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31.08.2025

Um Panorama da Igreja Primitiva

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Koinonia - Uma Introdução à Prática dos Pequenos Grupos
  • Livro: Atos

O modelo original da igreja

Se pudéssemos voltar no tempo e visitar a igreja primitiva — aquela que nasceu no Pentecostes, regada pelo Espírito e instruída pelos apóstolos — o que será que veríamos? Que tipo de vida congregacional testemunharíamos?

Essa não é uma curiosidade fútil. É uma necessidade vital.

Afinal, de que serve uma cédula falsificada? Por mais semelhante que seja à verdadeira, não tem valor. Assim também é com a igreja: não basta parecer igreja ou carregar o nome de igreja — é preciso ser igreja, conforme o modelo de Cristo. Foi ele mesmo quem declarou: “Edificarei a minha igreja” (Mt 16.18). E se é ele quem a edifica, importa, sim, saber como ela é, uma vez organizada.

Portanto, não é na tradição religiosa, tampouco no Instagram, que encontraremos o molde do que é uma igreja — nem de como ela deve ser e operar. O nosso modelo está no projeto original de Cristo. É para ele que deve mirar a Segunda Igreja Batista em Goiânia. E é para essa planta original que você deve se voltar, se está buscando uma igreja onde possa, de fato, congregar — você e sua família.

E aqui está a nossa vantagem: não precisamos de uma máquina do tempo. O Espírito Santo nos deixou um registro fiel, claro e vívido da igreja em seus primeiros dias. E esse retrato está diante de nós em Atos 2.42-47. Leia:

42Todos se dedicavam de coração ao ensino dos apóstolos, à comunhão, ao partir do pão e à oração. 43Havia em todos eles um profundo temor, e os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas. 44Os que criam se reuniam num só lugar e compartilhavam tudo que possuíam. 45Vendiam propriedades e bens e repartiam o dinheiro com os necessitados, 46adoravam juntos no templo diariamente, reuniam-se nos lares para comer e partiam o pão com grande alegria e generosidade, 47sempre louvando a Deus e desfrutando a simpatia de todo o povo. E, a cada dia, o Senhor lhes acrescentava aqueles que iam sendo salvos.

Neste pequeno parágrafo, Lucas nos entrega mais do que uma memória histórica — mais do que a ata de organização da igreja. Ele nos revela a essência da vida cristã em congregação — seus alicerces, seus vínculos, suas práticas, seu poder e sua vitalidade. Temos em Atos 2.42-47 o modelo original da igreja.

Uma introdução à prática dos pequenos grupos

Desde o primeiro domingo de agosto, em uma minissérie de sermões, temos estudado a respeito de koinōnia — sobre comunhão. Isto é, a igreja como a congregação que se reúne dominicalmente para adorar o seu Senhor, Cristo Jesus, e que, diariamente, procura maneiras de motivar uns aos outros na prática do amor e das boas obras; que procura encorajar uns aos outros, sobretudo agora que o Dia se aproxima.

O conjunto dessas pregações tem servido como uma introdução à prática dos pequenos grupos.

Temos afirmado que precisamos uns dos outros — não apenas dos presbíteros e dos diáconos. Declaramos que o púlpito não é suficiente, pois todos nós necessitamos de exortações, instruções e encorajamentos diários, que vão muito além da pregação dominical.

Portanto, falamos do movimento da Palavra — da palavra de Deus que flui do púlpito para cada membro, e de cada membro para outro, escorrendo de um a um.

Apresentamos, então, as razões bíblicas e teológicas para afirmar que você precisa, sim, congregar-se dominicalmente — mas que esse congregar envolve também o engajamento regular com outras pessoas. Ou seja, você precisa da assembleia da igreja e de algum pequeno grupo e, a partir dele, de relacionamentos de discipulado, um a um.

O pressuposto é que cada crente é um ministro de Deus. Desse modo, cada crente é capacitado pelo Espírito, é indispensável na igreja e é chamado para exercer o ministério da Palavra nas mais diversas dimensões da vida congregacional: na liderança de um pequeno grupo, nas conversas, nos aconselhamentos, nas orações, nas instruções mútuas ou em classes de ensino e no discipulado cotidiano.

Agora, a questão é a seguinte:

Era assim mesmo na igreja primitiva? É isso, de fato, o que o modelo original da igreja apresenta?

Para responder, voltaremos nossa atenção para Atos 2.42-47 e observaremos como Lucas estruturou este texto — e o que ele deseja que apreendamos dele.

A vida da igreja original

Atos 2.42-47 é um desdobramento do versículo 41, e tem sua conclusão no versículo 47, com uma afirmação clara de que é o Senhor quem acrescenta pessoas à igreja.

