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10.08.2025

Deuteronômio – A Instrução do Senhor

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Deuteronômio - A Instrução do Senhor
  • Livro: Deuteronômio

Quem é que nunca sentiu um frio na barriga diante do desconhecido? Quem nunca teve medo do futuro? Quando não sabemos o que vem pela frente, até os mais corajosos sentem o coração apertar.

O medo é o preço da incredulidade. É parte da nossa humanidade caída. Desde o dia em que nossos primeiros pais escolheram viver sem Deus — e nós seguimos os seus passos, decidindo por nós mesmos o que é bem e o que é mal — o pavor passou a visitar tanto o herói quanto o aflito, tanto o sábio quanto o simples.

O bebê, ao vir à luz, já pranteia com pavor. A criança, logo nos primeiros passos da vida, ao encarar a primeira turminha da escola, paralisa-se de medo. O adolescente, ao se deparar com a imagem indesejada que vê de si mesmo no espelho, esconde-se, tomado de uma angústia pavorosa. O jovem, diante da pressão de escolher o rumo da vida, sente esse peso no peito. O adulto, lutando para sustentar a casa em tempos de incerteza, conhece bem essa angústia. E o idoso, encarando a fragilidade dos dias e a saudade do que já foi, também sente o coração vacilar.

E se o nosso passado foi marcado por fracassos, quedas, enfermidades e perdas… e se o que vemos no horizonte são guerras grandes, lutas pesadas, decisões difíceis, dias escuros e penosos… então não há quem não sinta vontade de parar, recuar ou se esconder. Ah, meu irmão, minha irmã… diante do que foge ao nosso controle, até os mais firmes se descobrem vacilantes. Não sobra um cujo coração não trema de medo.

Se você está nesse limiar — entre o passado que machuca e o futuro que amedronta — o livro de Deuteronômio é para você. Ele é a palavra de Deus para quem está às portas de um novo tempo, ainda assombrado pelos fantasmas do que já passou e com o medo rosnando no peito sobre o que está por vir. Esse livro é instrução para quem não sabe para onde ir. É fonte de força e de coragem para quem já não sabe se consegue continuar.

Deuteronômio é a voz de Deus ao seu povo às portas da Terra Prometida. É bússola para quem teme o caminho. É consolo para quem treme diante das batalhas que ainda virão.

Estrutura narrativa do Pentateuco

Ler bem a Bíblia é um exercício de devoção e de discernimento. Devoção, porque quem se aproxima das Escrituras deseja ouvir a voz de Deus. E discernimento, porque essa voz se fez ouvir por meio de textos literários — como é o caso do Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia.

Moisés não escreveu Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio — o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada — apenas para registrar a história de Israel, mas para revelar como Deus formou um povo segundo a sua vontade soberana. O propósito de Moisés, portanto, era que esse povo conhecesse quem Deus é, o que ele fez por eles e como deveriam viver em resposta aos seus atos grandiosos e cheios de graça.

Toda a estrutura dos cinco livros — de Gênesis à interpretação da lei em Deuteronômio — revela esse propósito pastoral e pedagógico. Moisés não apenas narra os grandes atos redentores do Senhor; ele os interpreta à luz da aliança, moldando o coração do povo para a obediência por meio da fé.

E, ao chegar a Deuteronômio, essa intenção se torna ainda mais clara. Às vésperas da entrada na Terra Prometida, Moisés convoca uma nova geração a lembrar, a crer e a obedecer. Ele renova com eles os termos da aliança, não apenas para informá-los, mas para transformá-los.

Deuteronômio, portanto, é a culminação de uma narrativa cuidadosamente construída para formar um povo que ama, teme e serve ao SENHOR com todo o coração.

O Pentateuco apresenta uma narrativa contínua, cuidadosamente organizada, que conduz o leitor desde os primórdios da criação até o limiar da entrada de Israel na Terra Prometida. Sua estrutura segue uma lógica geográfica, histórica e teológica, na qual os grandes eventos formativos da identidade do povo de Deus são apresentados em blocos bem definidos:

A história primeva: Gênesis 1–11

Os primeiros onze capítulos da Bíblia são de escopo universal. Eles tratam das origens do mundo, da humanidade e do pecado. Inclui os relatos da criação, da queda, do dilúvio e da dispersão das nações (torre de Babel). Estabelece o cenário da necessidade universal de redenção.

