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22.06.2025

Deserção

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Números - Perseverança na Fé
  • Livro: Números

Deserção. Palavra pesada. Carregada de dor. Carregada de consequências. Deserção significa abandono. Abandono de um chamado. Abandono de um encargo. Abandono de uma missão. Abandono… de alguém.

Para sentir o peso disso… imagine:

O soldado que abandona sua tropa em plena batalha.
O médico que larga o paciente no meio da cirurgia.
O bombeiro que vira as costas para uma casa em chamas.
O cônjuge que corre para os braços de uma aventura e não volta mais.
O pai que, na crise, faz as malas e some, deixando tudo para trás.
O amigo que não atende ao seu apelo por socorro no dia da sua maior dor.
Ou… o filho que, tomado pela ingratidão, olha nos olhos dos pais e diz: — “Não quero mais vocês. Não preciso de vocês.” E vai embora… rompe os laços… fecha as portas.

O coração de quem é abandonado… sangra. É uma das dores mais profundas que alguém pode sentir: ser desertado por quem se ama.

Meus irmãos… desertar não é apenas ir embora. É mais do que partir. É quebrar um pacto. É violar uma aliança. É rasgar um compromisso de amor, de fidelidade, de honra.

E é exatamente isso que encontramos nas páginas de Números, capítulos 13 a 15. O povo de Deus — aquele povo que viu o Egito ser esmagado pela mão poderosa do SENHOR… que atravessou o mar em seco… que comeu pão e carne do céu… que bebeu água da rocha… que recebeu a Lei diretamente dos céus — esse povo… decidiu desertar. Viraram as costas para Deus. Desprezaram sua promessa. Rejeitaram sua presença.

Mas, para entendermos bem o que acontece nesses capítulos, precisamos, antes, olhar com atenção para o contexto. Porque essa deserção não surge de repente. Ela é o fruto amargo de uma raiz profunda: a incredulidade.

Percebam, meus irmãos: antes da deserção em Cades (Nm 13–15) e da rebelião dos líderes (Nm 16–18), há uma sequência que revela o estado espiritual de Israel. Uma sequência que é, na verdade, um espiral de incredulidade.

A jornada começa bem. O povo parte do Sinai rumo ao deserto de Parã, sob a direção e proteção do SENHOR (Nm 10.11-36). Tudo está em ordem. A arca vai à frente. O tabernáculo é conduzido com reverência. Moisés intercede. Hobabe oferece sua ajuda no caminho. Mas, logo… começam as rachaduras.

O povo reclama em Taberá… e o fogo da ira de Deus consome os rebeldes (Nm 11.1-3). Depois, murmuram contra o maná… desprezam o pão do céu… e mais uma vez provocam a paciência do SENHOR (Nm 11.4-35). Na sequência, a própria liderança de Moisés é desafiada. Miriã e Arão, seus irmãos, questionam sua autoridade — e, na prática, se levantam contra o próprio Deus (Nm 12).

Tudo isso desemboca no episódio mais trágico: a recusa de entrar em Canaã. O povo rejeita a promessa. Se recusa a confiar. Vira as costas para o SENHOR (Nm 13–14). E o resultado é devastador. O SENHOR rejeita aquela geração. O deserto se torna sua sentença.

O que era para ser uma caminhada de fé… se transforma na longa marcha da incredulidade. Uma tragédia sob a direção de um Deus fiel… e diante de um povo de coração endurecido. Desertores.

A Instrução do SENHOR

A cena final dessa tragédia tem início com o envio dos doze espias à terra de Canaã. Será a última prova. O último teste da disposição de Israel em confiar que o SENHOR, de fato, cumpriria suas promessas (Nm 13.1-33).

E o que acontece é o seguinte:

Doze homens — um de cada tribo — são escolhidos para essa missão, conforme a ordem do próprio SENHOR. Entre eles, dois nomes se destacam: Calebe, da tribo de Judá, e Oseias — chamado Josué — da tribo de Efraim (Nm 13.1-16).

