11.05.2025
2Timóteo 1.5 (NVT)
Lembro-me de sua fé sincera, como era a de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, e sei que em você essa mesma fé continua firme.
Hoje nós temos a doce oportunidade de celebrar um dos mais significativos meios da graça comum de Deus: A DÁDIVA DE TER MÃE. É também uma ocasião gloriosa para honrarmos uma das mais sublimes vocações delegadas pelo próprio Deus: A MISSÃO DE SER MÃE.
Dentre todas as loucuras desta geração, destaca-se a tentativa insana de diminuir, distorcer e até descartar os mais nobres chamados de Deus para a vida humana. Entre esses chamados resplandece o santo e magnífico chamado da maternidade.
Sim! O mundo procura rebaixar o chamado materno; Deus, porém, o exalta. O mundo o trata como algo secundário; Deus, contudo, o celebra como parte indispensável de sua grandiosa obra na história da redenção.
Hoje, portanto, desejo falar ao coração de vocês sobre a beleza do chamado materno — não como um papel menor no reino de Deus, mas como uma vocação grandiosa, tão essencial para o avanço do Evangelho quanto a própria pregação pastoral.
Meu objetivo, nesta manhã em que celebramos o Dia das Mães, é honrar a maternidade e, assim, glorificar Jesus Cristo — aquele que a idealizou, a criou e a abençoou.
Cristo dignificou a maternidade não apenas ao encarnar-se no ventre de Maria (Mt 1.18; Lc 1.42), mas também ao pronunciar, desde a cruz, uma das mais belas expressões de cuidado final: ao olhar para João, disse-lhe: “[João,] eis aí tua mãe” (Jo 19.27).
Ah, minhas irmãs em Cristo! Este é um chamado elevado, santo e crucial, que muitas de vocês abraçaram com pouco reconhecimento ou encorajamento da parte do mundo:
Vocês, tragicamente, são minoria, minhas queridas irmãs! Vocês são aquelas que ouviram Tito 2.4-5 não como um fardo opressor, mas como uma palavra libertadora.
O apóstolo Paulo instruiu Tito a ensinar as mulheres mais velhas a “instruir as mulheres mais jovens a amar o marido e os filhos, a viver com sabedoria e pureza, a trabalhar no lar [ou: cuidar do lar], a fazer o bem e a ser submissas ao marido. Assim, não envergonharão a palavra de Deus.”
Ah, pequenino rebanho de mulheres, minhas irmãs em Cristo! Vocês ouviram esse chamado como algo rico, profundo, precioso e santo — como a confirmação dos anseios mais nobres do seu coração — e como algo absolutamente essencial para a formação de uma igreja e de uma cultura centradas em Deus e que exaltam a Cristo.
É a vocês que dirijo esta palavra: uma palavra de honra e de encorajamento. E para isso, dedicarei o restante do nosso tempo à reflexão em 2Timóteo.
Paulo escreveu sua segunda carta a Timóteo com o propósito de encorajá-lo a perseverar no ministério. A participação de Timóteo na obra apostólica — como um daqueles que receberam de Paulo o bastão do evangelho para prosseguir na corrida — só seria plenamente realizada se ele demonstrasse perseverança em meio às provações e pureza em meio às falsas doutrinas.
Com esse propósito, Paulo dedica a primeira parte da carta (1.3–2.13) a mostrar que a parte de Timóteo no ministério da Palavra só será plenamente alcançada mediante a perseverança no sofrimento e nas tribulações.
Em seguida (2.14–4.8), o apóstolo afirma que a continuidade de Timóteo no ministério da Palavra dependerá também de sua pureza e fidelidade bíblica em meio às falsas doutrinas.
O que não se pode deixar de notar é que, no coração dos argumentos de Paulo — tanto na primeira parte (1.3–2.13) quanto na segunda (2.14–4.8) —, está, como pilar de sustentação, a herança piedosa que Timóteo recebeu de sua avó e de sua mãe.
Formação para a perseverança
No primeiro argumento (1.3–2.13), ao sustentar a necessidade de perseverança em meio aos sofrimentos e tribulações, Paulo destaca a importância de cultivar o zelo pelo dom ministerial (1.6-7), a importância de demonstrar coragem para enfrentar as adversidades (1.8-12), e a importância de manter firmeza para preservar a fé apostólica e discipular homens que continuem carregando a tocha do evangelho (1.13–2.2). E, em tudo, a importância de ser perseverante (2.3-13).
Pois bem, para tudo isso, o apóstolo Paulo parte da herança piedosa recebida de mulheres de fé. Leia:
2Timóteo 1.3-6a (NVT)
3Dou graças por você ao Deus que sirvo com a consciência limpa, como o serviram meus antepassados. Sempre me lembro de você em minhas orações, noite e dia. 4Quero muito revê-lo, pois me lembro de suas lágrimas. Nosso reencontro me encherá de alegria.
