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14.09.2025

A transição do Senhor

  • Pr. Leandro B. Peixoto
  • Série: Deuteronômio - A Instrução do Senhor
  • Livro: Deuteronômio

A vida se move como um rio — caudaloso e tortuoso — e quem deseja viver bem precisa aprender a navegar suas mudanças. Mudanças são parte inevitável da existência. Elas acontecem nas sociedades, quando uma geração passa e outra chega; nos governos, quando lideranças se renovam; nas igrejas, quando novos oficiais recebem a responsabilidade de servir; nas famílias, quando filhos crescem, casamentos se formam e entes queridos partem; e também dentro de nós — em cada estação, desafio ou perda.

Em toda transição, há um entrelaçar de dor e esperança, de despedida e expectativa, de medo e motivação.

Foi exatamente esse limiar que Israel viveu nos capítulos finais de Deuteronômio. Moisés, líder da nação por quarenta anos, estava se despedindo — um gigante da fé, com 120 anos, prestes a cruzar as fronteiras da eternidade. Josué seria levantado por Deus para conduzir o povo. O deserto ficaria para trás. Diante deles, a Terra Prometida: cheia de promessas… e perigos.

Nesse momento decisivo, Deus lhes ofereceu algo mais firme do que Moisés: sua presença contínua. Eles poderiam singrar as águas revoltas da transição — e ser bem-sucedidos — se apoiassem-se nesses pilares: a liderança piedosa que Deus supriria, a palavra que ele revelou e a presença que ele prometeu.

Essa é também a sua lição hoje. Só atravessará bem as transições inevitáveis da vida — como nação, como família, como igreja, como pessoa — se você firmar os pés na Rocha que jamais se abala: o SENHOR. Pautando-se pela palavra de Deus, seguindo os guias piedosos que ele levanta e ouvindo com reverência as advertências que ele ainda hoje nos dá.

A continuidade da aliança

O nosso texto são os capítulos finais de Deuteronômio (caps. 31–34). A ideia central desses quatro capítulos se resumem no propósito de Deus em garantir a continuidade da aliança.

E como procedeu o SENHOR?

Deuteronômio 31

Diante da transição, ele tomou providências concretas para que seu povo não se perdesse no caminho.

Primeiro (vs. 1-8, 23), fez Moisés conduzir Josué à função de sucessor e mediador. Josué guiaria o povo rumo à Terra Prometida. A liderança seria preservada. A direção espiritual, mantida.

Deuteronômio 31.1-8, 23 (NVT)
1Quando Moisés havia terminado de dar estas instruções a todo o povo de Israel, 2ele disse: “Estou com 120 anos e já não sou capaz de conduzi-los. O SENHOR me disse: ‘Você não atravessará o rio Jordão’. 3Mas o próprio SENHOR, seu Deus, atravessará adiante de vocês. Ele destruirá as nações que vivem ali, e vocês tomarão posse da terra. Josué os conduzirá até o outro lado do rio, conforme o SENHOR prometeu.
4“O SENHOR destruirá as nações que vivem na terra, como destruiu Seom e Ogue, os reis dos amorreus. 5O SENHOR lhes entregará os povos que vivem ali, e vocês farão com eles o que eu lhes ordenei. 6Portanto, sejam fortes e corajosos! Não tenham medo e não se apavorem diante deles. O SENHOR, seu Deus, irá adiante de vocês. Ele não os deixará nem os abandonará”.
7Então, enquanto todo o Israel observava, Moisés mandou chamar Josué e lhe disse: “Seja forte e corajoso, pois você conduzirá este povo à terra que o SENHOR jurou a seus antepassados que lhes daria. Você a dividirá entre eles e a entregará como herança. 8Não tenha medo nem desanime, pois o próprio SENHOR irá adiante de vocês. Ele estará com vocês; não os deixará nem os abandonará”. […]
23Então o SENHOR deu ordens a Josué, filho de Num, com as seguintes palavras: “Seja forte e corajoso, pois você conduzirá o povo de Israel à terra que jurei lhes dar. Eu estarei com você”.

Depois, o SENHOR ordenou que os sacerdotes e levitas renovassem o conhecimento da aliança. Como? Por meio da leitura pública da Lei em cada ano sabático.