A missão não é simples. Ela dura quarenta dias e envolve uma exploração completa da terra de Canaã — uma análise geográfica, militar e agrícola. Eles deveriam observar o povo, as cidades, os recursos e trazer um relatório fiel — a partir do qual desenvolveriam a estratégia de tomada da terra, sob a liderança do SENHOR (Nm 13.17-26).

E é importante notar, meus irmãos: a instrução do SENHOR foi clara. Muito clara. Vale a pena conferir, diretamente no texto.

Números 13.17-20 (NVT)
17Quando Moisés os enviou para fazer o reconhecimento da terra, deu-lhes as seguintes instruções: “Subam pelo Neguebe até a região montanhosa. 18Vejam como é a terra e descubram se seus habitantes são fortes ou fracos, poucos ou muitos. 19Observem em que tipo de terra vivem, se é boa ou ruim. As cidades têm muralhas ou são desprotegidas como campos abertos? 20O solo é fértil ou pobre? A região tem muitas árvores? Façam todo o possível para trazer de volta amostras das colheitas que encontrarem”. (Era a época da colheita das primeiras uvas maduras.)

Na sequência, em Números 13.21-26, lemos sobre a expedição em Canaã e o retorno dos espias ao acampamento de Israel. Eles percorrem toda a terra, chegando até Hebrom, onde habitavam os descendentes de Enaque. No vale de Escol, cortam um cacho de uvas tão grande que dois homens precisam carregá-lo numa vara. Também trazem romãs e figos como amostra da fertilidade da terra.

Após quarenta dias de exploração, retornam a Moisés, a Arão e à congregação em Cades, no deserto de Parã, levando consigo os frutos e o relatório.

O parecer dessa equipe, porém — como veremos — se concentra nos perigos da invasão. Apesar dos esforços de Josué e Calebe para conter o pessimismo, a incredulidade da maioria prevalece, distorcendo a percepção e minando a confiança na promessa de Deus (Nm 13.26-33).

A Incredulidade do Povo

É exatamente aqui que a deserção acontece — fruto da incredulidade.

Mas repare bem:

Aqueles doze homens não retornam de mãos vazias. Pelo contrário. Vimos que alguns trazem sacos de romãs. Outros, cestos de figos. E dois carregam nos ombros uma vara, da qual pende um cacho de uvas… maior do que qualquer coisa que já tenham visto.

Eles chegam ao acampamento, avançam até onde estão Moisés e Arão, e começam a relatar tudo o que viram nos quarenta dias de exploração da Terra Prometida.

Números 13.27 diz:

Este foi o relatório que deram a Moisés: “Entramos na terra à qual você nos enviou e, de fato, é uma terra que produz leite e mel com fartura. Aqui está o tipo de fruto que nela há.”

Mas… antes que os rostos se iluminem de alegria… antes que o alívio e o júbilo se espalhem pelo acampamento… desce, como uma marretada, aquilo que destrói toda boa notícia: a conjunção adversativa “contudo” (ou: porém… mas…).

Números 13.27-28:

27“Entramos na terra à qual você nos enviou e, de fato, é uma terra que produz leite e mel com fartura. Aqui está o tipo de fruto que nela há. 28Contudo, […]

Contudo!? Contudo, o quê?

O texto prossegue, versículos 28-29:

28Contudo, o povo que vive ali é poderoso, e suas cidades são grandes e fortificadas. Vimos até os descendentes de Enaque! 29Os amalequitas vivem no Neguebe, e os hititas, jebuseus e amorreus vivem na região montanhosa. Os cananeus vivem perto do litoral do mar Mediterrâneo e no vale do Jordão”.

A terra é “de fato” boa — dizem os doze… contudo… porém… mas…

Prepare-se!

Na mensagem desta noite, presenciaremos uma das maiores tragédias já registradas nas Escrituras. Uma tragédia que não foi causada por fome, nem por peste, nem por guerra. Mas por um inimigo muito mais perigoso.

Um inimigo que, já há algum tempo, espreitava… silencioso… dentro do coração de cada israelita que aguardava no deserto. E que, em maior ou menor grau… ainda hoje… espreita dentro de cada um de nós aqui reunidos.

Esse inimigo chama-se incredulidade. Incredulidade.

