• Home
  • Home
  • A Igreja
  • Para Você
  • Sermões
  • Podcasts
  • Artigos
  • Contribuição
  • Fale Conosco
  • Assistir Vídeo
  • Baixar Esboço em PDF
  • Baixar Áudio MP3

09.02.2025

Expiação

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Levítico: Santidade ao Senhor
  • Livro: Levítico

[Nesta ocasião, examinaremos Levítico 16. Para começarmos, convido vocês a lerem comigo o seguinte texto:]

Levítico 16.34 (NVT)
34Essa é uma lei permanente para vocês, para que se faça expiação pelos pecados dos israelitas uma vez por ano”.
Moisés seguiu todas essas instruções exatamente conforme o Senhor havia ordenado.

O Dia Mais Especial do Ano

“Titíi Ciano” — era assim que eu chamava meu tio Luciano, o irmão caçula da mãezinha. O dia 1º de fevereiro era especial: seu aniversário. Se estivesse vivo este ano, completaria 62 anos. Nascido em 1963, era dez anos mais velho do que eu.

Luciano tinha síndrome de Down, e a convivência entre nós exigiu um período de adaptação. Talvez em razão de sua condição, ele era infantil demais e, até que eu crescesse para compreender isso, houve muitas travessuras, provocações e, não raro, algumas brigas. Mas eu cresci — e aprendi a amá-lo.

Amava tanto que, ao voltar da lua de mel com a Cris, minha esposa, fui direto à casa de mãezinha, que era vizinha de muro do meu avô, com quem “Titíi Ciano” morava. E sabe o que fiz? Pense bem… Na primeira noite no novo lar, como recém-casado, quis levar “Titíi Ciano” comigo — e ele foi, acredita? Aliás, já estava de malas prontas, só esperando eu chegar da lua de mel! Nem preciso dizer o quanto magoei minha doce Cris, já na nossa primeira noite juntos!

Eu amava o “Titíi Ciano”!

Uma das coisas mais contagiantes nele era o imenso valor que dava ao próprio aniversário. Ou melhor, ao mês inteiro de seu aniversário. Passava o ano todo arrancando as folhinhas do calendário — daquele tipo em que cada dia tem uma folha destacável. Ao acordar, a primeira coisa que fazia era retirar a folhinha do dia. Assim, por exemplo, se hoje fosse 9 de fevereiro, ele arrancaria a do dia 9 e, imediatamente, no calendário já seria dia 10. Tudo isso por pura pressa, ansiedade pela chegada de fevereiro.

Quando janeiro começava — ou melhor, já no dia 31 de dezembro (afinal, ele arrancava a folhinha do dia para deixar à mostra a do seguinte, lembra?) —, ele se transformava. “Ianto,” — era assim que me chamava — “ó, tá chegando os ano meu, viu!” E, no grande dia, vestia sua melhor roupa, passava perfume e celebrava como se fosse a data mais importante do mundo. Para ele, era.

Luciano — Luciano, não, Adão Luciano! — era irmão de Eva, a do meio, e de Cleude Lúcia, minha mãe, a mais velha. Sim, esses eram mesmo os nomes: Cleude Lúcia, Eva e Adão Luciano. Olhando agora, parece que minha mãe foi deixada fora do Paraíso! Que situação!

Aliás, o nome de batismo de minha mãe era, originalmente, Creidez ou Creudez Lúcia — nunca soube ao certo. Foi ela mesma quem, mais tarde, decidiu mudar para Cleude Lúcia. De novo, que situação!

Pois bem, certa vez, tia Eva mandou fazer um bolo especial. Afinal, não podia faltar bolo, docinhos, salgadinhos, refrigerante e, claro, muita dança — ele adorava dançar! Presentes também, é claro!

Reunimo-nos ao redor da mesa para cantar os parabéns e, para sua surpresa, no topo do bolo havia uma foto comestível de seu rosto. Meu Deus! Para quê? Na hora de cortar o bolo, ele entrou em desespero. “Pode não! Pode comer eu não! Pode comer Ciano não!” — dizia, com raiva, sem deixar ninguém tocar no bolo. Foi uma confusão!

