28.05.2023
Gênesis 2.18-25 18O SENHOR Deus disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Farei alguém que o ajude e o complete”. 19O SENHOR Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu. Trouxe-os ao homem para ver como os chamaria, e o homem escolheu um nome para cada um deles. 20Deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens. O homem, porém, continuava sem alguém que o ajudasse e o completasse. 21Então o SENHOR Deus o fez cair num sono profundo. Enquanto o homem dormia, tirou dele uma das costelas e fechou o espaço que ela ocupava. 22Dessa costela o SENHOR Deus fez uma mulher e a trouxe ao homem. 23“Finalmente!”, exclamou o homem. “Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do ‘homem’”. 24Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só. 25O homem e a mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha.
Em um mundo onde a feiúra do relacionamento entre homem e mulher está estampada de todas as formas – veladas e violentas –, a sociedade (não sem razão!) se armou até os dentes para impedir essas aberrações. Uma das formas que se encontrou para se atacar o problema – que é sim real! – foi combater o que se passou a chamar de “masculinidade tóxica”. Em síntese, o que se parece propor, na prática, é desmasculinizar o homem.
A Bíblia não nega que haja um problema, um problema gravíssimo entre homens e mulheres; mas a solução bíblica é bem diferente da que é proposta pelas iniciativas sócio-político-culturais. Enquanto esses movimentos se mobilizam, hasteando a bandeira de direitos e de igualdades, de fato eles estão é agindo para redefinir sexualidade, gênero e família (redefini-los à imagem dos desejos pessoais dos indivíduos) – causando ainda mais conflitos e revoluções (afinal, o conflito e a luta está na essência da cosmovisão darwinista que sustenta essas ações). A Bíblia, em contrapartida, demonstra que a única solução (não a melhor solução, não uma solução, mas a única solução) é a redenção possível em Cristo; a única solução é o resgate e a santificação do ser humano, homem e mulher, por meio da vida e obra de Jesus. Foi por isso que nós nos propusemos a erigir uma teologia bíblica de gênero (esta é a terceira mensagem, dentro da série em Gênesis).
Como estamos procedendo?
Admitindo que o problema é real, o caminho que escolhemos trilhar não foi atacar o que se convencionou chamar de masculinidade tóxica. — Por quê? — Porque apenas atacar e se limitar a dizer o que masculinidade não é jamais será suficiente para se resolver o problema. UMA QUE, ataques sempre gerarão contra-ataques. OUTRA QUE, se nos limitarmos a apenas desconstruir o padrão masculino (ou o feminino, por sua vez), o que se deverá colocar no lugar? Alguém saberá? Ora, pelo visto, ninguém sabe. O resultado é o caos que só parece aumentar na cabeça das pessoas e nas camadas sociais mais diversas. PORTANTO, a única maneira de resolvermos o problema da feiúra entre homens e mulheres é nos voltando para a Bíblia.
Sim! A Bíblia Sagrada. Se não for a Bíblia Sagrada, será o quê?
Quer ver uma coisa?
Um site na internet, – o eCycle – atrás de resposta para a origem do comportamento associado à masculinidade tóxica, chegou a esta impressionante (e honesta) conclusão:
Uma possível origem da masculinidade parece ter se desenvolvido há milhares de anos, quando os primeiros homo sapiens usavam a força, por exemplo, para exercer domínio ou assumir o comando. Os homo sapiens machos mais bem-sucedidos eram aqueles que podiam lutar e caçar. Naquela época, as características mais desejáveis provavelmente incluíam agressão, crueldade e força física.
Percebeu, gente? Você identificou a origem desse pensamento?
A origem desse tipo de argumento é o evolucionismo darwinista, que nós já combatemos lá nas primeiras mensagens desta série em Gênesis.
Agora, raciocine: aonde esse pensamento vai, o que ele proporá? Preste atenção, a matéria do site continua:
Esses comportamentos [os dos machos; isto é, agressão, crueldade e força física] perduraram por séculos. Ao longo da história, governantes dominantes do sexo masculino ganharam poder conquistando outros territórios à base da força. Tal padrão permaneceu inalterado até as décadas de 1980 e 1990, quando os comportamentos masculinos tradicionais tornaram-se incompatíveis com as visões da sociedade contemporânea.