E, para aqueles que são ajudados por uma boa estrutura, este relato nos ensinará quatro verdades sobre a incredulidade: 1) o que a incredulidade elimina… 2) o que ela acrescenta… 3) aonde ela conduz… e 4) como devemos responder a ela.

Portanto, o relatório dos espias é este: a terra é, de fato, boa. Contudo… E, com essa única palavra — “contudo” —, dez dos doze espias revelam seu veredito antecipado: diante deles não está uma terra de promessas… mas um vale de morte certa e inevitável.

Que tragédia!

Pois bem. Diante de um relatório tão sombrio (Nm 13.27-29, 31-33), não é difícil imaginar o que se seguiu. O povo rapidamente absorve as dúvidas daqueles dez homens. Olhares apreensivos se cruzam. Sussurros se espalham. E, pouco a pouco, uma atmosfera de desespero toma conta de todo o acampamento.

O resultado? O povo se rebela (Nm 14.1-4).

Então, Calebe — um dos doze — se levanta. Corajosamente, tenta silenciar aquela onda crescente de medo e desalento (Nm 13.30).

Mas sua voz logo é abafada. Os outros dez replicam, conforme Números 13.31:

— “Não podemos enfrentá-los! São mais fortes que nós!”

E aqui… paremos por um instante.

O que está acontecendo? Por que o clima mudou tão repentinamente?

A incredulidade desceu sobre o acampamento. E o que ela faz com aquele povo?

Dissemos, no início, que este relato nos ensina quatro verdades sobre a incredulidade. Aqui está a primeira: a incredulidade elimina.

1. O que a incredulidade elimina

Perceba isto:

A incredulidade daquele povo — expressa na declaração: — “Não podemos enfrentá-los! São mais fortes que nós!” (Nm 13.31) — não acontece num vácuo histórico.

Não é como se eles tivessem sido, de repente, largados em Parã… sem qualquer contexto anterior. Eles não estavam a caminho da Terra Prometida por mero capricho… nem por aventura pessoal… nem tampouco por iniciativa de Moisés — a quem, aliás, tentaram culpar e até substituir como líder mais de uma vez.

Não. Aquela jornada — cada passo, cada acampamento, cada ordem — estava firmemente ancorada nas promessas e na aliança do SENHOR.

A incredulidade elimina as promessas de Deus

Mas… o que a incredulidade fez — e fez em questão de segundos, ao que tudo indica — o que a incredulidade fez foi eliminar, apagar da mente daquele povo toda a memória daquilo que o SENHOR, seu Deus, havia dito sobre aquela terra. Especificamente, a promessa que Deus vinha reiterando, há mais de oitocentos anos: “Eu darei esta terra a vocês.”

Primeiro, o SENHOR fez ouvir sua voz a Abraão:

— “Darei esta terra aos teus descendentes” (Gn 12.7).

Depois, reafirmou-lhe essa promessa com palavras ainda mais firmes (Gn 13.15, 17; 17.8).

Quando Abraão já não estava mais entre os vivos, Deus renovou sua palavra a Jacó, naquela noite solitária em Betel, enquanto fugia de Esaú:

— “A terra na qual você está deitado lhe pertence. Eu a darei a você e a seus descendentes” (Gn 28.13).

Nem o peso dos anos… nem as correntes do Egito… foram capazes de silenciar a fidelidade divina. Do meio da sarça ardente, Deus falou a Moisés, reafirmando que sua palavra permanece:

— “Desci para libertá-los do poder dos egípcios e levá-los do Egito a uma terra fértil e espaçosa. Terra que mana leite e mel…” (Êx 3.8,17).

E, mais adiante, o SENHOR selou essa promessa com garantias claras de condução, proteção e vitória — enviando um anjo que os escoltaria pelo caminho (Êx 23.20-24).

A aliança estava de pé. Intocável. Inquebrável. Firme.

E, se tudo isso não bastasse, poucos capítulos antes deste episódio em Números 13, ouvimos Moisés dizer ao seu sogro/cunhado, em Números 10.29 (NVT):

— “Estamos a caminho do lugar que o SENHOR nos prometeu, pois ele disse: ‘Eu o darei a vocês’. Venha conosco e o trataremos bem, pois o SENHOR prometeu boas coisas a Israel!”