A alegria do “Titíi Ciano” pelo dia de seu aniversário me marcou profundamente. Para ele, era mais importante do que o Natal, a Páscoa ou o Ano-Novo. Era a data mais importante da vida.

E para você, qual é o dia mais especial do ano?

Para Israel, na antiga aliança, o dia mais especial do ano era o Dia da Expiação.

Mas por quê?

O Sacrifício Abrangente

Uma questão persistia no sistema sacrificial de Israel. O povo possuía os padrões fundamentais de sua aliança: tinha a Lei (cf. Êx 19–24); tinha um local para adorar (o tabernáculo; cf. Êx 40.34-38) e sacerdotes para conduzir essa adoração (cf. Lv 8–10). Seus pecados eram perdoados por meio de um conjunto de sacrifícios (cf. Lv 1–7), e eles sabiam quais circunstâncias específicas os tornavam “impuros” (cf. Lv 11–15). Mas o que acontecia se falhassem em oferecer os sacrifícios apropriados quando pecavam? Havia alguma forma de renovarem seu relacionamento com Deus?

É aqui que entra o Dia da Expiação: o dia do sacrifício mais abrangente.

Uma vez por ano, Arão oferecia sacrifícios para purificar os sacerdotes, o tabernáculo e o povo (Lv 16.14–33). Então, Deus perdoava todos os pecados cometidos no ano anterior (Lv 16.21–22). Essa cerimônia ocorria em quatro etapas.

Primeiro, enquanto os adoradores permaneciam do lado de fora do tabernáculo, Arão oferecia uma “oferta pelo pecado para fazer expiação por si mesmo e por sua família”  (Lv 16.6). Em seguida, sacrificava um bode como oferta pelo pecado do povo (Lv 16.15). Depois, aspergia um pouco do sangue do novilho e do bode para purificar cerimonialmente a área de adoração (Lv 16.18-19). Por fim, impunha as mãos sobre a cabeça de um bode vivo e confessava os pecados do povo, transferindo-os para o animal, que era então enviado para o deserto, para bem longe (Lv 16.20-22).

Israel devia observar esse ritual anualmente para serem “purificá-los, e vocês serão purificados de todos os seus pecados na presença do SENHOR.” (Lv 16.30). Independentemente da natureza de suas transgressões, Deus perdoava o povo (Lv 16.29-34).

Alguns comentaristas consideram o capítulo 16 de Levítico o ponto central do livro. Os capítulos 1–15 apresentam as leis sobre sacrifícios, sacerdotes e pureza, enquanto os capítulos 17–27 tratam da vida santa que Deus exigia de seu povo. Nos primeiros quinze capítulos, vemos a maneira de adorar e andar diante de Deus; nos capítulos 17–27, encontram-se os padrões de santidade, ou seja, a santidade daqueles que adoram e andam diante do SENHOR. O capítulo 16, situado no centro dessas duas seções, descreve o dia mais sagrado do ano para o povo da antiga aliança.

Levítico 23 refere-se a esse dia como yom ha kippurim (dia da expiação):
26O Senhor disse a Moisés: 27“Comemorem o Dia [yom] da [ha] Expiação [ no décimo dia do mesmo sétimo mês. Celebrem-no como uma reunião sagrada, um dia para se humilharem* e apresentarem ofertas especiais para o Senhor.

Hoje, essa celebração é chamada de “Yom Kippur” ou “Dia da Expiação”.

O santuário interno da religião da antiga aliança era o lugar santíssimo, ou Santo dos Santos, localizado no tabernáculo (cf. Êx 26.30-33) e, posteriormente, no templo em Jerusalém (cf. 1Rs 6.14-22). Somente o sumo sacerdote podia entrar nesse espaço, e ele o fazia apenas no Dia da Expiação. Nesse dia, a pessoa mais sagrada entrava no lugar mais sagrado e realizava os rituais de adoração mais sagrados.

