01.09.2024
Êxodo 3.1-10 (NVT)
1Certo dia, Moisés estava cuidando do rebanho de seu sogro, Jetro, sacerdote de Midiã. Ele levou o rebanho para o deserto e chegou ao Sinai, o monte de Deus. 2Ali, o anjo do Senhor lhe apareceu no fogo que ardia no meio de um arbusto. Moisés olhou admirado, pois embora o arbusto estivesse envolto em chamas, o fogo não o consumia. 3“Que coisa espantosa!”, pensou ele. “Por que o fogo não consome o arbusto? Preciso ver isso de perto.”
4Quando o Senhor viu Moisés se aproximar para observar melhor, Deus o chamou do meio do arbusto: “Moisés! Moisés!”.
“Aqui estou!”, respondeu ele.
5“Não se aproxime mais”, o Senhor advertiu. “Tire as sandálias, pois você está pisando em terra santa. 6Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” Quando Moisés ouviu isso, cobriu o rosto, porque teve medo de olhar para Deus.
7Então o Senhor lhe disse: “Por certo, tenho visto a opressão do meu povo no Egito. Tenho ouvido seu clamor por causa de seus capatazes. Sei bem quanto eles têm sofrido. 8Por isso, desci para libertá-los do poder dos egípcios e levá-los do Egito a uma terra fértil e espaçosa. É uma terra que produz leite e mel com fartura, onde hoje habitam os cananeus, os hititas, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. 9Sim, o clamor do povo de Israel chegou até mim, e eu tenho visto como os egípcios os tratam cruelmente. 10Agora vá, pois eu o envio ao faraó. Você deve tirar meu povo, Israel, do Egito”.
Um dos frutos mais horrendos do pecado é a escravidão. Ela tortura o ser humano, ferindo-o no corpo e na alma. Fere. Humilha. A história da escravidão é longa e complexa, abrangendo diferentes épocas e regiões do mundo. Houve escravidão na Mesopotâmia, no Egito e na Grécia Antiga. De fato, a escravidão esteve presente desde as primeiras civilizações conhecidas. Os escravos eram frequentemente prisioneiros de guerra, criminosos ou indivíduos endividados. Também se obtinham escravos por meio de pirataria, comércio, tráfico e nascimento, pois os filhos de escravos nasciam escravos. Eles desempenhavam uma vasta gama de funções, desde trabalho manual pesado até tarefas domésticas e especializadas, como educação e administração.
Em Atenas, por exemplo, a escravidão era uma parte fundamental da economia, e os escravos trabalhavam em minas, fazendas e como servos domésticos. Escravos também podiam ser gladiadores. A prática se alastrou pelo Império Romano, representando aproximadamente 30% a 40% da população de algumas regiões do império. Embora não existam registros precisos, historiadores estimam que o número total de escravos no Império Romano possa ter variado entre 5 e 10 milhões de pessoas, dependendo do período. Na Europa, já na Idade Média, a escravidão diminuiu em alguns lugares, sendo substituída por formas de servidão feudal. No entanto, a escravidão continuou em algumas regiões, especialmente no Mediterrâneo. No mundo islâmico, a escravidão era comum, e os escravos podiam ser de diversas origens, incluindo africanos, eslavos e outros povos. Eles eram empregados em trabalhos domésticos, agricultura e comércio.