E, se ainda restasse alguma dúvida, basta lembrar que, há apenas quarenta dias, quando aqueles doze homens partiram para espiar a terra, o próprio Deus dissera a Moisés, em Números 13.2 (NVT):

— “Envie homens para fazer o reconhecimento da terra de Canaã, a terra que eu dou aos israelitas. Mande um líder de cada tribo de seus antepassados”.

Pergunto: quantas vezes Deus ainda precisava dizer? — “Eu vou dar esta terra a vocês, vocês só precisam confiar em mim!”

No momento decisivo, o povo não confia. Repete o erro de Adão e Eva:

— “Confiamos mais no que vemos… do que na tua Palavra, SENHOR.”

A incredulidade é uma história antiga.

E o que ela faz?

Apaga da memória as promessas de Deus.

Gera amnésia espiritual, levando-os a dizer:

— “Não podemos enfrentar esse povo… nem sabemos mais por que um dia pensamos que poderíamos. Aliás, o que estamos fazendo aqui neste deserto, meu Deus!”

A incredulidade elimina a presença de Deus

O que faz a incredulidade

Ela não apenas apaga da memória as promessas de Deus… mas também sua presença conosco. Volte comigo a Números 13.31:

— “Não podemos enfrentá-los! São mais fortes que nós!”

Perceba a ênfase: “Mais fortes que nós.”

E onde está Deus nessa equação?

Simplesmente… foi eliminado.

Toda a análise se resume a “nós” e “eles” — Deus desapareceu da cena.

E isso é assombroso… porque tudo isso acontece bem diante da Tenda do Encontro, cercados pela nuvem da glória de Deus, pelos sacerdotes, pelos levitas… pela própria manifestação visível da presença do SENHOR no meio do povo.

Mas, naquele momento, nada disso parece importar.

É como se tivessem acordado de um sonho… e concluído que a presença de Deus não passava de uma ilusão.

E, dominados por esse estado mental sem Deus, chegam a uma conclusão puramente matemática, humana e carnal:

— “Não podemos enfrentá-los! São mais fortes que nós!”

Meus irmãos… quantas vezes fazemos esse mesmo tipo de conta?

Quantas vezes esquecemos de incluir Deus — seu poder, sua promessa, sua presença — na equação da nossa vida?

Portanto, o que faz a incredulidade?

Apaga da memória as promessas de Deus. Apaga da consciência a presença de Deus.
É isso o que a incredulidade elimina.

E agora, a pergunta que se impõe é:

Se a incredulidade corta fora essas verdades… o que ela coloca no lugar?

2. O que a incredulidade acrescenta

Veja se você mesmo consegue perceber.

Acompanhe comigo a leitura.

Tendo dito, em Números 13.31, “Não podemos enfrentá-los! São mais fortes que nós!”, os dez líderes prosseguiram, em Números 13.32-33 (NVT):

32Então espalharam entre os israelitas um relatório negativo sobre a terra, dizendo: “A terra que atravessamos ao fazer o reconhecimento devorará quem for morar ali! Todas as pessoas que vimos são enormes. 33Vimos até gigantes [nefilins], os descendentes de Enaque! Perto deles, nos sentimos como gafanhotos, e também era assim que parecíamos para eles”.

A incredulidade acrescenta uma visão distorcida
de Deus e do homem

Perceba bem.

Deus exerce, por assim dizer, um efeito estabilizador sobre a nossa percepção da realidade. Quando ele ocupa o centro da nossa cosmovisão, as pessoas, os lugares, as circunstâncias e os problemas permanecem na devida proporção — no tamanho certo.

Mas… quando Deus é retirado do centro, tudo se desestabiliza. As pessoas, os desafios e as circunstâncias começam a crescer desproporcionalmente… e assumem proporções monstruosas. Passamos a enxergar tudo e todos como gigantes..

Parafraseando o título de um livro de Ed Welch:

— “Quando Deus se torna pequeno, as pessoas se tornam grandes.”

