23.08.2020
[Filemom 8-22] 8Por isso, ainda que pudesse exigir em Cristo que você faça o que é certo, 9prefiro pedir com base no amor — eu, Paulo, já velho e agora prisioneiro de Cristo Jesus.
10Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão. 11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. 12Eu o envio de volta a você, e com ele vai meu próprio coração.
13Gostaria de mantê-lo aqui comigo enquanto estou preso por anunciar as boas-novas; assim ele me ajudaria em seu lugar. 14Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação. 15Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre. 16Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor. 17Portanto, se me considera seu companheiro na fé, receba-o como receberia a mim. 18Se ele o prejudicou de alguma forma ou se lhe deve algo, cobre de mim. 19Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei. E não mencionarei que você me deve sua própria vida. 20Sim, meu irmão, faça-me essa gentileza no Senhor. Reanime meu coração em Cristo! 21Escrevo esta carta certo de que você fará o que lhe peço, e até mais. 22Por favor, prepare um quarto para mim, pois espero que minhas orações sejam respondidas e eu possa voltar a visitá-lo em breve.
Continuação da parte 2…
Recapitulando: A carta a Filemom foi escrita por um pacificador. Ela serviu para reconciliar Filemom e Onésimo, contribuiu para que houvesse perdão, comunhão e libertação. Mas tem mais uma coisa: Paulo escreveu este documento de tal modo a nos ensinar a ser o tipo de pacificador que todo cristão é chamado a ser.
Há pelo menos cinco estratégias que podemos observar – estratégias imprescindíveis para se intervir com amor pela causa do amor, para se intervir como pacificador:
[1] apele com base no amor, não na força da autoridade (vs. 8-9);
[2] apele com base na empatia, não na frieza da distância (v. 10);
[3] apele com base no sacrifício, não na imposição da servidão (vs. 11-14);
[4] apele com base na transformação do coração, não na mudança do comportamento (vs. 11, 15-16);
[5] apele com base na lógica do evangelho, não na ideia do aqui se faz, aqui se paga (vs. 17-22).
As primeiras três estratégias nós estudamos domingo passado. Agora, as duas últimas…
11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. […] 15Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre. 16Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor.
Paulo traz à lembrança de Filemom um fato do passado de Onésimo: “ele não lhe foi de muita utilidade”; literalmente: “ele lhe foi inútil no passado”; ao mesmo tempo, o apóstolo testemunha a respeito do poder do amor do evangelho para transformar pessoas inúteis em muito úteis para todo mundo. Com efeito, é impressionante como o evangelho é capaz de pegar uma vida desperdiçada e transformá-la em alguma coisa de incomparável e inestimável valor. Isto é o que nós testemunhamos no versículo 11: “Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois.”
Não apenas isto, o evangelho é poderoso para restaurar relacionamentos que um dia foram quebrados por causa do pecado. É disso que Paulo está falando com Filemom nos versículos 15-15. “Veja, Filemom, você precisou perder Onésimo para ele ser achado por Cristo. E agora ele não é mais aquele a quem você e sua família costumavam se referir como inútil. Agora, em Cristo, ele foi transformado. Ele é útil para nós dois. Ele não é mais um escravo para você. É um irmão amado. E será, ouça bem Filemom, alguém muito importante para você, de fato, uma bênção como pessoa e como irmão no Senhor.”
Realmente, o evangelho tem poder para restaurar vidas desperdiçadas e relacionamentos destruídos. É preciso, porém, que se foque no coração, reconheça-se os pecados, confesse-os a Deus e se clame pela graça de Jesus com arrependimento e fé.
Quantos de nós poderíamos dar testemunho do poder do evangelho que restaurou nossa vida desperdiçada, além de ter restaurado alguns relacionamentos destruídos. Eu mesmo, quando olho para a minha própria vida, posso constatar e testemunhar do poder do evangelho de Cristo para transformar e restaurar. Por exemplo: eu detestava estudar. Hoje é meu prazer. Inclusive, matriculado estou em um programa de Doutorado. Sempre quis ser médico, mas por preguiça de estudar, fugi da tentativa de prestar vestibular para medicina. Desperdicei minha vida até os meus 20 anos, quando Cristo me encontrou e me transformou.
