19.08.2017
ERROS QUE O LÍDER NÃO PODE COMETER
Números 20.1-13
1No primeiro mês do ano, 53 toda a comunidade chegou ao deserto de Zim e acampou em Cades. Enquanto estavam lá, Miriã morreu e foi sepultada. 2Como não havia água naquele lugar, o povo se rebelou contra Moisés e Arão. 3Discutiram com Moisés e disseram: “Se ao menos tivéssemos morrido com nossos irmãos diante do SENHOR! 4Por que vocês trouxeram a comunidade do SENHOR até este deserto? Foi para morrermos, junto com todos os nossos animais? 5Por que nos obrigaram a sair do Egito e nos trouxeram para este lugar terrível? Esta terra não tem cereais, nem figos, nem uvas, nem romãs, nem água para beber!”. 6Moisés e Arão se afastaram do povo e foram até a frente da tenda do encontro, onde se prostraram com o rosto em terra. Então a presença gloriosa do SENHOR lhes apareceu, 7e o SENHOR disse a Moisés: 8“Você e Arão, peguem a vara e reúnam todo o povo. Enquanto eles observam, falem àquela rocha ali, e dela jorrará água. Vocês tirarão água suficiente da rocha para matar a sede de toda a comunidade e de seus animais”. 9Moisés fez conforme o SENHOR havia ordenado. Pegou a vara que ficava guardada diante do SENHOR e, 10em seguida, ele e Arão mandaram chamar o povo para se reunir em frente da rocha. “Ouçam, seus rebeldes!”, gritou Moisés. “Será que é desta rocha que teremos de tirar água para vocês?” 11Então Moisés levantou a mão e bateu na rocha duas vezes com a vara, e jorrou muita água. Assim, toda a comunidade e todos os seus animais beberam até matar a sede. 12O SENHOR, porém, disse a Moisés e a Arão: “Uma vez que vocês não confiaram em mim para mostrar minha santidade aos israelitas, não os conduzirão à terra que eu lhes dou!”. 13Por isso aquele lugar ficou conhecido como Meribá [discussão], pois ali os israelitas discutiram com o SENHOR, e ali ele mostrou sua santidade entre eles.
A SÍNDROME DO SUCESSO
Quem negaria que a sociedade contemporânea está obcecada pelo sucesso? Durante séculos, a maioria das pessoas desejou e buscou simplesmente sobreviver. Hoje, no entanto, sobreviver não basta, as pessoas querem sucesso e visibilidade; e tem que ser rápido! Afinal, as notícias correm, toda hora tem atualizações e nós vivemos na era da banda larga com gigas e gigas de velocidade.
A síndrome do sucesso é de proporção mundial. Não tem fronteiras, pois é filha do mundo globalizado e atingiu inclusive a mentalidade evangélica no Brasil e no exterior. Livros sobre como vencer e ter sucesso são best-sellers em todas as livrarias do mundo — tanto evangélicas como seculares!
A sociedade contemporânea conseguiu transformar pastores e líderes em mais um produto de consumo, réplicas dos líderes seculares, i.e., profissionais simpáticos, talentosos e habilidosos, que procuram sucesso, poder, influência e prestígio enquanto fazem prosperar suas igrejas e ovelhas — dando-lhes visibilidade. Uma versão gospel de Roberto Justos (de “O Aprendiz”, da Rede Record). Quem se recorda?
Ricardo Barbosa, pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto em Brasília, falando sobre como a cultura atual vê a vocação pastoral — e creio que se estenda também à visão que se tem dos líderes das igrejas, disse assim:
A presente geração parece ter perdido a consciência e os modelos de liderança. O evangelho foi transformado num produto, a igreja num grande supermercado, a pessoa num consumidor e o líder no gerente desse grande empreendimento chamado igreja. Sair deste turbilhão e reencontrar o coração do ministério e da liderança cristã é nosso contínuo desafio.
