22.09.2019
A PACIÊNCIA DO DEUS DOS REDIMIDOS
Salmo 46.11
(Nova Almeida Atualizada) O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio.
O CONHECIMENTO DE DEUS
Estamos em busca do conhecimento do Deus de Jacó, o Deus dos redimidos, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O que nos motiva a trilhar esse caminho para o conhecimento de Deus são palavras como as do profeta Oséias:
Os 4.1 | Ó israelitas, ouçam a palavra do SENHOR! O SENHOR apresentou acusações contra vocês: “Não há fidelidade, nem bondade, nem conhecimento de Deus em sua terra.
Os 4.6 | Meu povo está sendo destruído porque não me conhece. Porque vocês, sacerdotes, não querem me conhecer, eu não os reconhecerei como meus sacerdotes.
Sem o conhecimento de Deus, o povo perece. Daí que o SENHOR deseja, acima de todas as coisas, ser conhecido e amado — um tipo de conhecimento de Deus (não religiosidade, mas conhecimento!) que transborde em amor pelo próximo (observe o paralelismo hebraico no texto a seguir):
Os 6.6 | Quero que demonstrem amor, e não que ofereçam sacrifícios. Quero que me conheçam, mais do que desejo holocaustos.
Logo, o que se espera de um pastor, ou líder do povo de Deus, é que ele tenha e que ele transmita o conhecimento de Deus, sob pena de ser humilhado pelo próprio Deus:
Ml 2.7-9 | 7“As palavras do sacerdote devem guardar o conhecimento de Deus, e o povo deve buscar o sacerdote para receber instrução, pois ele é mensageiro do SENHOR dos Exércitos. 8Mas vocês, sacerdotes, se desviaram dos caminhos de Deus. Suas instruções fizeram muitos caírem em pecado. Vocês quebraram a aliança que fiz com os levitas”, diz o SENHOR dos Exércitos. 9“Por isso fiz que vocês fossem desprezados e humilhados diante de todo o povo, pois não me obedeceram, mas mostraram parcialidade na aplicação de minha lei.”
O conhecimento de Deus torna o povo forte e ativo (resistente):
Dn 11.32 | Ele [o inimigo do povo de Deus] usará de adulação e conquistará os que violaram a aliança; mas aqueles que conhecem seu Deus serão fortes e resistirão [ativos].
Daniel parece estar profetizando sobre Antíoco Epifânio IV (rei da Síria) que, em dezembro de 168 a.C., profanou a fé do povo de Deus, conforme se lê nos livros apócrifos de Macabeus. Por exemplo, em 2Macabeus 6.2, lê-se assim:
Mandou-o também profanar o templo de Jerusalém, dedicá-lo a Júpiter Olímpico e consagrar o do monte Garizim [onde os samaritanos possuíam seu templo], segundo o caráter dos habitantes do lugar, a Júpiter Hospitaleiro.
Sabemos pela história que o massacre foi horrível e só “resistiram” às investidas do mal aqueles “fortes” que conheciam “seu Deus” e guardavam a aliança (Dn 11.32). Se desejar conhecer mais detalhes, leia 1Macabeus 1.54-64.
Pois bem, o conhecimento de Deus é imperativo para o povo de Deus: dele virá a nossa força e fruto dele será a operosidade de nossa fé, transbordante em formas de amor.
O DEUS DE JACÓ
O nosso Deus é o Deus de Jacó. O Deus de Jacó é o Deus e Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Mas, o que se aprende do “Deus de Jacó”? Por que essa expressão?
Esta já é a terceira mensagem sobre o Deus de Jacó: o Deus dos redimidos. Nós já aprendemos que ele é soberano e gracioso. Estudamos também as implicações dessas verdades para a nossa vida. Hoje daremos um passo adiante. Veremos que o Deus de Jacó, o Deus dos redimidos é também paciente e (na semana que vem, Deus permitindo, que ele é) poderoso. Hoje, a paciência.
