02.04.2017
Sentado à sua mesa de trabalho, num domingo em outubro de 1780, o jornalista Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o Jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele se concentrar no que estava escrevendo, pois os gritos e os palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo de sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos.
O artigo que o jornalista escrevia era mais um pedido de reforma no sistema carcerário do país. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os presos, reabilitando-os através de cursos, enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Foi quando começou a pensar sobre o destino das crianças de rua – pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele de seus pais nas prisões. Se continuassem daquela maneira, muitos certamente seguiriam no caminho do vício, da violência e do crime.
A cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um polo industrial com grandes fábricas de têxteis. Raikes sabia que as crianças trabalhavam nas indústrias ao lado de seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. No domingo, enquanto os pais descansavam do trabalho árduo da semana, as crianças ficavam abandonadas nas ruas. Naquele tempo não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares. As crianças pobres, portanto, ficavam sem estudar; trabalhando todos os dias nas fábricas, menos aos domingos.
Sentado à sua mesa e meditando sobre esta situação, um plano nasceu na mente do jornalista. Raikes resolveu fazer algo para as crianças pobres; algo que pudesse transformá-las e garanti-las um futuro melhor! Pondo ao lado seu editorial sobre reformas nas prisões, ele começou a escrever sobre as crianças pobres que trabalhavam nas fábricas, sem condição de estudar e se preparar para uma vida melhor. Quanto mais ele escrevia, mais sentia-se empolgado com seu plano de ajudar as crianças. Ele resolveu, neste primeiro editorial, somente chamar atenção à condição deplorável dos pequeninos, e no próximo ele apresentaria uma solução que estava tomando forma na sua mente.
Quando leram seu editorial, houve alguns que sentiram pena das crianças, outros que acharam que o jornal deveria se preocupar com assuntos mais importantes do que crianças, sobretudo, filhos dos operários pobres! Mas Robert Raikes perseverou com seu sonho. No editorial seguinte, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo, através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudarem neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois, um pastor anglicano indicou professoras de sua igreja para o trabalho… e assim nascia a Escola Bíblica Dominical.
Com carinho, Leandro B. Peixoto
Extraído e adaptado de artigo de Ruth Doris Lemos
Fonte: https://goo.gl/mcWqz1
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