A quitanda não existe mais nos nossos grandes centros urbanos. Ela deu lugar, ou melhor, foi sufocada pelos supermercados. O pastor de almas é também uma classe em extinção, cada vez mais rara. Foi vencido pelo gerente religioso, pelo líder arrojado, pelo empreendedor. A comunidade não é o que mais importa. São os projetos, as metas, o potencial de cada um. A profundidade, a solidez e a firmeza foram vencidas pela superficialidade, a fluidez e a ignorância. A pessoa foi substituída pela massa. Às vezes, parece que somos mais vaqueiros do que pastores: estamos mais de olho no número de cabeças do que no cuidado do rebanho.
Você concorda?
Perceba que, influenciada pela sociedade pragmática que vive em busca de números, resultados e reconhecimento pelo sucesso, a igreja tem distorcido completamente a razão de sua existência: para a sua própria ruína e tristeza. Sim, temos visto templos cheios (casas de bênçãos), mas o “ser igreja” deixou de existir. Há, no entanto, gratas exceções.
A importância do tema
Nós, Batistas Brasileiros, estamos buscando, através da vivência dos princípios de “Igreja Multiplicadora” (org. Fernando Brandão), cumprir a Grande Comissão de Jesus Cristo. Como denominação, queremos “voltar aos princípios” do Novo Testamento (Fabrício Freitas) e “aprofundar raízes” na intencionalidade de relacionamentos discipuladores, visando multiplicar discípulos e igrejas (Roosevelt Arantes). Graças a Deus por essa visão!
Graças a Deus que o povo batista não está falando de nem difundindo métodos para o crescimento da igreja; também não estamos copiando modelos desajustados, biblicamente falando (p.ex., G-12, MDA e outros do tipo). Os batistas não querem isso — pelo menos não, até onde vejo, no nível da liderança propagadora da visão de Igreja Multiplicadora (IM) pelo Brasil. O que se deseja realmente é resgatar os princípios do Novo Testamento para o jeito de ser discípulos e igrejas que multiplicam o evangelho e o amor de Deus.
Tudo isso está na literatura que a JMN em parceria com a CBB tem publicado. Farão todos muito bem se investirem tempo na leitura dos livros escritos, por exemplo, pelos irmãos: Fernando Brandão, Fabrício Freitas, Roosevelt Arantes, Diogo Carvalho, Márcio Tunala.
Os batistas não querem nem devem viver para a desgastante manutenção de estruturas (treliças), pelo simples capricho de ter o que lá atrás, um dia, graças a Deus, deu certo. Também nós não podemos errar, cegos pela mentalidade contemporânea, correndo atrás de métodos e modelos que não são genuinamente bíblicos e que, quando postos em prática, descaracteriza por completo a forma como deve ser a igreja de Cristo em suas expressões locais. Nós precisamos da Palavra suficiente de Deus, dos princípios corretamente extraídos da Palavra, de discípulos genuinamente apaixonados por Jesus e pelas pessoas sem Cristo, e do poder do Espírito Santo. Isto basta. O resto Deus fará.
Erros que o líder não pode cometer
Agora, como já foi dito, é muito tentador, imersos na cultura em que vivemos, abandonarmos a seiva do Senhor (que é a Palavra) para vivermos a síndrome do sucesso (ideias de homens). Pensando nisso, à partir dessa vinheta da vida de Moisés que lemos no início e do que me ficou encarregado para este congresso, desejo falar sobre “Erros que o líder não pode cometer”. Basicamente, trataremos do seguinte: o que é e o que não é, necessariamente, sucesso no ministério de uma igreja.
Focaremos três erros: 1medir sucesso pelas realizações, 2buscar sucesso sem discernir a vontade de Deus e 3batalhar pelo sucesso sem fazer a vontade de Deus.
1. Primeiro erro: medir sucesso pelas realizações
Todo mundo consideraria Moisés um exemplo de sucesso no ministério. No entanto (acho que agora eu posso lhe chocar!), ao final de seus 120 longos anos de vida e 40 de ministério, ele, de certa forma, fracassou. David W. F. Wong, em seu livro: Vida & Carreira, intitula o capítulo que fala de Moisés da seguinte maneira: Moisés — tão perto, tão longe.
É certo que, por 40 anos, Moisés permaneceu fiel ao curso de sua vocação e perseverou fielmente em sua missão. Ele suportou o coração endurecido do faraó egípcio e também os corações ingratos do povo sob seus cuidados. Mas no finalzinho ele pisou na bola!
