04.03.2018
O BATISMO CRISTÃO [PAR. 2]
Mateus 28.18-19
18Jesus se aproximou deles e disse: “Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada. 19Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
As ordenanças da igreja
Semana passada, demos início a uma série de mensagens sobre as ordenanças da igreja: o batismo e a ceia do Senhor. Como crentes, nós precisamos não apenas entender biblicamente porque nós praticamos com regularidade cada um desses ritos sagrados ou sacramentos, mas também nos alegrar em deles participar.
Jesus Cristo, com toda a autoridade que lhe foi dada pelo Pai (Mt 28.18), ordenou-nos, conforme já lemos, que fossemos e fizéssemos “discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Também recebemos do próprio Senhor Jesus a ordem para comermos o pão e bebermos o cálice, na ceia do Senhor, em memória de sua morte e testemunho de sua obra redentora, até que ele venha (Lc 22.19-20 e 1Co 11.23-25).
O que cremos sobre batismo
Nossa igreja adota a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (DD-CBB); no artigo 9o nós lemos o que segue:
O batismo e a ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja, estabelecidas pelo próprio Jesus Cristo, sendo ambas de natureza simbólica. O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal. Simboliza a morte e sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e também prenúncio da ressurreição dos remidos. O batismo, que é condição para ser membro de uma igreja, deve ser ministrado sob a invocação do nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Estamos abordando este tema da seguinte forma: quebrando este artigo de fé em algumas partes, buscando responder às seguintes perguntas: O que é batismo? Quem deve ser batizado? E o batismo infantil? Por que o batismo é condição para ser membro da igreja? Quando “batismo” não é batismo? Como nós devemos praticar o batismo? Etc.
1. João Batista é o precursor do batismo
Semana passada nós verificamos que a origem do batismo pode ser atribuída à prática de João Batista, precursor de Jesus Cristo no Novo Testamento (Mt 3.3). João Batista começou a batizar, Jesus Cristo (por intermédio de seus discípulos, já que ele mesmo não batizava — Jo 4.1-2) continuou batizando (Jo 3.22) e, depois, o Senhor mesmo ordenou à igreja que prosseguisse com a prática do batismo (Mt 28.18-19).
O batismo de João Batista era o novo sinal de pertencimento ao verdadeiro povo de Deus (a igreja); ou seja: já não é mais o fato de se ser judeu, pertencer-se a uma família da aliança ou ser circuncidado (ou batizado); não é mais circuncisão, mas batismo seguido de arrependimento pessoal e fé individual (Mt 3.9-11). Em outras palavras, batismo não substitui circuncisão, no sentido de sinalizar o pertencimento a alguma família ou promessa; batismo sinaliza que houve arrependimento e fé no Messias (At 2.37-38).
João Batista é o precursor do batismo mediante arrependimento e fé em Jesus, foi isso o que nós vimos na semana passada. Vimos também…
2. Batismo é uma ordenança do Senhor
Batismo é uma ordenança praticada pela igreja em obediência a uma ordenança do Senhor. A igreja reunida examina e emite parecer público, ligando na terra o que já foi ligado no céu (Mt 16.19; 18.18-20) e que ficou comprovado pela profissão de fé (At 11.17-18); a igreja coloca um sinal público (batismo) sobre quem experimentou essa realidade espiritual (novo nascimento, seguido de arrependimento pelo pecado e fé em Cristo).
Portanto, no batismo, uma igreja reunida reconhece e atesta a profissão de fé de um crente em Jesus Cristo, cumprindo assim uma ordenança de Jesus Cristo. Seguindo…
3. Batismo é por imersão
A DD-CBB diz que “O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal”. Esta era a prática realizada no Novo Testamento: a pessoa batizada era imersa ou posta completamente dentro da água e em seguida retirada.
Batismo “por imersão”, como modo ou forma pela qual o batismo era realizado no Novo Testamento, se evidencia, principalmente, pelas seguintes razões:
36Prosseguindo, chegaram a um lugar onde havia água. Então o eunuco disse: “Veja, aqui tem água! O que me impede de ser batizado?”. 37Filipe disse: “Nada o impede, se você crê de todo o coração”. O eunuco respondeu: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. 38Então mandou parar a carruagem, os dois desceram até a água e Filipe o batizou. 39Quando saíram da água, […]
O batismo por imersão, portanto, encaixa-se no que encontramos em todo o Novo Testamento. Até mesmo reformadores, como Lutero e Calvino, por exemplo, concordaram com esta interpretação para a forma do batismo (imersão). Lutero, por exemplo, em Do Cativeiro Babilônico (1520), falando sobre “O Sacramento do Batismo”, documentou que
o batismo é sinal, ou sacramento, […] imersão em água, do que se deriva o nome, pois o grego ‘baptizō’ significa “eu mergulho”, e ‘baptisma’ significa “imersão”. Pois, como já foi dito, junto com as promessas divinas, também foram dados sinais para retratarem o que as palavras significam, ou, como agora dizem, o que o sacramento “efetivamente significa”. […]
Por conseguinte, é correto dizer que o batismo é uma lavagem dos pecados [lavagem regeneradora — Tt 3.5], mas a expressão é muito leve e fraca para carregar todo o significado do batismo, que é mais um símbolo da morte e da ressurreição. Por esta razão, eu colocaria aqueles que devem ser batizados completamente imersos na água, como a palavra diz e como o mistério indica. Não porque eu considere isso necessário, mas porque seria bom dar a uma coisa tão perfeita e plena um sinal que também é pleno e perfeito, tal como Cristo, sem dúvida, o instituiu.