ESPERE UM POUCO! PENSE: O que estava acontecendo nas décadas de 1980 e 1990? Alguém se recorda? Os de datas de nascimento antigas que estão aqui se lembram? — Ora, em 1980 e 1990 as ondas do tsunami da revolução sexual dos anos de 1960 e 1970 estavam, finalmente, desabando com força total sobre todas as estruturas judaico-cristãs da sociedade, especialmente sobre questões de sexualidade, gênero e família. É DAÍ QUE DIGO: se não for a Bíblia Sagrada a reger essas questões, será qualquer outra coisa, será principalmente a revolução darwinista, que ao longo da história tem se apresentado sob diversas máscaras: revolução sexual, movimento feminista, movimentos homossexuais e transsexuais, acompanhados de toda essa discussão de gênero, mais recentemente.
É verdade sim que o homem tem pecado contra a mulher (e a mulher contra o homem); MAS A SOLUÇÃO NÃO PODERÁ SER a desmasculinização do homem ou a desfeminilização da mulher ou a (trans)formação de qualquer um dos dois à imagem de seus próprios desejos; A SOLUÇÃO NÃO É ATACAR a dita masculinidade tóxica e fazer o homem pedir perdão por ser homem; A SOLUÇÃO É apresentar a masculinidade saudável, a masculinidade bíblica e no processo fazer o homem reconhecer seus pecados e pedir perdão por cada um deles, buscando redenção em Jesus Cristo e reconstrução de relacionamentos quebrados. É o que estamos buscando fazer nesta série.
NOUTRA MENSAGEM, Deus permitindo, nós veremos “a vitória que foi obtida para a mulher”. MAS HOJE nós nos voltaremos para “a versão original do homem”, conforme a Bíblia; queremos apresentar A MASCULINIDADE SAUDÁVEL.
Há duas semanas passadas, concentramo-nos na guerra em que homens e mulheres passaram a travar um contra o outro por causa do pecado. Vimos que homens pecadores tendem a usar suas características singulares – força, poder, autoridade, dentre outras – para dominar as mulheres em benefício próprio. E vimos que mulheres pecadoras também tendem a usar suas características únicas – principalmente o corpo – para controlar os homens em benefício próprio. Ambos estão tentando explorar um ao outro com propósitos malignos. Nesta guerra há pelo menos um músculo que é igualmente forte tanto nos homens como nas mulheres: a língua. É por isso que, nas rodas de escárnio de um e de outro, consegue-se ouvir homens pecadores e mulheres pecadoras empunhando esta arma para destruir uns aos outros: palavras. É o que chamamos de guerra dos sexos.
Mas não foi desse modo que Deus criou o mundo. O que aconteceu foi que o pecado destruiu a versão original; destruiu o nosso relacionamento com Deus e com o próximo. Daí que se deve levantar as seguintes perguntas: como o homem e a mulher deveriam se relacionar? como era o relacionamento entre eles antes que o pecado arruinasse todas as coisas? como eram a masculinidade e a feminilidade antes do pecado as distorcer, tornando-as no que vemos hoje?
Parte dessas respostas, as quais nós já consideramos anteriormente, é que Deus criou o ser humano à sua imagem, homem e mulher nos criou. Isso significa, dentre tantas coisas, que homens e mulheres desfrutam de igualdade de personalidade, igualdade de dignidade, respeito mútuo, harmonia, complementaridade e, em Cristo, um destino unificado: co-participantes da graça da vida (e não competidores). MAS – conforme enfatizamos na semana retrasada – esta é apenas parte da resposta.
