22.09.2024
Êxodo 15.22a (NVT)
22Em seguida, Moisés conduziu o povo de Israel do mar Vermelho para o deserto de Sur. Caminharam pelo deserto…
A aflição enfrentada pelos alunos ao se prepararem para o vestibular e a prova do ENEM é uma realidade comum e estressante. A propósito, estamos a um mês e meio do ENEM 2024, cujas provas serão realizadas nos dias 3 e 10 de novembro. Embora seja algo já conhecido, vale reforçar: esse período é marcado por uma mistura de ansiedade, pressão e medo do desconhecido, sentimentos que podem ser esmagadores tanto para os estudantes quanto para seus pais. As expectativas em torno desse momento são enormes, pois ele representa a realização de um sonho importante: entrar na universidade.
Além da pressão interna, os alunos lidam com as expectativas de pais, professores e amigos. A comparação com colegas intensifica a insegurança, e atender a essas demandas impõe um fardo emocional pesado. Para os candidatos, cumprir metas pessoais e familiares, enfrentar a competição e as exigências das provas, e lidar com constantes comparações aumentam a ansiedade à medida que o exame se aproxima. O medo do fracasso cresce e pode ser paralisante. É um peso terrível.
Por outro lado, os pais também sentem essa pressão. Afinal, compartilham o sonho dos filhos e desejam vê-los bem-sucedidos. Isso gera preocupações e ansiedade sobre como oferecer o melhor apoio sem impor cobranças desnecessárias ou indevidas. A inquietação com o futuro dos filhos, aliada ao desejo de ajudar sem sobrecarregá-los, cria uma dinâmica familiar complexa e, muitas vezes, tensa durante esse período.
Estudar em uma universidade é, sem dúvida, uma experiência valiosa que oferece acesso a conhecimento especializado, desenvolve habilidades críticas e profissionais, e amplia as oportunidades de carreira. Além disso, a vida universitária proporciona crescimento pessoal e networking, que são fundamentais para o desenvolvimento completo do indivíduo. No entanto, nem todos conseguem realizar esse sonho, e mesmo entre aqueles que conseguem, há lições que simplesmente não se aprendem em uma sala de aula.
Independentemente disso, todos que caminham com Deus acabam por frequentar o que podemos chamar de uma “escola superior de ensino” espiritual, a “Universidade do Deserto” – a UniDes. É nesse contexto que Deus nos salva, treina, disciplina e santifica. Charles Spurgeon, o renomado pregador batista do século XIX, referiu-se ao deserto como “Oxford e Cambridge para os alunos de Deus”, destacando que, nas provações e nos momentos de dificuldade, recebemos o aprendizado mais profundo e transformador.
Na UniDes – nessa “Universidade do Deserto” – é onde somos moldados e refinados, aprendendo lições de fé, paciência, humildade e dependência total de Deus. Assim como as grandes universidades do mundo acadêmico preparam os estudantes para suas futuras carreiras, a “UniDes” prepara os cristãos para uma vida de serviço e devoção a Deus, ensinando-os a confiar e a crescer espiritualmente através das adversidades.
Em nossa jornada através do livro de Êxodo, chegamos à parte que descreve a experiência de Israel no deserto. Essa fase da peregrinação do povo de Deus é rica em significado espiritual e é frequentemente interpretada como um período de purificação e crescimento. Philip Graham Ryken, presidente do Wheaton College, uma renomada universidade cristã nos Estados Unidos, escreveu que: “Passar pelo deserto não era necessário para a salvação de Israel, mas era necessário para a sua santificação”. Isso nos mostra que o tempo no deserto foi uma preparação, um processo de santificação necessário para que Israel se tornasse o povo que Deus desejava que entrasse em Canaã, a Terra prometida. Além disso, Clemente de Roma (São Clemente I), um dos primeiros teólogos da igreja, que viveu entre a segunda metade do século I e o início do século II, também escreveu sobre o propósito santificador do deserto. Clemente afirmou que, após a travessia do mar Vermelho, Moisés, sob a direção de Deus, conduziu o povo ao deserto “para que [Deus] pudesse extirpar os males que se apegavam a eles por uma longa familiaridade com os costumes dos egípcios”.
Esses “males” mencionados por Clemente referem-se às influências pecaminosas e hábitos escravizadores adquiridos durante o tempo de Israel no Egito. Embora o povo de Deus tivesse sido fisicamente libertado da escravidão, ainda precisavam de uma libertação espiritual e moral das influências egípcias, uma purificação interna que o próprio Deus operaria durante os anos da escola superior de ensino espiritual do deserto, a UniDes. Isso é ilustrado pelo fato de que, em seus corações, repetidamente os israelitas desejavam retornar ao Egito, conforme mencionado em Atos 7.39 (ARA), onde é dito que eles, “o seu coração, voltaram para o Egito”.