Assim, toda a nação — inclusive as novas gerações — se lembraria da Palavra e do temor do SENHOR (vs. 9-13). Foi nesse momento que Moisés escreveu todo o Livro da Lei — o Pentateuco — e o entregou aos sacerdotes e anciãos (v. 9): “Moisés escreveu toda esta lei num livro e o entregou aos sacerdotes que transportavam a arca da aliança do SENHOR e às autoridades [aos anciãos] de Israel.”

Mas o SENHOR conhecia o coração do povo. Sabia que eles se desviariam. A infidelidade não era uma possibilidade remota — era uma certeza anunciada.

Por isso, preparou um testemunho. Moisés foi chamado. Ouviu que sua hora de morrer estava chegando. E foi orientado a trazer Josué. Ali, diante do SENHOR, ambos escutaram: a rebeldia viria. Era só questão de tempo.

Deuteronômio 31.14-18 (NVT)
14Então o SENHOR disse a Moisés: “É chegada a hora de você morrer. Chame Josué e apresentem-se na tenda do encontro, onde darei minhas ordens a ele”. Moisés e Josué foram e se apresentaram na tenda do encontro. 15O SENHOR lhes apareceu numa coluna de nuvem, que parou à entrada da tenda sagrada.
16O SENHOR disse a Moisés: “Você está prestes a morrer e a se reunir a seus antepassados. Quando não estiver mais aqui, este povo começará a se prostituir, adorando deuses estrangeiros, os deuses da terra para onde se dirigem. Eles me abandonarão e quebrarão a aliança que fiz com eles. 17Então minha ira arderá contra eles. Eu os abandonarei, esconderei deles minha face, e eles serão devorados. Aflições terríveis os atingirão e, naquele dia, dirão: ‘Estas calamidades nos atingiram porque o SENHOR não está mais entre nós!’. 18Naquele dia, esconderei deles minha face por causa de todo o mal que praticaram, adorando outros deuses.

Então, Deus mandou Moisés escrever um cântico. Um memorial. Um alerta. Um instrumento para lembrar Israel de sua responsabilidade diante da aliança.

Deuteronômio 31.19-22 (NVT)
19“Escrevam, portanto, as palavras desta canção e ensinem-na aos israelitas. Ajudem o povo a aprendê-la, para que ela sirva de testemunha a meu favor e contra eles. 20Pois eu os farei entrar na terra que jurei dar a seus antepassados, uma terra que produz leite e mel com fartura. Lá, eles se tornarão prósperos, comerão à vontade e engordarão. Contudo, começarão a adorar outros deuses; eles me desprezarão e quebrarão a minha aliança. 21E, quando grandes calamidades lhes ocorrerem, esta canção servirá de prova contra eles, pois seus descendentes jamais se esquecerão dela. Eu conheço as intenções deles, mesmo antes de entrarem na terra que jurei lhes dar”.
22Assim, naquele mesmo dia, Moisés escreveu as palavras da canção e a ensinou aos israelitas.

Ora, à luz dessa realidade, que esperança haveria para Josué? A presença do SENHOR. Somente ela. Leia, Deuteronômio 31.23 (NVT) “Então o SENHOR deu ordens a Josué, filho de Num, com as seguintes palavras: ‘Seja forte e corajoso, pois você conduzirá o povo de Israel à terra que jurei lhes dar. Eu estarei com você’.”

E, por fim, uma cópia da Lei foi colocada ao lado da arca. Não apenas como lembrança, mas como testemunha contra eles. Um sinal de que, mesmo quando o povo esquecesse, a Palavra de Deus continuaria ali — firme, presente, viva.

Deuteronômio 31.24-29 (NVT)
24Quando Moisés terminou de escrever os termos desta lei num livro, 25deu a seguinte ordem aos levitas que transportavam a arca da aliança do SENHOR: 26“Peguem este Livro da Lei e coloquem-no ao lado da arca da aliança do SENHOR, seu Deus, para que ele fique ali como testemunha contra vocês. 27Pois eu sei como são rebeldes e teimosos. Se, mesmo agora, enquanto ainda estou vivo e em seu meio, vocês se rebelaram, quanto mais rebeldes serão depois da minha morte!
28“Convoquem agora todas as autoridades e os oficiais de suas tribos para que eu lhes fale diretamente e chame os céus e a terra para testemunharem contra eles. 29Sei que depois de minha morte vocês se tornarão inteiramente corruptos e se afastarão do caminho que lhes ordenei que seguissem. Nos dias futuros, a calamidade cairá sobre vocês, pois farão o que é mau aos olhos do SENHOR e provocarão a ira dele contra seus atos”.