Ao se tratar apenas da igualdade de dignidade e de personalidade entre homem e mulher criados à imagem de Deus, FICA EM ABERTO ESTA QUESTÃO: dentro da igualdade de personalidade e da igualdade de dignidade, não poderia haver algumas responsabilidades ou papeis especiais que o homem tem porque é homem e que a mulher tem porque é mulher? OUTRA COISA: ao demonstrar respeito e cuidado mútuos, não deveria ainda haver algumas maneiras especiais de um homem respeitar uma mulher e maneiras especiais de uma mulher respeitar um homem? TEM MAIS: igualdade de personalidade e reciprocidade de respeito exigem igualdade de responsabilidades ou mesmo prática semelhante de todas as responsabilidades? ou Deus pretendia desde o início que a igualdade de personalidade e a igualdade de dignidade fossem expressadas de jeito diferente na maneira como nos relacionamos como homem e mulher?
Essas são as questões que levantamos nesta mensagem; e ficaremos com elas em tela por algumas semanas, enquanto nos dedicamos a esboçar o que a Bíblia ensina sobre essa questão de diversidade (homem e mulher com papeis diferentes) e complementaridade (homem e mulher com papéis diferentes agindo com mutualidade e harmonia). Hoje veremos a descrição bíblica geral da masculinidade – tal como Deus pretendia que fosse antes do pecado arruinar todas as coisas. Noutra mensagem, permitindo o SENHOR, nós abordaremos a vitória obtida para a mulher (a verdadeira libertação da mulher). E mais tarde, noutras mensagens, desembrulharemos esses materiais.
SERÁ MESMO QUE AS PERGUNTAS QUE ESTAMOS LEVANTANDO SÃO APROPRIADAS? Ou seja: homens e mulheres são iguais em dignidade, homens e mulheres foram criados igualmente à imagem de Deus, MAS, homens e mulheres têm mesmo papeis, funções e responsabilidades diferentes, complementares? PARECE QUE SIM, POR ESTAS RAZÕES: [1.] o zoom que Moisés fez do sexto dia (em Gênesis 2) e [2.] o uso que Jesus e Paulo fizeram de Gênesis 1 e 2 para falarem de homem e mulher. Veja:
Em Gênesis 1 Moisés narrou como Deus criou todas as coisas do nada e as juntou de maneira ordenada, para que tudo servisse ao ser humano (Gn 1.1-25). Na sequência, estando tudo pronto, Deus criou o homem à sua imagem, homem e mulher os criou, e declarou que tudo era muito bom (Gn 1.26-31). Fim do primeiro capítulo de Gênesis.
Ora, pense bem: Moisés poderia muito bem ter pulado para Gênesis 3 e contado sobre a queda do ser humano no pecado e das consequências. Só que não.
Em Gênesis 2, Moisés deu zoom em sua câmera e fez um close no sexto dia da criação. E quando se chega ao final da leitura do capítulo 2 de Gênesis se percebe que uma das razões pelas quais ele detalhou algumas coisas do sexto dia da criação foi para dizer algo importantíssimo a respeito do relacionamento entre homem e mulher: Gênesis 2.25 “O homem e a mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha.”
Em Gênesis 1 Moisés já havia dito algo fundamental: ambos, homem e mulher foram criados à imagem de Deus e, portanto, são igualmente dignos e valiosos perante o Criador. Só que em Gênesis 2 Moisés disse algo mais específico. VEJA: Se em Gênesis 1 nós aprendemos que os dois são iguais em valor e dignidade, em Gênesis 2 nós aprendemos a respeito dos diferentes papeis (e de como eles se complementam em harmonia, sem diminuir um ou outro, sem elevar um ou outro). GÊNESIS 2, PORTANTO, LEVANTA ESTA QUESTÃO: como a masculinidade e a feminilidade são diferentes, sem dizer que um seja melhor que o outro ou superior ao outro na criação de Deus?
Agora o Novo Testamento. Tanto o Senhor Jesus como o apóstolo Paulo, quando fazem uso do Antigo Testamento para responder questões sobre como homem e mulher deveriam se relacionar um com o outro, retrocedem ao estado das coisas antes da queda, em Gênesis 3. Nem Jesus nem Paulo tomam os relacionamentos confusos e conflituosos de Gênesis 3 em diante para torná-los normativos para homem e mulher. Tanto o Senhor como o apóstolo retrocedem a Gênesis 1 e 2 e falam sobre como deveria ter sido desde o início, antes da queda no pecado.