Portanto, a experiência no deserto foi um processo de transformação, onde Deus trabalhou na santificação do seu povo, preparando-os para a terra prometida.
Assim como Israel, nós também somos peregrinos, redimidos pelo sangue do Cordeiro. Fomos libertados do reino do pecado e atravessamos para o outro lado – o lado da esperança – pela graça, por meio da fé. Agora, também pela graça e por meio da fé, estamos a caminho da terra prometida, nossa “pátria superior”, nosso “lar celestial”, “uma cidade” preparada por Deus (cf. Hebreus 11.16).
Nesta jornada de fé, em nosso deserto, Deus está nos santificando e nos ensinando a confiar nele, amá-lo e segui-lo como o Deus indescritivelmente glorioso, inigualavelmente poderoso e incrivelmente gracioso que cuida de cada detalhe de nossas vidas. Assim como fez com Israel, Deus usa nossas dificuldades e desafios no deserto para nos moldar, nos purificar e nos preparar para o destino eterno que ele reservou para nós. Assim, ele mesmo nos conduz, provê para nós e nos sustenta, demonstrando sua fidelidade em cada passo dessa jornada.
Pois bem, precisamos aprender algumas lições da experiência de Israel no deserto, pois a história deles é, em muitos aspectos, também a nossa. Para isso, vamos refletir sobre essa trajetória, considerando Israel no deserto – Êxodo 15.22—18.27 –, examinando os testes pelos quais passaram. Em conclusão, faremos uma analogia entre Israel e Cristo no deserto, observando como a experiência dele se conectou à de Israel e como isso possibilitou a nossa salvação e subsequente santificação e serviço.
Primeiramente, recapitulemos juntos qual é a mensagem central do livro em tela.
Êxodo é essencialmente uma narrativa da redenção ou libertação de Israel da escravidão no Egito, seguido pelo estabelecimento da aliança de Deus com o povo por meio da Lei entregue a Moisés no monte Sinai. Em outras palavras, Êxodo descreve como a aliança que o Senhor estabeleceu com os patriarcas em Gênesis se concretiza na formação de Israel como nação. Para tanto, Deus intervém de maneira poderosa no tempo e no espaço para, através de Moisés, libertar Israel do jugo egípcio e, através de uma série de revelações e eventos milagrosos, estabelecer Israel como seu povo escolhido, garantindo-lhes a posse da terra de Canaã e assegurando sua presença constante no meio deles.
O livro de Êxodo não apenas celebra a libertação física de Israel da escravidão no Egito, mas também enfatiza o compromisso de Deus com suas promessas e sua intenção de habitar entre o seu povo. Essa habitação é manifestada através da aliança estabelecida no Sinai, onde Deus entregará a Lei a Moisés. A Lei não será apenas um conjunto de regras, mas sim um meio pelo qual Deus orientará o povo, demonstrando sua santidade e fidelidade. Por sua vez, a Lei irá requer uma resposta de fé e obediência por parte do povo de Israel. Uma vez que, para viver em comunhão com Deus, o povo precisava exercer sua fé, obedecendo à Lei, em Deus para sua provisão e liderança. Dessa forma, Êxodo se torna um modelo para o relacionamento entre Deus e seu povo, onde a obediência à Lei é a expressão da fé e da dedicação ao Deus que os libertou.
Até aqui, vimos como a providência de Deus se manifestou na redenção do seu povo, conforme estudado em Êxodo:
1. A Sarça Ardente (Êxodo 1.1—4.31): A providência de Deus permitiu soberanamente a opressão de Israel no Egito, mas também preparou graciosamente um líder, Moisés, ao longo de um período prolongado (40 anos no Egito e mais 40 anos no deserto). Esse líder, Moisés, moldado pelas circunstâncias e pela intervenção divina, tornou-se apto para conduzir o povo na tarefa de libertação.
2. O Cordeiro Imolado (Êxodo 5.1—18.21): A providência de Deus se manifestou novamente através da completa humilhação do Egito e de seus deuses, mostrando a supremacia do SENHOR Deus. Ao mesmo tempo, Deus preservou Israel por meio do sangue do cordeiro imolado, garantindo a libertação do povo para a hora e lugar determinados para a concretização da aliança: o monte Sinai.