O DEUS DOS REDIMIDOS É PACIENTE
É verdade que Deus é paciente com todo mundo, aliás, Paulo nos informa que “as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, [nos levam] ao arrependimento” (Rm 2.4). Mas com Jacó parece que Deus teve dose dupla de paciência. Não é verdade?
Um estudo cuidadoso da vida desse patriarca, conforme o registro de Gênesis, revelará toda a força da paciência de Deus com alguns de seus filhos. Não temos tempo aqui para todos os detalhes (faça você mesmo um estudo sobre a vida de Jacó), mas podemos destacar alguns dos principais eventos, os quais nos revelarão quão deselegante e desprezível, para dizermos o mínimo, era aquele homem.
Antes do nascimento, Deus tornou conhecido à Rebeca (sua mãe) o fato de que Jacó deveria receber a porção do primogênito, posto que o filho mais velho (Esaú) serviria ao filho mais novo, Jacó (Gn 25.23). Contudo, em vez de esperar o tempo e a maneira de Deus garantir sua herança, Jacó recorreu à esperteza, negociando e comprando o direito de primogenitura de Esaú (Gn 25.27-34).
Depois, tendo a própria mãe como mentora e cúmplice, Jacó trapaceou Isaque, seu pai já idoso e cego, e roubou para si a bênção da primogenitura. Essa história desprezível pode ser lida em detalhes lá em Gênesis 27.1-40. É nesse ponto que a maravilhosa graça e paciência de nosso Deus se manifestam na vida de Jacó.
Fugindo da fúria de seu irmão Esaú (Gn 27.41-28.9), na primeira noite de sua ausência de casa, Deus se revelou em uma visão a Jacó e prometeu estar com o fugitivo, protegê-lo aonde quer que ele fosse ou estivesse, e trazê-lo de volta à terra prometida (Gn 28.10-19). A resposta de Jacó a essas declarações tão graciosas e tão pacienciosas do Senhor revela as condições do coração daquele pecador em fuga (Gn 28.20-21):
20Então Jacó fez o seguinte voto: “Se, de fato, Deus for comigo e me proteger nesta jornada, se ele me providenciar alimento e roupa, 21e se eu voltar são e salvo à casa de meu pai, então o SENHOR certamente será o meu Deus. 22E esta coluna memorial que eu levantei será um lugar de adoração a Deus, e eu entregarei a Deus a décima parte de tudo que ele me der”.
Deus não responde nada. E Jacó segue viagem (Gn 29).
Esse voto feito por Jacó só revela o espírito de barganha que o controlava, além de demonstrar quão pouco, naquele ponto da vida, ele sabia do caráter de Deus.
Os anos se passaram. E quando Deus voltou a Jacó, para conduzi-lo de volta à terra dos patriarcas (Gn 31.3), exatamente como o havia prometido lá em Betel (Gn 28.13-15), veja com o que o coração de Jacó ainda se ocupava (Gn 31.17-21):
17Então Jacó montou suas mulheres e seus filhos em camelos 18e conduziu adiante todos os seus rebanhos. Juntou todos os bens que havia adquirido em Padã-Arã e partiu para a terra de Canaã, onde vivia Isaque, seu pai. 19Quando partiram, Labão estava num lugar afastado, tosquiando suas ovelhas. Raquel roubou os ídolos da casa que pertenciam a seu pai e os levou consigo. 20Assim, Jacó enganou Labão, o arameu, partindo sem avisá-lo de que iam embora. [POR QUE ELE FEZ ISTO? TEMIA PELOS BENS! =>] 21Jacó levou todos os seus bens e atravessou o rio Eufrates, rumo à região montanhosa de Gileade.
Faltava confiança a Jacó. Faltava-lhe fé em Deus. E sua conduta era muito indigna, no mínimo imprópria, para alguém tão favorecido por Deus. Mas tem mais.