A história patriarcal: Gênesis 12–50

Do escopo universal dos capítulos iniciais de Gênesis, Moisés volta seu olhar para uma história mais específica: a trajetória da família de Abraão, Isaque e Jacó, juntamente com suas esposas e descendentes. É aqui que se inicia a aliança de Deus com um povo particular. E é aqui também que vemos sua providência soberana preservando essa linhagem, mesmo em meio a conflitos, fome e deslocamento, até conduzi-los ao Egito.

Israel no Egito: Êxodo 1.1—12.30

Muda-se o nome do livro, mas a história continua. Êxodo é, por assim dizer, a segunda temporada da mesma série narrativa: a história da redenção de um povo — o povo do Deus criador dos céus e da terra. O início desse livro se ocupa em narrar a opressão sofrida pelos hebreus no Egito e os primeiros movimentos do livramento prometido por Deus.

O chamado de Moisés, os confrontos com Faraó e a sucessão de pragas revelam o poder soberano do Senhor sobre os deuses do Egito. O clímax chega com a instituição da Páscoa e o juízo sobre os primogênitos — um ponto decisivo na formação de Israel como povo da aliança, redimido pelo SENHOR.

Saída do Egito e jornada ao Sinai: Êxodo 12.31—18.27

Esse trecho narra a libertação definitiva de Israel e sua jornada inicial pelo deserto rumo ao monte Sinai. Atravessar o mar Vermelho não foi apenas escapar do Egito — foi passar do domínio da escravidão para a liberdade sob a mão poderosa de Deus.

O cântico de Moisés e os desafios que se seguem — sede, fome, ataques — revelam tanto a fidelidade do SENHOR, que provê para o seu povo, quanto a fragilidade do povo, que murmura sem cessar. É o início do aprendizado da confiança, no caminho entre a libertação e a conquista.

Acampamento no Sinai: Êxodo 19.1—Números 10.10
(incluindo Levítico)

Esse período descreve um tempo de revelação profunda e formação intensa.

No monte Sinai, Deus estabelece sua aliança com Israel, entrega a Lei, orienta sobre a construção do tabernáculo e, por meio do livro de Levítico, instrui detalhadamente como o povo deve viver em santidade diante de Sua presença.

É um momento decisivo: o teocentrismo é instituído como centro da vida nacional, o culto é ordenado, e a identidade sacerdotal do povo é estabelecida.

O SENHOR não apenas liberta — ele organiza, santifica e escolhe habitar no meio do seu povo. Israel aprende que viver com Deus requer fé, santidade e obediência.

Do Sinai a Cades-Barnéia: Números 10.11—12.16

O povo deixa o Sinai e parte rumo ao sul de Canaã. Mas logo a caminhada revela o que há no coração. Murmurações contra Deus, rebeliões contra Moisés e constantes intervenções divinas marcam esse trecho. É um período de provações e de transição — entre a revelação recebida no monte e o confronto com a realidade da incredulidade no deserto.

Estadia em Cades-Barnéia: Números 13.1—19.22

Este é um ponto de inflexão na história de Israel. Os espias são enviados para observar a terra prometida, mas a incredulidade prevalece sobre a fé. O povo rejeita o dom de Deus, recusando-se a entrar. Em resposta, o Senhor decreta que aquela geração perecerá no deserto. O restante da seção alterna entre leis complementares, novos episódios de rebeldia e severos atos de juízo.

A incredulidade cobra seu preço, e o deserto se torna a sepultura de uma geração incrédula; o cenário do lamento e da espera.

Peregrinação rumo ao Monte Hor e Moabe: Números 20.1—21.35

Após décadas de estagnação, a marcha recomeça. A velha geração se aproxima do fim: Miriã morre, Arão é reunido aos seus, e até Moisés peca e cai em Meribá. Mesmo assim, Deus permanece fiel — continua a guiar, prover e proteger.

