12.10.2025
Salmo 119.1-8
Álef
1Como são felizes os íntegros,
os que seguem a lei do SENHOR!
2Como são felizes os que obedecem a seus preceitos
e o buscam de todo o coração.
3Não praticam o mal
e andam em seus caminhos.
4Tu nos encarregaste
de seguir fielmente tuas ordens.
5Meu grande desejo é que minhas ações
sempre reflitam teus decretos.
6Então não ficarei envergonhado
quando meditar em todos os teus mandamentos.
7Eu te darei graças por viver corretamente,
à medida que aprender teus justos estatutos.
8Obedecerei a teus decretos;
por favor, não desistas de mim!
Todo ser humano deseja ser feliz. Essa busca é universal, inevitável — e foi plantada em nosso coração pelo próprio Deus. Mas o que muitos não percebem é que a felicidade verdadeira não está no consumo, no prazer momentâneo, nem na conquista de experiências passageiras. A verdadeira felicidade está em Deus. Está na comunhão com o Criador, revelado na face gloriosa de Jesus Cristo.
O pecado distorce esse anseio. Ele nos promete alegria, mas entrega vazio. Foi assim desde o Éden. A serpente ofereceu uma felicidade alternativa — e desde então, toda promessa de felicidade longe de Deus carrega o mesmo veneno.
Mas a Bíblia nos mostra um caminho mais excelente.
Felicidade real é conhecer a Deus. É obedecer à sua Palavra. É desfrutar da sua presença. Essa é uma alegria profunda. Uma alegria duradoura. Uma alegria eterna. Sólida. E só o Deus infinito pode preencher o abismo infinito do nosso coração.
É essa fome — essa sede por verdadeira felicidade — que nos conduz ao Salmo 119.
Convido você, então, a caminhar comigo — com olhos, mente e coração bem abertos — para os versículos 1 a 8. Aqui, o salmista nos revela a chave para uma vida feliz.
Vamos, com reverência, nos debruçar sobre o texto sagrado. E veremos que essa chave está em três coisas: na preservação (versículos 1 a 4), na oração (versículos 5 e 6) e na adoração (versículos 7 e 8).
“Preservação.” Eis uma palavra em alta. Fala-se muito, hoje, sobre preservação da natureza, dos recursos naturais, das florestas e dos rios. E, de fato, tudo isso tem seu valor. Mas nunca se fala daquilo que é ainda mais essencial: a preservação da contaminação do pecado em nosso coração e nos nossos hábitos. Pois de nada adianta manter intacta a criação, se o coração e os hábitos das pessoas permanecem no pecado.
Acompanhe a leitura:
Salmo 119.1-3 (NVT)
1Como são felizes os íntegros,
os que seguem a lei do SENHOR!
2Como são felizes os que obedecem a seus preceitos
e o buscam de todo o coração.
3Não praticam o mal
e andam em seus caminhos.
Charles Bridges, comentando este salmo, destaca de forma profunda a sua expressão inicial: “Como são felizes” ou “Bem-aventurados” (v. 1). Ele afirma, com contundência:
Este salmo abre com uma bem-aventurança, para nosso consolo e encorajamento, direcionando-nos imediatamente àquela felicidade que toda a humanidade, de diferentes maneiras, está buscando e inquirindo. Todos desejam se proteger das incursões da miséria; mas nem todos consideram que a miséria é filha do pecado — da qual, portanto, é necessário ser libertado e preservado, a fim de se tornar feliz, ou bem-aventurado.
Veja comigo como o salmista coloca essa questão, na primeira frase do versículo 1a: “Como são felizes os íntegros [ou: os irrepreensíveis em seu caminho]”.
“Irrepreensíveis” — ou “íntegros” — significa aqueles que estão livres de culpa.
E não nos alegramos porque Deus — em Cristo — nos livra da culpa do pecado?
Não importa qual seja o pecado, pois Deus, em Cristo, fez propiciação pelos pecados de todos os que creem. E isso os libertou — nos libertou, crentes — da culpa do nosso pecado e da condenação. A igreja de Jesus Cristo, portanto, permanece como um testemunho vivo dessa verdade: Deus nos liberta dos nossos pecados.
Em Cristo, somos íntegros. Em Cristo, somos irrepreensíveis em nossos caminhos.