Chegando à Era Moderna, a partir do século XVI, o comércio transatlântico de escravos tornou-se uma das maiores e mais brutais formas de escravidão. Milhões de africanos foram capturados, vendidos e transportados para as Américas para trabalhar em plantações de açúcar, tabaco, algodão e outros produtos. O comércio de escravos africanos para as Américas foi conduzido principalmente por Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Países Baixos. Castro Alves, o poeta dos escravos, escreveu no século XIX o seu famoso poema: O Navio Negreiro. Talvez esta seja a descrição mais forte e vívida do terror no tombadilho do navio, onde os africanos eram forçados a dançar sob o estalar dos açoites, banhados em sangue – estrofes extraídas do Canto IV:
Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
Adiante, na primeira estrofe do Canto V, o poeta expressa profunda indignação e dor diante do sofrimento dos escravizados, clamando a Deus e à força dos elementos da natureza por justiça e libertação:
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Percebeu a dor? — “Acabe com isso! Coloque um ponto final. Alguém faça alguma coisa. Socorro!” — Esse será sempre o grito dos oprimidos. Exatamente o que vemos acontecendo com Israel em Êxodo 1 e 2, quando a nação já estava escravizada havia quatrocentos anos no Egito. Neste ponto, entretanto, pode-se perguntar com razão: “Por que os israelitas estavam no Egito?” PRIMEIRO, José, filho de Jacó, foi levado ao Egito porque seus irmãos, movidos por ciúmes, o venderam como escravo (tráfico humano). José, por sua vez, pela graça de Deus, conquistou o favor do faraó e acabou ajudando a salvar vidas ao estocar alimentos. Durante a fome que se seguiu, todo o mundo de então veio ao Egito para comprar grãos (Gn 41.57). SEGUNDO, durante essa fome, a família de José foi ao Egito, e José providenciou alimento para eles (Gn 42). A família acabou se estabelecendo no delta do Nilo. Setenta pessoas entraram no Egito (veja Gn 46.3-27), e, a partir daí, quatrocentos anos mais tarde, cresceram muito.
É neste ponto que começa Êxodo. Moisés inicia este livro demonstrando que a promessa feita a Abraão, de uma descendência inumerável, foi cumprida no Egito, quando setenta pessoas se transformaram em muitos milhares.
Êxodo 1.1-7 (NVT)
1Estes são os nomes dos filhos de Israel [Jacó] que se mudaram para o Egito com Jacó, cada um com sua família: 2Rúben, Simeão, Levi, Judá, 3Issacar, Zebulom, Benjamim, 4Dã, Naftali, Gade e Aser. 5Ao todo, desceram ao Egito setenta descendentes de Jacó, incluindo José, que já estava lá.
6Com o tempo, José e seus irmãos morreram, e toda aquela geração chegou ao fim. 7Mas seus descendentes, os israelitas, tiveram muitos filhos e netos. Multiplicaram-se tanto que se fortaleceram e encheram a terra.
Observe o versículo 7: “Seus descendentes, os israelitas, tiveram muitos filhos e netos. Multiplicaram-se tanto que se fortaleceram e encheram a terra.” Vemos aqui os israelitas seguindo o mandamento que Deus havia dado ao primeiro casal no Éden: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham […] a terra” (Gn 1.28, NVT). Mais tarde, Deus disse a Jacó: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso. Seja fértil e multiplique-se. Você se tornará uma grande nação, até mesmo muitas nações” (Gn 35.11). Eventualmente, – tal como Deus prometera – os israelitas encheram o Egito (Êx 1.7, 20). Em Êxodo 12.37, lemos que eles eram “cerca de seiscentos mil homens, além das mulheres e crianças.” Um total de cerca de 2 a 3 milhões de israelitas. Para se ter uma ideia: estima-se que no Egito, nesta época, a população egípcia poderia ter sido em torno de 3 a 5 milhões de habitantes.
Nos versículos seguintes, até o final do capítulo 1, encontramos as razões pelas quais Israel precisava de redenção. Em resumo: os últimos faraós (hicsos) começaram a empregar os israelitas como sua maior força de trabalho escravo nos projetos de construção da região do Delta (Êx 1.8-14), e, apesar de toda a opressão, o crescimento exponencial dos israelitas levou faraó a tentar o genocídio dos judeus – o pogrom – (Êx 1.15-22).
A escravidão política
Êxodo 1.8-10 (NVT)
8Por fim, subiu ao poder no Egito um novo rei, que não sabia coisa alguma sobre José. 9O rei disse a seu povo: “Vejam, agora o povo de Israel é mais numeroso e mais forte que nós. 10Precisamos tramar um plano para evitar que se tornem ainda mais numerosos. Se não o fizermos e houver guerra, eles se unirão a nossos inimigos, lutarão contra nós e depois fugirão desta terra”.
