21.02.2016
A MÚSICA DA IGREJA DE CRISTO (PARTE 2)
Romanos 16.25-27
25 Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho e pela proclamação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério oculto nos tempos passados, 26 mas agora revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele e a obedecer-lhe, 27 ao único Deus sábio seja dada glória para todo o sempre, por meio de Jesus Cristo. Amém.
A GLÓRIA DE DEUS
A igreja, coletiva e individualmente, existe para a glória de Deus (Rm 15.8-9; 1Co 6.20). Por isso que após tratar de assuntos tão profundos, relacionados à salvação e de temas tão práticos, relacionados à igreja local, Paulo conclui a carta aos Romanos com uma doxologia.
Doxologia é uma palavra que vem da junção de duas palavras gregas. A primeira é doxa, que significa glória. A segunda é logos, que significa palavra. Assim, uma doxologia é uma palavra que atribui glória a Deus.
Na semana passada nós dissemos que essa doxologia revela algumas das verdades mais significativamente belas sobre Deus presentes em qualquer parte da Bíblia.
AS PARTES DA MÚSICA
Essa explosão de louvor sintetiza os grandes pensamentos de Paulo expostos ao longo de Romanos. Podemos dividi-la em duas estrofes principais, que descrevem as razões porque a Igreja de Jesus Cristo deve viver para o louvor da glória de Deus = Deus é bom (v. 25-26) e belo (v. 27).
1) 1a estrofe: Aclame ao Senhor porque ele é bom
Rm 16.25-26 | 25 Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho e pela (que é a) proclamação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério oculto nos tempos passados, 26 mas agora revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele e a obedecer-lhe,
A Igreja precisa cantar que Deus é bom. Deus é bom porque ele é …
Sustentador | Fortalece-nos e nos mantêm em pé (cf. Jd 24-25);
Revelador | Revelou-nos o Filho, o poder de Deus para salvar e sustentar;
Proclamador | Encarregou-nos de levar o evangelho aos confins da terra;
Iniciador | Ele regenera as suas ovelhas.
2) 2a estrofe: Aclame ao Senhor porque ele é belo
Enquanto a primeira estrofe da doxologia (Rm 16.25-26) nos revela que Deus é bom (que ele é gracioso), a segunda estrofe (Rm 16.27) nos ensina que Deus é belo (que ele é glorioso).
Ao único Deus sábio seja dada glória para todo o sempre, por meio de Jesus Cristo. Amém.
Deus é infinito em sua natureza. Nenhuma criatura finita jamais conseguirá compreender totalmente a sua plenitude. Portanto, nós não podemos formar uma imagem mental ou material que seja capaz de representar o seu ser inesgotável.
Quando tentamos construir qualquer imagem de Deus, tudo o que conseguimos fazer é construir um ídolo morto, jamais o Deus vivo. Logo, se quisermos compreender um pouco da beleza do Deus soberano que adoramos, nós devemos nos apegar às descrições que a Escritura Sagrada faz de seu ser.
Aqui, no último verso de sua epístola, na última estrofe de seu cântico, na última parte de sua doxologia, Paulo nos dá um vislumbre de tirar o fôlego da beleza do Deus que adoramos. Depois de enxergarmos a sua bondade (graça), encaremos a sua beleza (glória).
2.1. Deus é único (v. 27a)
Ao único Deus
A expressão “único” revela que o Rei todo-poderoso da Bíblia, o nosso Deus, é Deus único e exclusivo. Isaías deixou isso muito claro.
Is 45.5-6 – 5 Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro; além de mim não há Deus. Eu o fortalecerei, ainda que você não tenha me admitido, 6 de forma que do nascente ao poente saibam todos que não há ninguém além de mim. Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro.
Não há qualquer outro ser no universo e nem fora dele que seja igual a Deus. Ele é exclusivo, incomparável, sem rival, sem par, insuperável. Não há como reduzi-lo a qualquer criatura, pois ele excede a tudo o que possamos conhecer. Ele é único. Deus é a edição limitada dele mesmo.
2.2. Deus é sábio (v. 27b)
Ao único Deus sábio
O “único” Deus é também infinitamente “sábio”. Isto não significa apenas que ele seja supremamente inteligente e saiba de todas as coisas, mas que ele também é insondavelmente perceptivo e preciso em seus propósitos e planos. Precisamos aprender a confiar, a viver pela fé na graça futura de Deus. Paulo sabia disso e pôde assim cantar:
Rm 11.33-36 – 33 Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! 34 ‘Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?’ 35 ‘Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense?’ 36 Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.
1 – Deus é único;
2 – Deus é sábio; e . . .
2.3. Deus é glorioso (v. 27c)
Ao único Deus sábio seja dada glória para todo o sempre
Que é a glória de Deus? A glória de Deus é a manifestação visível de seu caráter. Isaías não poderia ter deixado isso mais claro:
Is 6.3 – E [os serafins] proclamavam uns aos outros: ‘Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória’.
Por que os anjos não cantaram assim: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua santidade”?
Se você está destacando a santidade de Deus (“Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos”), nada mais natural do que dizer em seguida que “a terra está cheia da sua santidade” e não que “a terra está cheia de sua glória”! Não é mesmo? Porém, observe o que John Piper muito bem destacou, quando comentou sobre esse tema:
A santidade de Deus consiste no valor intrínseco e infinito que Ele tem em si mesmo, acima de todas as coisas. Ele é infinitamente valioso (santo = separado, único). Ele é infinitamente separado de todas as outras coisas no universo, tanto em pureza quanto em valor e beleza.