É exatamente isso que está acontecendo aqui. Sem Deus no horizonte, os israelitas olham para os habitantes da terra e pensam:

— “Eles são enormes. Eles são assustadores.”

Como lemos em Números 13.33 (NVT):

— “Vimos até gigantes… Perto deles, nos sentimos como gafanhotos — e também era assim que parecíamos para eles.”

Em outras palavras:

— “Nós nos enxergamos como insetos — fáceis de ser esmagados. E eles nos enxergaram da mesma forma.”

Ah, meu povo! Esta é a verdade:

— “Quando Deus se torna pequeno, as pessoas, os problemas, as circunstâncias… se tornam gigantes, e, nós, gafanhotos.”

Então, o que faz a incredulidade?

Ela acrescenta uma visão do homem… torna-o do tamanho de Deus.

Veja bem. É muito sério!

Deus nos criou para ELE ocupar o centro da nossa cosmovisão. Esse lugar foi projetado para ELE. Se, por incredulidade, decidimos removê-lo… o trono não fica vazio. O lugar de Deus na nossa percepção da realidade é imediatamente ocupado por outra coisa — homens, medos, circunstâncias, doenças ou problemas.

E, naquele momento, os povos de Canaã ocupam esse espaço. Eles se agigantam na mente dos israelitas. Tornam-se quase divinos. E, diante deles, Israel se vê como pequenos gafanhotos — insignificantes, frágeis, vulneráveis.

Portanto, a incredulidade não apenas apaga Deus da nossa percepção… ela também insere, no lugar, uma visão distorcida do homem — HOMEM… do tamanho de DEUS.

Mas… não para por aí.

A incredulidade acrescenta uma visão distorcida
da vida antes de Deus nos resgatar

Leia Números 14.1-2 (NVT):

1Então toda a comunidade começou a chorar em voz alta e continuou em prantos a noite toda. 2Suas vozes se elevaram em grande protesto contra Moisés e Arão. “Ah, se ao menos tivéssemos morrido no Egito, ou mesmo aqui no deserto!”, diziam.

Não perca isso de vista: O que eles estão, basicamente, dizendo é:

— “Nossa vida no Egito, como escravos, era melhor do que estar agora com Deus. Teríamos sido mais felizes se ele nunca tivesse se intrometido. Foi só depois que Deus assumiu o controle… que os problemas começaram.”

Percebe?

É uma visão distorcida da própria história — que passa a tratar Deus, e não o pecado — o pecado deles próprios! —, como o verdadeiro problema.

A incredulidade faz exatamente isso:

Envenena a mente. Reescreve a história. Faz-nos olhar para trás e acreditar que estávamos melhor sem Deus, sem Cristo, fora da igreja… quando, na verdade, estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Vivíamos sem Deus no mundo.

Mas a incredulidade não para aí. Ela lança seu ingrediente final — o mais vil, o mais perverso: a visão de Deus… como nosso inimigo. (E até Moisés leva junto nessa distorção.)

Leia Números 14.3-4 (NVT):

3“Por que o SENHOR está nos levando para essa terra só para morrermos em combate? Nossas esposas e crianças serão capturadas como prisioneiros de guerra! Não seria melhor voltarmos para o Egito?” 4E disseram uns aos outros: “Vamos escolher um novo líder e voltar para o Egito!”.

Quem é Deus, nessa visão distorcida?

E quem é o pastor que Deus levantou para conduzir o povo?

Deus se torna, aos olhos deles, um inimigo. Um crápula.

E o pastor… descartável. Substituível.

Afinal, um Deus que fala de uma boa terra, mas — segundo Números 13.32 — os conduz a uma terra que “devora os seus habitantes”, só pode ser visto como um traidor.
Um Deus que eleva as esperanças… apenas para despedaçá-las no chão.

Esse não pode ser o mesmo Deus que diz:

— “O SENHOR te abençoe e te guarde…”

Mas, na percepção deles, um deus que parece dizer:

— “Eu te amaldiçoo e te decepciono… derramo sobre ti a Minha ira e Meu furor.”

Percebe?

