05.06.2016
A palavra discipulado não aparece no Novo Testamento. O termo foi criado para descrever o processo de fazer discípulo. Discípulo era um aprendiz, um aluno. Ser discípulo de alguém significava assentar-se aos pés daquele mestre para ser por ele instruído (Lc 10.39; At 22.3).
A aprendizagem acontecia não apenas através da informação de conteúdo, mas também pela observação do comportamento diante das mais variadas questões e situações da vida. Era, portanto, necessário que o discípulo passasse tempo com seu discipulador, ouvisse suas lições, acompanhasse seus passos, visualizasse sua conduta. Assim é que o convite de Jesus para o discipulado sempre envolveu um ir após ele literal (Mt 4.19; 10.38; 16.25; Lc 9.23; Jo 12.26). A cena de um mestre caminhando pelas ruas com aprendizes a sua volta era comum naqueles dias. O seguimento era público. As pessoas podiam ver quem estava seguindo quem (Mt 17.24).
Seguir Jesus também implicava continuar com ele mesmo depois que despedia a multidão. Quando acabava o ensino, os discípulos não iam viver sua vida normal. A multidão voltava para casa. Os discípulos permaneciam com Jesus (Mc 8.9-10). Ser discípulo e ser multidão constituíam dois grupos bem diferentes (Mc 3.7; 10.46; Lc 7.11). Ainda que a multidão cercasse Jesus, os discípulos não eram confundidos com ela. A maior “propaganda” de um discipulador eram os seus discípulos ao redor dele, testemunhando diante da multidão que o mestre era digno de ser seguido. Os discípulos, tirando da multidão ou de seu circulo de convivência, levavam outros até Jesus (Jo 1.40-45; Lc 5.29). Fantástico isso, pois quando começamos a discipular de verdade, nossos discípulos vão querer trazer mais pessoas para perto e isso será um indicativo de que o discipulado os tem abençoado.
Os tempos agora são outros, é verdade, mas o princípio do seguimento ou da associação deve ainda hoje ser adotado por meio de algumas ações pontuais (como estamos falando de seguir alguém, tais ações são praticadas pelo discípulo e de igual forma correspondidas com a mesma disposição pelo discipulador). Por exemplo: discipulador e discípulo assumem compromisso de dedicar de uma a uma hora e meia por semana para oração, compartilhamento e ensino. Ademais, ambos se dispõem, na medida do possível, para encontros “extra”, tais como refeições, eventos ou festas, passeios, atividades físicas ou domésticas, etc.; eles mantêm contato através de redes ou de mídias sociais; compartilham leituras edificantes; encontram-se para conselhos, consolo e trocar opinião.
A lista não é exaustiva. Com certeza, há outras formas de atualmente se manter um relacionamento discipulador. De toda forma, é necessário que o discípulo passe tempo com o seu discipulador, ouça suas lições, acompanhe seus passos e visualize sua conduta para aprender com sua vida e sua voz. O discípulo é um seguidor. Ele precisa de alguém para seguir. Você está disponível?
Com carinho, Leandro B. Peixoto – seu pastor.
Extraído e adaptado do cap. 5 (pg. 47-52) de
Relacionamento Discipulador: uma teologia da vida discipular
Autor: Diogo Carvalho. Editora: Missões Nacionais.
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