Quando esse seu valor e beleza se tornam públicos, em radiação e revelação de si mesmo, nós falamos de glória – “a glória de Deus”. (Didaticamente nós colocamos assim: santidade = seu valor intrínseco | glória = radiação da beleza de sua santidade, radiação de seu valor intrínseco)
A revelação completa do glorioso caráter de Deus – da glória de Deus – é a pessoa de Jesus Cristo:
Jo 1.14 – Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.
A glória de Deus é eterna, pois ele nunca teve começo e nunca terá fim.
A beleza de Deus não é apenas uma beleza com conteúdo – caráter expresso de forma radiante, mas é uma beleza eterna. Viveremos para sempre conhecendo e desfrutando mais e mais dessa maravilha.
— Deus é único, é sábio, é glorioso e . . .
2.4. Deus se manifestou em Cristo (v. 27d)
Ao único Deus sábio seja dada glória para todo o sempre, por meio de Jesus Cristo.
O principal elo revelador entre o Deus infinito e invisível e o homem finito e visível é Deus o Filho – Jesus Cristo. Sem ele não haveria qualquer manifestação de Deus que pudesse sequer ser parcialmente compreendida pelo homem. Paulo disse assim:
1Tm 6.16 | O único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém!
Cristo é a imagem perfeita do Deus vivo que o ser humano é capaz de conhecer e compreender.
Jo 1.18 – Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.
Hb 1.3 – O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser,
De igual forma, não haveria qualquer maneira de nos aproximarmos de Deus, livres de condenação, sem a obra redentora do Filho. Por isso que Paulo coloca da forma como está em Rm 16.27: “por meio de Jesus Cristo”.
Deus se manifestou em Cristo para que pudéssemos conhecer a sua gloriosa beleza, mas também para que pudéssemos ser salvos e fossemos morar diante de indescritível beleza por toda a eternidade:
1Pe 3.18 – Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus.
A MÚSICA DA IGREJA DE CRISTO
Deus é bom e Deus é belo. Deus é gracioso e Deus e glorioso. Essas são as duas linhas da doxologia de Paulo. São as duas estrofes básicas da música da igreja de Cristo Jesus.
Deus deve ser sempre aclamado pela sua graça (Deus é bom) e pela sua glória (Deus é belo). A Igreja nunca deve se calar diante de Deus e do mundo sem Deus.
A música termina com um “Amém!”
“Amém!” significa “Eu creio que isto é verdade!”. Você crê de fato que tudo o que você ouviu é verdade? É preciso crer.
Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), em sermão no Salmo 43, disse:
“Eu creio para compreender e compreendo para crer melhor.”
Anselmo de Cantuária (1033-1109 a.C.), seguindo a lógica de Agostinho, expressa no cap. I de seu Proslógio (em 1078) o seguinte:
“Não busco compreender para crer, mas creio para compreender.”
Agostinho e Anselmo estavam certos. Não se compreende para crer. Essa é posição racionalista, que leva ao deísmo. Isto é: Deus não é interferente. Só pode ser conhecido pela razão, ou não. Portanto, crê-se para compreender, parte-se da aceitação a priori, da Fé.
Is 43.10 – “Vocês são minhas testemunhas”, declara o Senhor, “e meu servo, a quem escolhi, para que vocês saibam e creiam em mim e entendam que eu sou Deus.”
Jr 24.7 – Eu lhes darei um coração capaz de conhecer-me e de saber que eu sou o Senhor. Serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, pois eles se voltarão para mim de todo o coração.
Jo 17.25-26 – 25 “Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. 26 Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja”.
Quem não experimentou por si a conversão, sempre estranhará algo no pensamento cristão, pois ele se fundamenta na conversão. A conversão é o pressuposto do pensamento bíblico (como também de Agostinho e de Anselmo). O que de nenhum modo afasta a racionalidade, antes a ilumina, exaltando a graça (Deus é bom) e a glória de Deus (Deus é belo). Paulo entendia assim e escreveu aos Coríntios:
1Co 1.26-31 – 26 Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. 27 Mas Deus escolheu o que para o mundo é loucura para envergonhar os sábios, e escolheu o que para o mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte. 28 Ele escolheu o que para o mundo é insignificante, desprezado e o que nada é, para reduzir a nada o que é, 29 a fim de que ninguém se vanglorie diante dele. 30 É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, 31 para que, como está escrito: “Quem se gloriar, glorie-se no Senhor”.
A MÚSICA DA IGREJA DE CRISTO
1. Deus é bom
Sustentador | Fortalece-nos e nos mantêm em pé (cf. Jd 24-25);
Revelador | Revelou-nos o Filho, o poder de Deus para salvar e sustentar;
Proclamador | Encarregou-nos de levar o evangelho aos confins da terra;
Iniciador | Ele regenera as suas ovelhas.
2. Deus é belo
Único | Não há outro igual. Edição limitada de si mesmo.
Sábio | Sabedoria profunda, riqueza de sabedoria.
Glorioso | Seu caráter se revela em gloriosa beleza.
Revelou-se em Cristo | Podemos conhecê-lo e nos aproximar.
Romanos 16.25-27
25 Ora, àquele que tem poder para confirmá-los pelo meu evangelho e pela (que é a) proclamação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério oculto nos tempos passados, 26 mas agora revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno, para que todas as nações venham a crer nele e a obedecer-lhe, 27 ao único Deus sábio seja dada glória para todo o sempre, por meio de Jesus Cristo. Amém.
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