Leia o versículo 41: “Os que acreditaram nas palavras de Pedro [ou: os que creram, os que aceitaram, os que receberam] foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.” Note o uso do passivo: foi o Senhor quem acrescentou.

Agora observe o versículo 47, parte final: “E o Senhor lhes acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos.”

Portanto, é o próprio Senhor — como disse Jesus em Mateus 16.18 — quem está edificando a sua igreja: “Edificarei a minha igreja.” Ou, nas palavras de Atos 2.39, é o Senhor quem está “chamando” o seu povo para si: “Essa promessa é para vocês, para seus filhos e para os que estão longe, isto é, para todos que forem chamados pelo Senhor, nosso Deus.”

Entre essas duas declarações — uma em Atos 2.41 e, a outra, em 2.47b — temos uma descrição da vida da igreja — o que podemos chamar de “a igreja original”. É o retrato de como viviam aqueles que foram chamados eficazmente por Cristo, as ovelhas que o Pai lhe deu. (cf. Jo 6.37, 39; 10.27–29; 17.2, 6, 9, 24)

Atos 2.42 funciona como uma espécie de cabeçalho resumido para todo o parágrafo. Ele nos apresenta quatro compromissos centrais da igreja original, que são detalhados nos versículos subsequentes, de 43 a 47.

Leia comigo Atos 2.42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.”

Esses quatro compromissos — doutrina, comunhão, partir do pão e orações — são apresentados como práticas às quais os crentes se dedicavam com seriedade e diligência. Cada um desses elementos aparece, de alguma forma, nos versículos seguintes.

Vejamos agora como Lucas desenvolve esses quatro compromissos.

1. Dedicação à doutrina dos apóstolos

Atos 2.42 descreve não apenas qual era a prioridade da igreja, mas revela também qual era o seu fundamento: “Todos se dedicavam de coração ao ensino dos apóstolos.”

Essa era a prática número um da igreja original: dedicação ao ensino — à doutrina dos apóstolos. E a razão é simples e inegociável: não há igreja sem o ensino dos apóstolos, sem o evangelho tal como nos foi entregue por eles. (cf. 1Co 15.1-4)

Sem o evangelho genuíno, pode até haver ajuntamento de pessoas buscando desenvolver alguma atividade religiosa ou uma comunidade religiosa — mas não há igreja.

Pois bem, de que forma Lucas desenvolve a prática da perseverança na doutrina ou no ensino apostólico?

Leia o versículo 43: “Havia em todos eles um profundo temor, e os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas.”

Aqui, os apóstolos são novamente mencionados — como no versículo 42 —, mas não diretamente o seu ensino. Em vez disso, destacam-se os milagres e o temor que enchia o coração dos crentes.

Esse senso de reverência, no entanto, remete ao que se lê no versículo 37: “As palavras [que Pedro pregou] partiram o coração dos que ouviam, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: ‘Irmãos, o que devemos fazer?’.”

Esse temor nasceu da pregação. Foi o ensino de Pedro, e não apenas os milagres, que feriu o coração e despertou arrependimento.

Portanto, quando Atos 2.43 afirma que havia continuamente um senso de temor entre os crentes, podemos entender que esse temor era resultado tanto do que os apóstolos ensinavam quanto dos sinais e prodígios que realizavam. Em outras palavras, ao se dedicarem ao ensino dos apóstolos, a igreja primitiva também reconhecia que esses pregadores eram instrumentos do poder de Deus — em palavras e em obras.

Foi isso que levou toda a congregação a ficar maravilhada diante da ação divina. O ensino dos apóstolos não era tratado com leviandade. Quando falavam, Deus agia. E havia um senso de admiração, assombro e santo temor diante da realidade intensa do que diziam e faziam.

Assim, a igreja primitiva se dedicava ao ensino dos apóstolos — o qual era confirmado por sinais e maravilhas que inspiravam reverência.

2. Dedicação à comunhão

Outra prática à qual a igreja original se dedicava era a comunhão. Atos 2.42 declara: “Todos se dedicavam de coração ao ensino dos apóstolos, à comunhão…”

A ideia de comunhão em Lucas

Muitas imagens vêm à nossa mente quando pensamos em comunhão. A maioria delas é bastante simples. Pensamos em estar juntos. Comer juntos. E essas coisas, certamente, fazem parte da comunhão.

Mas Lucas parece enfatizar um significado mais profundo e radical.

