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07.12.2025

O Anúncio inesperado – A Surpresa do Natal

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: O Natal - De Lá e Para Lá Outra Vez
  • Livro: Mateus

Mateus 1.18-25 (NVT)

18Foi assim que nasceu Jesus Cristo. Maria, sua mãe, estava prometida para se casar com José. Antes do casamento, porém, ela engravidou pelo poder do Espírito Santo. 19José, seu noivo, era um homem justo e resolveu romper a união em segredo, pois não queria envergonhá-la com uma separação pública.
20Enquanto ele pensava nisso, um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, pois a criança dentro dela foi concebida pelo Espírito Santo. 21Ela terá um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele salvará seu povo dos seus pecados”.
22Tudo isso aconteceu para cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta:
23“Vejam! A virgem ficará grávida!
Ela dará à luz um filho,
e o chamarão Emanuel,
que significa ‘Deus conosco’”.
24Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor lhe havia ordenado e recebeu Maria como esposa. 25No entanto, não teve relações com ela até o menino nascer; e ele lhe deu o nome de Jesus.

A história organizada em torno de Cristo

Observem um dado simples e, ao mesmo tempo, decisivo: desde muito cedo, as sociedades ocidentais organizaram sua cronologia pelas expressões “antes de Cristo” e “depois de Cristo”. A segunda corresponde à antiga forma “Ano de Nosso Senhor”, empregada em documentos civis e registros oficiais que atravessaram séculos. Suponho que a razão esteja aqui:

Mateus 1.17 (NVT) Portanto, são catorze gerações de Abraão até Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze do exílio na Babilônia até Cristo.

Mesmo aqueles que preferem evitar qualquer menção religiosa continuam dependentes deste marco — o nascimento de Cristo — para situar fatos, narrar processos e descrever o avanço dos anos.

Nas últimas décadas, porém, parte do meio acadêmico passou a adotar outra terminologia. Em publicações da Europa e dos Estados Unidos — especialmente nas áreas de História Antiga, Arqueologia e Estudos Judaicos — tornaram-se frequentes as expressões “Antes da Era Comum” (AEC) e “Era Comum” (EC). Encontramos, assim, datas como 586 AEC para a queda de Jerusalém, ou 323 AEC para a morte de Alexandre, o Grande. Em catálogos arqueológicos, é comum ler “cerâmica de 900–600 AEC”. Museus e editoras acadêmicas adotam esse padrão para facilitar o intercâmbio internacional.

Ainda assim, nada disso altera a cronologia. O ponto de referência permanece intacto: Cristo. A mudança é apenas editorial, motivada, primeiro, pelo desejo de usar um vocabulário que não pressuponha identidade cristã; segundo, pelo esforço de padronização entre países; e, terceiro, pela preferência por nomenclaturas adequadas à pluralidade religiosa.

Permitam-me uma breve digressão que reforça o que estamos tratando. Quando o ser humano cria mundos fictícios — universos inteiros inventados pela imaginação —, ele repete um padrão que reconhece intuitivamente: toda narrativa precisa de um ponto que organize não só o tempo, mas também a história. É necessário um marco que não somente situe eventos e estabeleça a sequência, mas que ofereça estrutura ao enredo. De outra forma, a história não terá sentido.

Em Star Wars, o eixo cronológico é a Batalha de Yavin. A destruição da primeira Estrela da Morte estabelece o marco zero, dividindo a contagem dos anos em “Antes” e “Depois” de Yavin. Já na Terra-média de J.R.R. Tolkien, as eras são definidas por grandes rupturas: a queda de Morgoth encerra a Primeira; o afundamento de Númenor fecha a Segunda; e a derrota de Sauron, com a destruição do Um Anel, conclui a Terceira.

Esse recurso não é acidental; ele diz algo sobre nós. Sabemos que nenhuma história se mantém sem um centro. A diferença é que, na realidade que habitamos, esse centro não nasce da imaginação humana. Ele nos antecede. Ele se impõe pela própria presença: Cristo — o Filho eterno de Deus que veio ao mundo para salvar o seu povo dos pecados deles (Mt 1.21).

Por isso, apesar das mudanças terminológicas, a divisão entre AEC e EC coincide integralmente com a antiga separação entre a.C. e d.C. A linguagem pode ser ajustada, mas o marco permanece o mesmo. O calendário continua estruturado a partir da mesma figura histórica: Jesus Cristo.