Agora:
3. A Peregrinação no Deserto (Êxodo 15.1—18.27): Veremos que, antes da entrega da Lei no Sinai (Êxodo 19.1 e seguintes), a providência do SENHOR conduzirá o povo do mar Vermelho ao monte Sinai. Essa jornada será marcada pela provisão fiel de Deus, apesar das atitudes lamentáveis de incredulidade por parte de Israel.
Estamos, em tudo isso, estudando a história da redenção de Israel como paradigma da nossa salvação em Cristo Jesus. Ou seja: ao analisar a história da redenção de Israel, estamos observando o modelo ou exemplo que ilustra a forma como a nossa própria salvação é realizada através de Cristo. A libertação de Israel da escravidão no Egito e sua jornada para a Terra Prometida têm de ser vistas como uma pré-figuração ou símbolo da salvação que os cristãos experimentam em Jesus, que liberta do pecado e conduz à vida eterna. Assim, a história de Israel serve como um padrão que nos ajuda a entender o processo de redenção oferecido por Cristo.
Após ter graciosamente redimido o seu povo da escravidão (Êxodo 1.1—18.21), Deus agora se dispõe a preservá-lo da extinção (Êxodo 18.22—18.27). Nos capítulos seguintes, podemos identificar cinco atos específicos de preservação divina: [1.] Deus os livra da sede (15.22-27: Água amarga em Mara), [2.] da fome (16.1-36: Maná e codornas), [3.] da sede novamente (17.1-7: Água da rocha), [4.] do ataque cruel dos amalequitas (17.8-16: Israel derrota os amalequitas), e [5.] da exaustão e do caos resultantes da falta de um sistema de liderança piedosa e eficaz (18.1-27: Jetro visita Moisés).
Observe o panorama:
1. Provisão de Água em Mara e Elim (Êxodo 15.22-27): Deus transformou as águas amargas de Mara em água potável e, em seguida, conduziu o povo a Elim, onde encontraram doze fontes de água e setenta palmeiras, um sinal de descanso e provisão abundante.
2. Provisão de Maná e Codornas (Êxodo 16): O Senhor proveu maná diariamente do céu e, em uma ocasião, enviou codornas para alimentar o povo, ensinando-lhes a depender de sua provisão diária.
3. Água da Rocha em Refidim (Êxodo 17.1-7): Quando o povo se encontrou sem água novamente, Deus ordenou a Moisés que batesse em uma rocha em Horebe (outro nome para Sinai), de onde fluiu água suficiente para saciar a congregação.
4. Vitória sobre os amalequitas (Êxodo 17.8-16): Deus concedeu vitória a Israel sobre os amalequitas, mostrando que ele não só provê para as necessidades físicas, mas também protege o povo em batalhas.
5. Estabelecimento de um sistema de liderança (Êxodo 18.13-27): Através do conselho de Jetro, sogro de Moisés, Deus providencia um sistema de liderança e justiça mais eficiente, preservando a nação do desgaste e garantindo a ordem e a justiça entre o povo.
Esses cinco atos demonstram claramente o cuidado contínuo de Deus em preservar Israel, garantindo que o povo fosse sustentado, protegido e organizado enquanto nação que peregrinava em direção à terra prometida. Entretanto, em vez de responderem com fé e gratidão, os israelitas pronta e frequentemente reagiram com queixas, murmurações, questionamentos, inconstância e desorganização.
Em cada um desses eventos, o pecado de Israel foi principalmente a falta de fé e confiança em Deus, apesar das contínuas e claras demonstrações de sua fidelidade e poder. Essa falta de confiança – isto é, o pecado da incredulidade – levou a uma série de reações pecaminosas, como murmurações, contendas, e uma dependência excessiva de sinais físicos, ao invés de uma fé firme no caráter e nas promessas de Deus.
Essas reações revelam a natureza humana de buscar garantias visíveis e imediatas, mesmo quando Deus já tenha provado repetidamente sua capacidade de prover e proteger. Em vez de confiar no plano divino e na providência de Deus, assim como o povo de Israel, constantemente falhamos em reconhecer que o SENHOR está no controle e que suas provisões são suficientes para cada necessidade que surja no deserto.
Andemos pelo texto.
1. Provisão de Água em Mara e Elim (Êxodo 15.22-27)
Deus proverá água potável e prometerá bem-estar como recompensa pela fé obediente, mesmo depois que a nação extravasou sua frustração contra Moisés por causa das águas amargas de Mara. Esse episódio mostrará a paciência e a misericórdia de Deus. Apesar da incredulidade expressa através das queixas, Deus transformará a água amarga em água potável e, além disso, prometerá bênçãos futuras se o povo obedecer com fé aos seus mandamentos.