No caminho para casa, chegando à Canaã, perto do reencontro com o irmão, Jacó decidiu mais uma vez barganhar; afinal, ainda faltava-lhe fé! (Gn 32.20-21):
20[…] Jacó pensou: “Tentarei apaziguá-lo com os presentes que estou enviando à minha frente. Quando o vir, quem sabe ele me receberá amistosamente”. 21Assim, os presentes foram enviados à frente, enquanto Jacó passou aquela noite no acampamento.
A forma tão amorosa como Esaú recebeu Jacó nos faz pensar: “Por que Jacó, Deus? Por que não Esaú?”. Ouça (Gn 33.1-5):
1Jacó levantou os olhos e viu Esaú aproximando-se com seus quatrocentos homens. Assim, dividiu os filhos entre Lia, Raquel e as duas servas. 2Colocou as servas e os filhos delas à frente, Lia e seus filhos em seguida, e Raquel e José por último [COVARDE!]. 3Jacó passou à frente e, ao aproximar-se de seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes. 4Esaú correu ao encontro de Jacó e o abraçou; pôs os braços em volta do pescoço do irmão e o beijou. E os dois choraram. 5Então Esaú viu as mulheres e as crianças e perguntou: “Quem são estas pessoas que estão com você?”.
Os olhos de Jacó sempre estiveram em posses ou bens ou naquilo que lhe oferecesse algum risco de perda. Os de Esaú, por outro lado, estavam em pessoas! Sim, Esaú, também não era santinho, mas Jacó nos causa muito mais indignação do que Esaú. Deus, no entanto, escolheu, graciosa e pacientemente, Jacó, e não Esaú! Deus amou Jacó, mas rejeitou Esaú (Ml 1.2-3). Por quê? Graça! Graça e paciência.
“Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Quanto mais indigno é o indivíduo, mais a graça de Deus é glorificada.
Veja o nosso patriarca: apesar da desobediência e da maldade de Jacó, apesar de tanta incredulidade e de todas as suas maracutaias, apesar de seus fracassos repetidos — Deus ainda lidava com ele com paciente misericórdia: (Gn 35.9-13):
9Agora que Jacó havia regressado de Padã-Arã, Deus lhe apareceu outra vez em Betel e o abençoou: 10“Seu nome é Jacó, mas você não se chamará mais Jacó. De agora em diante, seu nome será Israel”. Assim, Deus deu a ele o nome de Israel. 11Deus também lhe disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Seja fértil e multiplique-se. Você se tornará uma grande nação, até mesmo muitas nações. Haverá reis entre seus descendentes. 12Eu lhe darei a terra que dei a Abraão e Isaque. Sim, eu a darei a você e a seus descendentes”. 13Em seguida, Deus se elevou do lugar onde havia falado a Jacó.
Quão incomparável é a paciência de Deus! Quão infinita é tolerância do Senhor! Quão incomparáveis são a graça e a bondade do Deus de Jacó!
Jacó é um caso padrão.
A menos que nossos olhos estejam cegos, não podemos deixar de enxergar na triste história do velho patriarca uma descrição fiel de nossos próprios personagens. Nossa experiência é muito parecida com a dele. O coração maligno da incredulidade habita em nós e, com muita frequência, regula a vida da gente.
Como Jacó, estamos sempre planejando e esquematizando, e depois pedindo a bênção de Deus sobre nossos desejos adúlteros. Mesmo assim, como aconteceu com Jacó, Deus um dia apareceu a nós em Cristo e, desde então, vem retornando a nós repetidamente, animando-nos com promessas da Palavra, livrando-nos das mãos do inimigo, guiando-nos pelo Espírito, protegendo-nos com anjos… e ainda assim continuamos fracassando e desonrando o nome do SENHOR.