Esse ponto nos conduz ao objetivo desta série de mensagens do Advento. O nascimento de Cristo não ocupa um espaço periférico na história; ele determina o modo como o tempo foi organizado e continua sendo medido — tudo converge nele, Cristo. A adoção de novas siglas não altera essa realidade; apenas modifica o rótulo. O fato permanece: o Filho eterno de Deus entrou no mundo em um momento concreto, e a história humana passou a ser registrada a partir dele.

Cristo divide a história porque é ele quem dá sentido à história.

O Natal, portanto, não deve ser tratado como uma data decorativa entre outras. Ele pertence ao propósito de Deus para o mundo — e toca diretamente a sua vida. A forma como contamos os anos indica que a vinda de Cristo possui relevância real. Compreender esse nascimento exige mais que reconhecer um dado histórico: exige considerar quem ele é e qual lugar ele deve ocupar na organização da sua própria história.

O propósito maior do Natal

É por isso que, após ter situado o nascimento de Cristo como o ápice da história do Antigo Testamento — de Abraão até Davi, de Davi até o exílio na Babilônia e do exílio na Babilônia até Cristo (1.1-17) —, Mateus avança. Ele deixa claro que esse evento pertence à grande história do universo, mas obedece, fundamentalmente, a um desígnio superior: o propósito salvador de Deus.

Assim, o evangelista — com uma criatividade inspirada — cumpre os critérios que trazem significado real a qualquer narrativa. Para que uma história tenha peso, ela precisa atender a três requisitos: Primeiro, deve pertencer a uma realidade muito maior do que ela mesma, encontrando sua importância em um panorama amplo (como vimos, semana passada, nos versos 1 a 17). Segundo, ela precisa carregar um propósito transcendente. Terceiro, ela precisa, de alguma forma, dar sentido à vida concreta que vivemos.

É exatamente esse movimento que Mateus faz agora (nos versículos 18 a 25). Ele toma a história particular de José e a insere na grande história de Deus — mostrando sua convergência em Cristo. Ele submete o drama pessoal de José ao propósito maior de Deus — salvar o seu povo em Cristo. Ao fazer isso, Mateus dá sentido à vida de José a partir da história e do propósito do SENHOR: salvar José dos pecados dele.

Em tudo isso, o texto nos deixará claro qual é o sentido maior do Natal: Deus, em Jesus Cristo, salvar o seu povo dos pecados deles (Mt 1.21).

O drama de José

Um homem justo

Creio que, se vocês perguntassem a José — que é o foco principal de Mateus 1.18-25: “José, a sua vida tem significado?”, ele responderia prontamente: “Significado? Claro que minha vida tem sentido!”

Digo isso porque o texto o descreve como “um homem justo” (v. 19).

Isso não é apenas um elogio moral. Significa que José era um homem que confiava na promessa da aliança que Deus havia feito ao seu povo. O próprio Mateus indica essa fidelidade pactual no versículo 17, ao traçar a linha que vai de Abraão a Davi, e de Davi à Babilônia — até culminar na nova aliança, em Cristo.  Portanto, a vida de José tinha peso e importância: ele vivia nos termos dos propósitos do Deus da aliança. Ele era “um homem justo”.

Um homem arrasado

Mas, se nós o tivéssemos encontrado no meio da crise — enquanto ele pensava na história que Maria lhe contara a respeito da gravidez (v. 20), antes de o anjo aparecer e confirmar tudo — e lhe fizéssemos a mesma pergunta: “José, a sua vida tem significado?”, a resposta seria outra.

Provavelmente, ele diria: “Se a minha vida tem significado? Maria era o sentido da minha vida. E vejam só o que aconteceu. Olha o que deu!”

José podia ser um homem fiel à aliança, mas homens fiéis que acabaram de ficar noivos reagem como qualquer pessoa apaixonada: para eles, a amada é o centro de gravidade. O sol nasce e se põe nos olhos dela. E aqui vale um parêntese: se vocês não tiverem essa experiência antes de se casarem, orem para tê-la depois de casados.

Mas então, o impensável acontece:

José descobre a gravidez.

Para sentirmos o peso disso, precisamos lembrar quem eles eram. Se este for um casal típico daquela terra e época, Maria provavelmente está no meio da adolescência; ele, no final da adolescência ou início dos vinte anos. Eu sei que existe a tradição de inferir que José fosse um viúvo mais velho, mas o Novo Testamento não diz absolutamente nada sobre isso.

Portanto, devemos ler o texto com a expectativa histórica correta: trata-se de um jovem casal. E é difícil para a maioria de nós imaginar o quão arrasador essa notícia foi para José.