Isso, sim, é felicidade. Isso, sim, é bem-aventurança.
Mas o que temos na primeira parte deste parágrafo inicial do Salmo 119 é o outro lado dessa realidade. A felicidade não está apenas em ser liberto da culpa do pecado — mas em ser preservado da contaminação do pecado.
Enquanto o mundo grita: “Faça o que lhe der prazer”, a palavra de Deus expõe a falsidade dessa promessa. Qualquer que seja a prática, ela não trará verdadeira satisfação. No máximo, provocará uma excitação momentânea — e depois disso, o pecador desejará “mais, mais, mais” — sem jamais se saciar.
Há dentro de nós uma fome insaciável. E ela não pode ser satisfeita pelas contaminações deste mundo caído no pecado. Não importa do que se trate — isso é um fato comprovado. Alguém começa fumando maconha — e isso o leva à cocaína, à heroína, ao crack e assim por diante. Alguém começa flertando com a imoralidade — e acaba praticando-a. Depois, talvez, venha a licenciosidade em formas ainda mais pervertidas.
E então o pecador se pergunta: “Por que eu não consigo ser feliz?”
A resposta é clara: o pecado — e a contaminação que ele causa — não podem produzir felicidade. Felicidade é ser perdoado e preservado da contaminação do pecado.
Isso se expressa de duas maneiras.
Primeiro, precisamos ser preservados da contaminação no nosso coração.
Segundo, precisamos ser preservados da contaminação nos nossos hábitos.
1.1 — A preservação da contaminação no nosso coração
O pecado — e a contaminação que ele traz — começa no coração. Nunca praticamos um ato pecaminoso sem antes termos uma pré-disposição interior para fazê-lo. É no coração que o pecado é concebido — e os nossos hábitos dão “à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1.14-15). O próprio Jesus declarou que o mal vem de dentro — do coração do homem. Disse assim, o Senhor — em Marcos 7.20-23 (NVT):
“Aquilo que vem de dentro é que os contamina. 21Pois, de dentro, do coração da pessoa, vêm maus pensamentos, imoralidade sexual, roubo, homicídio, 22adultério, cobiça, perversidade, engano, paixões carnais, inveja, calúnias, orgulho e insensatez. 23Todas essas coisas desprezíveis vêm de dentro; são elas que os contaminam”.
Por isso estava coberto de razão quando assim se expressou o salmista, no Salmo 119.2b: “Como são felizes os que […] o buscam de todo o coração.”
“Buscam de todo o coração”.
Isso significa um coração indiviso — com um único desejo: Deus.
Implica dar a Deus nossa atenção exclusiva.
Isso é santidade.
Alguns têm dificuldade em encontrar Deus em suas vidas. Talvez porque o tenham buscado de forma casual demais. Seguem o próprio caminho, “fazem o que bem entendem”. Desprezam a Deus e tratam com ele de modo superficial — às vezes, quase sarcástico. Mas, para ter a paz de Deus no coração, é necessário voltar toda a atenção para ele.
Precisamos, em primeiro lugar, ser preservados do pecado em nossos corações.
Lê-se assim, em Provérbios 4.23: “Acima de todas as coisas, guarde seu coração, pois ele dirige o rumo de sua vida.”
Precisamos ser preservados da contaminação do pecado nos nossos corações. E é na palavra de Deus que encontramos a purificação necessária para eles.
Por isso, devemos ler as Escrituras. Devemos memorizar as Escrituras. Devemos meditar nas Escrituras. É assim que somos preservados da contaminação interior.
Na Bíblia, à nossa disposição, estão a verdade e a mensagem para os nossos corações. Assim, amamos a palavra de Deus porque reconhecemos que ela é a declaração do próprio Deus ao nosso coração. Nós não adoramos a Bíblia. Adoramos o Deus que a Bíblia revela. Conhecemos a Deus por causa da sua revelação — em sua Palavra.
E assim preservamos o nosso coração da contaminação do pecado.
Salmo 119.2b: “Como são felizes os que […] o buscam de todo o coração.”
1.2 — A preservação da contaminação nos nossos hábitos
Em segundo lugar, precisamos ser preservados da contaminação do pecado nos nossos hábitos.