João Calvino, por sua vez, comentando o texto de João 3.23, documentou algo, no mínimo, curioso. O apóstolo João, no seu evangelho, escreveu assim (Jo 3.23):
Nessa época, João [Batista] também batizava em Enom, perto de Salim, pois havia ali bastante água, e o povo ia até ele para ser batizado.
O reformador de Genebra comentou como segue:
A partir dessas palavras, podemos inferir que João e Cristo administraram o batismo ao mergulhar todo o corpo debaixo da água, embora não devamos nos inquietar muito sobre o rito externo, desde que concorde com a verdade espiritual e com a designação e a regra do Senhor.
Por isso, afirmamos que“o batismo [é uma ordenança] da igreja estabelecida pelo próprio Jesus Cristo, […] de natureza simbólica. O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal”.
Com certeza algumas perguntas práticas são sempre levantadas; por exemplo: batizar por imersão não é prático; pessoas fisicamente impossibilitadas; etc. Falaremos sobre essas e outras questões práticas quando terminarmos as exposições teóricas do assunto, no final desta série. Prossigamos.
4. Batismo simboliza a união do crente com Cristo
A DD-CBB continua: “[O batismo] simboliza a morte e sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma nova vida em identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e também prenúncio da ressurreição dos remidos”. Não é o batismo que nos une a Cristo; o rito tão somente simboliza que, pela graça e por meio da fé, nós nos unimos a ele para a nossa salvação e vitória sobre o pecado. Batismo apenas simboliza esta união. Observe, cuidadosamente, o que Paulo escreveu aos Colossenses (2.12):
No batismo, vocês foram sepultados com Cristo e, com ele, foram ressuscitados para a nova vida por meio da fé no grande poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos.
O batismo é o drama da nossa tão grande e poderosa salvação. Isto é, quando o candidato ao batismo desce às águas, vemos uma figura do descer à sepultura e do sepultamento. O sair das águas é uma figura da ressurreição com Cristo em poder para que se ande em novidade de vida. Assim, o batismo representa muito claramente a morte do velho modo de viver e o ressuscitar para um novo tipo de vida pela fé em Cristo Jesus.
Paulo foi genial, quando, combatendo a imoralidade de cristãos, chamou-os à reflexão a respeito da fé que eles professaram em Cristo através do batismo (Rm 6.1-4):
1Pois bem, devemos continuar pecando para que Deus mostre cada vez mais sua graça? 2Claro que não! Uma vez que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?3Ou acaso se esqueceram de que, quando fomos unidos a Cristo Jesus no batismo, nos unimos a ele em sua morte? 4Pois, pelo batismo, morremos e fomos sepultados com Cristo. E, assim como ele foi ressuscitado dos mortos pelo poder glorioso do Pai, agora nós também podemos viver uma nova vida.
Portanto, quando fomos batizados ou quando nós (igreja) batizamos, é a nossa união poderosa e vitoriosa com Cristo que estamos anunciando ao mundo.
5. Batismo é para quem já creu em Jesus Cristo como Salvador
Como expressão pública de fé, o batismo (ou imersão em água) é apenas para aqueles que já creram; daí o que se lê na DD-CBB: “O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal.”. Logo, não é algo a que possam ser submetidos aqueles que ainda não creram. É por isso que não batizamos bebês, por exemplo. Batizamos crentes “após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal.”; afinal, conforme já estudamos, batismo não é sinal de aliança, mas de união com Cristo, fruto de novo nascimento, comprovado por arrependimento e fé; batismo é profissão de fé.
Das diversas passagens que poderíamos citar, uma das mais importantes é a de Colossenses (2.11-12):
11Em Cristo vocês foram circuncidados, mas não por uma operação física, e sim espiritual, na qual foi removido o domínio de sua natureza humana. 12No batismo, vocês foram sepultados com Cristo e, com ele, foram ressuscitados para a nova vida por meio da fé no grande poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos.
Paulo, ao dizer que em Cristo nós fomos circuncidados, está dizendo que na conversão ou no novo nascimento (regeneração do Espírito e “não por uma operação física”) Deus, por causa da obra de Cristo e por meio de nossa fé, arrancou de nós o domínio da natureza do pecado; e no batismo, nós professamos nossa união em Cristo pela fé — que nos salvou da ira de Deus, está nos salvados do poder do pecado e nos salvará da condenação eterna.
Batismo, portanto, é imersão do crente em água, “após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal.”.
O batismo é a profissão de fé do crente
Pois bem, hoje nós vimos, basicamente, o que é batismo e quem deve ser batizado. Deus permitindo, na próxima mensagem buscaremos responder às seguintes perguntas: E o batismo infantil? Por que o batismo é condição para ser membro da igreja? Por que ele deve ser ministrado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Quando “batismo” não é batismo? Como nós devemos praticar o batismo?
Por ora, vamos resumir e chegar a algumas conclusões.
O batismo representa o que nos aconteceu quando nós nos tornamos cristãos, ou seja: fomos unidos a Cristo pela fé; sua morte se tornou nossa morte; morremos e com ele nós fomos sepultados; mas, no mesmo instante, sua vida se tornou nossa vida; agora, pela fé, vivemos a vida de Cristo em nós, aguardando a nossa redenção final, quando Cristo virá nos buscar para o céu.
Como nós devemos nos gloriar naquilo que representa o nosso batismo!
Falta-lhe crer? Arrependa-se e creia. Depois, professe sua fé pelo batismo.
Já creu? Junte-se a nós pelo batismo. O batismo é o rito de iniciação da igreja.
Perguntas para compartilhamento em PGMs
Leia Romanos 6.1-4 e Colossenses 2.11-12. Responda:
S.D.G. L.B.Peixoto
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