Deuteronômio 32

O cântico que o SENHOR mandou Moisés escrever (31.19–22, 30) é uma poesia profética. Nesta canção, ele ensina, adverte e consola. É teologia cantada. Aliança em forma de música.

Começa com um chamado solene.

Moisés convoca o céu e a terra como testemunhas. Eles devem ouvir sobre a grandeza do SENHOR — e sobre a infidelidade de Israel (vs. 1-2).

Em seguida, Moisés louva o SENHOR — a Rocha fiel, perfeita em todos os seus caminhos (vs. 3-4). Mas logo denuncia o povo. Uma geração corrompida, inconstante, sem sabedoria (vs. 5-6).

Depois, Moisés recapitula a história. Exalta a bondade e a fidelidade do SENHOR. Deus cuidou do seu povo com ternura e força. Como quem protege a pupila dos olhos. Como águia que desperta sua ninhada (vs. 7-14). Leia:

Deuteronômio 32.10-14 (NVT)
10Encontrou-os numa terra deserta, numa região desolada e de ventos uivantes. Cercou-os e cuidou deles, protegeu-os como a pupila de seus olhos. 11Como a águia que incentiva seus filhotes e paira sobre a ninhada, ele estendeu as asas para tomá-los e levá-los em segurança sobre suas penas. 12O SENHOR, e mais ninguém, os guiou; nenhum deus estrangeiro os conduziu. 13Ele os fez cavalgar sobre os lugares altos da terra e alimentar-se dos frutos dos campos. Nutriu-os com mel da rocha e azeite dos altos rochedos. 14Alimentou-os com coalhada do gado e leite do rebanho, com a gordura de cordeiros, de carneiros e de bodes de Basã. Comeram o melhor do trigo e beberam do vinho mais fino que as uvas podem dar.

A partir daí, o cântico se torna profecia. Moisés anuncia o que viria: a rebeldia do povo. Seu amor pela idolatria. A quebra da aliança (vs. 15-18).

Em resposta, o SENHOR proclama juízo e restauração. Maldições sobre os infiéis (vs. 19-35). Bênçãos sobre os fiéis (vs. 36-43). Ambas sob o governo justo e soberano de Deus.

Por fim, o cântico é ensinado a toda a congregação. Na presença dos dois líderes. Diante de Moisés, o que partiria. Diante de Josué, o que começava. Um testemunho perpétuo da aliança. Um instrumento de ensino. Um convite à esperança.

Deuteronômio 32.44-47 (NVT)
44Então Moisés foi com Josué, filho de Num, e recitou todas as palavras dessa canção para o povo.
45Quando Moisés terminou de recitar todas essas palavras ao povo de Israel, 46acrescentou: “Levem a sério todas as advertências que hoje lhes dei. Transmitam-nas como ordens a seus filhos, para que eles cumpram fielmente todos os termos desta lei. 47Não são palavras vazias; são a vida de vocês! Se obedecerem a elas, terão vida longa na terra da qual tomarão posse quando atravessarem o rio Jordão”.

Deuteronômio 32 termina com o anúncio da morte iminente de Moisés. Ele veria a Terra Prometida do alto do monte, mas não entraria nela.

Deuteronômio 32.48-52 (NVT)
48Naquele mesmo dia, o SENHOR disse a Moisés: 49“Vá a Moabe, às montanhas a leste do rio, e suba o monte Nebo, do lado oposto de Jericó. Veja a terra de Canaã, a terra que dou aos israelitas como sua propriedade. 50Você morrerá ali no monte e será reunido a seus antepassados, como Arão morreu no monte Hor e foi reunido a seus antepassados. 51Será assim porque vocês dois quebraram minha confiança diante dos israelitas nas águas de Meribá, em Cades, no deserto de Zim. Não honraram minha santidade para os israelitas. 52Por isso você verá a terra de longe, mas não entrará na terra que dou ao povo de Israel”.

Deuteronômio 33

Diante da notícia definitiva de sua morte, Moisés abençoa a nação como um segundo Jacó. Uma última bênção. Uma bênção profética sobre as doze tribos de Israel.