As cerimônias do Dia da Expiação também são as mais importantes do Antigo Testamento para os cristãos do Novo Testamento, pois explicam e ilustram, com clareza inigualável, o ato central e definitivo da graça expiatória de Deus: a morte de Jesus — o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1.29) — pelos nossos pecados.

Quais são as principais verdades que Deus comunicou em Levítico 16 e por meio do Dia da Expiação?

Antes de explorarmos as aplicações que podemos fazer, será muito útil visualizarmos o panorama geral desse capítulo.

O tema

Levítico 16 trata do Dia da Expiação, a provisão divina para a remoção anual e eficaz da impureza e da culpa de Israel por meio de um sacrifício substitutivo (ou vicário).

As partes

Levítico 16 pode ser dividido em quatro partes principais:

  1. Requisitos: 16.1-10. Os requisitos para o Dia da Expiação incluíam o tempo determinado, os sacrifícios corretos e os trajes apropriados para o sumo sacerdote.
  2. Ritual: 16.11-22. O ritual do Dia da Expiação exigia expiação pelo representante sacerdotal, pelo recinto sagrado e pela rede de fiéis da nação.
  3. Rededicação: 16.23-28. O ritual do Dia da Expiação demandava a rededicação do sumo sacerdote e da nação, simbolizada pelo sacrifício.
  4. Resumo: 16.29-34. O ritual do Dia da Expiação é resumido, e sua razão e relevância são esclarecidas.

O detalhamento

O detalhamento de Levítico 16 pode ser apresentado como segue:

I.  Requisitos: versículos 1-10

  • Arão, sob pena de morte, só podia comparecer no tempo indicado por Deus:

Levítico 16.1-2 (NVT) 1 SENHOR falou com Moisés depois que os dois filhos de Arão morreram ao entrar na presença do SENHOR. 2Disse o SENHOR a Moisés: “Avise seu irmão Arão que não entre quando bem entender no lugar santíssimo, atrás da cortina interna; se o fizer, morrerá. Ali fica a tampa da arca, o lugar de expiação, e eu mesmo estou presente na nuvem sobre a tampa da arca.

Levítico 16.29-30 (NVT) 29No décimo dia do sétimo mês, vocês se humilharão. Nem os israelitas de nascimento nem os estrangeiros que vivem entre vocês farão qualquer tipo de trabalho. Essa é uma lei permanente para vocês. 30Nesse dia, serão apresentadas ofertas de expiação por vocês, a fim de purificá-los, e vocês serão purificados de todos os seus pecados na presença do SENHOR.

  • Arão precisava trazer sacrifícios expiatórios e dedicatórios por si mesmo e deveria usar as vestes sagradas de linho branco:

Levítico 16.3-4 (NVT) 3Quando Arão entrar no santuário, seguirá todas estas instruções. Levará um novilho para oferta pelo pecado e um carneiro para holocausto. 4Vestirá a túnica sagrada de linho e a roupa de baixo de linho, diretamente sobre a pele. Amarrará na cintura o cinturão de linho e colocará na cabeça o turbante de linho. As roupas são sagradas, de modo que ele deverá se banhar com água antes de vesti-las.

  • Arão precisava trazer sacrifícios expiatórios e dedicatórios pelo povo:

Levítico 16.5 (NVT) 5Arão receberá da comunidade de Israel dois bodes para uma oferta pelo pecado e um carneiro para um holocausto.

  • Arão precisava primeiro oferecer expiação por si mesmo e sua família:

Levítico 16.6 (NVT) 6Arão apresentará seu próprio novilho como oferta pelo pecado para fazer expiação por si mesmo e por sua família.

  • Arão deveria selecionar os animais para a oferta pelo pecado em favor do povo:

Levítico 16.7-10 (NVT) 7Em seguida, pegará os dois bodes e os apresentará ao SENHOR à entrada da tenda do encontro. 8Depois, fará um sorteio para determinar qual bode será separado como oferta para o SENHOR [bode expiatório] e qual levará os pecados do povo para o deserto de Azazel [bode emissário]. 9Então Arão apresentará ao SENHOR o bode escolhido por sorteio e o sacrificará como oferta pelo pecado. 10O outro animal, o bode escolhido por sorteio para ser enviado para o deserto, será apresentado vivo diante do SENHOR. Ao ser enviado para Azazel no deserto, servirá para fazer expiação pelo povo.