Escreveu o salmista, em Salmos 119.3a: “Não praticam o mal [ou: iniquidade; ou: o que não é justo; ou: não praticam injustiça]”.
Aquilo que está em nossos corações, cedo ou tarde, se manifestará em nossas ações.
A pessoa íntegra diante de Deus, aquela que está livre da culpa, que foi justificada em Cristo (v. 1a) e que busca o SENHOR de todo o coração (v. 2b), preservará seus hábitos da contaminação do pecado. Ela andará na lei do SENHOR (v. 1b), obedecerá os preceitos do SENHOR (v. 2a), não praticará o mal — não se entregará à iniquidade ou à injustiça (v. 3a) e andará nos caminhos do SENHOR (v. 3b).
Note que todas essas expressões descrevem hábitos: andar, buscar, obedecer, não praticar — e andar novamente.
Trata-se de um padrão. Um estilo de vida moldado pela palavra de Deus.
Ou seja, se cremos corretamente em nosso coração, se conhecemos o SENHOR aqui dentro, no íntimo, pelo poder do Espírito, seremos preservados da contaminação em nosso modo de viver. Seremos preservados da contaminação dos nossos hábitos pelo pecado.
Salmo 119.1-3 ensina que, quando recorremos a Deus para a preservação dos nossos hábitos, descobrimos duas verdades.
Primeiro, descobrimos o caminho de Deus. O “caminho de Deus” (vs. 1 e 3) é viver de modo coerente com ele — é fazer sua vontade. Deus é um ser de santidade e pureza. E é na Escritura que nós tomamos consciência do tipo de vida que um Deus santo e puro deseja que vivamos.
No hebraico, “caminho” sempre se refere a uma vereda, uma estrada, uma via por onde se percorre até um destino. A figura aqui é a de quem segue o caminho por onde Deus está indo — e anda nos seus caminhos, de acordo com o seu caráter. É uma maneira de viver — viver em santidade.
“Caminho” pode se referir ao caráter de Deus. Portanto, devemos andar de modo coerente com o caráter dele. Isaías escreveu: “Este é o caminho, andai por ele” (Is 30.21, ARA). O mesmo profeta, ao falar da alegria da redenção final, chama o caminho de Deus de “o Caminho Santo” (Is 35.8, ARA). Há felicidade na santidade.
A palavra de Deus, portanto, nos preserva da contaminação dos nossos hábitos pelo pecado ao nos mostrar o caminho de Deus. E a felicidade que nele há.
Em segundo lugar, a palavra de Deus nos ensina a vontade de Deus. Se o caminho é o caráter de Deus, a vontade de Deus significa o propósito de Deus. É possível descobrir qual é o desígnio do Senhor para nossas vidas. É impressionante: Deus revelou a nós sua vontade. Ele se importa conosco. Ele tem um plano. Ele se interessa por tudo o que nos diz respeito.
A palavra de Deus nos preserva da contaminação de nossos hábitos ao nos levar a conhecer o caráter de Deus — seu Caminho — e a descobrir a vontade de Deus para nossas vidas.
A palavra “lei”, no versículo 1, é “Torá”. Torá significa, literalmente, “aquilo que é dado”, “aquilo que é ensinado”. Assim, “andar na lei” significa andar em tudo aquilo que Deus ensinou. Refere-se, consistentemente, a toda a Escritura.
Alguns dizem: “Não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça” — e usam isso para justificar o próprio comportamento, geralmente, pecaminoso. Realmente, é verdade que não estamos sob a lei levítica, mas devemos andar na Lei, na Torá — em tudo o que Deus nos ensinou. A lei ou ou ensino moral de Deus é irrevogável.
A felicidade vem àqueles que valorizam o testemunho de Deus, descobrem a vontade de Deus e vivem de acordo com essa vontade — revelada na Bíblia Sagrada, no Ensino Sagrado, nas Escrituras Santas. Assim, a chave para uma vida feliz está na preservação da contaminação do pecado nos nossos corações e em nossos hábitos — pela palavra de Deus.
Para compreender a essência da oração, precisamos orar sob a direção de Deus. Devemos orar de modo que o Espírito de Deus nos guie em nossas orações.
O salmista não está tratando aqui de uma oração casual ou leviana. Neste contexto, orar significa falar com Deus de forma consistente com a sua Palavra.