Moisés começa louvando o SENHOR. Ele exalta o amor do SENHOR — pois, apesar de sua grandeza, ele escolheu caminhar com Israel (vs. 1-5). Depois, tribo por tribo, Moisés declara palavras de bênção. Cada uma segundo a aliança anunciada por Jacó, em Gênesis 49. Cada uma segundo o cuidado do SENHOR (vs. 6-25). Por fim, ele celebra o caráter extraordinário de Deus. Um Deus incomparável. E é esse Deus que garante o triunfo final da aliança com Israel:

Deuteronômio 33.26-29 (NVT)
26“Não há ninguém como o Deus de Jesurum! [Jesurun é um nome poético atribuído a Israel. Literalmente significa “o reto” ou “o justo”. Trata-se de um título honroso, que expressa a vocação do povo chamado a andar na retidão da lei de Deus. Contudo, em Deuteronômio 32, o termo carrega um tom de ironia: aquele que deveria viver em justiça se corrompeu. Assim, o SENHOR usa esse nome para lembrar Israel de quem ele deveria ser — e, ao mesmo tempo, para repreender severamente sua apostasia.] … Não há ninguém como o Deus de Jesurum [o Deus do povo justo, reto]! … Ele cavalga pelos céus para ajudá-los e monta as nuvens com majestoso esplendor. 27O Deus eterno é seu refúgio, e seus braços eternos os sustentam. Expulsa os inimigos de diante de vocês e grita: ‘Destruam esses povos!’. 28Israel viverá em paz, a fonte de Jacó estará segura numa terra de cereais e vinho novo, onde os céus gotejam orvalho. 29Como você é feliz, ó Israel! Quem é como você, povo salvo pelo SENHOR? Ele é seu escudo protetor e sua espada triunfante! Seus inimigos se encolherão de medo diante de você, e você lhes pisoteará as costas!”.

Deuteronômio 34

Por fim, chegamos a Deuteronômio 34 — o epílogo do Pentateuco. O texto encerra a Torá narrando o funeral de Moisés, a posse de Josué como novo líder de Israel e o epitáfio do grande profeta. Mas há mais do que isso.

Se o nosso olhar se prender ao personalismo, podemos até pensar: “Coitado de Moisés! Por que Deus não permitiu que ele conduzisse o povo na entrada triunfante em Canaã?” Mas se ficarmos apenas nessas perguntas, perderemos a verdadeira lição do texto.

O último capítulo dessa história não é sobre a derrota de um servo, mas sobre a fidelidade de um Deus. É sobre Aquele que cumpre a aliança feita a Abraão e a seus descendentes, conduzindo seu povo até as portas da Terra Prometida. Assim termina a era de Moisés — e, ao mesmo tempo, resplandece a certeza de que a promessa de Deus jamais falha.

Deuteronômio 34 (NVT)
1Então Moisés subiu das campinas de Moabe ao monte Nebo, até o topo do Pisga, do lado oposto de Jericó. Ali o SENHOR lhe mostrou toda a terra, […] 4O SENHOR disse a Moisés: “Esta é a terra que prometi sob juramento a Abraão, Isaque e Jacó, quando disse: ‘Eu a darei a seus descendentes’. Sim, permiti que você a visse com seus próprios olhos, mas você não atravessará o rio para entrar nela”.
5Assim, Moisés, servo do SENHOR, morreu ali na terra de Moabe, conforme o SENHOR tinha dito. 6Ele o sepultou num vale junto a Bete-Peor, em Moabe, mas até hoje ninguém sabe o lugar exato. 7Moisés tinha 120 anos quando morreu e, no entanto, ainda enxergava bem e tinha todas as suas forças. 8Os israelitas prantearam a morte de Moisés por trinta dias nas campinas de Moabe, até se cumprir o período do ritual de luto.
9Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, pois Moisés havia imposto as mãos sobre ele. Por isso, os israelitas lhe obedeceram e fizeram o que SENHOR havia ordenado a Moisés.
10Nunca houve em Israel outro profeta como Moisés, a quem o SENHOR conhecia face a face. 11O SENHOR o enviou ao Egito para realizar todos os sinais e maravilhas contra o faraó, contra todos os seus servos e contra toda a sua terra. 12Com grande poder, Moisés realizou atos temíveis diante dos olhos de todo o Israel.

Assim termina o Pentateuco. O servo de Deus parte, sem entrar na Terra Prometida. Mas a obra de Deus prossegue. A aliança permanece. A promessa continua viva. E o povo segue sua jornada — guiado por um Deus fiel. Fiel à sua aliança. Fiel de geração em geração.