A escravidão econômica
Êxodo 1.11-14 (NVT)
11Assim, os egípcios nomearam capatazes para dirigir o trabalho do povo. Sob opressão, os israelitas construíram Pitom e Ramessés, duas cidades que serviam de centros de armazenamento para o faraó. 12Porém, quanto mais eram oprimidos, mais os israelitas se multiplicavam e se espalhavam, e mais preocupados os egípcios ficavam. 13Por isso, os egípcios os forçavam com crueldade a trabalhar pesado. 14Tornaram a vida deles amarga, obrigando-os a preparar argamassa, produzir tijolos e fazer todo o trabalho nos campos. Eram cruéis em todas as suas exigências.
A escravidão social
15O faraó, rei do Egito, deu a seguinte ordem às parteiras hebreias Sifrá e Puá: 16“Quando ajudarem as hebreias a dar à luz, prestem atenção durante o parto. Se for menino, matem o bebê; se for menina, deixem que viva”. 17Mas as parteiras temiam a Deus e se recusaram a obedecer à ordem do rei; assim, deixaram os meninos viver.
18Então o rei do Egito mandou chamar as parteiras e lhes perguntou: “Por que fizeram isso? Por que deixaram os meninos viver?”.
19“As mulheres hebreias não são como as egípcias”, responderam as parteiras ao faraó. “São mais vigorosas e dão à luz com tanta rapidez que não conseguimos chegar a tempo.”
20Deus foi bondoso com as parteiras, e os israelitas continuaram a multiplicar-se e tornaram-se cada vez mais fortes. 21E, porque as parteiras temeram a Deus, ele deu a cada uma delas a sua própria família.
22Então o faraó deu a seguinte ordem a todo o seu povo: “Lancem no rio Nilo todos os meninos hebreus recém-nascidos, mas deixem as meninas viver”.
A escravidão espiritual
Escavações arqueológicas revelaram que faraós usavam uma coroa – o uraeus –, adornada com um serpente ereta pronta para atacar. No Antigo Egito, isso era um símbolo de soberania, e nos faz lembrar da promessa em Gênesis 3.15, onde lemos sobre a inimizade entre a descendência vitoriosa da mulher e a descendência opositora da serpente. O faraó, dessa forma, desempenhou o papel da serpente ao matar os bebês.
O Egito, de fato, era o inimigo de Deus, e Deus precisava libertar Israel para que o povo o adorasse (Êx 9.1). Essa história nos revela uma batalha cósmica e espiritual, não apenas um conflito entre Moisés e o faraó. O objetivo de Deus, portanto, incluía mais do que simplesmente retirar seu povo do Egito. O SENHOR queria, de fato, retirar o Egito do coração do seu povo. Lucas enfatizou essa verdade em Atos 7.39 (ARA). Estêvão, ao recontar o Êxodo e os eventos subsequentes, afirmou que o povo repeliu o SENHOR “e, no seu coração, voltou para o Egito.” Ou seja, mesmo após deixar o Egito, Israel enfrentou a tentação de virar as costas para Deus. Em Êxodo 4.22-23 (NVT), lemos sobre este propósito espiritual de Deus para a nação: resgatar o povo do Egito para que o adorasse. O faraó, no entanto, recusava-se a permitir que o povo saísse para oferecer sacrifícios ao SENHOR (Êx 3.18; 5.8), aumentando exponencialmente o sofrimento de Israel.
O DESEJO DE DEUS, portanto, ia além de libertar Israel da escravidão política, econômica e social. Ele desejava adoradores. Queria que Israel, assim como Adão no início de tudo, o conhecesse e o adorasse – em espírito e em verdade. Além disso, desejava usar Israel para fazer adoradores de todas as nações. Assim, Deus respondeu ao clamor de Israel por redenção. No entanto, não os libertou apenas da opressão socioeconômica e política para que adorassem qualquer deus, nem os libertou apenas espiritualmente, sem mudar sua terrível situação. A redenção seria completa para que o adorassem – o único Deus verdadeiro – de todo o coração.
