28.02.2016
QUANDO O PASSADO CONDENA
Jonas 1.1
A palavra do Senhor veio a Jonas, filho de Amitai…
Histórias reais nos fascinam
Hoje à noite, em Los Angeles, será revelado o vencedor de melhor filme do ano. Letícia Medes, jornalista do portal G1 na internet, publicou uma matéria na terça-feira passada (23/02), que diz assim:
Assim como em 2015, quatro dos oito indicados ao Oscar de melhor filme deste ano são baseados em histórias reais. Além disso, Michael Fassbender (“Steve Jobs”), Leonardo DiCaprio (“O regresso”), Eddie Redmayne (“A garota dinamarquesa”), Bryan Cranston (“Trumbo”) e Jennifer Lawrence (“Joy”) são alguns dos atores e das atrizes que concorrem pela interpretação de personagens que existiram.
Histórias reais, especialmente quando elas são recheadas com suspense, drama, ação e movimento, têm o poder de nos cativar.
Em biografias, vemos a nós mesmos e os nossos corações espelhados nas experiências dos outros. Nossas histórias cruzam com as deles. Aprendemos com o que eles fizeram e deixaram de fazer, com seus erros e acertos. Diante das histórias dos outros nós sofremos e sorrimos, projetamo-nos em suas vidas e nos tornamos parte da história. Por isso as histórias reais são tão fascinantes.
O livro de Jonas, apesar de estar entre os livros proféticos, parte dos 12 profetas menores, é muito mais uma biografia (uma autobiografia contada na terceira pessoal) do que um livro profético. Busque na narrativa as declarações proféticas dirigidas ao povo e você encontrará apenas uma frase. Ismo mesmo, apenas uma sentença! Lá no capítulo 3.
Jn 3.4 | Jonas entrou na cidade e a percorreu durante um dia, proclamando: “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída”.
Além desse versículo, toda a narrativa do livro é de conteúdo biográfico, contando a história de Jonas. História que, aliás, é real, sem qualquer adição ou edição.
Uma história controversa
Jonas é um dos livros mais populares da Bíblia e, ao mesmo tempo, um dos mais controversos. Três versículos em especial provocam risadas nos céticos, quando eles se propõem a discutir a veracidade do livro. Observem.
Jn 1.17 | O Senhor fez com que um grande peixe engolisse Jonas, e ele ficou dentro do peixe três dias e três noites.
Jn 2.1 | Dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, o seu Deus.
Jn 2.10 | E o Senhor deu ordens ao peixe, e ele vomitou Jonas em terra firme.
Incomum, mas não impossível.
Uma busca simples na internet revelará inúmeros relatos sobre peixes grandes o bastante para abocanhar e armazenar uma pessoa inteira. A garoupa, por exemplo, pode alcançar 2,5 metros e pesar mais de 300 quilos.
Há um relato de 2014 na Florida, inclusive um vídeo contendo a cena, em que uma garoupa engoliu de uma só vez um tubarão de 1,2 metro que estava fisgado no anzol de um pescador na costa de Bonita Springs.
Faça você mesmo uma busca no Google. Pesquise sobre os maiores peixes de águas doces e salgadas do mundo. Você ficará surpreso.
Realmente, um peixe engolir um homem, ele permanecer vivo por três dias dentro do animal e depois ser vomitado na praia é uma realidade incomum, mas não impossível.
Outra coisa. Se o ser humano é capaz de construir, por exemplo, submarinos que singram as profundezas dos oceanos durante vários dias ininterruptos, carregados de seres humanos, Deus não seria capaz de criar um peixe que comportasse dentro dele um ser humano vivo por um período de três dias? Plenamente possível!
Jesus mesmo assumiu a história de Jonas como real, não como parábola, ao fazer uma analogia entre ele e o profeta.
Mt 12.39-41 | 40 Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. 41 Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui o que é maior do que Jonas.
Brian Thomas, mestre em ciência e pesquisador do Institute for Creation Research (icr.org), em artigo intitulado What Really Swallowed Jonah?, cita um comentário do doutor Henry Morris que diz:
[O grande peixe que engoliu Jonas] poderia ter sido um grande tubarão-baleia, ou possivelmente algum réptil marinho não mais existente.
O tubarão-baleia (Rhincodon typus) vive em oceanos e é o maior peixe conhecido, podendo atingir de 18 a 20 metros e pesar até 13 mil quilos. Algumas informações sobre essa espécie, colhidas da Wikipédia, dizem que
o tubarão-baleia alimenta-se de plâncton, macro algas, krill, pequenos polvos e outros invertebrados. As muitas fileiras de dentes enormes não atuam na alimentação, a água entra constantemente na boca e sai através dos arcos das brânquias. Qualquer material capturado é engolido. O tubarão pode fazer circular a água a uma taxa de até 1,7 l/s. Entretanto, também se alimenta de forma ativa, explorando concentrações de plâncton ou pequenos peixes através do olfato. Em 2012, uma equipe de cientistas captou imagens de tubarões-baleia que aprenderam a sugar os peixes das redes de pesca, numa baía da Indonésia.
Você não acha no mínimo curioso que exista uma espécie de peixe desse tamanho (podendo atingir de 18 a 20 metros e pesar 13 toneladas), que viva sugando as águas do oceano, “qualquer material capturado é engolido”, e que seja capaz de “sugar os peixes das redes de pesca”?
Pois bem, a história de Jonas é realmente incomum e, aos olhos de muitos, controversa, mas é real, sem qualquer adição ou edição. Aliás, se fosse uma ficção, como poderia alguém ter usado um fato tão “absurdo” aos olhos dos céticos para contar uma história tão fundamental para a fé judaico-cristã? Jonas é real!