Portanto, o que faremos a seguir são algumas observações que começarão a responder se homem e mulher – ainda que em igualdade de personalidade e dignidade, ainda que em igualdade de valor – têm mesmo algumas responsabilidades ou papeis diferentes. TROCANDO EM MIÚDOS: Gênesis ensina mesmo que há responsabilidades ou papeis especiais para o homem (por ser homem) e responsabilidades ou papeis especiais para a mulher (por ser mulher), sem diminuir ou rebaixar um em relação ao outro?
Passemos aos argumentos.
1. Adão foi criado primeiro e depois Eva
O fato de Deus ter criado Adão primeiro e, só depois de certo tempo, Eva (Gn 2.7,18-23) sugere que Deus enxergava Adão com um papel de liderança. Não se menciona procedimento desse tipo, em duas etapas (primeiro o macho, depois a fêmea à partir do macho), na criação de qualquer um dos animais, mas aqui em Gênesis 2 parece haver um propósito especial. A criação de Adão primeiro é compatível com o padrão da “primogenitura” no Antigo Testamento, a ideia de que o primogênito de cada geração de uma família humana detém a liderança na família para aquela geração.
A confirmação de que estamos corretos ao enxergar um propósito no fato de Deus ter criado Adão primeiro, e de que esse propósito reflete uma distinção permanente nos papéis estabelecidos por Deus para homens e mulheres, encontra apoio em 1Timóteo 2.13, em que Paulo usa o fato de que “Deus fez Adão e, depois, Eva” como razão para restringir aos homens alguns papéis de liderança e ensino na família e na igreja.
2. Adão recebeu a lei moral de Deus, para passar a Eva
A segunda observação a fazer é esta: uma das responsabilidades que veio com ter sido criado primeiro foi a responsabilidade primária (não a única, mas a primária) de receber, ensinar e ser responsável pelo padrão moral de vida no jardim do Éden.
Veja, antes mesmo de a mulher ser criada, o SENHOR veio ao homem e lhe deu esta ordem: Gênesis 2.16-17: “Coma à vontade dos frutos de todas as árvores do jardim, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se você comer desse fruto, com certeza morrerá”. Pois bem, após a criação de Eva não há registro de que esse padrão de vida moral para o jardim tenha sido repetido por Deus para a mulher. Parece, portanto, que Moisés esperava que concluamos que Adão recebeu o padrão moral do jardim e a responsabilidade primária de compartilhá-lo com Eva e seus descendentes – e ser responsável por essa lei.
3. Eva foi criada como auxiliadora de Adão
As Escrituras especificam que Deus criou Eva como auxiliadora de Adão: Gênesis 2.18: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Farei alguém que o ajude e o complete [correspondente a você]”. No Novo Testamento, Paulo atribuiu tanta importância a esse versículo que fundamentou nele a necessidade de diferenças de papeis entre homens e mulheres no culto público:
1Coríntios 11.8-9: Pois o homem não veio da mulher, mas a mulher veio do homem. E o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem.
Ora, não se deve supor aqui uma sugestão de importância ou de menor valor, tampouco de capacidade inferior, e sim que existe uma diferença de papéis e de responsabilidades desde o princípio.
4. Adão deu nome a Eva
Adão deu nomes a todos os animais (Gn 2.19, 20), isso indica a liderança de Adão sobre o reino animal, pois no pensamento do Antigo Testamento o direito de dar nome a alguém implicava autoridade sobre a pessoa (isso se percebe tanto quando Deus dá nomes a pessoas como Abraão e Sara quanto quando os pais dão nomes aos seus filhos). Como o nome hebraico designava o caráter ou a função da pessoa, Adão especificou as características ou as funções dos animais ao atribuir-lhes nomes.
Pois bem, quando Adão deu nome a Eva, dizendo “[ela] será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do ‘homem’” (Gn 2.23), isso indicou também a sua liderança sobre a mulher no contexto da família. Foi assim antes da queda, quando Adão chamou de “mulher” sua esposa, e também depois da queda, quando o “homem, Adão, deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria a mãe de toda a humanidade” (Gn 3.20).