Já na primeira semana como um novo convertido de Cristo eu devorei o Novo Testamento. Fato inédito, pois até onde consigo me lembrar, àquela altura de minha vida eu não tinha lido um único livro de capa a capa. Para a minha vergonha, era colando nas provas que eu passava de ano na escola. Fui moleque. Desperdicei os dons e talentos que Deus me deu. Mas em Cristo eu fui transformado e tive a oportunidade de me redimir. Ah, e me tornei médico, médico de almas.
Outra coisa: em Cristo eu restaurei meu relacionamento quebrado com meu pai. Ele era alcóolatra. Brigava muito com minha mãe. Ela o provocava bastante, mas nada que justificasse as agressões verbais e até físicas que ele cometia contra a mãezinha. Quantas vezes eu acordei de madrugada com os gritos dele, chegando bêbado da rua e brigando com ela aos berros. Certa vez, cheguei a presenciá-lo com uma faca e fazendo ameaças. Tudo isso me fez afastar de meu pai, e quando completei 17 anos, ele e eu tivemos uma briga séria. Ele saiu de casa, pois eu ameacei minha mãe, dizendo que se ele não saísse eu sairia e iria morar na casa de meus avós. Minha mãe se separou dele e ficamos, ele e eu, sem conversar um com o outro por muito tempo.
Três anos depois, quando por Cristo eu fui achado e a ele me converti, uma de minhas primeiras atitudes foi a de ir ao meu pai e pedir perdão pelas tantas desonras que eu havia cometido contra ele, culminando na briga feia que nós dois tivemos, na ocasião que ele saiu de casa e foi morar com meus avós, os pais dele. Choramos os dois. Ele me perdoou.
Cinco anos depois, eu me formei no seminário batista aqui em Goiânia. O culto de formatura foi aqui na SIB. Ele veio e me ouviu falar como o orador da turma. Ao final, ele me abraçou com lágrimas, dizendo que era um orgulho. Depois, Cris e eu já casados, fui morar nos EUA para os estudos do mestrado. Toda semana ele me telefonava. A última vez que nos falamos ao telefone, criei coragem e, pela primeira e última vez, eu disse a ele com todas as letras, antes de desligarmos o telefone: “Eu te amo, papai!” Ele respondeu com a voz engasgada: “Eu também te amo, meu filho.”
Nós nunca mais conversamos, pois no sábado seguinte, papai morreria atropelado com apenas 51 anos. Deus, no entanto, concedeu-me a graça de em Cristo, no poder do Espírito Santo, restaurar o relacionamento destruído que eu tinha com o papai.
O evangelho de Jesus Cristo é poderoso para regenerar o coração depravado, redimir uma vida desperdiçada e restaurar relacionamentos destruídos. Prove e veja! Arrependa do pecado e creia em Cristo.
O que verdadeiramente transforma um indivíduo não é algum programa de reabilitação – por mais valiosos que alguns deles sejam –, onde gradualmente alguém vai sendo mudado no nível do comportamento; o que muda realmente alguém, de dentro para fora, do coração ao comportamento é o milagre da regeneração, do novo nascimento, é a conversão a Jesus Cristo. Prove e veja. Arrependa-se e creia em Cristo Jesus. Você será salvo da condenação eterna, desfrutará de comunhão com Deus, sua vida será útil, verdadeiramente útil; e você poderá contar com irmãos amados para trilhar ao seu lado no caminho apertado que é a vida cristã.
De volta a Filemom: esta carta é um testemunho vivo do poder do evangelho para transformar tanto o opressor como o oprimido na busca pela justiça social. Veja, mais uma vez:
11Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. […] 15Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre. 16Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor.
Louvado seja Deus pelo evangelho de Jesus Cristo!
Continua na parte 4…
S.D.G. L.B.Peixoto
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