A nova geração começa a se formar em meio às perdas e aos combates, preparando-se para entrar na Terra Prometida sob a promessa que não falha.

Planícies de Moabe: Números 22—Deuteronômio 34

Nas planícies de Moabe, Israel faz seu último acampamento antes de entrar em Canaã. Balaão, embora pressionado a amaldiçoar, acaba profetizando bênçãos. As tribos são reorganizadas, e a aliança é renovada com a nova geração.

O livro de Deuteronômio, a quinta e última temporada da série Pentateuco, reúne os discursos finais de Moisés — cheios de memória, exortação e promessa. Às portas da terra, ele convoca o povo a lembrar, obedecer e confiar.

A narrativa do Pentateuco se encerra com a morte de Moisés, o servo do SENHOR, no alto do monte, de onde contempla, mas não adentra, a Terra Prometida.

Sinopse da série Pentateuco

O Pentateuco apresenta uma progressão teológica e narrativa que se estende da criação universal à constituição de uma nação santa. É a história da graça soberana de Deus em ação: o SENHOR, Criador dos céus e da terra, estabelece uma aliança com Abrasão (Gênesis), liberta esse povo do Egito (Êxodo), chama-os a viver em santidade, assim como ele é santo (Levítico), ensina-os a perseverança pela fé (Números) e os instrui às margem do Jordão, antes de entrarem em Canaã (Deuteronômio), conforme havia prometido a Abraão.

Toda essa narrativa estabelece os fundamentos da revelação redentora que culminará em Jesus Cristo. Nada é aleatório, mas cuidadosamente construído. Parte da criação do universo, passa pela catástrofe do pecado — raiz de todo o mal no mundo — e avança até a formação de um povo, eleito, redimido, santificado e sustentado pela graça. Vai da escravidão à libertação, do Sinai à fronteira da Terra Prometida.

Cada bloco literário e geográfico contribui para moldar a identidade teológica de Israel: um povo resgatado por Deus, chamado a viver em santidade e fé comprovada pela obediência, sustentado não por sua própria força, mas pela fidelidade do SENHOR — mesmo em meio à sua fragilidade e constante inclinação ao pecado.

O Pentateuco é mais do que história: é formação espiritual. O Pentateuco revela não apenas o que Deus fez, mas o que ele requer — preparando o coração do povo para viver sob sua aliança e apontando, em cada linha, para a necessidade de um Redentor — Jesus Cristo.

Lições para quem deseja avançar

Feitas essas considerações sobre a estrutura narrativa do Pentateuco e seu cumprimento em Cristo, voltamo-nos agora para a introdução do livro de Deuteronômio (1.1-5). Nosso propósito é nos preparar, com reverência e regozijo, para a jornada que se inicia aqui: uma série de exposições, trecho a trecho, neste livro tão decisivo para a formação espiritual do povo de Deus.

Há quatro lições principais que desejo destacar para aqueles que, embora temerosos, desejam perseverar na fé. Se você teme o amanhã… Se sente que não tem forças para se levantar… Se está paralisado, paralisada, sem saber como seguir em frente… Se o próximo passo parece grande demais, e o medo o mantém imóvel… Então ouça com atenção.

Estas quatro lições são para você — que se vê diante de um caminho estagnado, mas ainda escuta, lá no fundo, a voz de Deus dizendo: “Avance”.

Estas lições são para quem deseja avançar:

1) A palavra de Deus é sempre oportuna (Dt 1.1,3)
2) A incredulidade reduz a marcha (Dt 1.2-3)
3) Há inspiração nos grandes atos de Deus (Dt 1.3b-4)
4) Você precisa de exposições bíblicas (Dt 1.5)

Examinemos uma a uma.

1. A palavra de Deus é sempre oportuna (Dt 1.1,3)

1Estas são as palavras que Moisés disse a todo o povo de Israel quando estavam no deserto, a leste do rio Jordão, acampados no vale do Jordão [na Arabá], perto de Sufe, entre Parã, de um lado, e Tofel, Labã, Hazerote e Di-Zaabe, do outro.
[…] 3[…] quarenta anos depois da saída do Egito, no primeiro dia do décimo primeiro mês, Moisés se dirigiu aos israelitas e lhes transmitiu tudo que o SENHOR lhe havia ordenado.