Êxodo 15.22-27 (NVT)
22Em seguida, Moisés conduziu o povo de Israel do mar Vermelho para o deserto de Sur. Caminharam pelo deserto por três dias sem encontrar água. 23Quando chegaram a Mara, descobriram que a água era amarga demais para beber. Por isso chamaram aquele lugar de Mara.
24O povo começou a se queixar e se voltou contra Moisés. “O que beberemos?”, perguntavam. 25Então Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor lhe mostrou um pedaço de madeira. Moisés o jogou na água, e ela se tornou boa para beber.
Foi em Mara que o Senhor instituiu o seguinte decreto como norma, para provar a fidelidade do povo. 26Ele disse: “Se ouvirem com atenção a voz do Senhor, seu Deus, e fizerem o que é certo aos olhos dele, obedecendo a seus mandamentos e cumprindo todos os seus decretos, não os farei sofrer nenhuma das doenças que enviei sobre o Egito, pois eu sou o Senhor que os cura”.
27Depois que saíram de Mara, os israelitas viajaram até Elim, onde encontraram doze fontes de água e setenta palmeiras, e acamparam ali, junto às águas.
Essa intervenção divina em Mara não apenas alivia a necessidade imediata do povo, mas também introduz uma importante lição espiritual: a obediência a Deus traz bem-estar e cura. Deus estava ensinando a Israel que sua provisão não se limitava a suprir as necessidades físicas, mas também incluía cuidar do bem-estar espiritual e físico do povo, condicionando isso à obediência pela fé.
2. Provisão de Maná e Codornas (Êxodo 16)
Israel murmurou novamente, desta vez por causa da falta de alimento no deserto. Eles acusaram Moisés e Arão de tê-los trazido para morrer de fome, evidenciando mais uma vez incredulidade e ingratidão na provisão contínua de Deus. Aqui eles lamentarão pelo que julgaram ter perdido no Egito. Observe:
Êxodo 16.1-8 (NVT)
1A comunidade de Israel partiu de Elim e chegou ao deserto de Sim, entre Elim e o monte Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês, após a saída do Egito. 2Também ali, toda a comunidade de Israel se queixou de Moisés e Arão.
3“Se ao menos o Senhor tivesse nos matado no Egito!”, lamentavam-se. “Lá, nós nos sentávamos em volta de panelas cheias de carne e comíamos pão à vontade. Mas agora vocês nos trouxeram a este deserto para nos matar de fome!”
4Então o Senhor disse a Moisés: “Vejam, farei chover comida do céu para vocês. Diariamente o povo sairá e recolherá a quantidade de alimento que precisar para aquele dia. Com isso, eu os provarei para ver se seguirão ou não minhas instruções. 5No sexto dia, quando recolherem o alimento e o prepararem, haverá o dobro do normal”.
6Assim, Moisés e Arão disseram a todos os israelitas: “Ao entardecer, vocês saberão que foi o Senhor quem os tirou da terra do Egito. 7Pela manhã, verão a glória do Senhor, pois ele ouviu suas queixas, que são contra ele, e não contra nós. O que fizemos para vocês se queixarem de nós?”. 8E Moisés acrescentou: “O Senhor lhes dará carne para comer à tarde e os saciará com pão pela manhã, pois ouviu suas queixas contra ele. O que fizemos? Sim, suas queixas são contra o Senhor, e não contra nós”.
Moisés reage:
Êxodo 16.9-10 (NVT)
9Em seguida, Moisés disse a Arão: “Anuncie a toda a comunidade de Israel: ‘Apresentem-se diante do Senhor, pois ele ouviu suas queixas’”. 10Enquanto Arão falava a toda a comunidade de Israel, o povo olhou em direção ao deserto e viu a glória do Senhor na nuvem.
Deus age sobrenaturalmente:
Êxodo 16.11-15 (NVT)
11O Senhor disse a Moisés: 12“Ouvi as queixas dos israelitas. Agora diga-lhes: ‘Ao entardecer, vocês terão carne para comer e, pela manhã, pão à vontade. Assim, saberão que eu sou o Senhor, seu Deus’ ”.
13Ao entardecer, muitas codornas apareceram, cobrindo o acampamento. Na manhã seguinte, os arredores do acampamento estavam úmidos de orvalho. 14Quando o orvalho se evaporou, havia sobre o chão uma camada de flocos finos como geada. 15Quando os israelitas viram aquilo, perguntaram uns aos outros: “O que é isso?”, pois não faziam ideia do que era.
Moisés lhes disse: “Este é o alimento que o Senhor lhes deu para comer.
A provisão se provará suficiente e ensinará sobre fé e descanso:
Êxodo 16.16-30 (NVT)
16E estas são as instruções do Senhor: ‘Cada família deve recolher a quantidade necessária, dois litros para cada pessoa de sua tenda’”.