5. A serpente aproximou-se primeiro de Eva
Satanás, depois de ter pecado, agiu para distorcer e solapar tudo o que Deus havia planejado e criado de tão bom. Parece, portanto, que Satanás (na forma de uma serpente), ao aproximar-se primeiro de Eva, tenha tentado instituir um papel inverso ao incitar Eva a tomar a liderança na desobediência a Deus (Gn 3.1). Isso contrasta com o modo com que Deus os abordava, pois, ao falar-lhes, Deus falava a Adão primeiro, mesmo depois de Eva ter pecado primeiro (Gn 2.15-17; 3.9).
De fato, Paulo parece ter essa inversão de papéis em mente ao dizer: 1Timóteo 2.14: “E não foi Adão o enganado. A mulher é que foi enganada, e o resultado foi o pecado.” Ora, gente, isso sugere que Satanás, abordando primeiro a mulher, tentava solapar o modelo de liderança masculina que Deus estabeleceu no casamento (e na igreja). De outro modo, o que Paulo estaria querendo dizer com essa afirmação?
Claro que Paulo não estava dizendo, por exemplo, que “a mulher é que foi enganada” porque ela era mais inocente ou mais vulnerável ou mais bobinha que o homem. Paulo estava, com efeito, dizendo que Satanás induziu Eva a usurpar a liderança de Adão. 1Timóteo 2.14: “E não foi Adão o enganado. A mulher é que foi enganada, e o resultado foi o pecado.”
6. Deus falou primeiro a Adão depois da queda
Assim como Deus falou a Adão quando ele estava só, antes da criação de Eva (Gn 2.15-17), também, depois da queda, ainda que Eva tivesse pecado primeiro, Deus se aproximou primeiro de Adão e pediu a ele explicações sobre seus atos: Gênesis 3.9: “Então o SENHOR Deus chamou o homem e perguntou: ‘Onde você está?’.” — Por que Deus agiu assim, chamando Adão? — Deus considerava Adão o líder da família, aquele que primeiro deveria ser convocado a prestar contas a respeito do que havia acontecido na casa.
7. Adão, não Eva, representava a raça humana
Ainda que Eva tenha pecado primeiro (Gn 3.6), somos considerados pecadores por causa do pecado de Adão, não por causa do pecado de Eva. De fato, o Novo Testamento afirma que “todos morremos em Adão” (1Co 15.22); compara-nos ao “homem terreno” (1Co 15.49); e declara que “o pecado de um único homem trouxe morte para muitos” (Rm 5.15). Isso indica que Deus tinha dado a Adão não somente a representação, mas a liderança da raça humana. Preste atenção:
Gênesis 5.1-2 (ARA) 1Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em que Deus criou o homem [o ser humano, hebraico: ’adam], à semelhança de Deus o fez; 2homem [hebraico: zakar; macho, masculino] e mulher [hebraico: neqebah; fêmea, feminino] os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão [ser humano, hebraico: ’adam], no dia em que foram criados.
Pois bem, de que modo Gênesis 1 e 2 pintam o homem? Qual é a versão original do homem? Ou não há? JUNTANDO TUDO O QUE VIMOS ATÉ AQUI, podemos tecer as seguintes considerações na reconstrução, no resgate da versão original do homem:
PRIMEIRO, TEMOS DE COMPREENDER O PAPEL QUE DEUS MESMO ESTABELECEU PARA O HOMEM: a responsabilidade de liderar. Isto está muito claro pelo que foi exposto acima: Adão foi criado primeiro; Deus deu a Adão a responsabilidade pela lei moral no Éden; Eva foi dada a Adão como auxiliadora; Adão deu nome a Eva; a humanidade recebeu o nome de Adão; a serpente suprimiu a liderança de Adão (abordando Eva, não o homem como o responsável pelo jardim); e Deus, após a queda, chamou à prestação de contas primeiramente o homem, embora Eva tivesse pecado primeiro que Adão.