Para libertar o povo para que pudesse adorá-lo, Deus levantou um redentor, um mediador, um libertador, um salvador, chamado Moisés. Vejamos como Deus o preservou e o preparou para a santa tarefa (Êxodo 2.1–4.31).
1. O nascimento e a preservação de Moisés
O nascimento e a preservação de Moisés lhe proporcionaram, simultaneamente, uma criação hebraica e uma educação na corte egípcia:
Êxodo 2.1-10
1Por essa época, um homem e uma mulher da tribo de Levi se casaram. 2A mulher engravidou e deu à luz um menino. Viu que era um lindo bebê e o escondeu por três meses. 3Quando não conseguia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de juncos de papiro e o revestiu com betume e piche. Acomodou o bebê no cesto e o colocou entre os juncos, à margem do rio Nilo. 4A irmã do bebê ficou observando a certa distância, para ver o que lhe aconteceria.
5Pouco depois, a filha do faraó desceu ao Nilo para tomar banho, e suas servas foram caminhar pela margem do rio. Quando a princesa viu o cesto entre os juncos, mandou sua serva buscá-lo. 6Ao abrir o cesto, a princesa viu o bebê. O menino chorava, e ela sentiu pena dele. “Deve ser um dos meninos hebreus”, disse ela.
7Então a irmã do menino se aproximou e perguntou à princesa: “A senhora quer que eu chame uma mulher hebreia para amamentar o bebê?”.
8“Quero”, respondeu a princesa. A moça foi e chamou a mãe do bebê.
9A princesa disse à mãe do bebê: “Leve este menino e amamente-o para mim. Eu pagarei por sua ajuda”. A mulher levou o bebê para casa e o amamentou.
10Quando o menino cresceu, ela o levou de volta à filha do faraó, que o adotou como seu próprio filho. A princesa o chamou de Moisés, pois disse: “Eu o tirei da água”.
2. A preparação e a partida de Moisés
A preparação de Moisés para a liderança exigiu um “treinamento no deserto” de Midiã por quarenta anos, o que implicou sua partida do Egito (Êxodo 2.11-22).
Êxodo 2.11-14 (NVT)
11Anos depois, já adulto, Moisés foi visitar seu povo e descobriu que eles eram forçados a realizar trabalhos pesados. Durante sua visita, viu um egípcio espancar um hebreu, um homem de seu povo. 12Olhou para todos os lados e, não avistando ninguém por perto, matou o egípcio. Em seguida, escondeu o corpo na areia.
13No dia seguinte, quando Moisés saiu novamente para visitar seu povo, viu dois hebreus brigando. “Por que você está espancando seu amigo?”, perguntou Moisés ao que havia começado a briga.
14O homem respondeu: “Quem o nomeou nosso príncipe e juiz? Vai me matar como matou o egípcio?”.
Moisés teve medo e pensou: “Com certeza todos já sabem o que aconteceu!”.
Êxodo 2.15 (NVT)
15E, de fato, o faraó tomou conhecimento do que havia acontecido e tentou matar Moisés, mas ele fugiu e foi morar na terra de Midiã. Quando chegou a Midiã, estabeleceu-se junto a um poço.
Êxodo 2.16-22 (NVT)
16O sacerdote de Midiã tinha sete filhas, que foram ao poço tirar água e encher os bebedouros para o rebanho de seu pai. 17Então alguns pastores chegaram e as expulsaram de lá. Moisés, porém, defendeu as moças e tirou água para o rebanho delas.
18Quando as moças voltaram para seu pai, Reuel, ele lhes perguntou: “Por que voltaram tão cedo hoje?”.
19Elas responderam: “Um egípcio nos defendeu dos pastores; depois, tirou água e deu de beber ao nosso rebanho”.
20“E onde está ele?”, perguntou o pai. “Por que o deixaram lá? Convidem-no para comer conosco.”