17Os israelitas seguiram as instruções. Alguns recolheram mais, outros menos. 18Contudo, quando mediram, cada um tinha o suficiente. Não sobrou alimento para os que recolheram mais nem faltou para os que recolheram menos. Cada família recolheu exatamente a quantidade necessária.
19Moisés lhes disse: “Não guardem coisa alguma para o dia seguinte”. 20Alguns deles, porém, não deram ouvidos e guardaram um pouco de alimento até a manhã seguinte. A essa altura, a comida estava cheia de vermes e cheirava muito mal. Moisés ficou furioso com eles.
21Depois disso, as famílias passaram a recolher, a cada manhã, a quantidade necessária de alimento. E, quando o sol esquentava, os flocos que não tinham sido recolhidos derretiam e desapareciam. 22No sexto dia, recolheram o dobro do habitual, ou seja, quatro litros para cada pessoa. Então todos os líderes da comunidade se dirigiram a Moisés e o informaram a esse respeito. 23Moisés lhes disse: “Foi o que o Senhor ordenou: ‘Amanhã será um dia de descanso, o sábado consagrado para o Senhor. Portanto, assem ou cozinhem hoje a quantidade que desejarem e guardem o restante para amanhã’”.
24Eles separaram uma porção para o dia seguinte, como Moisés havia ordenado. Pela manhã, a comida restante não tinha mau cheiro nem vermes. 25Moisés disse: “Comam o alimento hoje, pois é o sábado do Senhor. Hoje não haverá alimento no chão para recolher. 26Durante seis dias vocês podem recolher alimento, mas o sétimo dia é o sábado, quando não haverá alimento algum no chão”.
27Ainda assim, algumas pessoas saíram para recolhê-lo no sétimo dia, mas não o encontraram. 28O Senhor disse a Moisés: “Até quando este povo se recusará a obedecer às minhas ordens e instruções? 29Entendam que o sábado é um presente do Senhor para vocês. Por isso, no sexto dia, ele lhes dá uma porção dobrada de alimento, suficiente para dois dias. No sábado, cada um deve ficar onde está. Não saiam para recolher alimento no sétimo dia”. 30No sétimo dia, portanto, o povo descansou.
A provisão terá de ser trazida à memória como alimento para a fé:
Êxodo 16.31-36 (NVT)
31Os israelitas chamaram aquela comida de maná [semelhante à expressão hebraica que significa “O que é isso?”]. Era branco como a semente de coentro e tinha gosto de massa folhada de mel.
32Então Moisés disse: “É isto que o Senhor ordenou: ‘Encham uma vasilha de dois litros com maná e preservem-no para seus descendentes. Assim, as gerações futuras poderão ver o alimento que eu lhes dei no deserto quando os libertei do Egito’ ”.
33Moisés disse a Arão: “Pegue uma vasilha e encha-a com dois litros de maná. Em seguida, coloque-a diante do Senhor, a fim de preservar o maná para as gerações futuras”. 34Arão fez conforme o Senhor havia ordenado a Moisés e colocou a vasilha de maná diante das tábuas da aliança [em hebraico, diante do testemunho], para guardá-la. 35Os israelitas comeram maná durante quarenta anos, até chegarem à terra onde se estabeleceriam. Comeram maná até chegarem à fronteira da terra de Canaã.
36(A vasilha usada para medir o maná continha um ômer, que era a décima parte da medida padrão.)
A provisão seria, acima de tudo, santificadora. Em Deuteronômio, Moisés refletirá sobre o maná e dirá que o pão milagroso não tinha como propósito apenas sustentá-los fisicamente. Também visava ensiná-los uma lição profundamente espiritual:
Deuteronômio 8.2-3 (NVT)
2Lembrem-se de como o Senhor, seu Deus, os guiou pelo deserto estes quarenta anos, humilhando-os e pondo à prova seu caráter, para ver se vocês obedeceriam ou não a seus mandamentos. 3Sim, ele os humilhou, permitindo que tivessem fome. Em seguida, ele os sustentou com maná, um alimento que nem vocês nem seus antepassados conheciam, a fim de lhes ensinar que as pessoas não vivem só de pão, mas de toda palavra que vem da boca do Senhor.
Pois bem, tanto em Mara (em Êx 15.22-27) quanto desta vez (em Êx 16.1-36), Israel experimentou a graça da provisão do Senhor no deserto. Primeiro, Deus deu-lhes água e descanso; depois, carne e maná. Assim, ensinou-os a confiar e a descansar nele.