Moisés é agora um ancião. Um líder experimentado que conduziu o povo da escravidão no Egito até às portas da terra prometida — uma terra que seria, por herança divina, o lar permanente de Israel. Ele sabe que sua hora está próxima. Está prestes a morrer. E diante dele está a segunda geração dos que liderou por quarenta anos através do deserto.

Essa é sua última palavra a esse povo. O último discurso de um líder que muitos consideram o maior da história de Israel — se não de todos os tempos.

Podemos imaginar a tensão e a expectativa daquele momento. O povo está às margens do Jordão, prestes a entrar em território desconhecido. Ainda há obstáculos à frente: um rio a ser atravessado, inimigos a serem vencidos, cidades fortificadas a serem conquistadas. Por isso, as palavras de Moisés precisam encorajar. Precisam fortalecer os corações cansados, levantar os joelhos trêmulos. Mas não só isso. Elas também precisam exortar. Porque o maior perigo que o povo enfrentará não será externo, mas interno — a tentação constante de desobedecer ao SENHOR e seguir outros deuses.

Permanecer fiel será o grande desafio.

E que abordagem Moisés escolherá? Buscará impressionar o povo com retórica refinada, com frases de efeito ou discursos repletos de criatividade? Tentará conquistar aplausos e admiração por sua eloquência?

Não. Moisés não está interessado em aplausos. Ele não inventa. Sua intenção não é deixar uma marca de genialidade pessoal, mas cumprir fielmente sua vocação profética.

Ele tem diante de si uma tarefa sagrada: entregar ao povo a palavra de Deus. Essa palavra — jamais desatualizada, sempre viva, eficaz, infalível e oportuna… essa palavra — será o alicerce da saúde espiritual de Israel. Será a fonte da estabilidade de que precisam para vencer seus inimigos, suportar as tentações e herdar a promessa.

O que está em jogo não é a reputação de Moisés, mas a fidelidade de uma geração inteira. Por isso, mesmo após quarenta anos, ele entrega novamente a Lei — uma repetição solene da vontade de Deus, palavra por palavra, como um legado vital para o povo. É daí que vem o nome Deuteronômio: “segunda lei”, ou melhor, a mesma lei, reafirmada com urgência e clareza.

Se você precisa de força para continuar, volte-se para a palavra de Deus — a boa e velha palavra de Deus. Não é hora de inventar caminhos nem buscar novidades espirituais ou novas revelações. Moisés não fez isso. Ele simplesmente entregou, mais uma vez, aquilo que o povo já conhecia: a palavra viva do Senhor. E por quê? Porque a palavra de Deus nunca envelhece. Ela é sempre atual. Sempre suficiente. Sempre oportuna.

Deuteronômio 1.1,3 (NVT)
1Estas são as palavras que Moisés disse a todo o povo de Israel quando estavam no deserto, a leste do rio Jordão, acampados no vale do Jordão [na Arabá], perto de Sufe, entre Parã, de um lado, e Tofel, Labã, Hazerote e Di-Zaabe, do outro.
[…] 3[…] quarenta anos depois da saída do Egito, no primeiro dia do décimo primeiro mês, Moisés se dirigiu aos israelitas e lhes transmitiu tudo que o SENHOR lhe havia ordenado.

2. A incredulidade reduz a marcha (Dt 1.2-3)

2Normalmente, são necessários apenas onze dias para viajar do monte Sinai [ou: Horebe] até Cades-Barneia pelo caminho do monte Seir. 3No entanto, quarenta anos depois da saída do Egito, no primeiro dia do décimo primeiro mês, Moisés se dirigiu aos israelitas e lhes transmitiu tudo que o SENHOR lhe havia ordenado.

Há um motivo para que se mencione a jornada de onze dias justamente antes de se falar do quadragésimo ano. De Horebe até a fronteira de Canaã, bastariam onze dias. Mas a viagem do Egito à terra prometida durou quarenta anos.

Esse é o preço da desobediência.