21Moisés aceitou o convite e foi morar com Reuel. Depois de algum tempo, Reuel entregou sua filha Zípora em casamento a Moisés. 22Mais tarde, ela deu à luz um menino, a quem Moisés chamou de Gérson, pois disse: “Sou forasteiro em terra alheia”.
3. O plano de Deus para a vida de Moisés
Nesta seção do livro – Êxodo 2.23–4.17 –, leremos sobre a resposta de Deus à crescente opressão sofrida pelos israelitas. O SENHOR, fundamentado em sua aliança, revelará a si mesmo a Moisés e o chamará para que ele se torne o libertador de Israel.
Êxodo 2.23-25 (NVT)
23Depois de muitos anos, o rei do Egito morreu. Os israelitas, porém, continuavam a gemer sob o peso da escravidão. Clamaram por socorro, e seu clamor subiu até Deus. 24Ele ouviu os gemidos e se lembrou da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó. 25Olhou para os israelitas e percebeu sua necessidade.
A singularidade de Deus foi revelada na extraordinária visão da sarça ardente (3.1-3); ele é o Deus da aliança patriarcal, preocupado e envolvido com seu povo para cumprir as promessas feitas a eles (3.4-9); e Moisés é designado como enviado de Deus a Faraó para libertar os israelitas (Êxodo 3.10):
Êxodo 3.1-10 (NVT)
1Certo dia, Moisés estava cuidando do rebanho de seu sogro, Jetro, sacerdote de Midiã. Ele levou o rebanho para o deserto e chegou ao Sinai, o monte de Deus. 2Ali, o anjo do Senhor lhe apareceu no fogo que ardia no meio de um arbusto. Moisés olhou admirado, pois embora o arbusto estivesse envolto em chamas, o fogo não o consumia. 3“Que coisa espantosa!”, pensou ele. “Por que o fogo não consome o arbusto? Preciso ver isso de perto.”
4Quando o Senhor viu Moisés se aproximar para observar melhor, Deus o chamou do meio do arbusto: “Moisés! Moisés!”.
“Aqui estou!”, respondeu ele.
5“Não se aproxime mais”, o Senhor advertiu. “Tire as sandálias, pois você está pisando em terra santa. 6Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” Quando Moisés ouviu isso, cobriu o rosto, porque teve medo de olhar para Deus.
7Então o Senhor lhe disse: “Por certo, tenho visto a opressão do meu povo no Egito. Tenho ouvido seu clamor por causa de seus capatazes. Sei bem quanto eles têm sofrido. 8Por isso, desci para libertá-los do poder dos egípcios e levá-los do Egito a uma terra fértil e espaçosa. É uma terra que produz leite e mel com fartura, onde hoje habitam os cananeus, os hititas, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. 9Sim, o clamor do povo de Israel chegou até mim, e eu tenho visto como os egípcios os tratam cruelmente. 10Agora vá, pois eu o envio ao faraó. Você deve tirar meu povo, Israel, do Egito”.
Deus chamará Moisés, mas ele recusará, alegando: ‘Eu não tenho credenciais!’ ‘Eu não tenho conteúdo!’ ‘Eu não tenho certeza de que serei ouvido!’ ‘Eu não tenho boa comunicação!’ ‘Eu não quero esse compromisso!’ Cada uma dessas justificativas será refutada pelo próprio Deus.
A suposta incapacidade de Moisés foi refutada pela presença de Deus com ele:
Êxodo 3.11-12 (NVT)
11Moisés, porém, disse a Deus: “Quem sou eu para me apresentar ao faraó? Quem sou eu para tirar o povo de Israel do Egito?”
12Deus respondeu: “Eu estarei com você. Este é o sinal de que eu sou aquele que o envia: depois que você tirar o povo do Egito, vocês adorarão a Deus neste monte”.
O suposto anonimato de Deus seria negado por seu relacionamento anterior com os patriarcas, que ele validará ao cumprir suas promessas, apesar da resistência de faraó:
Êxodo 3.13-22 (NVT)
13Moisés disse a Deus: “Se eu for aos israelitas e lhes disser: ‘O Deus de seus antepassados me enviou a vocês’, eles perguntarão: ‘Qual é o nome dele?’. O que devo dizer?”.