3. Água da Rocha em Refidim (Êxodo 17.1-7)
Entretanto, o povo mostrará que ainda não aprendeu a confiar. Diante de circunstâncias semelhantes às já enfrentadas, exigirá uma provisão divina (17.2), questionará a proteção de Deus (17.3) e duvidará de sua presença entre eles (17.7). Nenhuma dessas acusações se provará verdadeira. O grande problema de Israel era sua recusa em lembrar quem Deus é e o que ele havia feito. Como diz o Salmo 95.9 (NVT): “Ali [no deserto] eles me tentaram e me puseram à prova, apesar de terem visto tudo que fiz.” Agora, preste atenção a este salmo:
Salmo 106.9-13 (NVT)
9Ordenou que o mar Vermelho* secasse
e os conduziu pelas águas como por um deserto.
10Ele os resgatou das mãos de seus inimigos
e os libertou das garras de seus adversários.
11As águas se fecharam e cobriram seus opressores;
nenhum deles sobreviveu.
12Então creram em suas promessas
e cantaram louvores a ele.
13Depressa, porém, esqueceram-se do que ele havia feito;
não quiseram esperar por seus conselhos.
De volta ao nosso texto em Êxodo, quando Deus fará jorrar água da rocha em Refidim:
Êxodo 17.1-7 (NVT)
1Por ordem do Senhor, toda a comunidade de Israel partiu do deserto de Sim e andou de um lugar para outro. Por fim, acamparam em Refidim, mas ali não havia água para beberem. 2Mais uma vez, o povo se queixou de Moisés e exigiu: “Dê-nos água para beber!”.
Moisés retrucou: “Por que brigam comigo? Por que põem o Senhor à prova?”.
3Afligido pela sede, o povo continuou a se queixar de Moisés. “Por que você nos tirou do Egito? Quer matar de sede a nós, nossos filhos e nossos animais?”.
4Então Moisés clamou ao Senhor: “O que devo fazer com este povo? Estão a ponto de me apedrejar!”.
5O Senhor disse a Moisés: “Passe à frente do povo. Leve sua vara, aquela que você usou para bater nas águas do Nilo, e chame alguns dos líderes de Israel para acompanhá-lo. 6Eu me colocarei diante de você sobre a rocha no monte Sinai [Horebe]. Bata na rocha e dela jorrará água que o povo poderá beber”. Assim, na presença dos líderes de Israel, Moisés fez conforme ordenado.
7Moisés chamou aquele lugar de Massá [lit., prova] e Meribá [lit., contenda], pois o povo de Israel discutiu com Moisés e pôs o Senhor à prova, dizendo: “O Senhor está conosco ou não?”.
Povo de dura cerviz! Lembrando que a palavra “cerviz” se refere à parte de trás do pescoço, e “dura cerviz” sugere alguém que não se inclina, ou seja, que não se submete ou se humilha diante de Deus. Assim era o povo de Deus no deserto!
4. Vitória Sobre os Amalequitas (Êxodo 17.8-16)
Embora o texto não mencione diretamente um pecado específico durante a batalha contra os amalequitas, a necessidade de levantar as mãos de Moisés durante toda a peleja pode simbolizar uma falta de persistência e fé contínua por parte do povo, que dependia de sinais visíveis para acreditar na vitória provida por Deus. Esse episódio mostra que, apesar de todas as evidências anteriores da provisão divina, como o suprimento de água e comida no deserto, Israel ainda lutava para confiar plenamente em Deus sem a necessidade de sinais tangíveis.
Deus, que havia preservado o povo da fome e da sede, agora demonstra sua fidelidade ao protegê-los dos ataques inimigos. O levantar das mãos de Moisés, sustentado por Arão e Hur, se torna um sinal físico da intercessão e da dependência de Deus para a vitória. Isso reforça a lição de que a vitória e a preservação de Israel dependem, não de suas próprias forças, mas da fidelidade e do poder de Deus, que age em resposta à fé e à obediência de seu povo.
Êxodo 17.8-16 (NVT)
8Quando os israelitas ainda estavam em Refidim, os guerreiros de Amaleque os atacaram. 9Moisés ordenou a Josué: “Escolha homens para saírem e lutarem contra o exército de Amaleque. Amanhã, ficarei no alto da colina, segurando em minha mão a vara de Deus”.
10Josué fez o que Moisés lhe ordenou e lutou contra o exército de Amaleque. Moisés, Arão e Hur subiram até o topo de uma colina que ficava perto dali. 11Enquanto Moisés mantinha os braços erguidos, os israelitas tinham a vantagem. Quando abaixava os braços, a vantagem era dos amalequitas. 12Os braços de Moisés, porém, logo se cansaram. Então Arão e Hur encontraram uma pedra para Moisés se sentar e, um de cada lado, mantiveram as mãos dele erguidas. Assim, as mãos permaneceram firmes até o pôr do sol. 13Como resultado, Josué aniquilou o exército de Amaleque na batalha.