A longa peregrinação foi juízo divino — consequência da incredulidade persistente do povo. O livro de Deuteronômio não deixará que nos esqueçamos disso. A desobediência nunca vale a pena. Deus perdoa o coração arrependido, mas as marcas do pecado permanecem. E essas marcas nos ensinam que a rebeldia contra Deus é sempre loucura. A desobediência atrasa. A incredulidade paralisa. O pecado desvia do caminho.

Meu irmão, minha irmã, se o Senhor já deixou claro o caminho que você deve seguir, não recue. Não adie. Não permita que a dúvida ou o medo tomem o lugar da fé. Avance. O que precisa ser enfrentado, enfrente hoje — com fé, com esperança, com os olhos fixos na promessa da palavra de Deus. Olhe para Cristo. Não ande em círculos.

3. Há inspiração nos grandes atos de Deus (Dt 1.3b-4)

3bMoisés se dirigiu aos israelitas e lhes transmitiu tudo que o SENHOR lhe havia ordenado. 4Isso aconteceu depois que ele derrotou Seom, rei dos amorreus que vivia em Hesbom, e, em Edrei, derrotou Ogue, o rei de Basã que vivia em Astarote.

Antes de iniciar seus discursos, Moisés relembra ao povo duas grandes vitórias recentes: a conquista sobre os reis Seom e Ogue (Nm 21.21–26). Essas vitórias haviam acontecido algumas semanas ou poucos meses antes de Moisés começar seus discursos em Deuteronômio. E essa recordação não é por acaso. Ao mencioná-las, logo no início, Moisés quer despertar coragem e fé. Foram sinais visíveis da fidelidade e do poder de Deus — e isso era tudo o que o povo precisava para seguir adiante com confiança.

Essas vitórias são lembradas repetidamente ao longo da Bíblia — ao todo, dezessete vezes (Nm 21.34; Dt 1.4; 4.46-47; 29.7-8; 31.4; Js 2.10; 9.10; 12.2-5; 13.10-12, 21; Jz 11.19-22; 1Rs 4.19; Ne 9.22; Sl 135.10-12; 136.17-22) — inclusive em cânticos de louvor (Nm 21.27-32; Sl 135.10-12; 136.17-22). Por quê? Porque Deus quer que nos recordemos das vezes em que ele já interveio em nosso favor. Nossa fé é fortalecida quando olhamos para trás e vemos o cuidado de Deus em cada detalhe (Js 1.5). Isso nos ajuda a não desistir diante das dificuldades atuais.

Meu irmão, minha irmã, quantas vezes Deus já lhe sustentou? Quantas portas ele já abriu? Quantas batalhas você já venceu com sua ajuda? Então não desanime agora. Não murmure (Êx 16.2-3; Nm 14.2-4). Não tente resolver tudo à sua maneira. Espere no Senhor (Sl 27.14). Ele continua o mesmo — fiel, presente, poderoso. Lembre-se: quem já venceu com você, vencerá outra vez (2Co 1.10; Hb 13.8).

“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32, ARA)

Inspire-se nos grandes atos de Deus — nas vitórias que ele já operou em sua vida, nas histórias dos gigantes da fé, ou nas experiências de irmãos e irmãs que testemunham sua fidelidade. Mas, acima de tudo, inspire-se na cruz e na ressurreição de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ali está a prova definitiva de que Deus luta por nós, vence por nós e jamais nos abandona. Esse é o fundamento da nossa esperança, a âncora da nossa fé, o impulso para seguir adiante.

“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32, ARA)

4. Você precisa de exposições bíblicas (Dt 1.5)

Enquanto estavam na terra de Moabe, a leste do Jordão, Moisés começou a lhes explicar as seguintes instruções.

Se a parte final do versículo 3 afirma que “Moisés se dirigiu aos israelitas e lhes transmitiu tudo que o SENHOR lhe havia ordenado”, a parte final do versículo 5 aprofunda essa postura ao declarar que “Moisés começou a lhes explicar as seguintes instruções.”