Esse episódio na vida de Moisés destrói todos os nossos padrões de medida do sucesso. Normalmente, nós medimos sucesso por realizações. Só que a vida de Moisés nos revela que Deus não vê assim como nós vemos. Aos olhos humanos, Moisés teria passado no teste como um grande sucesso, mas não aos olhos de Deus.
Nosso texto (Nm 20.1-13) e o todo da vida de Moisés revelam que ele obteve pelo menos cinco grandes conquistas à frente do povo. Todas elas nós valorizamos, claro!
Todas essas conquistas nos ensinam que igrejas, líderes e pastores podem vencer, superar e produzir grandes resultados e, ainda assim, não obter sucesso aos olhos de Deus.
É triste ouvir a resposta de Deus à oração de Moisés alguns anos depois do incidente em Cades (Nm 13.1-20):
Dt 3.24-29 | 24‘Ó SENHOR Soberano, tu apenas começaste a mostrar a este teu servo a tua grandeza e a força da tua mão. Existe algum deus no céu ou na terra capaz de realizar obras tão grandiosas e poderosas como as que tu realizas? 25Por favor, peço que me deixes atravessar o Jordão para ver a boa terra do outro lado do rio, a bela região montanhosa e o Líbano’. 26“ Mas o SENHOR estava irado comigo por causa de vocês e não me atendeu. ‘Basta!’, declarou ele. ‘Não toque mais nesse assunto. 27Suba ao topo do monte Pisga e contemple a terra em todas as direções. Olhe bem, pois você não atravessará o Jordão. 28Encarregue Josué dessa tarefa, encoraje-o e fortaleça-o, pois ele conduzirá o povo para o outro lado do Jordão. Ele lhes dará como herança toda a terra que você está vendo.’ 29Assim, ficamos no vale junto a Bete-Peor.”
Um erro que todo líder precisa evitar é o de medir sucesso pelas realizações. O que todos veem e admiram nem sempre é o que o Senhor está vendo ou de fato prioriza. Não podemos ser escravos de aparências, aplausos e outros do tipo; somos servos, escravos de Deus. Não meça sucesso pelas realizações. Sim realizações são importantes, mas não são determinantes. Deixe-me tentar esclarecer.
Sobre a crítica que se faz aos números e aos resultados na igreja, Charles H. Spurgeon, no livro O conquistador de almas (ed. PES), escreveu sobre o resultado que se deve esperar da semeadura em solo fertilizado pelo Espírito Santo; ele anotou que
não faz mal nenhum que os obreiros se animem tendo diante de si algum relato dos resultados. Eu lamentaria muito se a prática de somar, diminuir e obter o resultado líquido fosse abandonada, porque sem dúvida é bom que conheçamos nossa situação numérica.
Spurgeon estava argumentando contra alguns que, querendo justificar a estagnação da igreja e esconder sua pregação deficiente, práticas administrativas erradas, falta de amor e zelo no trato com as pessoas sob a capa da doutrina, exclamam dizendo:
[Tem nada não,] estamos com os olhos colocados no alto [, em Deus, não em números!]”.
Daí, com o humor que lhe era característico, ele contra-ataca:
[Com os olhos colocados no alto!] Lógico, estão caídos de costas e não podem olhar, senão para cima.
Não se preocupar com sucesso não é o mesmo que não se preocupar com nenhum resultado. Afinal, nas palavras de Spurgeon, algum resultado revela algumas coisas bastante importantes. Observe:
Quando as igreja estão olhando para o alto desse jeito [justificando fracassos], seus pastores geralmente dizem que as estatísticas são muito enganosas, e que não se pode pôr num gráfico a obra do Espírito e calcular numericamente o progresso de uma igreja. O fato é que se pode calcular com exatidão, se os algarismos são verdadeiros e se tomam-se em consideração todas as circunstâncias. Se não há crescimento, pode-se calcular com considerável precisão que não se tem feito muita coisa; e se há evidente decréscimo em meio a uma população que cresce, pode-se julgar que as orações do rebanho e a pregação do ministro não são das que têm muito poder.