A partir do versículo 4, o tom do salmo muda — o salmista deixa de proclamar e começa a orar. Ele já não está mais pregando; agora, está suplicando. Ele reconhece que Deus estabeleceu um padrão claro: “Tu nos encarregaste de seguir fielmente tuas ordens.” (v. 4). Ele sabe o que se espera dele. Mas também sabe que, por si só, não conseguirá. Então, nos versículos 5 e 6, sua oração se intensifica. Ele clama por graça para alinhar seus passos aos decretos de Deus e, assim, viver sem se envergonhar diante da Palavra.
Primeiro, ele ora suplicando a graça de Deus:
5Meu grande desejo é que minhas ações [ou: meus passos]
sempre reflitam teus decretos.
Segundo, ele ora movido pela vergonha do seu pecado:
6Então não ficarei envergonhado
quando meditar [ou: considerar] em todos os teus mandamentos.
Este salmista sabe que, se não for pela graça de Deus, ele viverá envergonhado de seus pecados (v. 6). Pois jamais conseguirá alinhar seus passos com os decretos do SENHOR (v. 5). Jamais será capaz de seguir fielmente as ordens do SENHOR (v. 4).
É por isso que afirmo: de acordo com este salmo, a chave para uma vida feliz está na oração. Na oração de súplica — para que se possa desejar e conseguir fazer a vontade de Deus revelada nos mandamentos de Deus.
“Dá o que ordenas e ordena o que quiseres.”, escreveu Agostinho, no século V.
Agostinho expressa assim sua consciência da incapacidade humana de obedecer a Deus por si mesma, e ao mesmo tempo a confiança de que o próprio Deus concede a graça necessária para cumprir o que ordena. Essa frase foi central nas controvérsias da graça, especialmente contra Pelágio.
Ah! Como é feliz aquele que sabe o que é bom e justo — e consegue praticar!
Por isso ele ora. Ele ora suplicando a preservação do coração e dos hábitos pela contaminação do pecado.
Note que o salmista ora com direção: ele quer seus passos alinhados com a palavra de Deus (v. 5), pois, ao meditar na palavra de Deus, seus pecados o envergonharam (v. 6). Ele sabe que foi encarregado de obedecer fielmente a ordem do SENHOR (v. 4), mas, sozinho, não consegue. Fica, então, envergonhado.
A palavra de Deus é como um espelho diante de nós. Ela reflete quem realmente somos. E quando revela em nós incoerência, rebeldia ou pecado, devemos confessar. Devemos nos arrepender. E buscar a graça de Deus.
A Palavra traz convicção. Traz correção. Traz instrução edificante.
O julgamento mais severo que a palavra de Deus descreve é contra aqueles que sabem o que devem fazer — e deixam de fazê-lo.
Muitos hoje já não sentem vergonha de seus pecados. Muitas orações são impedidas porque não estamos dispostos a considerar os mandamentos de Cristo. O pecado é racionalizado. É desculpado. Às vezes, até usamos a própria Bíblia, fora de contexto, para tentar justificar o que Deus condena.
A pior tragédia de uma nação é perder o senso de vergonha.
Vivemos em uma cultura que já não se envergonha. Milhões de vidas são ceifadas no ventre em clínicas de aborto. A pornografia destrói tudo o que toca e é tratada como entretenimento. O adultério é celebrado. A degradação moral vira manchete. E muitos consomem tudo isso com prazer, celebrando, orgulhando-se do pecado.
Perdemos o constrangimento.
Mas não conseguiremos orar com direção sem sentir vergonha de nossos pecados. Deveríamos estar profundamente constrangidos diante de Deus.
O salmista havia meditado tanto na palavra de Deus que foi movido pela bem-aventurança de ser preservado da contaminação. Esse impacto o impulsionou à obediência. E ele desejou que essa obediência se tornasse um hábito em sua vida.
Ele reconheceu sua fraqueza. Seu anseio tornou-se oração. Ele contemplou seu pecado — e compreendeu que só pelo poder de Deus poderia obedecer e ser aquilo que o SENHOR deseja que ele seja.
Ele ora, portanto, com o senso da vergonha de seu pecado.
Mas orar com direção também envolve a força da rendição:
5Meu grande desejo é que minhas ações [ou: meus passos]
sempre reflitam teus decretos.