Há um amplo debate sobre a interpretação do termo “bode emissário” (ʿăzāʾzēl em hebraico). Quatro explicações principais têm sido propostas.

  1. A primeira posição argumenta que a palavra ăzāʾzēl descreve a função do bode. Essa visão é sustentada pela etimologia do termo: a raiz ʾzl, que significa “ir embora”, e ʿz, que significa “bode”, formando assim a ideia de “o bode que parte”. Dessa combinação surgiu a tradicional tradução “bode emissário”, introduzida por João Ferreira de Almeida. Essa interpretação é apoiada tanto pela Septuaginta (ἀποπομπαῖος ou apopompaios, que significa “aquele que é levado para longe”) quanto pela Vulgata Latina (capro emissario).
  2. A segunda posição entende ʿăzāʾzēl como um substantivo abstrato que significa “remoção total”. O nome se referiria especificamente ao conceito teológico de que o bode, ao ser enviado ao deserto sem jamais ser visto novamente, simbolizava a remoção completa do pecado.
  3. A terceira posição, amplamente aceita na tradição judaica, interpreta ʿăzāʾzēl como uma referência ao local para onde o bode era enviado. Os defensores dessa visão frequentemente argumentam que a primeira parte da palavra ʿăzāʾzēl deriva da raiz ʿzz, que significa “forte, feroz”, provavelmente descrevendo o terreno do destino do bode.
  4. A quarta posição considera ʿăzāʾzēl uma referência a um demônio no deserto. Essa visão tem ganhado popularidade recentemente e é apoiada pela menção de um demônio chamado ʿăzāʾzēl na obra intertestamentária de 1Enoque. No entanto, não há qualquer indício nas Escrituras que indique que Satanás ou seus demônios desempenham uma função expiatória. Ao contrário, tal doutrina seria um sacrilégio com a obra de Cristo.

Dentre essas interpretações, as posições um (descreve a função do bode: bode emissário) e três (uma referência ao local para onde o bode era enviado) parecem ter o maior respaldo. Entre elas, o contexto favorece a terceira posição. Nota-se um paralelo em Levítico 16.8 e, mais significativamente, a expressão hammidbārâ (“para o deserto”, Lv 16.10), que parece funcionar como uma explicação em aposição a ʿăzāʾzēl — ARC: “(ARC) enviá-lo ao deserto como bode emissário.” NVT: “Ao ser enviado para Azazel no deserto, servirá para fazer expiação pelo povo.”

Independentemente do significado exato do termo, o sentido geral da passagem é claro: o envio do bode simbolizava que os pecados dos israelitas haviam sido removidos para nunca mais recair sobre eles.

Entretanto, na doutrina adventista do sétimo dia, a interpretação do bode emissário e do bode expiatório em Levítico 16 tem uma diferença significativa em relação à teologia protestante e reformada tradicional. Essa diferença está particularmente ligada à escatologia e à doutrina do juízo investigativo adventista.

Na interpretação adventista,

  • O bode expiatório representa Cristo e seu sacrifício pelos pecados do povo. Isso é comum à interpretação protestante e reformada.
  • O bode emissário (Azazel), contudo, não é visto como um tipo de Cristo, mas como um símbolo de Satanás.
    • Na visão adventista, Satanás carrega a culpa final pelos pecados que ele induziu o povo de Deus a cometer.
    • No juízo final, Satanás é responsabilizado e sofre a consequência dos pecados que ele ajudou a propagar, sendo lançado no deserto da destruição final.
    • Assim, o bode emissário não expia os pecados, mas representa o destino de Satanás após a obra expiatória de Cristo.
  • Esse entendimento está ligado à doutrina adventista do juízo investigativo, que, com base em interpretação deturpada Daniel 8.14, ensina que a obra de Cristo não se completou na cruz, mas teve uma fase posterior no santuário celestial, a partir de 22 de outubro 1844. Eles acreditam que essa purificação do santuário (aludida em Dn 8.14) refere-se a um evento celestial, onde Cristo começou a examinar os registros dos crentes para determinar quem será salvo. Esse julgamento não é para Deus descobrir algo (pois ele já sabe todas as coisas), mas para demonstrar à criação que Deus é justo ao salvar uns e condenar outros. Portanto, para os adventistas, a cruz foi fundamental, mas o perdão dos pecados depende também desse julgamento celestial.