Por outro lado, a preocupação com sucesso pode nos fazer errar. Sobre a pressa em receber membros para mostrar resultados, por exemplo, Spurgeon escreveu assim:
Toda pressa em conseguir membros para a igreja é sumamente nociva, tanto para a igreja como para os supostos convertidos. Lembro-me muito bem de vários jovens que eram de bom caráter e que inspiravam esperança quanto à religião. Todavia, em vez de sondar-lhes o coração e de visar a sua conversão real, o pastor não lhes deu descanso enquanto não os persuadiu a professarem a fé. Achava que estariam mais ligados às coisas santas se professassem-se religiosos, e se sentia seguro ao pressioná-los, pois ‘prometiam tanto’! Imaginava que se os desanimasse com exame cuidadoso, poderia afugentá-los e, assim, querendo segurá-los, fê-los hipócritas. Aqueles jovens estão hoje muito mais longe da Igreja do que estariam se tivessem sofrido a afronta de ser mantidos no lugar que lhes cabia e se tivessem sido advertidos de que não se haviam convertido a Deus.
Afinal, onde estaria o equilíbrio? Spurgeon apontou uma fresta de luz, quando escreveu que não podemos pensar que
a conquista de almas é alcançada, ou pode ser obtida, através da multiplicação de batismos e do aumento do número de membros da sua igreja. Que significam estes despachos vindos do campo de batalha? “Ontem à noite, 14 almas foram levadas à convicção, 15 foram justificadas e 8 foram plenamente santificadas”. Estou farto dessa ostentação pública, dessa mania de contar os pintinhos que ainda não saíram do ovo, dessa exibição de troféus duvidosos. Ponham de lado essa contagem de cabeças, essa inútil pretensão de atestar em meio minuto aquilo que requer a prova de uma vida inteira. Sejam otimistas, mas moderem o entusiasmo exagerado.
Evangelização discipuladora é o trabalho de uma vida; por isso não meçam o sucesso pelas realizações. Ronaldo Lidório, em Revitalização de Igrejas: avaliando a vitalidade de igrejas locais (ed. Vida Nova), usou de palavras sábias quando disse:
O que desejamos, ao fim do dia, não é uma igreja enorme ou pequena, mas saber que cumprimos aquilo para que o Altíssimo nos chamou, glorificando o Cordeiro Jesus… Devemos fugir da tentação do pragmatismo, visto que o ministério cristão não deve ser definido por resultados humanos, mas pela obediência ao chamado e à vontade de Deus.
Primeiro erro que o líder não pode cometer: medir o sucesso pelas realizações.
2. Segundo erro: buscar sucesso sem discernir a vontade de Deus
Da perspectiva de Deus, o sucesso começa quando discernimos a vontade dele; e essas coisas nem sempre o povo consegue enxergar.
Diante da adversidade, Moisés não retaliou — e como é comum para nós líderes querermos retaliar!, especialmente nós pastores. Moisés não retaliou, mas pôs-se a buscar a vontade de Deus — ao lado de um homem de Deus:
Nm 20.6-8 | 6Moisés e Arão se afastaram do povo e foram até a frente da tenda do encontro, onde se prostraram com o rosto em terra. Então a presença gloriosa do SENHOR lhes apareceu, 7e o SENHOR disse a Moisés: 8“Você e Arão, peguem a vara e reúnam todo o povo. Enquanto eles observam, falem àquela rocha ali, e dela jorrará água. Vocês tirarão água suficiente da rocha para matar a sede de toda a comunidade e de seus animais”.
Lembre-se de que Deus se revela a nós em sua palavra, como fez com Samuel em Siló:
1Sm 3.21 | O SENHOR voltou a aparecer em Siló, porque ali o SENHOR se manifestava a Samuel pela sua palavra.
Entretanto, buscar a Deus, ver a glória de Deus e ouvir a voz de Deus na Palavra de Deus não garante sucesso algum a ninguém. Nem sempre obediência produz resultados mensuráveis — veja o exemplo dos profetas. Por outro lado, alguns, a exemplo de Saul, mesmo buscando a Deus, não o acham mais, pois Deus já os abandonou:
1Sm 28.6 | Saul consultou o SENHOR, mas este não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas.