14Então o Senhor disse a Moisés: “Escreva isto em um rolo como lembrança permanente e leia-o em voz alta para Josué: ‘Apagarei toda e qualquer recordação de Amaleque de debaixo do céu’ ”. 15Moisés construiu um altar ali e o chamou de Javé-Nissi [“o Senhor é minha bandeira”]. 16E disse: “Uma mão foi erguida perante o trono do Senhor; de geração em geração, o Senhor guerreará contra os amalequitas”.
5. Estabelecimento de um Sistema de Liderança (Êxodo 18.13-27)
A visita de Jetro a Moisés, conforme narrada em Êxodo 18, não revela um pecado explícito, mas indica uma falha estrutural significativa na forma como Moisés estava administrando a liderança do povo. Moisés, sendo o único juiz para todo o povo de Israel, estava sobrecarregado, o que inevitavelmente poderia levar a decisões menos eficazes e a uma administração injusta ou ineficiente.
Jetro, ao observar essa situação, percebeu que o sistema atual não era sustentável e aconselhou Moisés a delegar responsabilidades, instituindo líderes para julgar os casos menores, enquanto Moisés se concentraria nas questões mais difíceis e na orientação espiritual geral do povo. O conselho de Jetro era crucial para evitar o esgotamento de Moisés e assegurar que a justiça fosse aplicada de maneira eficaz e equitativa.
Sem essa reorganização, o caos poderia ter se instaurado em uma nação ainda infante, pois a administração centralizada e sobrecarregada de Moisés não estava preparada para lidar com as necessidades crescentes e complexas de uma população tão grande. Portanto, a visita de Jetro foi um ato providencial que permitiu uma liderança mais equilibrada e justa, prevenindo possíveis tensões e injustiças que poderiam surgir da estrutura anterior.
Veja, caminhe comigo pelo texto.
Jetro traz a família de Moisés de volta para ele, de Midiã até o Sinai
Êxodo 18.1-6 (NVT)
1Jetro, sogro de Moisés e sacerdote de Midiã, soube de tudo que Deus havia feito por Moisés e seu povo, os israelitas, e de como o Senhor os havia tirado do Egito.
2Moisés tinha mandado Zípora, sua mulher, e seus dois filhos de volta para a casa de Jetro, que os acolheu. 3(O primeiro filho de Moisés se chamava Gérson, pois quando o menino nasceu, Moisés disse: “Sou forasteiro em terra alheia”. 4O segundo filho se chamava Eliézer, pois Moisés disse: “O Deus de meus antepassados foi meu ajudador e me livrou da espada do faraó”.) 5Jetro, sogro de Moisés, foi visitá-lo no deserto, levando consigo a mulher e os dois filhos de Moisés. Quando chegaram, Moisés e o povo estavam acampados perto do monte de Deus. 6Jetro havia mandado um recado a Moisés, dizendo: “Eu, seu sogro Jetro, estou indo vê-lo com sua mulher e seus dois filhos”.
A reação de Jetro ao relato dos milagres do SENHOR em favor de Israel
Êxodo 18.7-12 (NVT)
7Então Moisés saiu ao encontro de seu sogro, curvou-se e o beijou. Depois de perguntarem um ao outro se estavam bem, entraram na tenda de Moisés. 8Ele contou ao sogro tudo que o Senhor havia feito ao faraó e aos egípcios em favor de Israel. Contou também dos apuros que tinham passado ao longo do caminho e de como o Senhor os tinha livrado de todas as dificuldades. 9Jetro se alegrou imensamente ao ouvir tudo de bom que o Senhor havia feito por Israel ao libertar o povo das mãos dos egípcios.
10“Louvado seja o Senhor!”, disse Jetro. “Ele os libertou da mão dos egípcios e do faraó! 11Agora sei que o Senhor é maior que todos os outros deuses, pois libertou seu povo da opressão dos arrogantes egípcios.”
12Em seguida, Jetro, sogro de Moisés, ofereceu um holocausto e outros sacrifícios a Deus. Arão e os líderes de Israel vieram e, na presença de Deus, participaram com ele da refeição.
Jetro oferece a Moisés a valiosa ferramenta da delegação
Êxodo 18.7-12 (NVT)
13No dia seguinte, Moisés sentou-se para resolver problemas que surgiram entre os israelitas. O povo esperou diante dele, em pé, desde a manhã ate a tarde.