O livro de Jonas
O livro de Jonas é fascinante e indispensável para nós cristãos por pelo menos três razões.
Jonas é um chamado para a vida missional. O pesquisador de igrejas e missiológo Ed Stetzer, membro da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista do Sul dos EUA, declara que “missional significa realmente fazer missão onde você está […] missional significa adotar a postura de um missionário, aprendendo e adaptando-se a cultura ao seu redor, e permanecendo bíblico”.
Pois bem, Jonas é sobre a vida missional do cristão; descreve as lutas interiores dos homens e mulheres que diariamente são desafiados por Deus a viverem para serviço e para a salvação do próximo; revela o coração e a compaixão do Senhor Deus dos exércitos.
O livro de Jonas é para nos ensinar a ser o que Paulo, escrevendo aos Filipenses, disse que deveríamos ser enquanto cristãos.
Fl 2.14-16 | 14 Façam tudo sem queixas nem discussões, 15 para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo, 16 retendo firmemente a palavra da vida. Assim, no dia de Cristo eu me orgulharei de não ter corrido nem me esforçado inutilmente.
Sobrevoando Jonas
Antes de nos mergulharmos no livro, precisamos sobrevoá-lo.
Um voo panorâmico sobre os quatro capítulos de Jonas comprovará que na história relutante do profeta, Deus se revela resoluto em indescritível amor e inigualável compaixão.
O profeta relutante
O Deus resoluto
A história de Jonas serve para ilustrar que onde habita o pecado a graça pode ser superabundante; também para dizer que quanto mais relutante nós somos, mais resoluto em amor é o Senhor.
Quando o passado condena
Sobre a graça triunfando ao pecado e a resolução de amor triunfando à relutância egoísta nós aprenderemos mais ao longo dos 4 capítulos de Jonas. Por ora, eu quero chamar a sua atenção para o passado de Jonas, pois ele o condena.
O que se quer dizer com a expressão “Meu passado me condena”?
Falamos assim quando algo que fizemos nos passado aflora ou vem a tona no presente para, de alguma forma, nos confrontar, nos contradizer ou nos condenar.
Então, de que forma o passado de Jonas o condena?
O nome de Jonas, filho de Amitai (Jn 1.1) aparece pela primeira vez no segundo livro dos Reis. Veja lá comigo.
2Rs 14.23-27 | 23 No décimo quinto ano do reinado de Amazias, filho de Joás, rei de Judá, Jeroboão, filho de Jeoás, rei de Israel, tornou-se rei em Samaria e reinou quarenta e um anos. 24 Ele fez o que o Senhor reprova e não se desviou de nenhum dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, levara Israel a cometer. 25 Foi ele que restabeleceu as fronteiras de Israel [das mãos da Assíria] desde Lebo-Hamate até o mar da Arabá, conforme a palavra do Senhor, Deus de Israel, anunciada pelo seu servo Jonas, filho de Amitai, profeta de Gate- Héfer. 26 O Senhor viu a amargura com que todos em Israel, tanto escravos quanto livres, estavam sofrendo; não havia ninguém para socorrê-los. 27 Visto que o Senhor não dissera que apagaria o nome de Israel de debaixo do céu, ele os libertou pela mão de Jeroboão, filho de Jeoás.
O passado de Jonas o condena por pelo menos três motivos.
Pois bem, profeta chamado por Deus, capacitado da melhor forma possível pelo Senhor e fiel no cumprimento de sua primeira missão, o passado de Jonas o condena quando ele corre de Deus, recusando-se a pregar em Nínive e se ressente ao ver a ação salvadora de Deus, quando os ninivitas se arrependem.
De posse dessas informações, permitam-me concluir fazendo algumas aplicações para as nossas vidas. A pergunta que buscaremos responder é a seguinte: “Quando o passado nos condena?”
Jonas, Jonas! Quem te viu, quem te vê!
Será que Deus não nos vê dessa forma?
Fulano, fulano! Quem te viu, quem te vê! Quanta graça foi derramada sobre a sua vida; quantos recursos foram entregues a você; quanta alegria você esbanjou no início! Agora, porém, o que se vê é uma pessoa relutantemente fria, à beira da morte.
Irmãos, digo a vocês com sinceridade, penso que será para pessoas assim que no final o Senhor dirá o que está registrado no Sermão do Monte.
Mt 7.22-23 | 22 Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ 23 Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!
Um dia foram e fizeram tanta coisa, mas agora vivem na prática do mal! Mas, que mal? Veja o que Jesus disse antes desses dois versos:
Mt 7.21 | “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.”
Privilégios do passado devem servir, não para nos acomodarmos, não para nos justificarmos da negligência do presente, mas para nos encher de fé para prosseguirmos no discernimento e no cumprimento da vontade de Deus para as nossas vidas. Como nós precisamos aprender que uma coisa é começar, outra é continuar e outra é terminar a jornada.
Não importa quão bem um dia você tenha começado, quão bem você por um tempo continuou, pois o que importa é você terminar bem. Os salvos perseveram até o final.
O seu passado te condena?
Você reparte a graça que você recebeu?
Você se dedica com a capacidade que Deus te deu?
Você tem permanecido na fé que um dia te alegrou?
Não deixe o seu passado te condenar. Persevere com fé na graça de Deus. Terminemos com a palavra de exortação de Pedro.
1Pe 4.7-11 | 7 O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam criteriosos e estejam alertas; dediquem-se à oração. 8 Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados. 9 Sejam mutuamente hospitaleiros, sem reclamação. 10 Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas. 11 Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo o sempre. Amém.
Que Deus nos abençoe com um presente perseverante e com um futuro glorioso. Quanto ao mais, não deixe o seu passado te condenar.
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