5Lembro-me de sua fé sincera, como era a de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, e sei que em você essa mesma fé continua firme. 6Por isso [ou: por esta razão] …
Antes de qualquer formação acadêmica, anterior a qualquer preparo em seminário teológico ou treinamento ministerial de qualquer natureza, a formação de Timóteo aconteceu no lar — e foi conduzida por duas mulheres de fé: sua avó, Loide, e sua mãe, Eunice. Foi sobre essa base que Paulo pôde apelar ao zelo pelo dom ministerial (1.6-7), à coragem para enfrentar as adversidades (1.8-12) e à firmeza para preservar a fé apostólica e discipular homens que continuassem carregando a tocha do evangelho (1.13–2.2). Sem o chamado materno de Loide e Eunice, o cumprimento do chamado ministerial de Timóteo teria sido ainda mais árduo.
Uma Palavra aos Pais — e às Mães que Não Podem Contar com Pais.
Sei que qualquer argumento baseado no silêncio pode ser frágil e até falacioso. Ainda assim, arrisco dizer que o espírito de temor e de covardia que dominava o coração de Timóteo — a tal ponto que Paulo precisou escrever-lhe com tanta firmeza — parece ser resultado da ausência de contribuição espiritual por parte de seu pai. Para mim, essa indicação está no fato de Paulo não ter se referido ao pai de Timóteo aqui em 2Timóteo 1.5. A razão está em Atos 16.1, onde Lucas relata como Paulo escolheu Timóteo para ser seu discípulo em formação missionária: “Paulo foi também a Derbe e a Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego.”
Assim, está claro que Timóteo é fruto de um lar com uma mãe crente e um pai incrédulo. É por isso que Paulo não mencionou que Timóteo aprendeu as Escrituras com seu pai — ele não aprendeu. Seu pai não cria nelas. Mas sua mãe e sua avó criam. Graças a Deus, houve a formação espiritual de Timóteo, embora lhe tenha faltado, em casa, a figura masculina que modelasse o zelo, a coragem e a firmeza no evangelho. Essa lacuna, porém, foi suprida pelo próprio apóstolo Paulo.
Portanto, há aqui uma palavra de exortação aos pais: estejam presentes na formação espiritual de seus filhos. Modelem para eles o zelo, a coragem e a firmeza que o evangelho de Cristo produz.
Há também uma palavra de encorajamento para as mães e avós que não puderam ou não podem contar com a presença masculina cristã na criação dos filhos e dos netos — seja você mãe solteira, viúva, divorciada ou esposa de um marido incrédulo ou, ainda, de um crente ausente: a igreja proporciona figuras masculinas cristãs que poderão ajudar na formação espiritual de seus filhos. Por isso sustentamos a importância de que homens também se envolvam no ensino de crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Formação para a pureza
No segundo argumento (2.14–4.8), ao afirmar que a continuidade de Timóteo no ministério da Palavra dependeria também de sua pureza e fidelidade bíblica em meio às falsas doutrinas, Paulo o faz recordar o caráter de sua avó e de sua mãe piedosa como um grande incentivo para permanecer firme nas Escrituras que elas lhe ensinaram.
Timóteo precisaria ter como alvo permanecer aprovado diante de Deus, rejeitando práticas fúteis e proposições falsas (2.14-19). Sua ambição deveria ser separar-se de toda impureza prática e doutrinária, a fim de tornar-se um obreiro útil, pronto e capaz (2.20-26). Seu alerta seria estar preparado para tempos em que a apostasia se tornaria a norma (3.1-9). Sua atividade seria assumir o lugar de Paulo na confrontação das falsas doutrinas, por meio da pregação fiel da Palavra e da força em meio ao sofrimento (4.1-8).
MAS, PARA TUDO ISSO, Timóteo precisaria de um abrigo — e seu abrigo seriam as Sagradas Escrituras, que ele conhecia desde a infância, com a consciência de que a obediência a elas traz perseguição, como exemplificado na vida de Paulo (3.10-17).
Portanto, a Bíblia Sagrada — aprendida desde a infância, ensinada pela avó e pela mãe, modelada em sua vida por elas — era o abrigo de que Timóteo precisaria para permanecer puro e fiel. Leia, e preste atenção à figura paterna que Paulo exerceu na vida de Timóteo, preenchendo a lacuna deixada pelo pai e complementando o ensino e a formação cristã que ele recebera de sua avó e de sua mãe tão piedosas — tudo fundamentado nas Escrituras. Note que a formação de que se precisa — a formação que seu filho precisa, querida mãe — é aquela que salva e santifica, pela graça, mediante a fé.
2Timóteo 3.10-17 (NVT)
10Mas você [em contraste aos males, às corrupções e aos perigos dos últimos dias], sabe muito bem o que eu [figura paterna] ensino, como vivo e qual é meu propósito de vida. Conhece minha fé, minha paciência, meu amor e minha perseverança. 11Sabe quanta perseguição e quanto sofrimento suportei e o que me aconteceu em Antioquia, Icônio e Listra; o Senhor, porém, me livrou de tudo isso. 12Sim, e todos que desejam ter uma vida de devoção em Cristo Jesus sofrerão perseguições. 13Mas os perversos e os impostores irão de mal a pior. Enganarão outros e eles próprios serão enganados.