Isso nos mostra que, naquele momento decisivo, o povo não precisava de oratória refinada, nem de discursos cativantes vazios de conteúdo bíblico. Também não careciam de novidades espirituais ou novas revelações, como já foi dito. O que eles mais necessitavam era de uma palavra vinda do próprio Deus — viva, clara, autoritativa.

O coração do povo precisava ser alimentado por uma exposição fiel da Lei — que, no original hebraico, é tôrah, ou seja, instrução divina. E essa instrução não deveria ser apenas recitada, mas explicada, aplicada, tornada evidente e viva diante das novas circunstâncias que estavam prestes a enfrentar.

Foi exatamente isso que Moisés fez. Ele não inventou. Não procurou impressionar. Não buscou inovar. Simplesmente transmitiu a palavra do Senhor com fidelidade — esmiuçando suas verdades com clareza, com cuidado, com zelo pastoral. Porque só a palavra de Deus tem poder para sustentar, corrigir e orientar o povo na direção da fidelidade. Só ela é suficiente. E sempre será.

O púlpito glorioso de Moisés

Como Moisés procedeu em sua exposição da Lei?

Após a introdução (Dt 1.1-5), Moisés conduz o povo à lembrança do passado (Dt 1.6–4.43) e, em seguida, apresenta as exigências de Deus para o presente (Dt 4.44–28.68).

Ele introduz seu sermão (Dt 4.44–5.5), repete os Dez Mandamentos (Dt 5.6–21), relata a reação do povo (Dt 5.22-33) e passa a expor detalhadamente cada mandamento à luz da realidade da Terra Prometida (Dt 6.1–26.15).

A estrutura segue uma progressão dos mandamentos (aqui eu sigo o que está apresentado por Andrew E. Hill e John H. Walton em Panorama do Antigo Testamento):

  1. “Não terás outros deuses além de mim.”
    A autoridade divina (Dt 6–11).
  2. “Não farás para ti nenhum ídolo.”
    A dignidade divina (Dt 12).
  3. “Não tomarás em vão o nome do SENHOR, o teu Deus.”
    O compromisso com Deus (Dt 13.1–14.21).
  4. “Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo.”
    O direito de Deus e o privilégio do povo (Dt 14.22–16.17).
  5. “Honra teu pai e tua mãe.”
    A autoridade humana (Dt 16.18–18.22).
  6. “Não matarás.”
    A dignidade humana (Dt 19–21).
  7. “Não adulterarás.”
    A dignidade da família e da sociedade (Dt 22.1–23.14).
  8. “Não furtarás.”
    A dignidade do indivíduo e da coisa privada (Dt 23.15–24.7).
  9. “Não darás falso testemunho contra o teu próximo.”
    Compromisso com a verdade e o outro (Dt 24.8-16).
  10. “Não cobiçarás […] coisa alguma que […] pertença [ao próximo].”
    Direitos e privilégios humanos (Dt 24.17–26.15).

Então, Moisés conclui com exortação final (Dt 26.16–19), cláusula da aliança (Dt 27.1–10), bênçãos e maldições (Dt 27.11–28.68) e um chamado à decisão pessoal e coletiva (Dt 29-30). É uma exposição fiel, aplicada e profundamente pastoral da Lei de Deus.

A última parte do livro reúne as palavras finais de Moisés, marcadas por solenidade, louvor e transição. Ela traz assuntos diversos — instruções finais, encorajamento a Josué e entrega da Lei (Dt 31), o cântico de Moisés — um testemunho poético da fidelidade de Deus e da infidelidade de Israel (Dt 32), a bênção de Moisés — palavras proféticas às tribos, à semelhança da bênção de Jacó (Dt 33) e, por fim, o relato da morte de Moisés — o registro da partida do servo do Senhor e da transição da liderança para Josué (Dt 34)

Assim se encerra Deuteronômio: com um servo fiel entregando o bastão, e com a palavra de Deus permanecendo como guia para o povo que segue adiante.

Esse era o púlpito de Moisés.

A tragédia do púlpito contemporâneo

É estarrecedora a quantidade de pastores, em nossos dias, que consideram inadequada a exposição regular das Escrituras na pregação ao povo de Deus. Há, inclusive, aqueles que se dedicam mais à exegese da sociedade do que à das Escrituras — buscando, assim, oferecer uma mensagem “relevante” às pessoas.