O substantivo comunhão (koinōnia) vem de uma raiz grega que significa “algo em comum”, “ter em comum”, “compartilhar”. Por isso, podemos dizer que Lucas interpreta os versículos 44 e 45 como um detalhamento da “comunhão” mencionada no versículo 42.

No versículo 44, lemos sobre “compartilhar tudo que possuíam” — e a palavra compartilhar (koina) tem a mesma raiz de comunhão (koinōnia).

Eis, portanto, como era a comunhão na igreja primitiva, segundo Atos 2.44-45: “Os que criam se reuniam num só lugar e compartilhavam tudo que possuíam. Vendiam propriedades e bens e repartiam o dinheiro com os necessitados.”

Comunhão (koinōnia) significa ter as coisas em comum (koina).

No versículo seguinte, Lucas falará de momentos de refeição e oração em conjunto (v. 46) — aquilo que, geralmente, associamos à comunhão.

Mas essa não é a primeira ilustração que ele apresenta.

A primeira evidência de comunhão na igreja primitiva é esta: os crentes estavam tão unidos que, se um deles passava necessidade, os outros não se sentiam no direito de continuar vivendo em prosperidade sem abrir mão de algo para supri-lo.

Não era comunismo. Era cristianismo. Era comunhão cristã.

Ninguém era obrigado a nada. A prova disso está na advertência de Pedro a Ananias, em Atos 5.4: “A propriedade era sua para vender ou não, como quisesse. E, depois de vendê-la, o dinheiro também era seu, para entregar ou não.”

Portanto, nada era compulsório na igreja primitiva.

Tudo era feito de livre e espontânea vontade — de todo o coração. Por isso, vendiam propriedades e usavam o dinheiro para socorrer os que passavam necessidade na igreja.

Atos 2.44-45: Os que criam se reuniam num só lugar e compartilhavam tudo que possuíam. Vendiam propriedades e bens e repartiam o dinheiro com os necessitados.

Uma advertência necessária

Este texto é, sim, ameaçador para a maioria de nós que possuímos muitas coisas — e que cremos, legitimamente, que o direito à propriedade privada está implícito no mandamento: “Não furtarás.” Realmente está!

Por isso, ao lermos a narrativa de Atos 2.44-45, somos rápidos em nos defender. Apontamos, com razão, que não havia coerção ali. De fato, como vimos, a venda de propriedades era totalmente voluntária (At 5.4). Atos 2 jamais pretendeu ser uma prescrição para o comunismo ou o socialismo. Atos 2 é cristianismo na prática.

Logo, gostamos de destacar que não há, em Atos 2.44-45, nenhum mandamento dizendo que devemos agir da mesma forma, apenas porque a igreja primitiva assim procedeu. Talvez até aleguemos que se tratava de um experimento inicial de vida congregacional, que — na prática — não se mostrou tão bem-sucedido, visto que havia tantos crentes pobres em Jerusalém vinte anos depois (cf. Rm 15.26).

Mas precisamos ter muito cuidado aqui.

John Piper escreveu algo profundamente oportuno:

Oh, como é fácil justificar nossos estilos de vida — e nosso apego às coisas — descartando textos que nos confrontam! Não tenho dúvida de que Lucas registrou esta comunhão porque ela era digna de louvor. Lucas admirava esse amor sacrificial em favor dos necessitados. Ele estava dando a Teófilo [cf. At 1.1], um homem abastado (assim como a tantos outros cristãos ricos), uma lição sobre como aqueles que vivem em temor a Deus lidam com suas posses.

Uma das grandes paixões de Lucas

Essa era uma das grandes paixões de Lucas: que os cristãos usassem suas posses para suprir as necessidades dos outros, e não apenas para seu próprio conforto. POR EXEMPLO: Somente Lucas narra a parábola do Bom Samaritano (Lc 10.30-37). Somente Lucas conta a parábola do rico insensato que construiu celeiros cada vez maiores (Lc 12.16-21). E somente Lucas narra a história do grande banquete de Deus, ao qual as pessoas não quiseram ir porque tinham campos e bois para cuidar (Lc 14.16–24); a parábola do administrador infiel (Lc 16.1-8) e a parábola do rico e Lázaro (Lc 16.19-31). Portanto, mais do que qualquer outro escritor do Novo Testamento, Lucas enfatiza o perigo de deixar que a nossa vida consista nas coisas que possuímos.

Piper escreveu assim: “A comunhão radical de Atos 2.44-45 foi o antídoto para o suicídio do materialismo cometido pelo homem que construiu celeiros cada vez maiores e perdeu a sua alma.”

Continua em “A Vida Original da Igreja” [mensagem 7 e última desta série]…

S.D.G. L.B.Peixoto.

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