Já a interpretação cristão tradicional explica que

  • Tanto o bode expiatório (sacrificado) quanto o bode emissário (solto no deserto) são compreendidos como tipos de Cristo.
  • O primeiro bode representa a expiação feita por meio do sangue de Cristo, que é sacrificado pelos pecados do povo.
  • O segundo bode (Azazel), enviado ao deserto, simboliza o afastamento total da culpa e da contaminação do pecado pelo sacrifício de Cristo.
  • O rito, portanto, é visto como um quadro da obra completa da redenção realizada na cruz.

A diferença principal é que os adventistas veem o bode emissário como um símbolo de Satanás recebendo a justa retribuição pelos pecados que ele ajudou a espalhar, enquanto os cristãos, tradicionalmente, veem ambos os bodes apontando para Cristo e sua obra expiatória — e se sustentam, entre outros, neste texto: Isaías 53.6 (NVT), o qual diz que “Todos nós nos desviamos como ovelhas; deixamos os caminhos de Deus para seguir os nossos caminhos. E, no entanto, o SENHOR fez cair sobre ele [Cristo, nosso bode expiatório e emissário] os pecados de todos nós.”

Portanto,

  • O bode expiatório e o bode emissário apontam para Cristo (cf. Is 53.6).
  • Satanás jamais participou da expiação (cf. Jo 1.29; Hb 9.12; 1Jo 2.2).
  • A obra expiatória foi completa na cruz (cf. Jo 19.30; Hb 10.12-14).
  • “Juízo investigativo” não é uma doutrina bíblica. A doutrina do juízo investigativo foi implantada pelos fundadores do movimento adventista do sétimo dia, especialmente Ellen G. White, James White, Joseph Bates e outros pioneiros do adventismo. No entanto, a ideia começou com William Miller, um pregador batista que liderou o movimento millerita nos anos 1830 e 1840.

Pois bem, retornando a Levítico 16, vimos nos versículos 1–10 os requisitos para o Dia da Expiação, que incluíam o tempo determinado, os sacrifícios corretos e os trajes apropriados para o sumo sacerdote.

Prossigamos…

II.  Ritual: versículos 11-22

  • Arão apresentaria uma oferta pelo pecado — um novilho — por si mesmo e por sua família, aspergindo o sangue dessa oferta diante do propiciatório (a tampa da arca) no Santo dos Santos ou lugar santíssimo (vs. 11-14).
  • Arão apresentaria uma oferta pelo pecado — um bode — pela nação, aspergindo o sangue diante do propiciatório no Santo dos Santos (vs. 15-17).
  • Arão ofereceria expiação pelo altar, esfregando o sangue do novilho e do bode sobre suas pontas e aspergindo o sangue sete vezes sobre ele (vs. 18-19).
  • Arão faria confissão pelos pecados da nação enquanto impunha as mãos sobre o bode emissário (Azazel). Em seguida, enviaria o animal para o deserto, simbolizando a remoção dos pecados de Israel (vs. 20-22).

III.  Rededicação: versículos 23-28

  • Arão precisaria purificar-se e trocar as roupas usadas no lugar santíssimo por outras vestimentas (vs. 23-24).
  • Arão precisaria oferecer os holocaustos por si mesmo e pela nação (v. 25).
  • O homem que conduzira o bode emissário ao deserto precisaria ser purificado (v. 26).
  • O restante das ofertas pelo pecado precisaria ser descartado, e aquele que as transportasse também precisaria ser purificado (vs. 27-28).