Mas pergunto: haveria algo mais relevante do que a mensagem do Criador à sua criação? A palavra de Deus, viva e eterna, fala com autoridade e graça a cada geração. Sim, precisamos aplicar sua mensagem aos contextos particulares do nosso tempo. Sim, devemos compreender as dores, dilemas e linguagens da sociedade em que vivemos. Mas a exegese da cultura jamais pode substituir a exegese da Escritura. Porque é nas Escrituras — e só nelas — que habita o poder transformador de Deus.

Integrar esses dois aspectos — uma leitura fiel da Bíblia e uma compreensão atenta da sociedade — é tarefa exigente. Requer tempo, oração, estudo e entrega. Exige que o pregador se ajoelhe diante do texto e escute com temor, antes de subir ao púlpito para falar com convicção. E talvez uma das razões da escassez de pregação expositiva relevante em nossos dias seja justamente essa: muitos pregadores não estão dispostos a dedicar o tempo necessário para fazer isso bem.

Além disso, vivemos numa cultura profundamente marcada pelo pós-modernismo, onde o valor da verdade objetiva foi relativizado ou até mesmo rejeitado. Isso afeta diretamente o ministério da Palavra, porque o cristianismo repousa sobre a afirmação de que existe verdade — e essa verdade foi revelada por Deus nas Escrituras. Hoje, mais do que nunca, precisamos de evangelistas da verdade objetiva. No passado, o desafio era provar que o evangelho é verdadeiro. Agora, o desafio começa antes: é necessário convencer as pessoas de que a verdade importa.

A maior necessidade da igreja

Alguns dizem que a pregação bíblica não atrai mais. Mas a resposta não está em abandonar a exposição das Escrituras. A resposta está em pregá-las com beleza, clareza, paixão e fidelidade.

O que o povo precisa — em qualquer época ou cultura — não é de entretenimento disfarçado de espiritualidade, mas de alimento sólido para a alma. E esse alimento vem de um só lugar: da fiel exposição das Escrituras Sagradas.

Você precisa de exposições bíblicas. Você precisa da igreja.

Estas lições são para quem deseja avançar:

1) A palavra de Deus é sempre oportuna — leia, memorize e medite na Bíblia.
2) A incredulidade reduz a marcha — discirna a vontade de Deus e rompa pela fé.
3) Há inspiração nos grandes atos de Deus — revise a sua história e leia bons livros.
4) Você precisa de exposições bíblicas — sente-se, regulamentes, nos cultos públicos.

A sua maior necessidade

Você precisa de um púlpito que te aponte para Cristo. Tome o Pentateuco como exemplo.

De que modo o Pentateuco nos leva a Cristo?

Ora, todas as promessas, figuras e estruturas do Pentateuco convergem em Jesus. Ele é o novo Adão (Rm 5.14; 1Co 15.45), o descendente de Abraão (Gl 3.16), o Cordeiro do Êxodo (1Co 5.7; Jo 1.29), o Sumo Sacerdote e o sacrifício perfeito de Levítico (Hb 4.14-15; Hb 9.11–12), o vencedor fiel do deserto (Mt 4.1-11; Hb 4.15) e o profeta maior que Moisés (Dt 18.15; At 3.22; Hb 3.1-6). Nele, a história da redenção encontra seu clímax (Ef 1.9-10; Gl 4.4-5), e o povo de Deus encontra seu descanso (Mt 11.28-29; Hb 4.8-10).

Se você está caído como Adão (Gn 3.6-7; Rm 5.12), confuso como Abraão diante das promessas de Deus (Gn 15.2-8), escravizado e gemendo como os hebreus no Egito (Êx 1.13-14), cansado como os que peregrinam no deserto (Nm 21.4; Dt 8.2-3), ou desafiado como os que estão às portas de um novo tempo (Dt 31.6-8) — Cristo é o seu Redentor fiel (Is 59.20; Ef 1.7; Ap 1.5), o novo Adão que restaura os caídos (1Co 15.22, 45), o Pastor sábio que guia os confusos (Jo 10.3-4; Sl 23.1-3), o Libertador compassivo que quebra o jugo da escravidão (Lc 4.18; Jo 8.36), o Descanso dos cansados (Mt 11.28–29; Hb 4.9), e o Capitão da salvação que conduz com coragem e graça rumo ao novo tempo (Hb 2.10; Js 1.9; Ap 3.8). Volte-se para Cristo (Is 55.6-7; Hb 4.16).