Quando as promessas e a presença de Deus são apagadas, a incredulidade faz seu truque maligno: Coloca o homem no lugar de Deus. Reescreve o passado, fazendo-nos crer que a vida sem Deus… era a boa vida. E projeta uma imagem distorcida de Deus — não como refúgio, mas como um tirano cruel (ou, para sermos brandos, um Deus que não gosta mais de nós, que nos abandonou).

Sejamos honestos…

Alguma vez… você já se percebeu pensando em Deus assim?

Talvez não de forma consciente… mas, lá no fundo… nas horas de medo, dor ou crise… você já sentiu Deus mais como ameaça do que como refúgio?

Pois é exatamente isso que a incredulidade faz. Ela corta. E ela acrescenta.

E agora, em terceiro lugar, vejamos:

Aonde, afinal… conduz a incredulidade?

3. Aonde conduz a incredulidade

Leia comigo Números 14.21 (NVT):

— “Mas, tão certo quanto eu vivo e tão certo quanto a terra está cheia da glória do SENHOR…”

E perceba bem a ironia embutida aqui — porque ela se tornará ainda mais evidente adiante.

Enquanto os israelitas estão convencidos de que Canaã permanecerá cheia da força e da glória das nações inimigas… Deus responde, com toda clareza:

— “Não. Não permanecerá assim. A minha glória encherá aquela terra — e, a partir dela, se expandirá para todas as nações.”

Deus reafirma:

— “Tão certo quanto eu vivo e tão certo quanto a terra está cheia da glória do SENHOR…” (Nm 14.21)

E prossegue. Leia comigo Números 14.22 (NVT):

nenhuma dessas pessoas entrará na terra. Todas elas viram a minha presença gloriosa e os sinais que realizei no Egito e no deserto. Repetidamente, porém, me puseram à prova, recusando-se a ouvir a minha voz.

Não entrarão na terra! Ponto. Pelo contrário, Números 14.29-30 (NVT):

29Todos vocês cairão mortos neste deserto! Uma vez que se queixaram contra mim, todos com mais de 20 anos que foram contados no censo morrerão. 30Não entrarão nem tomarão posse da terra que eu jurei lhes dar, para que nela morassem. As únicas exceções serão Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.

No censo de Números 1, foram registrados 600 mil homens.

Homens chamados a seguir o SENHOR. A confiar, não importando os inimigos ou os perigos. Homens tão perto de verem a promessa de Deus se cumprir.

E, no entanto… 600 mil homens que, em no máximo quarenta anos, se tornariam 600 mil sepulturas espalhadas pelo deserto.

Aonde conduz a incredulidade?

Conduz à morte. Morte longe de Deus. Morte eterna.

Ao povo que dissera — “Ah, se ao menos tivéssemos morrido no Egito, ou aqui no deserto” (Nm 14.2) — Deus responde:

— “Pois bem. Assim será. Vocês morrerão neste deserto.”

Ao povo que temeu pela vida de suas esposas e filhos (Nm 14.3), Deus responde:

— “Eles não serão presa alguma. Pelo contrário… eles possuirão esta terra. (Nm 14.24). E, como o livro de Josué mostrará, os filhos desta geração herdarão aquilo que vocês desprezaram.”

Mas, quanto aos incrédulos… morrerão no deserto.

E assim será com todos aqueles que, no fim, se recusam a confiar no SENHOR.

Este é o desfecho da incredulidade: morte longe de Deus. Morte eterna. Perdição.

Essa realidade ficará marcada em Israel pelas prescrições de Números 15, que ressaltam a gravidade do pecado e da culpa. Onde a lei da aliança é reafirmada, e a pena capital se torna símbolo da seriedade de quebrar deliberadamente a aliança com Deus.

Portanto, já vimos: O que a incredulidade elimina. O que ela acrescenta. E aonde ela conduz. Agora, em quarto e último lugar, precisamos responder:

“Como devemos reagir à incredulidade?”

4. Como devemos responder à incredulidade

Quando a incredulidade tenta apagar as promessas de Deus e distorcer quem Deus é… a fé contra-ataca. Ela se agarra às promessas… e reafirma a verdadeira revelação que Deus fez de si mesmo.