III.  Resumo: versículos 29-34

29“No décimo dia do sétimo mês [esse dia caía em setembro ou outubro], vocês se humilharão. Nem os israelitas de nascimento nem os estrangeiros que vivem entre vocês farão qualquer tipo de trabalho. Essa é uma lei permanente para vocês. 30Nesse dia, serão apresentadas ofertas de expiação por vocês, a fim de purificá-los, e vocês serão purificados de todos os seus pecados na presença do Senhor. 31Será um sábado de descanso absoluto, no qual se humilharão. Essa é uma lei permanente para vocês. 32Nas gerações futuras, a cerimônia de expiação será realizada pelo sacerdote ungido e consagrado para servir como sacerdote no lugar de seu antepassado Arão. Ele vestirá as roupas sagradas de linho 33e fará expiação pelo lugar santíssimo, pela tenda do encontro, pelo altar, pelos sacerdotes e por toda a comunidade. 34Essa é uma lei permanente para vocês, para que se faça expiação pelos pecados dos israelitas uma vez por ano”.

Moisés seguiu todas essas instruções exatamente conforme o Senhor havia ordenado.

O Dia do Calvário

Os rituais desse grande dia — o Dia da Expiação — proporcionavam expiação para Israel, mas não porque os sacrifícios em si fossem adequados — pois não eram. Eram apenas sombras da realidade que haveria de vir. No entanto, esses rituais eram eficazes para Israel porque, ao realizá-los, o povo demonstrava uma fé obediente na palavra de Deus e, sem saber, antecipava a obra de Cristo.

Nas palavras de João Calvino: “Se alguém perguntar se os pecados dos pais foram perdoados sob a Lei, devemos afirmar […] que foram perdoados, mas perdoados pela misericórdia de Cristo.”

Os rituais do Dia da Expiação apontavam para aquele que viria como o perfeito Sumo Sacerdote, que ofereceria uma oferta pelo pecado perfeita por meio de sua morte, que, por sua vida, se tornaria uma oferta queimada perfeita e que seria o verdadeiro bode expiatório, levando sobre si o pecado do mundo.

O estatuto perpétuo que Israel foi ordenado a observar anualmente deixaria de ser necessário quando o Dia da Expiação se transformasse no Dia do Calvário.

A superioridade da obra de Cristo — a superioridade do Calvário — é evidenciada tanto por meio de comparações quanto por meio de contrastes.

A Superioridade Demonstrada por Meio da Comparação

Por comparação, o sangue de Jesus Cristo foi derramado como um “sacrifício de propiciação” (Rm 3.25, ARA), assim como a oferta pelo pecado, restaurando a comunhão daqueles que estavam afastados de Deus. Assim como o bode expiatório, Jesus carregou sobre si o peso dos nossos pecados. Nas palavras de Paulo: “Deus fez de Cristo, aquele que nunca pecou, a oferta por nosso pecado, para que por meio dele fôssemos declarados justos diante de Deus” (2Co 5.21).

Nas palavras de Pedro: “Ele mesmo carregou nossos pecados em seu corpo na cruz, a fim de que morrêssemos para o pecado e vivêssemos para a justiça; por suas feridas somos curados.” (1Pe 2.24).

E ao levar sobre si a culpa do nosso pecado, Cristo o removeu para longe: “ Cristo foi oferecido como sacrifício uma só vez para tirar os pecados de muitos.” (Hb 9.28).

Jesus é o supremo “bode emissário”, afastando os pecados do seu povo para que nunca mais recaiam sobre eles.

Outra alusão ao bode expiatório aparece em Hebreus 13.12. Assim como o bode emissário era enviado para fora do acampamento, Jesus morreu fora da cidade.