14Você, porém, deve permanecer fiel àquilo que lhe foi ensinado [pela avó e pela mãe]. Sabe que é a verdade, pois conhece aqueles de quem aprendeu. 15Desde a infância lhe foram ensinadas as Sagradas Escrituras, que lhe deram sabedoria para receber a salvação que vem pela fé em Cristo Jesus. 16Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para [a santificação] nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. 17Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra.
Paulo, em outras palavras, estava dizendo o seguinte a Timóteo: uma das maneiras — não a única, mas uma delas — de fortalecer sua fé, perseverar em tempos difíceis e não desistir das Escrituras é lembrar-se de quem lhe apresentou a Palavra de Deus e o caminho da salvação: lembre-se de sua mãe e de sua avó.
Portanto, deixemos isto muito claro: o apóstolo de Jesus Cristo, neste texto, confere à vocação materna e à vocação de avó uma honra grandiosa. Vocês têm um chamado que pode se tornar o fundamento de uma fé longamente lembrada — não apenas na vida de seus filhos (atentem para isso!), mas também na vida de incontáveis pessoas que serão impactadas por meio deles. E isso se soma a todos os outros milhares de efeitos em cadeia que a fé vivida na sua história pode produzir.
Para você que tem dúvida da força e do papel da maternidade na formação teológica de filhos, ouça o que John Wesley escreveu: “Aprendi mais sobre o cristianismo com minha mãe do que com todos os teólogos da Inglaterra.”
O Dia das Mães é uma oportunidade preciosa para todos nós celebrarmos uma das mais belas expressões da graça comum de Deus: a bênção de ter e de ser mãe.
Alguns, no entanto, experimentam nesta data um sabor amargo: para uns, pela saudade da mãe que já partiu; para outros, pela dor causada pelas falhas e pelos sofrimentos recebidos de suas mães. Vivemos em um mundo afetado pelo pecado e, apesar de todas as suas virtudes, as mães também são pecadoras — até mesmo a mãe de Jesus reconheceu sua necessidade de um Salvador: “Como meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador!” (Lc 1.47) — e confessou sua profunda carência da misericórdia divina: “Demonstra misericórdia a todos que o temem, geração após geração.” (Lc 1.50).
Portanto, tenha você tido uma mãe que fracassou terrivelmente com você, ou seja você uma mãe absolutamente consciente de seus próprios fracassos, jamais se esqueça de que sempre existe graça e bondade a serem reconhecidas e admiradas em quase todas as situações, mesmo aquelas profundamente manchadas pelo pecado.
Para a maioria, porém, o coração se enche de gratidão todas as vezes que Deus traz à memória lembranças da mãe que tivemos, da avó que tivemos ou da mãe de nossos filhos — especialmente quando essas mulheres, de forma piedosa, modelaram e ensinaram a fé cristã. Nesses casos, fazemos coro com o rei Lemuel, em Provérbios 31.28-29: “Seus filhos se levantam e a chamam de bem-aventurada; seu marido também a louva, dizendo: ‘Muitas mulheres são exemplares, mas você a todas supera.’”
Este sermão é, em si, um rogo para que essa realidade se cumpra na vida das mães desta igreja, nesta geração. Oro também para que esta palavra seja uma forma de honrar e de encorajar todas vocês, mulheres que abraçam o chamado bíblico:
Minha oração por vocês nesta manhã, queridas mamães e vovós:
Ó Deus eterno e glorioso,
nesta manhã do Dia das Mães, nós nos curvamos diante de ti, reconhecendo que toda a glória pertence a ti, único Deus, nosso Salvador, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor.
Senhor, Tu és poderoso para guardar as mães de tropeçar, para firmá-las na fé e conduzi-las, com grande alegria e sem defeito, à tua presença gloriosa. És Tu quem as sustenta no caminho, quem as fortalece nos momentos de fraqueza, quem as consola nas angústias e quem as enche de esperança mesmo em meio às batalhas ou fracassos da vida.
Nós te rendemos glória, majestade, poder e autoridade — glória que te pertence desde antes de todos os tempos, agora e para sempre!
Que cada mãe aqui presente, Senhor, encontre em ti a fonte inesgotável de graça, a força para perseverar, a ternura para amar e a firmeza para ensinar a tua Santa Palavra. Que os dias delas sejam marcados pela fé, a casa pelo perfume do evangelho e as gerações de seus filhos pelo testemunho da grande misericórdia do Senhor.
Nós te louvamos e te bendizemos, confiando que, aquele que começou boa obra em suas vidas, há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus.
Toda honra e toda glória sejam dadas a ti, agora e para sempre!
Em nome de Jesus, oramos. Amém.
S.D.G. L.B.Peixoto
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Pr. Leandro B. Peixoto