14Deus respondeu a Moisés: “Eu Sou o que Sou. Diga ao povo de Israel: Eu Sou me enviou a vocês”. 15Deus também instruiu Moisés: “Diga ao povo de Israel: Javé, o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vocês.
Esse é meu nome para sempre,
o nome pelo qual serei lembrado de geração em geração.
16“Agora vá e reúna os líderes de Israel. Diga-lhes que Javé, o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, lhe apareceu e disse: ‘Tenho observado atentamente e vejo como os egípcios os têm tratado. 17Prometi libertá-los da opressão no Egito e levá-los a uma terra que produz leite e mel com fartura, onde hoje habitam os cananeus, os hititas, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus’.
18“Os líderes de Israel aceitarão sua mensagem. Em seguida, você e eles se apresentarão ao rei do Egito e lhe dirão: ‘O Senhor, o Deus dos hebreus, veio ao nosso encontro. Agora, pedimos que nos permita fazer uma viagem de três dias ao deserto para oferecermos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus’.
19“Eu sei que o rei do Egito não os deixará ir, a não ser que uma mão poderosa o force. 20Por isso, levantarei minha mão e ferirei os egípcios com todo tipo de milagres que farei no meio deles. Então, por fim, o faraó os deixará ir. 21Farei que os egípcios sejam bondosos com os israelitas, e assim vocês não sairão do Egito de mãos vazias. 22Toda mulher israelita pedirá de suas vizinhas egípcias e das mulheres que as visitam artigos de ouro e prata e roupas caras, com as quais vestirão seus filhos e suas filhas. Desse modo, vocês tomarão para si as riquezas dos egípcios”.
A esperada desconfiança de Israel seria dissipada pela realização de três sinais confirmatórios [vara que se transforma em serpente, lepra, e água que se transforma em sangue]:
Êxodo 4.1-9 (NVT)
1Moisés respondeu: “E se não acreditarem em mim ou não quiserem me ouvir? E se disserem: ‘O Senhor nunca lhe apareceu’?”.
2Então o Senhor lhe perguntou: “O que você tem na mão?”.
“Uma vara”, respondeu Moisés.
3“Jogue-a no chão”, disse o Senhor. Moisés jogou a vara no chão, e ela se transformou numa serpente. Moisés fugia dela, 4mas o Senhor lhe disse: “Estenda a mão e pegue-a pela cauda”. Moisés estendeu a mão e pegou a serpente, e ela voltou a ser uma vara.
5Então o Senhor lhe disse: “Faça esse sinal e eles acreditarão que o Senhor, o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, de fato lhe apareceu”.
6O Senhor também disse a Moisés: “Agora, coloque a mão dentro do seu manto”. Moisés colocou a mão dentro do manto e, quando a tirou, ela estava com lepra, branca como neve. 7“Coloque a mão dentro do manto outra vez”, disse o Senhor. Moisés colocou a mão dentro do manto outra vez e, quando a tirou, ela estava tão saudável quanto o resto do corpo.
8Disse ainda: “Se eles não acreditarem em você e não se deixarem convencer pelo primeiro sinal, serão convencidos pelo segundo. 9E, se não acreditarem em você nem o ouvirem depois desses dois sinais, tire um pouco de água do rio Nilo e derrame-a sobre a terra seca. Quando o fizer, a água do Nilo se transformará em sangue na terra”.
A suposta falta de eloquência de Moisés seria superada pela inclusão de Arão como seu porta-voz:
Êxodo 4.10-17 (NVT)
10Moisés, porém, disse ao Senhor: “Ó Senhor, não tenho facilidade para falar, nem antes, nem agora que falaste com teu servo! Não consigo me expressar e me atrapalho com as palavras”.
11O Senhor perguntou a Moisés: “Quem forma a boca do ser humano? Quem torna o homem mudo ou surdo? Quem o torna cego ou o faz ver? Por acaso não sou eu, o Senhor? 12Agora vá! Eu estarei com você quando falar e o instruirei a respeito do que deve dizer”.