Uma última comparação encontra-se no ministério do sumo sacerdote como mediador. Como nosso grande Sumo Sacerdote, Jesus continua sendo nosso “Advogado junto ao Pai” (1Jo 2.1, ARA). No entanto, aqui começam a surgir as diferenças entre os dois ministérios: Arão intercedia por Israel em um santuário construído por mãos humanas, enquanto Cristo intercede por nós diante do Pai no próprio céu (Hb 9.24).

A Superioridade Demonstrada por Meio do Contraste

Embora existam muitas conexões entre a obra de Cristo ou o Dia do Calvário e o Dia da Expiação, é nos contrastes que o Novo Testamento mais se aprofunda, ajudando-nos a enxergar o esplendor ainda maior do sacrifício expiatório de Cristo por nós.

Os antigos sumos sacerdotes eram pecadores e, antes de oferecerem sacrifícios pelo povo, precisavam oferecer sacrifícios por si mesmos. Jesus, no entanto, é perfeito e sem mancha, não tendo essa necessidade. Ele é o Sumo Sacerdote que realmente satisfaz nossa necessidade, pois se identifica conosco em nossa humanidade, mas permanece sendo “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores” (Hb 7.26-28).

Os sumos sacerdotes antigos ofereciam o sangue de novilhos e bodes. Mas, por mais significativos que fossem esses sacrifícios, esse sangue era, no fim das contas, um substituto inadequado para seres humanos dotados de vontade própria. Jesus, porém, ofereceu o seu próprio sangue — o sangue de um ser humano consciente e voluntário. Seu sangue foi um substituto plenamente suficiente, que não apenas proporcionou uma purificação externa, mas também limpou a consciência (Hb 9.9, 12-14).

Os antigos sumos sacerdotes eram obrigados a repetir os sacrifícios do Dia da Expiação anualmente. A repetição desse ritual apenas enfatizava sua insuficiência final. Como observa Thomas Long:

Esse ritual é como um martelo, golpeando ano após ano o mesmo tema: pecado. Em outras palavras, ele não funciona para curar; apenas nos esmaga com a verdade de que somos pecadores, pecadores, pecadores — culpados e inaceitáveis diante de Deus.

Os rituais desse dia nunca puderam tornar perfeitos aqueles que os realizavam (Hb 10.1). Mas Jesus nos liberta desse ciclo interminável, pois bastou que ele se oferecesse uma única vez para que seu sacrifício fosse suficiente para todas as pessoas e por toda a eternidade (Hb 7.27; 9.12, 26, 28).

O maravilhoso resultado da morte expiatória de Cristo é que agora “temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus” (Hb 10.19). Todo crente tem acesso direto e irrestrito à presença de Deus, seu Pai santo e amoroso, porque Cristo morreu em seu lugar.

Ao afirmar isso, a carta aos Hebreus apenas expressa em palavras o que os Evangelhos demonstram visualmente. Quando Cristo foi crucificado, o véu do templo, que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos, foi rasgado em dois (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45), proporcionando a todos que confiam nele um acesso livre e contínuo à presença de Deus.

Esse privilégio já não é reservado ao sumo sacerdote e seu encontro anual em um recinto cheio de fumaça. Desde a Sexta-feira da Paixão — o grande Dia da Expiação dos cristãos — todos os filhos de Deus têm acesso diário e imediato a ele.

Por maior que fosse a celebração do Dia da Expiação, o Dia do Calvário a supera infinitamente. O evento anual pelo qual Israel garantia a purificação foi substituído por um evento único na história, que assegurou o perdão para todos os que o buscam. Como proclamou o grande pregador C. H. Spurgeon, “príncipe dos pregadores”:

O sangue de Cristo é totalmente suficiente. Não há caso que o sangue de Cristo não possa resolver; não há pecado que ele não possa lavar. Não há multiplicidade de pecados que ele não possa purificar, nem agravamento de culpa que ele não possa remover.

Jesus é, ao mesmo tempo, sacerdote e sacrifício — tanto o bode que morre para expiação quanto o bode emissário que leva os pecados para longe. Ele é a oferta pelo pecado e a oferta queimada. Viveu e morreu em total submissão e dedicação a Deus. Ele removeu a impureza do nosso pecado e pagou o preço por nossa iniquidade. Rasgou o véu e nos concedeu acesso constante e privilegiado à presença de Deus.