O triunfo da graça

A primeira lição que Deuteronômio 31 a 34 nos permite extrair, em conclusão, é sobre a graça de Deus — o triunfo da graça de Deus. O triunfo da graça sobre os nossos pecados. E o triunfo da graça sobre os nossos problemas em tempos de transição.

Pense comigo. Deus sabia que Israel se afastaria dele. Ainda assim, não retirou seu amor. Permaneceu fiel. Fiel à sua aliança. Providenciou o cântico do capítulo 32 como lembrança e repreensão. Um chamado constante ao arrependimento. Quando Israel se desviasse, a canção soaria como a própria voz de Deus chamando de volta.

Assim também conosco. Antes que caíssemos, Deus já sabia. Antes que pecássemos, ele já havia providenciado o caminho da graça. Graça que chama. Graça que acolhe. Graça que perdoa. Graça que justifica. Graça que transforma o coração e santifica. Graça que leva ao céu. Essa graça nos alcança em Jesus Cristo.

O Apocalipse fala do “Cordeiro que foi morto desde antes da fundação do mundo” (Ap 13.8). Isso mostra que a cruz não foi um acidente da história, mas parte do plano eterno de Deus. O apóstolo Pedro afirma que Cristo foi conhecido antes da fundação do mundo, mas manifestado no tempo devido, como Cordeiro sem defeito para nos redimir (1Pe 1.18-20). E João Batista, ao ver Jesus, declarou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Desde a eternidade, Deus já havia preparado a resposta para o nosso pecado. O Cordeiro estava pronto. O perdão garantido. A graça já nos esperava. E ainda espera todos quantos, arrependidos, se aproximam de Cristo com fé — fé somente em Cristo.

Foi essa mesma mensagem que Pedro anunciou em Jerusalém: “O Deus de nossos antepassados ressuscitou Jesus dos mortos, depois que vocês o mataram, pendurando-o numa cruz. Deus o colocou no lugar de honra, à sua direita, como Príncipe e Salvador, para que o povo de Israel se arrependesse de seus pecados e fosse perdoado” (At 5.30-31, NVT).

Mas tem mais… A graça triunfa não apenas sobre os nossos pecados. A graça também triunfa sobre os nossos problemas.

Pense em Josué. Imagine o peso sobre seus ombros: a missão de conduzir Israel na conquista da Terra Prometida. E tudo isso à sombra de Moisés — o maior de todos os profetas. Para agravar, o próprio SENHOR já havia advertido que o povo, em pouco tempo, se corromperia, entregando-se aos ídolos de Canaã. Que ansiedade! Que temor!

Mas a palavra do SENHOR veio como bálsamo ao coração de Josué: “Sejam fortes e corajosos! Não tenham medo nem se apavorem diante [dos povos da terra]. O SENHOR, seu Deus, vai com vocês. Ele não os deixará nem os abandonará” (Dt 31.6). E outra vez: “Seja forte e corajoso, pois você [, Josué… você mesmo,]conduzirá o povo de Israel à terra que jurei dar-lhes. Eu estarei com você [, Josué]” (Dt 31.23).

Assim é também conosco. O Deus que chama é o Deus que sustenta. O que ele ordena, ele mesmo capacita a cumprir. Sua presença é a garantia do nosso chamado. Seu poder é a força da nossa caminhada. Sua palavra é o sustento da nossa alma.

Eis a magnífica lição: a graça de Deus triunfa sobre nossos pecados e sobre os nossos problemas.

Um chamado ao louvor

A graça triunfante de Deus em Cristo nos conclama ao louvor. Essa é a segunda aplicação que podemos fazer. O salmista nos chama: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome… não te esqueças de nem um só de seus benefícios.” (Sl 103. 1-2, ARA).

O cântico de Moisés, em Deuteronômio 32, foi dado com esse propósito: lembrar o povo das bênçãos e das advertências de Deus. Cada vez que fosse entoado, Israel traria à memória a graça do SENHOR e também suas exortações.

As obras de Deus precisam ser lembradas. Nas palavras de Davi: o SENHOR “é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.” (Sl 103.3-5, ARA).