13“Por favor, Senhor!”, suplicou Moisés. “Envia qualquer outra pessoa!”
14Então o Senhor se irou com Moisés e lhe disse: “E quanto a seu irmão Arão, o levita? Sei que ele fala bem. Veja, ele está vindo ao seu encontro e se alegrará em vê-lo. 15Fale com ele e diga as palavras que ele deve transmitir. Estarei com vocês dois quando falarem e os instruirei a respeito do que devem fazer. 16Arão falará por você diante do povo. Ele será seu porta-voz, e você será como Deus para ele. 17Leve com você a vara e use-a para realizar os sinais que eu lhe mostrei”.
4. O envolvimento da família de Moisés
O plano de Deus para a libertação de seu povo incluía levar Moisés de volta ao Egito como um líder espiritualmente qualificado, conforme a aliança abraâmica. Assim, Moisés partiria de Midiã com sua família e com ordens específicas para cumprir seu papel no Egito:
Êxodo 4.18-23 (NVT)
18Moisés voltou à casa de Jetro, seu sogro, e lhe disse: “Por favor, permita-me voltar ao Egito para procurar meus parentes. Nem sei se ainda vivem”.
“Vá em paz”, respondeu Jetro.
19Antes de Moisés partir de Midiã, o Senhor lhe disse: “Volte ao Egito, pois todos que queriam matá-lo já morreram”.
20Então Moisés tomou sua mulher e seus filhos, montou-os num jumento e voltou para a terra do Egito. Levava na mão a vara de Deus.
21O Senhor disse a Moisés: “Quando chegar ao Egito, apresente-se ao faraó e faça todos os milagres para os quais eu o capacitei. Contudo, endurecerei o coração dele, para que se recuse a deixar o povo sair. 22Você dirá ao faraó: ‘Assim diz o Senhor: Israel é meu filho mais velho. 23Ordenei que você deixasse meu filho sair para me adorar. Mas, uma vez que você se recusou, matarei seu filho mais velho’”.
No caminho, algo inesperado aconteceu. Deus ameaçou a vida do próprio Moisés, que havia negligenciado a circuncisão de seu filho, violando assim a aliança com Abraão (cf. Gênesis 17.9-14). Esse incidente revela a seriedade de Deus em relação a essa aliança e o perigo que Moisés levava consigo para o Egito:
Êxodo 4.24-26 (NVT)
24No caminho para o Egito, no lugar onde Moisés e sua família haviam parado a fim de passar a noite, o Senhor o confrontou e estava prestes a matá-lo. 25Mas Zípora pegou uma faca de pedra e circuncidou seu filho. Com o prepúcio, tocou os pés de Moisés e lhe disse: “Agora você é para mim um marido de sangue”. 26(Quando disse “um marido de sangue”, estava se referindo à circuncisão.) [declaração positiva de vínculos familiares a Moisés] Depois disso, o Senhor deixou Moisés.
5. A chegada de Moisés ao Egito
Tendo preservado a vida de Moisés, preparado-o e revelado seus planos para ele e para o povo de Israel, Deus o envia de volta ao Egito. O plano agora era estabelecer um elo espiritual entre Moisés, Arão e os anciãos de Israel, na confiança de que seu Deus amoroso lhes traria alívio:
Êxodo 4.27-31 (NVT)
27O Senhor tinha dito a Arão: “Vá ao deserto, ao encontro de Moisés”. Arão foi, encontrou Moisés no monte de Deus e o saudou com um beijo. 28Moisés contou a Arão tudo que o Senhor havia ordenado que ele dissesse e falou também sobre os sinais que deveria realizar.
29Então Moisés e Arão voltaram ao Egito e convocaram uma reunião com todos os líderes de Israel. 30Arão lhes comunicou tudo que o Senhor tinha dito a Moisés, que realizou os sinais diante deles. 31O povo de Israel se convenceu de que o Senhor tinha enviado Moisés e Arão. Quando ouviram que o Senhor se preocupava com eles e tinha visto seu sofrimento, prostraram-se e o adoraram.