Em Cristo, nossa separação de Deus pelo pecado e o distanciamento de Deus em razão de sua santidade foram superados. Todo pecado é perdoado, e somos reconciliados com um Deus santo.

Cada aspecto da obra desse extraordinário, embora complexo, Dia da Expiação encontra seu cumprimento em Cristo — no Dia do Calvário. Ele é, de fato, o sacrifício totalmente suficiente pelo pecado.

S.D.G. L.B.Peixoto

Mais episódios da série
Levítico: Santidade ao Senhor

Mais episódios da série Levítico: Santidade ao Senhor

  • Levítico: Santidade ao Senhor
  • Sacrifícios
  • Sacerdócio
  • Sacrilégio
  • Pureza
  • Expiação
  • Santidade
  • Dedicação

Mais Sermões

  • Carta de Paulo aos Colossenses Parte 1: Renovação

    17 de janeiro, 2021

  • O Cristão Aprovado

    23 de fevereiro, 2020

  • Quando a Alma está Atribulada – Parte 2

    11 de dezembro, 2022

  • MasterClass Paulo de Tarso – Servir a Deus – Parte 4

    11 de fevereiro, 2024

Mais Séries

  • 75 Anos da SIB em Goiânia
  • A Essência do Evangelho | João 3.16
  • A Fé da Mulher Cananeia
  • A Glória de Cristo: Veja e Desfrute
  • A Igreja de Cristo em Romanos 16
  • A Igreja Triunfante
  • A Mochila do Peregrino
  • A Saga de Jó
  • A Tradição Batista: Origens, Fé e Distintivos Batistas
  • A Treliça e a Videira
  • Ageu - O Segredo do Contentamento
  • Apocalipse: Eis que ele vem
  • As Ordenanças da Igreja
  • As Parábolas do Reino
  • As Raízes da Reforma da Tradição Batista
  • As Últimas Palavras de Jesus
  • Atos dos Apóstolos
  • Caráter Escultural: A Vida de Pedro
  • Cartas do Novo Mundo
  • Cenas Memoráveis de Famílias do AT
  • Chegou o Natal!
  • Cristianismo Vintage: A Carta de Tiago
  • Dia das Mães
  • Dia dos Pais
  • Espiritualidade Olímpica
  • Evangelho de João
  • Êxodo - A Redenção
  • Filemom - A Mensagem do Poder do Amor
  • Gênesis - O Livro das Origens
  • Gênesis: Aliança
  • Habacuque - A Arte de Ter Fé
  • Hebreus - A Superioridade de Cristo
  • Igreja Multiplicadora
  • Jonas: O Profeta Relutante
  • Judas: Em Defesa da Fé
  • Lamentações de Jeremias - Ouse ter Esperança
  • Levítico: Santidade ao Senhor
  • Meditações em Colossenses
  • Mensagens Avulsas
  • Números - Perseverança na Fé
  • O Diário da Última Semana de Jesus
  • O Evangelho no Trabalho
  • O Livro do Natal
  • O Pacto
  • O Profeta Joel
  • O Refrão dos Redimidos
  • Os Cânticos do Natal
  • Os Combates da Alma
  • Os Salmos
  • Os Solas da Reforma Protestante
  • Para Recordar no Natal
  • Páscoa
  • Print da Igreja - A Imagem de Uma Igreja Bíblica em Alta Resolução
  • Recortes da Vida de Paulo
  • Reforma Protestante e Trabalho
  • Salmo 84
  • Santidade
  • Uma Igreja Old School
  • Uma Teologia de Gênero

Expiação

Pr. Leandro B. Peixoto

SIB GOIÂNIA

LEANDRO B. PEIXOTO

  • A Igreja
  • Para Você
  • Sermões
  • Podcasts
  • Artigos
  • Contribuição
  • Fale Conosco

© 2025 Segunda Igreja Batista em Goiânia