Outros, como veremos a seguir, fracassaram mesmo depois de discernirem a vontade de Deus. Eles sabiam o que deveriam fazer, mas não fizeram a vontade de Deus.
Erros que o líder não pode cometer: 1medir sucesso pelos resultados, 2não buscar discernir a vontade de Deus e 3não fazer a vontade de Deus, mesmo sabendo qual ela seja. Veja a seguir…
3. Terceiro erro: buscar sucesso sem fazer a vontade de Deus
Quem vê do lado de fora (ou com as lentes do mundo pragmático), pensa que Moisés foi um grande sucesso e que Deus, por sua vez, injusto e um insensível desmancha prazeres. Afinal de contas, Moisés exerceu sua autoridade e agiu para solucionar o problema. Ele produziu. Foram muitos os resultados (e realmente foram!).
Contudo, na reta final, cruzando a linha de chegada (40 anos depois do Êxodo), Moisés fracassou e fracassou feio — a ponto de Deus não deixá-lo entrar na terra prometida. Embora as pessoas não vissem como aquilo era possível, Deus tinha as suas razões. Então, quais eram as razões de Deus para a reprovação de Moisés?
Moisés errou pecando contra o povo, promovendo-se para o povo, desprezou a palavra de Deus e não crendo na direção apontada por Deus.
Não peque contra o povo
Nm 20.10 | “Ouçam, seus rebeldes!”
Sl 106.32-33 | 32Também em Meribá, provocaram a ira do SENHOR, e causaram sérios problemas a Moisés. 33Fizeram Moisés se irar [heb. amarguraram seu espírito], e ele falou sem refletir.
Deus disse para Moisés simplesmente falar com a rocha (Nm 20.8), mas Moisés gritou e blasfemou contra o povo (Nm 20.10). Ele agiu com ira, de forma irrefletida. Sim, o povo o provocou, mas cada um responde pelo seu pecado. Um erro nunca justifica o outro.
Fazer a vontade de Deus implica em não pecar contra o povo. Como líderes pecam!
Não se promova para o povo
Ouçam bem as palavras de Moisés ao povo:
Nm 20.10 | […] em seguida, ele e Arão mandaram chamar o povo para se reunir em frente da rocha. “Ouçam, seus rebeldes!”, gritou Moisés. “Será que é desta rocha que [nós] teremos de tirar água para vocês?”
Deu para perceber? Esse “Será que é desta rocha que [nós] teremos de tirar água para vocês?” suplantou o poder de Deus e redirecionou a atenção do povo para a ação de Moisés e de Arão, roubando para eles a glória de Deus.
Cuidado com a autopromoção. Não se promova diante do povo. Nossas ferramentas, nossos esforços, nossa dedicação, enfim, o que temos em mãos, o que e como fazemos não podem ofuscar ou roubar a glória de Deus.
Não despreze a palavra de Deus
Perceba que Moisés agiu corretamente apenas até certo ponto, e de repente desprezou tudo o que Deus havia falado para ele fazer:
Nm 20.9-11 | 9Moisés fez conforme o SENHOR havia ordenado. Pegou a vara que ficava guardada diante do SENHOR e, 10em seguida, ele e Arão mandaram chamar o povo para se reunir em frente da rocha. “Ouçam, seus rebeldes!”, gritou Moisés. “Será que é desta rocha que teremos de tirar água para vocês?” 11Então Moisés levantou a mão e bateu na rocha duas vezes com a vara, e jorrou muita água. Assim, toda a comunidade e todos os seus animais beberam até matar a sede.
Moisés desprezou o mandamento de Deus, agindo em desobediência, que era rebelião!
Nm 20.24 | É chegado o momento de Arão reunir-se a seus antepassados. Não entrará na terra que dou aos israelitas, pois vocês [Arão e Moisés] se rebelaram contra minhas instruções [minha palavra!] a respeito da água em Meribá.
Como assim?
Deus tinha dito a Moisés que apenas falasse à rocha (Nm 20.8), mas Moisés decidiu seguir seus próprios métodos. Ele falou ao povo (esbravejou contra eles, chamando para si mesmo a atenção) e bateu, bateu duas vezes!, na rocha. Está certo que a água saiu e o povo ficou maravilhado, mas Deus não se agradou nem um pouco de tudo aquilo.