Leiam o texto:

Mateus 1.18-20a (NVT)
18Foi assim que nasceu Jesus Cristo. Maria, sua mãe, estava prometida para se casar com José. Antes do casamento, porém, ela engravidou pelo poder do Espírito Santo. 19José, seu noivo, era um homem justo e resolveu romper a união em segredo, pois não queria envergonhá-la com uma separação pública.
20Enquanto ele pensava nisso, […]

É claro que foi arrasador. Olhem para o estado deste homem. Aquela explicação de uma gravidez sobrenatural devia estar consumindo seus pensamentos. O que ele faria? Ele sabia que não podia prosseguir com o casamento. Eles estavam prometidos, noivos, e aquilo, na cultura judaica, já era um contrato legalmente vinculativo. A dissolução desse contrato, com todas as suas implicações jurídicas e sociais, era esmagadora.

No entanto, o que mais o sobrecarrega não é a lei, é a sua própria alma. Ela dói com a decepção. José estava ferido. Profundamente ferido.

Mas, ainda assim, há uma qualidade neste homem — não se pode deixar de admirar José, não é? Que homem. Que tipo de jovem para se ter como filho!

Mesmo ferido, José deseja resolver tudo secretamente. Ele quer evitar o escândalo público, poupar Maria, proteger os pais dela, os pais dele e todos os envolvidos. Ele decide, então, anular o compromisso em silêncio. Ele assume o prejuízo emocional para si, pois embora Maria ainda sofresse as consequências de uma gravidez sem marido (ele desapareceria!), nada se compararia à vergonha pública e ao perigo de ser denunciada por adultério em um tribunal aberto.

A vida inteira de José está em pedaços.

Um homem esculpido

E, no entanto, aqui está o ponto central: o texto nos mostra que foi a ação de Deus que despedaçou a vida dele. Foi algo que o próprio Deus fez que desconstruiu tudo o que José pensava que seu futuro seria — para esculpi-lo à imagem de Cristo.

Deus, às vezes, faz esse tipo de coisa, não faz?

Quantas pessoas você conhece cujas vidas parecem ter sido desconstruídas pelo próprio Deus? Muitas vezes, e por um longo tempo, elas nem imaginam que foi o Senhor mesmo quem interveio nos seus planos. São vidas curvadas, de joelhos, clamando. E, assim como aconteceu com José, a razão para o desmoronamento daquele sonho foi Deus.

Talvez você seja uma dessas pessoas hoje.

Uma coisa é certa: saber ou não que foi a mão de Deus agindo não impede a dor. Pode trazer algum sentido, mas não a arranca. Pelo menos, não no início.

Contudo, esta verdade traz um alívio necessário: quando Deus desconstrói nossas esperanças — e ele desconstrói, não tenham dúvida disso —, ele o faz para que possa esculpir nossas vidas à luz de uma realidade inabalável: a mensagem da graça salvadora em Jesus Cristo.

A chegada de Cristo

Era exatamente isso que estava acontecendo com José. O padrão da atividade de Deus, que estilhaçou as expectativas desse jovem noivo, era, na verdade, a chave para toda a sua vida. Era a entrada para o seu verdadeiro propósito e para a sua bênção. O padrão é a chegada de Jesus Cristo.

José experimentou o que tantos de nós experimentamos: Deus irrompe em nossas vidas, às vezes de forma dolorosa, para nos levar a Jesus Cristo e para trazer Jesus Cristo até nós.

O propósito de Deus para a vida

A vinda de Jesus pertence a um quadro geral — o propósito maior do universo. A chegada de Cristo, que inicialmente estilhaça as esperanças de José, é, na verdade, um ato com um glorioso objetivo divino: fazer todas as coisas convergirem nele. E isso inclui as nossas vidas.

É Cristo quem leva José a dar um sentido totalmente novo à sua vida. Na verdade, é Cristo quem leva José a dar um centro totalmente novo às suas prioridades: não é o casamento, não é Maria. Também não é seu sonho de vida. É Cristo.

Mateus 1.20-21 (NVT)
20Enquanto ele pensava nisso, um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, pois a criança dentro dela foi concebida pelo Espírito Santo. 21Ela terá um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele salvará seu povo dos seus pecados”.

Isso é pura graça. O fato de Deus nos quebrar em pedaços para nos esculpir com Cristo no centro é pura graça.

O Antigo Testamento, naquele livro singular chamado Eclesiastes, nos diz que Deus colocou um fardo na vida de cada ser humano. O texto diz que ele “pôs a eternidade no coração do homem” (Ec 3.11).