Foi exatamente isso que Calebe, Josué e Moisés fizeram. Eles se apegaram às promessas… e reafirmaram quem Deus verdadeiramente é.

Calebe e Josué

Vemos esse apego às promessas no exemplo de Calebe e Josué.

Quando Calebe se vê superado — dez contra um — e ouve os espias dizerem: “Sim, a terra é boa… contudo…”, esse homem não cede.

Levanta-se e declara:

— “Vamos partir agora mesmo para tomar a terra! Com certeza podemos conquistá-la!” (Nm 13.30, NVT).

Quando ouve o contra-ataque: “É terra que devora os seus moradores…” (Nm 13.32), Calebe, com Josué, responde:

— “A terra é muito boa! Se o SENHOR se agradar de nós, ele nos levará em segurança até lá e a dará a nós. É terra que mana leite e mel.” (Nm 14.7-8, NVT).

Quando o medo domina e dizem: “Parecíamos como gafanhotos…” (Nm 13.33), Calebe declara:

— “Não se rebelem contra o SENHOR! Não tenham medo dos povos da terra. Eles estão indefesos! Não têm quem os proteja, mas o SENHOR está conosco! Não tenham medo deles!” (Nm 14.9, NVT).

Calebe nos ensina como responder à incredulidade: apegando-se firmemente às promessas de Deus. Ele diz:

— “O SENHOR nos fará entrar na terra… exatamente como prometeu.”

Moisés

Moisés, por sua vez, nos ensina a responder à incredulidade reafirmando… quem Deus é.

Veja bem: após a incredulidade do povo, Deus poderia, com toda justiça, tê-los destruído naquele exato momento.

Mas não o faz. E uma das razões é porque Moisés intercede.

E, ao interceder, Moisés apela ao zelo de Deus pela sua própria glória entre as nações. Ele diz — Números 14.15-16 (NVT):

14Os egípcios informarão isso aos habitantes dessa terra, que já ouviram falar que vives entre o teu povo. Sabem, SENHOR, que apareces ao teu povo face a face e que a tua nuvem permanece sobre ele e que vais adiante dele na coluna de nuvem de dia e na coluna de fogo à noite. 15Se exterminares todo este povo com um só golpe, as nações que ouviram falar de tua fama dirão: 16‘O SENHOR não foi capaz de levá-los à terra que jurou lhes dar, por isso os matou no deserto’.

Moisés está reafirmando o que sabe ser verdade sobre Deus: Que Deus deseja ser glorificado entre as nações… e que vinculou sua glória ao seu povo, Israel.

Paulo, o apóstolo, entendeu isso, quando escreveu — em Efésios 3.21 (NVT):

— “A ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus por todas as gerações, para todo o sempre! Amém.”

Moisés prossegue — Números 14.17 (NVT):

— “Por favor, Senhor, mostra que o teu poder é tão grande quanto declaraste.”

Ou seja, Moisés reafirma o que Deus já revelou sobre si mesmo:

— “O SENHOR é lento para se irar, é cheio de amor e perdoa todo tipo de pecado e rebeldia. Contudo, não absolve o culpado…” (Nm 14.18).

Moisés declara com convicção: Deus não é nosso inimigo. Não é um tirano disposto a nos decepcionar ou fazer-nos sofrer. Ele é o Deus longânimo, cheio de misericórdia, abundante em amor leal… e disposto a perdoar — até mesmo — um povo caído, infiel e rebelde.

Combatendo a Incredulidade

Então… como devemos responder à incredulidade?

Respondemos como Calebe e Josué — apegando-nos firmemente às promessas de Deus, reveladas em sua Palavra.

E respondemos como Moisés — reafirmando, com convicção, quem Deus é, conforme ele mesmo se revelou na Bíblia Sagrada.

E, com isso, quero concluir fazendo algumas aplicações.

Não seja um desertor

Israel chegou às portas da bênção prometida, mas recuou. Diante dos frutos, viram os gigantes. Diante da promessa, execraram Deus e enxergaram-se como gafanhotos (Nm 13.33). Admiraram a bênção… mas fracassaram em possuí-la.