Uma das formas mais sinceras de orar com direção é render-se. Humilhar-se diante de Deus. Submeter-se à sua vontade.
Não é de admirar que Provérbios 28.13 diga: “Quem oculta seus pecados não prospera; quem os confessa e os abandona recebe misericórdia.”
Encontramos força quando obedecemos.
Se desejamos a força de Deus em nossas vidas, precisamos obedecer. Precisamos nos render à vontade dele. E só conseguiremos se orarmos.
A chave para uma vida feliz está na oração, orar com direção — com um profundo senso de vergonha por nosso pecado e com a firmeza da rendição ao nosso Deus.
Entre a súplica e o louvor não há uma longa estrada. Como não poderia ser diferente com ele, Charles Spurgeon observou com sabedoria: “Esteja certo de que aquele que ora por santidade, um dia louvará por ter obtido tanta felicidade.”
Para o salmista, a vergonha desapareceu. O silêncio foi quebrado. Agora, há louvor.
7Eu te darei graças por viver corretamente,
à medida que aprender teus justos estatutos.
8Obedecerei a teus decretos;
por favor, não desistas de mim!
Adorar é um fim em si mesmo — tanto quanto o prazer em Deus é um fim em si mesmo. Portanto, adorar a Deus é o ápice de toda a felicidade que buscamos.
Nós não usamos a adoração como um meio para outra coisa. Adorar não é um degrau para alcançar bênçãos maiores. A adoração é a bênção. Porque no coração da adoração está o próprio Deus — contemplado, conhecido, saboreado, amado.
E é exatamente aqui que o prazer em Deus encontra sua consumação: quando o coração, inflamado pela beleza de Cristo, não pode mais se conter, mas transborda em louvor. É por isso que John Piper diz: “Deus é mais glorificado em nós quando nós estamos mais satisfeitos nele.” A glória de Deus e a nossa alegria não competem; elas se entrelaçam. Nosso deleite em Deus é o que faz da nossa adoração um eco verdadeiro da sua dignidade infinita.
Portanto, adorar não é apenas um dever frio, mas o clímax da nossa felicidade. É o lugar onde o desejo humano encontra repouso e onde a busca insaciável por alegria encontra sua fonte inesgotável. Na adoração, chegamos ao fim de todas as buscas, porque chegamos ao próprio Deus.
Mas tem um problema: você não conseguirá louvar a Deus com uma vida manchada.
A menos que o coração esteja puro, você não estará louvando a Deus. E ele não aceitará louvor que nasça de uma vida entregue ao pecado. Tampouco aceitará alguém que se aproxima sem confissão.
Essa é a razão pela qual muitos não sentem alegria em Deus nem em vir para adorar a Deus como igreja. Dizem que não “recebem nada”, não “sentem nada” — mas isso revela mais sobre sua relação com Deus do que sobre o culto ou a adoração em si que eles tanto desprezam.
É preciso confessar o pecado.
Isso não significa perfeição. Nenhum de nós é perfeito — e não precisamos nos tornar perfeitos antes de nos achegar à casa de Deus. Contudo, a única forma de ser realmente feliz é viver uma vida purificada, de tal modo que possamos louvá-lo sem contaminação.
Deus leva a sério a santidade. Deus leva a sério a pureza.
É essencial que nos aproximemos dele conforme ele mesmo ordena — e isso começa com confissão, arrependimento e rendição.
Então, sim — então podemos louvá-lo sem contaminação.
Agora… olhe comigo para os versículos 7 e 8 do Salmo 119.
Há quatro maneiras com as quais o salmista louva a Deus — ou busca fazê-lo.
Primeiro, ele louva a Deus com pureza: “Eu te darei graças por viver corretamente” ou, na NAA, “Eu te darei graças com integridade de coração” (v. 7a). Uma vida pura honra e glorifica a Deus. Glorificamos a Deus quando refletimos o seu caráter — e o caráter de Deus é puro, santo.
Segundo, ele louva a Deus de forma correta: “à medida que aprender teus justos estatutos” ou, na NAA, “quando tiver aprendido seus retos juízos” (v. 7b). O louvor verdadeiro é aprendido na Escritura. A música que agrada a Deus é a que se alinha às Escrituras. Por isso que o culto regulado pelas Bíblia é o único que agrada a Deus.