As obras de Deus precisam ser lembradas. Suas palavras precisam ser repetidas. Elas são chave para interpretar a vida. São lente para compreender cada acontecimento. É isso o que fazemos quando nos reunimos como congregação para adorar. Nos cultos dominicais, cantamos da graça de Deus e ouvimos suas advertências. Você e eu precisamos disso.

No cântico de Moisés, vemos também um contraste solene. O SENHOR é a Rocha — ele é justo e verdadeiro, poderoso e imutável. O homem, porém, é inconstante e ingrato. Apesar de tudo o que o SENHOR fez ao escolher, redimir e cuidar de Israel, o povo o desprezou e provocou sua santa ira. Séculos mais tarde, ao voltarem do exílio babilônico, os descendentes de Israel confessariam reconhecendo as palavras da profecia de Deuteronômio: “tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; pois tu fielmente procedeste, e nós, perversamente” (Ne 9.33, ARA).

Portanto, humilhemo-nos, pois não somos melhores do que eles. Mas adoremos ao SENHOR, pois ele é a Rocha da salvação — firme em meio à nossa inconstância, fiel em meio à nossa infidelidade, seguro em momentos de transição.

Eis aqui outra magnífica lição: Deus não tem como amar ainda mais o seu povo. E jamais o amará menos. Olhe para o Calvário e tire sua própria conclusão.

Isso tem nome: é graça. Isso é segurança. Isso é mais do que motivo para louvor.

Temos, portanto, um chamado: bendizer ao SENHOR com todo o coração.

A bênção de ter líderes e de ser povo

Deus, em sua graça, não apenas nos chama para si, mas também nos dá líderes que cuidam do seu povo. E, ao mesmo tempo, nos lembra que não há maior privilégio do que ser contado entre os seus. Essa é a lição de Deuteronômio 33.

O papel adequado de um líder é abençoar altruisticamente aqueles que estão sob seu cuidado. Foi assim com Moisés, que “escolheu ser maltratado junto com o povo de Deus” e considerou “a afronta por causa de Cristo uma riqueza maior do que os tesouros do Egito” (Hb 11.25-26). Ele se dispôs a conduzir Israel às bênçãos prometidas séculos antes, já pronunciadas por Jacó em Gênesis 49, quando reuniu seus filhos e lhes declarou o futuro.

Assim também devem agir pais e líderes hoje: dispostos a se gastar e até a serem consumidos pelo bem daqueles que estão sob sua autoridade e seus cuidados. E, acima de todos, temos o exemplo supremo: Jesus Cristo, o Líder que não apenas abençoa, e assim o faz entregando a própria vida em favor do seu povo — “pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.45, ARA).

Nesse sentido, que grande privilégio é ter líderes que refletem algo do caráter de Cristo. Filhos que crescem sob o cuidado de pais piedosos são abençoados. Uma nação que desfruta de governantes e de autoridades tementes a Deus é guardada. Ovelhas que caminham com pastores segundo o coração do SENHOR são nutridas e guiadas com segurança. Queira viver assim. Queira ser um líder assim. E ore e busque um lugar onde esse cuidado piedoso esteja presente em sua vida.

Mas a bênção não está apenas em ter líderes fiéis.

Bênção imensurável é também ser povo do SENHOR. Foi isso que Moisés declarou ao final de sua vida, em Deuteronômio 33.29 (NVT): “Como você é feliz, ó Israel! Quem é como você, povo salvo pelo SENHOR? Ele é o seu escudo protetor e a sua espada triunfante! Seus inimigos se encolherão de medo diante de você, e você lhes pisoteará as costas!”

Nenhuma outra nação havia experimentado bênção semelhante, pois o SENHOR havia separado Israel para si mesmo.

E o que Israel experimentou encontra seu cumprimento final na igreja — o Israel de Deus, o verdadeiro Israel espiritual (cf. Gl 6.15-16). O povo de Cristo é separado para ele, chamado pelo seu nome, abençoado “com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3). Não há povo comparável à verdadeira igreja de Cristo. Como disse o apóstolo João: “Vede que grande amor o Pai nos tem concedido, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1Jo 3.1, ARA).

É bom refletir sobre essa verdade. Melhor ainda é responder a ela com louvor. Pois a bênção de Deus sobre líderes que servem com a mente e o coração de Cristo, e sobre um povo que pertence a ele é motivo suficiente para nos rendermos em gratidão, adorando ao SENHOR por todos os benefícios de sua graça salvadora.