Portanto, biblicamente falando, não pode haver dúvida sobre este ponto: a versão original do homem é de liderança – na família e na igreja (que é a família de Deus). Alguém, ainda que se diga cristão, até poderá questionar estes fatos, mas terá que fazê-los minando a autoridade bíblica, colocando em cheque os padrões bíblicos de verdade, dizendo que tudo é cultural, e já que naquele tempo todos eram patriarcais e machistas, não poderia ter sido diferente, mas agora tudo mudou. — Percebeu? — Ou você toma a Bíblia pelo que ela é (Palavra infalível e atemporal de Deus), ou você toma a Bíblia pelo que ela diz e se molda a ela (pelo poder do Espírito), ou você não tem mais um livro sagrado e cheio de autoridade divina nas mãos, apenas opiniões culturais readaptáveis. Portanto, esta é a primeira coisa a se fazer: compreender o papel de liderança na família e na igreja que Deus mesmo estabeleceu para o homem.
SEGUNDO, TEMOS DE CONFESSAR QUE, COMO HOMENS, FRACASSAMOS: fracassamos assim: ou abdicamos do papel de liderança ou alteramos tal papel para algo – em algum momento e de algum modo – opressor e destrutivo em termos de liderança; e ambas as atitudes são diabólica. Por exemplo, James Dobson (psicólogo cristão de renome e fundador do ministério Foco na Família, nos Estados Unidos) identificou a tremenda importância dessa verdade – a liderança do homem – e os terríveis efeitos quando um marido e pai abdica de sua responsabilidade. Aqui está o que ele disse:
Um homem cristão é obrigado a liderar sua família da melhor maneira possível… Se sua família comprou muitos itens no crédito, a crise financeira é culpa dele. Se a família nunca lê a Bíblia ou raramente vai à igreja no domingo, Deus culpa o homem. Se os filhos forem desrespeitosos e desobedientes, a responsabilidade principal é do pai… não de sua esposa… Na minha opinião [diz Dobson], a maior necessidade da América [eu diria: do Ocidente, inclusive do Brasil] é que os maridos comecem a orientar sua família, em vez de despejar todos os recursos materiais e emocionais na mera aquisição de mais dinheiro.
Soa durão, eu sei (eu sou homem também!), mas é verdade. É ISTO O QUE ESTÁ ENSINADO NAS PRIMEIRAS PÁGINAS DE GÊNESIS: Deus trouxe o homem ao mundo primeiro, como o líder; Deus confiou primeiramente ao homem o padrão moral do jardim do Éden; foi o homem, após a queda no pecado, que Deus chamou primeiramente para prestar contas pelo fracasso da desobediência, ainda que tenha sido Eva a primeira a pecar. Portanto, embora o homem e a mulher tenham responsabilidades individuais idênticas diante de Deus (é isso o que significa ser criado à sua imagem; cf. Gl 3.28), no entanto, em relação um ao outro, o homem carrega uma responsabilidade maior pela liderança do que a mulher. Mas nós, homens, sejamos honestos!, temos fracassado.
Então o que deveríamos fazer?
Enquanto eu escrevia essas palavras eu fui direcionado a estes versículos de Tiago, sobre como devemos resistir ao diabo; em nosso caso, homens, como resistir ao diabo em todo o nosso fracasso na liderança que Deus mesmo colocou em nossas mãos:
Tiago 4.7-10 7Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. 8Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês. Lavem as mãos, pecadores; purifiquem o coração, vocês que têm a mente dividida. 9Que haja lágrimas, lamentação e profundo pesar. Que haja choro em vez de riso, e tristeza em vez de alegria. 10Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.
S.D.G. L.B.Peixoto
Esta mensagem é, toda ela, baseada em sermão pregado por John Piper, e que pode ser achado na íntegra clicando aqui.
Também se utilizou Wayne Grudem, em Teologia Sistemática, 2ª edição, editora Vida Nova, pág. 654-659.
Não há da parte deste que a pregou, qualquer presunção de originalidade.
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