E mais: quando estudamos a Bíblia, estamos louvando a Deus. Quando abrimos a Palavra, lemos e meditamos nela com reverência, estamos louvando a Deus. Louvamos o Senhor sempre que estimamos sua Palavra como preciosa — como ele mesmo a estima.
Poderíamos, com razão, chamar a hora da Escola Bíblica Dominical de “uma hora do louvor”. Porque não louvamos a Deus mais profundamente do que quando o conhecemos por meio da sua Palavra. Esse conhecimento nos leva à exultação. Isso é adoração. É louvor.
Tragicamente, muito do que se chamam “louvor”, hoje, é apenas emoção religiosa. Mas o louvor prescrito por Deus é centrado na Palavra e na rendição à sua verdade — com exultação. O louvor correto exige concentração nas Escrituras — e submissão prática a elas.
7Eu te darei graças por viver corretamente,
à medida que aprender teus justos estatutos.
Terceiro, o salmista louva a Deus com sua conduta: “Obedecerei a teus decretos” ou, na NAA, “Cumprirei os teus estatutos” (v. 8a). A vida de louvor é uma vida autenticada pela obediência. Não podemos louvar a Deus verdadeiramente se não estivermos obedecendo à sua Palavra. Jesus disse: “Se vocês me amam, obedeçam a meus mandamentos” (Jo 14.15). Obediência com fé é adoração. Louvamos a Deus com nossa conduta obediente.
Quarto, o salmista louva a Deus com fé: “não desistas de mim!” ou, na NAA, “não me desampares jamais” (v. 8b). Sabemos que não conseguimos guardar os estatutos de Deus sozinhos — e por isso oramos: “Deus, não deixes de me ajudar.” É o mesmo espírito do Pai Nosso: “Não nos deixes cair em tentação.”
Louvar a Deus é reconhecer nossa total dependência dele. O salmista não exibe justiça própria, não fala com arrogância. Ele se humilha: “Senhor, não consigo sem ti. Quero obedecer-te. Por favor, não me desampares. Não desistas de mim!”
Dependência é louvor. E precisamos depender do Senhor todos os dias.
Tentar viver a vida cristã na força da carne nos desgasta. Tentar servir a Deus com as próprias forças apenas nos exaure. Mas quando servimos no poder do Espírito Santo, conscientes da sua presença, há exultação. Há força. Há recursos divinos à disposição.
Louvar a Deus é confessar nossa fraqueza — e descansar na suficiência dele.
1. Buscar a felicidade em Deus
Senhor, livra-nos das falsas fontes de prazer. Ajuda-nos a encontrar nossa alegria somente em ti, na face de Jesus Cristo.
2. Preservar o coração e os hábitos pela Palavra
Pai, purifica o nosso coração pela tua Palavra. Dá-nos disciplina para ler, meditar e obedecer às Escrituras todos os dias.
3. Orar com direção e rendição
Deus de graça, confessamos nossos pecados diante de ti. Concede-nos um coração rendido, desejoso de obedecer à tua vontade.
4. Adorar com pureza e fé
Senhor santo, recebe o nosso louvor em pureza. Ensina-nos a te adorar em verdade, com vida santa e confiança plena em ti.
Que o Senhor faça vocês andarem em integridade,
seguindo sempre a sua lei.
Que o Senhor lhes dê alegria em obedecer aos seus preceitos,
e graça para buscá-lo de todo o coração.
Que os passos de vocês sejam firmes nos caminhos do Senhor,
e que o mal não tenha domínio sobre vocês.
Que o próprio Senhor os fortaleça para guardarem fielmente as suas ordens,
e que as ações de vocês reflitam os seus decretos.
Que vocês não sejam envergonhados ao meditarem nos mandamentos do Senhor,
mas, com gratidão e retidão de coração,
aprendam e pratiquem os seus justos estatutos.
E que, ao obedecerem aos decretos do Senhor,
a graça dele jamais se afaste de vocês,
nem o seu cuidado os desampare.
Em nome de Cristo. Amém.
S.D.G. L.B.Peixoto.
Mais Sermões
Mais Séries
A chave para uma vida feliz
Pr. Leandro B. Peixoto