Isso significa que, pela nossa própria constituição, nunca podemos estar plenamente satisfeitos com o que é passageiro. Nunca teremos um senso de verdadeiro sentido interior até que essa sede pelo eterno seja saciada.

Uma vida sem centro

Essa realidade é retratada de forma visceral por Guillermo del Toro, em seu filme recente, Frankenstein (N2025, Netflix).

Para entender a profundidade dessa obra, é preciso lembrar que o próprio Del Toro reconhece publicamente sua relação tensa com a fé. Ele se descreve como “ex-católico” e admite que revisita temas como culpa, criação, redenção e mortalidade justamente a partir dessa ruptura espiritual.

Em entrevistas, ele afirma que Frankenstein lhe serve para enfrentar questões que carregou desde a infância religiosa e que nunca conseguiu resolver. O resultado é um filme atravessado por símbolos cristãos, mas desprovido da esperança cristã. É uma história que expõe a angústia de existir sem referência transcendente, sem Cristo como o centro, revelando a própria experiência do autor de perda, conflito e desapontamento com a fé que o formou.

No diálogo final, entre o criador, Victor Frankenstein, e a sua Criatura, nós podemos sentir essa angústia: o peso do que é existir sem ter, em Cristo, o centro da existência.

Escutem com atenção. Percebam a dor nesses personagens e vejam onde eles tentam encontrar redenção.

Victor diz: “Sinto muito. O arrependimento me consome. E agora vejo minha vida pelo que ela realmente foi.”

A Criatura responde: “Você partirá agora, criador. Desaparecerá. Tudo será apenas um breve instante. Meu nascimento. Minha dor. A sua perda. Não serei punido, nem absolvido. A esperança que tive, a raiva… tudo isso se desfaz. A maré que me trouxe até aqui agora vem para levar você, deixando-me à deriva.”

Victor continua: “Perdoe-me, meu filho. E, se houver espaço no seu coração, perdoe-se até encontrar existência. Se a morte não vier, então considere isto: enquanto você estiver vivo, de que outro recurso dispõe senão viver? Viva. Diga meu nome. Meu pai me deu esse nome, e ele nada significava. Agora peço que o devolva a mim… uma última vez. Do modo como você o disse no início. Quando significava tudo para você.”

E a Criatura conclui: “Victor. Eu o perdoo. Descanse agora, Pai. Talvez agora possamos ambos ser humanos.”

Essa cena expõe algo que o próprio coração reconhece, mesmo quando a narrativa não confessa isso explicitamente: a existência, quando sustentada apenas por si mesma, ou em seu sonho ou plano pessoal, torna-se um fardo insuportável.

Tanto Victor quanto a Criatura falam como quem tenta justificar a própria vida a partir de dentro, sem uma referência maior — sem um centro. Victor busca absolvição, mas não tem a quem pedi-la; a Criatura tenta encontrar sentido, mas não tem fundamento para oferecê-lo a si mesma. Ambos expressam, à sua maneira, a experiência trágica de viver sem um centro seguro. Eles percebem a necessidade de perdão e de significado, mas não sabem onde encontrá-los.

José encontra o centro

É exatamente nesse ponto que a fé cristã oferece aquilo que o filme não pode oferecer: um fundamento objetivo. A existência não precisa ser construída pelo esforço humano, nem sustentada pela tentativa desesperada de “perdoar-se até existir”, até conseguir viver sem o peso da culpa.

Impossível!

Em Cristo, a vida encontra o centro que nem Victor nem sua Criatura possuem. E que, talvez, nem você tenha. O perdão não nasce de dentro, mas vem daquele que nos chama pelo nome; o sentido não é fabricado, mas recebido. Se a narrativa humana precisa de um marco, Cristo é esse marco. Ele não apenas organiza a história do mundo, mas oferece à nossa própria vida aquilo que Frankenstein e sua Criatura nunca encontraram: redenção verdadeira e sentido real.

É por isso que, quando Deus quebra a vida de José, ele está agindo graciosamente, colocando o centro no seu devido lugar.

Maria nunca poderia ter satisfeito a imensidão da eternidade no coração de José. Jamais. Mulher nenhuma poderia. Nada neste mundo poderia. Mas a mensagem que José recebe é que Jesus Cristo, aquele que nascerá de Maria, pode satisfazer o seu coração — e dar a ele o real sentido para viver.