A fidelidade de Deus não depende em nada de você (2Tm 2.13; Rm 3.3–4). Adão e Eva caíram no pecado (Gn 3.6-7). Noé se embriagou (Gn 9.20-21). Abraão temeu e mentiu (Gn 12.11-13; 20.2). Isaque repetiu os pecados de seu pai, mentindo sobre Rebeca e dizendo que era sua irmã (Gn 26.7-9). Jacó enganou seu pai e seu irmão para usurpar a bênção (Gn 27.35-36). Moisés duvidou da palavra do Senhor e desobedeceu, ferindo a rocha em vez de falar a ela (Nm 20.12). Israel murmurou, tropeçou e retrocedeu no deserto, mesmo após ver os sinais e livramentos de Deus (Êx 16.2-3; Nm 14.2-4; Sl 106.7-13). E, mesmo assim, Deus permaneceu fiel à sua aliança (Dt 7.9; Sl 105.8; Ne 9.17; Lm 3.22-23).

Não desista porque se sente fraco (Is 40.29-31; 2Co 12.9-10). Descanse na fidelidade de Deus, que em Cristo — o Autor e Consumador da fé (Hb 12.2), o Cordeiro que foi morto e vive (Ap 5.9; Rm 8.34), o Bom Pastor que nunca abandona suas ovelhas (Jo 10.11, 28), o Mediador da nova aliança (Hb 8.6), o Rei eterno e fiel (Ap 19.11, 16)… nesse Cristo, Deus… — garantiu a sua redenção do começo ao fim (Rm 8.30; Fl 1.6; Ef 1.13-14).

O descanso que seu coração procura não está em uma simples mudança de circunstância, mas em uma pessoa: Jesus Cristo. Ele é o novo Moisés (Dt 18.15; At 3.22), o Profeta prometido, que conduz o povo não a uma terra física como Canaã, mas ao descanso eterno do Reino de Deus (Hb 4.8-10). Moisés tirou Israel do Egito, atravessou o mar, conduziu o povo pelo deserto e os levou até os limites da terra prometida (Êx 14.21-31; Dt 34.1-5), mas foi Jesus quem, por meio de sua cruz e ressurreição, abriu o novo e vivo caminho para a presença do Pai (Hb 10.19-20). Em Cristo, não recebemos apenas um lugar, mas uma nova vida (2Co 5.17), uma nova pátria celestial (Hb 11.13-16), e uma paz que excede todo entendimento (Fp 4.7). Não é Canaã, é o Reino de Deus (Mt 5.3; Cl 1.13). Não é uma terra, é comunhão com Deus. É por isso que ele te convida: “Vinde a mim, você que está cansado e sobrecarregado, e eu te aliviarei” (Mt 11.28).

E não tema.

Persevere para a sua salvação. Sem medo.

Oração e bênção pastoral

  • A palavra de Deus é sempre oportuna — ler, memorizar e meditar na Bíblia.
  • A incredulidade reduz a marcha — discernir a vontade de Deus e romper com fé.
  • A inspiração pelos grandes atos de Deus — revisar a história e ler bons livros.
  • A urgência de exposições bíblicas — sentar-se, regulamentes, nos cultos públicos.

E agora, ao se prepararem para voltar ao mundo com a mensagem do evangelho, esta é minha súplica a Deus em favor de vocês:

Números 6.24-26

O SENHOR os abençoe e os guarde; o SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre vocês e tenha misericórdia de vocês; o SENHOR sobre vocês levante o seu rosto e lhes conceda a paz.

S.D.G. L.B.Peixoto

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Deuteronômio – A Instrução do Senhor

Pr. Leandro B. Peixoto

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LEANDRO B. PEIXOTO

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