Quando lemos Êxodo (17.6), descobrimos que lá no deserto de Refidim ou de Sim Deus mandou que Moisés batesse na rocha. Só que em Cades ele deveria apenas falar à rocha (Nm 20.1). Moisés foi cabeça dura. Ele bateu e bateu duas vezes na rocha, quando deveria apenas ter-lhe ordenado que jorrasse água. O que se aprende com esse incidente?
Nem sempre métodos que outrora Deus usou, ou tenha ele mesmo revelado, ou que tenham sido usados com sucesso por alguém lá noutro contexto, servem para o momento presente e a situação da gente; mas a Palavra falada e revelada na Escritura, sem distorção, é sempre eficaz e atual! Moisés fracassou por ter desprezado a Palavra!
Não seja incrédulo
Todos esses pecados de Moisés que verificamos até aqui (irritação contra o povo, autopromoção diante do povo e desprezo pela palavra de Deus), tinham uma única causa, e por causa dela Deus não o permitiu entrar na terra prometida; por isso Moisés fracassou. A raiz de tudo era a incredulidade!
Nm 20.12 | O SENHOR, porém, disse a Moisés e a Arão: “Uma vez que vocês não confiaram em mim para mostrar minha santidade aos israelitas, não os conduzirão à terra que eu lhes dou!”.
No fundo, no fundo, Moisés e Arão não criam que Deus podia fazer brotar água daquela rocha, mesmo tendo Deus já feito algo parecido (Refidim, Êx 17.1ss.). Talvez aqui Moisés tivesse crido mais no método (lá de Refidim) do que na palavra de Deus. A incredulidade é a causa de nossos fracassos, mesmo quando grandes coisas são realizadas.
No ministério, assim como foi com Moisés, a nossa incredulidade pode nos fazer cometer pecados terríveis; são erros que todo líder precisa evitar: pecar contra o povo (buscando mudança na marra), promover-se para o povo (arrancando deles na marra o reconhecimento) e desprezar a palavra de Deus (produzindo resultados rápidos). Paulo se vigiava contra isso:
2Co 4.1-4 | 1Portanto, visto que Deus, em sua misericórdia, nos deu a tarefa de ministrar nesse novo sistema, nunca desistimos. 2Rejeitamos todos os atos vergonhosos e métodos dissimulados. Não procuramos enganar ninguém nem distorcemos a palavra de Deus. Em vez disso, dizemos a verdade diante de Deus, e todos que são honestos sabem disso. 3Se as boas-novas que anunciamos estão encobertas atrás de um véu, é apenas para aqueles que estão perecendo. 4O deus deste mundo cegou a mente dos que não creem, para que não consigam ver a luz das boas-novas, não entendendo esta mensagem a respeito da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5Não andamos por aí falando de nós mesmos, mas proclamamos que Jesus Cristo é Senhor e que nós mesmos somos servos de vocês por causa de Jesus. 6Pois Deus, que disse: “Haja luz na escuridão”, é quem brilhou em nosso coração, para que conhecêssemos a glória de Deus na face de Jesus Cristo.
Sucesso diante de Deus não se mede pelos resultados, mas pela fidelidade a Deus; se mede buscando fazer com fé, esperança e amor a vontade de Deus (1Co 4.1-5).
Que Deus, portanto, nos dê fé, esperança, amor e coragem para prosseguir. Sejamos pedintes. Peçamos sempre como Paulo pedia:
Ef 6.19 | E orem também por mim. Peçam que Deus me conceda as palavras certas, para que eu possa explicar corajosamente o segredo revelado pelas boas-novas [o mistério do evangelho].
Que Deus abençoe os batistas goianos com graça, misericórdia e paz. Que também nos conscientize, mais a cada dia, de que sucesso se mede pela obediência com fé a Deus. Grandes erros serão evitados, se assim nos procedermos.
Lembrem-se: não meça sucesso pelas realizações, não busque sucesso sem discernir a vontade de Deus e não batalhe pelo sucesso sem fazer a vontade de Deus. Conheça e pratique a Palavra de Deus. Grandes erros serão evitados, se assim nos procedermos.
Paz a voz todos.
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