14Quando o sogro de Moisés viu tudo que ele tentava fazer pelo povo, perguntou: “O que você está fazendo com este povo? Por que você se senta sozinho para julgar e os obriga a ficarem de pé diante de você o dia inteiro?”.
15Moisés respondeu: “O povo me procura para conhecer as decisões de Deus. 16Quando surge algum problema, eles me procuram e eu resolvo a questão entre as partes em conflito. Informo o povo sobre os decretos de Deus e transmito suas instruções”.
17“O que você está fazendo não é bom”, disse o sogro de Moisés. 18“Você ficará esgotado e deixará o povo exausto. É um trabalho pesado demais para uma pessoa só. 19Agora ouça-me e escute meu conselho, e Deus esteja com você. Continue a ser o representante do povo diante de Deus, apresentando-lhe as questões trazidas pelo povo. 20Ensine a eles os decretos e as instruções de Deus. Mostre aos israelitas como devem viver e o que devem fazer. 21No entanto, escolha dentre todo o povo homens capazes e honestos que temam a Deus e odeiem suborno. Nomeie-os líderes de grupos de mil, cem, cinquenta e dez pessoas. 22Eles deverão estar sempre disponíveis para resolver os problemas cotidianos do povo e só lhe trarão os casos mais difíceis. Deixe que os líderes decidam as questões mais simples por conta própria. Eles dividirão com você o peso da responsabilidade e facilitarão seu trabalho. 23Se você seguir esse conselho, e se Deus assim lhe ordenar, poderá suportar as pressões, e todo este povo voltará para casa em paz.”
24Moisés aceitou o conselho do sogro e seguiu todas as suas recomendações. 25Escolheu homens capazes dentre todo o povo de Israel e os nomeou líderes de grupos de mil, cem, cinquenta e dez pessoas. 26Os homens ficavam à disposição para resolver os problemas cotidianos do povo. Traziam para Moisés os casos mais difíceis, mas cuidavam, eles mesmos, das questões mais simples.
27Pouco tempo depois, Moisés se despediu de seu sogro, que voltou para sua terra.
A história da peregrinação de Israel no deserto oferece lições valiosas para nossa vida espiritual. Aqui estão três maneiras de como devemos responder a essa narrativa:
1. Confie na providência de Deus para suas necessidades diárias: A experiência de Israel no deserto revela que Deus está sempre presente com seu povo e é fiel em prover suas necessidades. A grande questão é: você vai confiar nele ou ceder à preocupação e à murmuração? A única maneira de vencer a preocupação é trazer à memória os grandes feitos de Deus na Bíblia e alimentar sua fé na graça futura de Deus. Assim como Deus proveu maná, água, proteção e sabedoria para Israel, ele continuará a prover para você hoje – é só você confiar.
2. Confie no Filho de Deus para suas necessidades mais profundas: Jesus Cristo é o cumprimento perfeito de tudo o que foi prefigurado no deserto. Ele passou no teste que nós jamais conseguiríamos passar, vencendo as tentações do diabo no deserto (cf. Mateus 4.1-11). Ele é o Pão da Vida e a Fonte da Água Viva, sem os quais não podemos viver. De fato, Paulo chama Jesus de “rocha espiritual” da qual todos devemos beber para a salvação (cf. 1Coríntios 10.1-5). Assim como Moisés foi instruído a falar à rocha, assim também nós devemos invocar a Cristo, que foi ferido uma vez por todas na cruz para que jorrasse de seu lado a água da vida (cf. Jo 19.34). Agora, ao crermos nele, recebemos a vida eterna e somos saciados.
3. Confie na graça e no poder de Deus para viver em serviço aos outros: Mesmo quando feridos e machucados, somos chamados a servir uns aos outros em amor, seguindo o exemplo de Cristo e de Moisés. Assim como Moisés suportou a ingratidão e a incredulidade do povo, nós também devemos servir com fé e esperança na graça de Deus, sabendo que é ele quem nos capacita a amar e servir, mesmo em meio às dificuldades. Somos pastoreados e capacitados para podermos cuidar uns dos outros em relacionamentos de discipulado e em contextos de pequenos grupos – a exemplo do que vimos Moisés fazer sob o conselho de Jetro.
Esses três aspectos nos ajudam a entender como a peregrinação de Israel no deserto não foi apenas uma história antiga, mas um modelo de como devemos viver nossa própria jornada de fé, – são essas lições que os filhos de Deus aprendem na UniDes – a Universidade do Deserto, viver… – confiando em Deus para prover, salvar e nos capacitar a servir.
S.D.G. L.B.Peixoto
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