O privilégio de conhecer e servir a Deus

Moisés teve o privilégio de conduzir a nação para fora do Egito e através do deserto, mas foi Josué que teve o privilégio de levar Israel à terra de Canaã. Assim é a obra de Deus: parte por parte, realizada por servos escolhidos pelo próprio Deus. Cada um de nós precisa reconhecer que é apenas uma pequena peça em algo muito maior que o SENHOR está edificando. Trabalhamos com diligência para o avanço do seu reino, mas pode ser da sabedoria divina permitir que outros colham o fruto ou recebam a honra que desejávamos. No plano de Deus, sempre há um Josué para suceder um Moisés — e, no fim, tudo procede do SENHOR.

Moisés, por sua vez, teve um privilégio maior: ele conheceu o SENHOR “face a face” (Dt 34.10), experimentou uma intimidade com Deus sem igual entre os líderes de Israel — exceto Cristo. De Cristo foi dito a Moisés: “Levantarei um profeta como você do meio de seus irmãos israelitas e porei minhas palavras em sua boca, e ele dirá ao povo tudo que eu lhe ordenar” (Dt 18.18, NVT). O evangelho confirma: “Pois a lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho único, que mantém comunhão íntima com o Pai, o revelou.” (Jo 1.17-18, NVT). É o Filho quem revela o Pai a quem ele quiser (Mt 11.27). Ele nos capacita a conhecer o Deus verdadeiro — e esse conhecimento é a própria vida eterna (Jo 17.3,6; 1Jo 5.20).

E a promessa não termina aqui. Um dia, todos os crentes em Cristo conhecerão a Deus face a face (1Co 13.12; Ap 22.4). Esse será o ápice da alegria eterna: ver o Senhor como ele é, e desfrutar da comunhão perfeita com ele para sempre.

Que bendita esperança!

Que enorme privilégio — conhecer e servir ao SENHOR.

Oração e bênção pastoral

  • O triunfo da graça. Senhor nosso Deus, louvamos o Teu nome pela graça que triunfa sobre os nossos pecados e também sobre os nossos problemas. Obrigado porque, antes de cairmos, Tu já tinhas preparado o Cordeiro. Obrigado porque em Cristo temos perdão, transformação e vida eterna. Sustenta-nos, como sustentaste Josué, para que sejamos fortes e corajosos em cada transição da vida, confiando que o Senhor nunca nos deixará nem nos abandonará.
  • Um chamado ao louvor. Pai amado, ensina-nos a não esquecer nenhum dos Teus benefícios. Dá-nos um coração que bendiz ao SENHOR em todo tempo. Perdoa a nossa inconstância e nossa ingratidão, e lembra-nos sempre de que Tu és a Rocha, firme em meio às nossas fragilidades. Que cada culto, cada cântico, cada leitura da Tua Palavra reacenda em nós um louvor sincero, para que a nossa vida seja resposta de gratidão à Tua graça imutável.
  • A bênção de ter líderes e de ser povo. Deus gracioso, agradecemos por levantar líderes que abençoam o Teu povo. Abençoa pais, pastores e governantes para que sirvam com altruísmo e temor do SENHOR. E ajuda-nos a valorizar o privilégio de sermos Teu povo — separados, chamados pelo Teu nome e amados com amor eterno. Que a nossa vida reflita a alegria de sermos filhos de Deus e que, juntos como igreja, vivamos para a Tua glória.
  • O privilégio de conhecer e servir a Deus. SENHOR, reconhecemos que somos apenas pequenas peças na Tua grande obra. Ensina-nos a servir com humildade, sabendo que tudo procede de Ti. Obrigado porque, em Cristo, temos acesso ao Pai e conhecemos Aquele que é a vida eterna. E alimenta em nós a esperança bendita do dia em que Te veremos face a face. Até lá, guarda-nos fiéis, com os olhos fixos em Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé.

E agora, ao se prepararem para voltar ao mundo com a mensagem do evangelho, esta é minha súplica a Deus em favor de vocês:

Hebreus 13.20-21

Que o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos o nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, aperfeiçoe vocês em todo o bem, para que possam fazer a vontade dele. Que ele opere em vocês o que é agradável diante dele, por meio de Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!

S.D.G. L.B.Peixoto

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A transição do Senhor

Pr. Leandro B. Peixoto

SIB GOIÂNIA

LEANDRO B. PEIXOTO

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