A ESCRAVIDÃO É UM PECADO TERRÍVEL, sobretudo, um pecado contra o próprio Deus. Somente a ele, o Criador, qualquer ser humano foi criado para se curvar. Portanto, quem insiste em escravizar seu semelhante age como se fosse um deus, competindo com o próprio Deus e fazendo sofrer aqueles que subjugam. A escravidão é degradante. É uma abominação contra Deus, o Criador, e uma crueldade contra o ser humano. Deverá, portanto, ser combatida em todas as suas formas.
A ESCRAVIDÃO DO PECADO, no entanto, é a mais cruel de todas. Ela não apenas causou e ainda causa todas as práticas escravistas, mas também está na raiz de todas as mazelas do ser humano. E nos degrada e humilha!
Romanos 7.21-24 (NVT)
21Assim, descobri esta lei em minha vida: quando quero fazer o que é certo, percebo que o mal está presente em mim. 22Amo a lei de Deus de todo o coração. 23Contudo, há outra lei dentro de mim que está em guerra com minha mente e me torna escravo do pecado que permanece dentro de mim. 24Como sou miserável! Quem me libertará deste corpo mortal dominado pelo pecado?
Só há uma maneira de ser libertado da escravidão do pecado: Jesus Cristo, aquele que Moisés, em toda a sua ação na história de Israel, prefigurou.
Romanos 7.25–8.4 (NVT)
25Graças a Deus, a resposta está em Jesus Cristo, nosso Senhor. Na mente, quero, de fato, obedecer à lei de Deus, mas, por causa de minha natureza humana, sou escravo do pecado.
A vida no Espírito
1Agora, portanto, já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. 2Pois em Cristo Jesus a lei do Espírito que dá vida os libertou da lei do pecado, que leva à morte. 3A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de nossa natureza humana pecaminosa e apresentá-lo como sacrifício por nosso pecado. Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, 4de modo que nós, que agora não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as justas exigências da lei.
Agora, com base nos que lemos nesses quatro primeiros capítulos de Êxodo, permita-me extrais algumas lições gerais.
[1] Deus multiplicará Seu povo (Mt 16.18), às vezes até por meio de perseguição; e
[2] Quando governos tiranos e opressores exigem que pequemos contra Deus e contra o próximo, devemos temer a Deus mais do que aos homens (Mt 10.28). Deus recompensa aqueles que O temem (Sl 33.18; 34.9-10). A desobediência à autoridade civil é lícita quando necessária para obedecer a Deus (At 4.19; 5.29), mas violar as leis de Deus (como mentir) por causa do perigo nunca é correto.
[1] Os pais de Moisés nos servem de exemplo ao fazer o que é certo em uma cultura opressiva de morte. Devemos confiar na providência de Deus, mesmo quando a vida parece não fazer sentido. Perseveremos em fazer o bem, com fé de que Deus governa este mundo perverso para salvar Seu povo. Ele não é indiferente à nossa dor, mas tem profunda compaixão por todos os nossos sofrimentos.
[1] Confie na total suficiência de Deus. Ele é Senhor sobre o mundo natural e sobre todas as capacidades e limitações humanas. Nunca devemos permitir que nossas fraquezas se tornem uma desculpa para a desobediência. Quando a Palavra de Deus nos chama a agir, confie que ele estará com você, fortalecendo você e capacitando você.
[2] Aqueles que desejam liderar o povo de Deus devem ser fiéis em sua vida doméstica. A falha de Moisés em circuncidar seu filho quase lhe custou a própria vida.
[3] A libertação que Deus promove por meio do Salvador visa, em última instância, reunir um povo que o adora, uma assembleia de adoradores. Termina assim esta primeira seção do livro – Êxodo 4.31, NVT: “O povo de Israel se convenceu de que o Senhor tinha enviado Moisés e Arão. Quando ouviram que o Senhor se preocupava com eles e tinha visto seu sofrimento, prostraram-se e O adoraram.”
S.D.G. L.B.Peixoto
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