últimos versículos desta estrofe trazem uma conclusão. Assim como quem abandona a escola se expõe à ruína, o salmista teme a desonra que acompanha o desvio espiritual. Por isso ora:

“Afasta de mim a afronta, — afasta de mim a vergonha — que me causa medo, porque os teus juízos são bons.” (v. 39, NAA/ARA)

Essa “afronta” ou “vergonha” pode significar:

  1. a vergonha causada pelo próprio pecado, ou
  2. a vergonha imposta pelos ímpios àqueles que permanecem fiéis.

Delitzsch e Maclaren defendem a primeira leitura; Leupold e Manton, a segunda. Mas o efeito é o mesmo: o perigo de desistir — seja pelo peso do pecado, seja pela pressão do mundo.

Você tem sentido essa tentação?

Não desista. Persevere.

O versículo seguinte é a chave:

“Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos; vivifica-me por tua justiça.” (v. 40, NAA)

Suspire por algo maior do que as promessas do pecado. Suspire pela Palavra. Suspire pelo Verbo que se fez carne — Cristo.

Jesus já nos alertou:

“Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mt 10.22)

Persevere. Olhe para o que é duradouro. Olhe para Cristo.

Como lembrou C. S. Lewis:

“Se você olha para o céu, ganha a Terra; se olha apenas para a Terra, perde ambos.”

E como afirma o apóstolo Paulo:

“Contemplando a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem.” (2Co 3.18)

Você precisa de Cristo para vivificar sua alma, para inclinar seus coração, para fortalecer suas mãos e pés, para justificar e salvar você diante de Deus. Então, aqui está o chamado final desta estrofe, desta mensagem e da própria fé cristã:

Olhe para o que é duradouro.
Olhe para Cristo.

Oração e bênção pastoral

Que o SENHOR ensine a vocês os seus decretos,
para que vocês os guardem até o fim.

Que ele dê entendimento a vocês,
para que obedeçam à sua lei
e a pratiquem de todo o coração.

Que o SENHOR faça vocês andar em seus mandamentos,
pois neles vocês encontrarão prazer.

Que ele incline o coração de vocês aos seus testemunhos,
e não à cobiça.

Que o SENHOR desvie os olhos de vocês da vaidade,
e vivifique a vida de vocês por meio de sua Palavra.

Que ele confirme a vocês a sua promessa,
e os faça temer.

Que o SENHOR afaste de vocês a vergonha que vocês temem,
pois os seus juízos são bons.

E quando vocês suspirarem pelos seus preceitos,
que ele restaure a vida de vocês pela sua justiça.

Em nome de Jesus Cristo, o nosso Senhor. Amém.

S.D.G. L.B.Peixoto.

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