Quantos vivem assim?

Sabem que em Cristo, pela fé, já possuem “todas as bênçãos espirituais nos domínios celestiais” (Ef 1.3), mas permanecem nas margens — paralisados pelo medo e pela incredulidade. Não perseveram em santidade. Desertam no pecado.

Calebe e Josué os ensinam:

Olhe, não para os gigantes, não para si mesmos, não para as promessas do pecado, mas para o Deus das promessas (Nm 14.9).

E como se deve proceder?

  • Fixando os olhos em Jesus (Hb 12.2).
  • Apegando-se às promessas que em Cristo são “sim” e “amém” (2Co 1.20).
  • Crendo que, se Deus não poupou seu próprio Filho, com ele dará tudo o que você precisa para perseveram em santidade — até o céu (Rm 8.32).
  • Crendo que Aquele que começou a boa obra em sua vida há de completá-la até o dia de Cristo Jesus (Fp 1.6).

E, assim, você possuirá, pela graça, a herança celestial — a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto e edificador é Deus (Hb 11.10).

A incredulidade paralisa. A fé avança. Em Cristo, avance. Creia. Persevere.

Não seja um desertor.

Erga os olhos para Cristo

Diante da incredulidade, Josué e Calebe ergueram os olhos — e chamaram o povo a fazer o mesmo. Desviaram o olhar dos gigantes… para a grandeza, o poder e a fidelidade de Deus. Apontaram para um Deus invencível, fiel às suas promessas e presente no meio do seu povo. Deus não falharia. A vitória não dependia deles, mas da graça e do poder soberano do SENHOR.

Essas mesmas verdades sustentam a igreja hoje.

O Deus que caminhou com Israel é o Deus que, agora, caminha conosco em Cristo — nos guiando, sustentando e cumprindo todas as suas promessas.

O que Josué e Calebe fizeram, somos chamados a fazer:

Desviar os olhos do medo… e fixá-los no Deus que reina soberano, que é suficiente e infinitamente digno de confiança.

Ao lado deles, vemos Moisés, que intercede não pela sua própria glória, mas pela glória de Deus entre as nações.

Sua intercessão, contudo, aponta além — para Cristo, nosso grande Intercessor, que vive eternamente para nos sustentar, proteger e conduzir à herança eterna.

Olhe para Ele. Confie nele. E avance. Porque Deus é fiel. Sua presença é suficiente. Sua promessa é segura. E sua glória é certa.

Erga os olhos para Cristo. E ande na comunhão de homens como Calebe e Josué.

Refugie-se no sacrifício de Jesus Cristo

Não nos detivemos em Números 15. Apenas o mencionamos. Mas esse capítulo nos lembra que Deus é santo e sua lei é inflexível. O pecado — seja intencional ou por negligência — é sério e traz juízo. Mas, em sua graça, Deus oferece perdão por meio de um sacrifício substitutivo — um sacrifício que, hoje, encontramos plenamente em Jesus Cristo.

As fitas azuis nas vestes de Israel serviam como lembrete constante de sua identidade como povo de Deus (Nm 15.37-41).

Da mesma forma, na igreja de Cristo, a Ceia do Senhor nos lembra que fomos comprados por um alto preço. Somos chamados a viver como povo santo, separado, refletindo a glória daquele que nos resgatou.

Além disso, Números 15 aponta para a beleza do evangelho: em Cristo, não há judeu nem gentio — todos somos um, filhos de Deus pela fé (Gl 3.28-29).

E, ao contemplarmos o juízo sobre aquele que violou o sábado, somos levados a reconhecer: a alma que pecar, essa morrerá (Ez 18.4).

Ah! Mas há uma promessa:

— “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 6.23, ARA).

Graças damos pela perfeita obediência de Cristo — nosso abrigo contra a justa ira de Deus.

E lembre-se:

  • Ergue os olhos para Cristo.
  • Viva consciente de sua identidade em Cristo.
  • Tema o pecado.
  • Ame a santidade.
  • E descanse na suficiência de Jesus.

Não seja um desertor.

S.D.G. L.B.Peixoto

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