Somos lentos para aprender. Tardos de coração. Novas crises invariavelmente resultam em novas falhas, de novo e de novo. Mas bendito seja o nome do SENHOR! O Deus de Jacó é o nosso Deus, é o nosso refúgio: conduz-nos com paciência infinita; resiste à nossa estupidez com tolerância maravilhosa; nunca nos deixa nem nos abandona; está conosco e ficará até o fim. Feliz, três vezes feliz, aqueles que podem dizer: “O Deus de Jacó é o nosso refúgio!”.
A palavra do autor de Hebreus, no entanto, é bastante oportuna. Ouça:
Hb 3.12-15 | 12Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo. 13Advirtam uns aos outros todos os dias, enquanto ainda é “hoje”, para que nenhum de vocês seja enganado pelo pecado e fique endurecido. 14Porque nos tornaremos participantes de Cristo, se de fato mantivermos firme até o fim a confiança que nele depositamos no início. 15Lembrem-se do que foi dito: “Hoje, se ouvirem sua voz, não endureçam o coração como eles fizeram na rebelião”.
Sim, o Deus de Jacó é paciente. Mas a paciência de Deus tem limite. Portanto, “Hoje, se ouvirem sua voz, não endureçam o coração como eles fizeram na rebelião”. Persistir no pecado em face da misericórdia e paciência de Deus é sinal de incredulidade. Cuidado!
Hebreus, na sequência do texto que lemos, diz assim (Hb 3.16-19):
16E quem foram os que se rebelaram mesmo depois de terem ouvido? Não foram aqueles que saíram do Egito conduzidos por Moisés? 17E quem deixou Deus irado durante quarenta anos? Não foi o povo que pecou e cujos corpos ficaram no deserto? 18E a quem Deus se dirigiu quando jurou que jamais entrariam em seu descanso? Não foi ao povo que lhe desobedeceu? 19Vemos, portanto, que não puderam entrar no descanso por causa de sua incredulidade.
A paciência de Deus existe para salvar e santificar o povo dele pela graça, por meio da fé na vida e obra de Cristo. Agora, persistir ad aeternum no pecado já é outra história. É incredulidade. Rebelião. É o fim da linha no caminho para a perdição. Portanto, “Hoje, se ouvirem sua voz, não endureçam o coração como eles fizeram na rebelião”.
Se essa é a sua situação hoje, aqui e agora, crente — incredulidade, persistência no pecado, rebelião à palavra de Deus —, peço a você que ouça o Espírito Santo falando neste texto. Preste atenção às verdade que tens ouvido de Deus (Hb 2.1). Não endureça seu coração (Hb 3.8). Acorde do engano do pecado (Hb 3.13). Considere Jesus Cristo, o Apóstolo e Sumo Sacerdote de nossa confissão (Hb 3.1). E mantenha firme a sua confiança, fé e coragem na gloriosa esperança em Deus (Hb 3.6).
E se você ainda não começou a trilhar a jornada de fé com Deus, então coloque sua esperança nele: no Filho Jesus Cristo, na vida e obra de Jesus Cristo. Afaste-se do pecado e da autoconfiança e confie no grande Salvador. Arrependa-se e creia. Essas coisas estão escritas (e esse sermão foi pregado) para que você creia, persevere e tenha vida eterna.
Minha oração é que a paciência de Deus lhe traga ao arrependimento e à fé salvadora em Jesus Cristo (Rm 2.4). Afinal (Rm 2.5-8),
5[…] por causa de seu coração rebelde, você se recusa a abandonar o pecado, acumulando ira sobre si mesmo. Pois o dia da ira se aproxima, quando o justo juízo de Deus se revelará. 6Ele julgará cada um de acordo com seus atos. 7Dará vida eterna àqueles que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. 8Mas derramará ira e indignação sobre os que vivem para si mesmos, que se recusam a obedecer à verdade e preferem entregar-se a uma vida de perversidade.
Arrependa-se e creia. Essas coisas estão escritas (e esse sermão foi pregado) para que você creia, persevere e tenha vida eterna.
S.D.G. L.B.Peixoto
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