A nota de rodapé de Mateus, à história, é fundamental:

Mateus 1.22-23 (NVT)
22Tudo isso aconteceu para cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta:
23“Vejam! A virgem ficará grávida!
Ela dará à luz um filho,
e o chamarão Emanuel,
que significa ‘Deus conosco’”.

“Deus conosco”!

Esse é o real sentido de viver. Esse é o centro.

Para que viver eternamente? Para desfrutar, perpetuamente, das delícias da presença de Deus.

A peça que faltava

C. S. Lewis, o famoso escritor cristão que morreu no mesmo dia em que o presidente americano John F. Kennedy foi baleado — 22 de novembro de 1963 —, oferece uma ilustração muito útil de como isso funciona.

Lewis pede que imaginemos um grande compositor que escreveu uma sinfonia magnífica, tocada em todo o mundo. No entanto, há uma sensação comum entre as orquestras, os regentes e o público de que, apesar de toda a sua grandeza, algo não se encaixa; algo parece faltar.

Até que, um dia, descobre-se um “movimento perdido” que o compositor havia criado.

Esse movimento é, em si mesmo, surpreendente e, em alguns aspectos, difícil e inesperado. Mas, quando é inserido na composição original, ele faz duas coisas: primeiro, dá sentido ao todo; segundo, passa a dominar o todo.

Lewis sabia do que estava falando. Ele não foi cristão a vida toda. Foi um agnóstico convicto dos 9 anos — quando perdeu a mãe — até os 32, quando se rendeu a Cristo. Lewis sabia, por experiência, que é assim que o evangelho atua.

O evangelho não apenas invade a música que tentamos tocar e a vida que tentamos compor sozinhos. À medida que ele entra, descobrimos que ele ordena todas as partes. Ele dá sentido a tudo e, inevitavelmente, passa a governar tudo.

Há uma pequena expressão nos Salmos que sintetiza essa ideia: “na tua luz, vemos a luz” (Sl 36.9).

O sentido é claro. Quando percebemos a real importância da vinda do Senhor Jesus Cristo — a mesma verdade explicada a José: “ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21), para que o seu povo desfrute de sua presença (Mt 1.23) —, essa luz esclarece tudo. Ela ilumina a minha vida, a sua vida, o mundo e a própria história.

Cristo é a peça que faltava.

O significado do Natal

E esse é o significado do Natal. O Natal é a vinda da Luz do mundo para dentro do mundo (Jo 8.12), para dentro da escuridão, a fim de que todo este mundo escuro, e minha vida incluída nele, a sua vida também, sejam iluminados com a luz, a esperança, a graça, o perdão e a transformação que Jesus Cristo traz para a vida.

A maravilha de descobrir o verdadeiro sentido do Natal é esta: quando você o descobre, você descobre o verdadeiro sentido de tudo. O sentido da vida — da sua vida, inclusive.

Você pode não saber tudo sobre tudo, e não saberá tudo sobre qualquer coisa, mas terá a chave que torna todas as coisas compreensíveis: saberá que Cristo, o Criador, é o seu Salvador (Cl 1.16; Mt 1.21). E por isso você desfrutará da presença deliciosa de Deus, perpetuamente.

Esse saber confere à vida — assim como ao Natal — o seu significado autêntico.

E o que admiro em José é que, quando ele viu Jesus, ele disse: “Ele se chamará Jesus, porque salvará o seu povo dos seus pecados, inclusive os meus… ele é Emanuel… Deus conosco” (Mt 1.21, 23, 25).

É maravilhoso, não é? É maravilhoso para você?

Significado novo, Salvador maravilhoso. Deus conosco.

Eu sinceramente espero que sim, que seja maravilhoso para você. Oro que sim.

Sabe por quê? Esse conhecimento, a sua fé nessa revelação: saber que Jesus Cristo é o Salvador — e recebê-lo com fé, reorientará a sua vida.

Veja o caso de José e Maria:

Mateus 1.24-25 (NVT)
24Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor lhe havia ordenado e recebeu Maria como esposa. 25No entanto, não teve relações com ela até o menino nascer; e ele lhe deu o nome de Jesus.

Que terna imagem de fé viva! Maria e José ouviram a Deus. Eles silenciaram suas emoções de medo, orgulho e vergonha e obedeceram ao Senhor.

Deus quebrou seus sonhos, mas os deu o verdadeiro sentido da vida: Jesus Cristo. Crer nele. Amá-lo. Submeter-se a ele. Conformar-se a ele.

S.D.G. L.B.Peixoto.

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