29.05.2016
Fazer discípulos é muito mais do que acompanhar novos convertidos. Não é que eles não precisem de acompanhamento. É claro que precisam. A questão é se apenas a isso resume-se o conceito de discipulado. A bem da verdade, por mais que reconheçamos a necessidade desse acompanhamento, fato é que ele raramente é efetivado na prática. Fruto, infelizmente, de nossa equivocada concepção do que seja efetivamente o discipulado.
A falta de acompanhamento dos decididos é uma das preocupações recorrentes nas avaliações de líderes de igrejas batistas. De fato, todos nós já devemos ter participado de iniciativas em que se conseguiu muitos resultados em termos de “decisões por Cristo”, mas que se perderam com o tempo. Poucas das fichas de decididos se materializaram em batismos meses depois. Também, poucos dos que foram batizados permaneceram.
Afinal, quem tem a responsabilidade de fazer esse acompanhamento? O pastor? O departamento de evangelismo? Pois bem, se a Grande Comissão é um chamado para todo cristão e se ela visa não apenas obter convertidos, mas também batizá-los e ensiná-los (Mt 28.19-20), então todos são chamados a realizar todas essas ações.
No entanto, para que isso seja uma realidade na SIB, não bastará que se faça um apelo de momento sobre a necessidade do acompanhamento evangelístico, visando compor um ministério com meia-dúzia de membros dispostos a levá-lo adiante. Se o discipulado não for alimentado por uma visão que o coloque no centro da Grande Comissão, ele continuará sendo apenas uma atividade optativa com a qual a maioria não desejará se comprometer. Mas, como poderia ser diferente se hoje enxergamos o discipulado como pouco mais do que uma tarefa burocrática da igreja? Sim, pois, infelizmente, tantas vezes ele é entendido apenas como a ação de reunir-se com uma equipe após um evento evangelístico – um culto, uma cantata ou uma cruzada evangelística – para fazer uma triagem de fichas de decididos e enviar algumas correspondências!
O Novo Testamento bate de frente com esse conceito. A ideia neotestamentária é que a proclamação (evangelização) e o acompanhamento (discipulado) devem andar de mãos dadas para o cumprimento da missão. Os apóstolos logo entenderam a necessidade de integrar os que criam e ensinar-lhes a obedecer ao que Cristo ensinou. Assim é que os discípulos sempre acolhiam em torno deles as pessoas receptivas ao evangelho e a eles ensinavam que fizessem o mesmo com outras pessoas (2Tm 2.2).
O discipulado deve ser como fez o Senhor Jesus e também como o fizeram seus apóstolos depois dele: um relacionamento intencional que se requer que todos os cristãos tenham com pessoas interessadas e que se desenvolve pessoalmente ou em pequenos grupos para o aperfeiçoamento dos discípulos para a vida e para a multiplicação.
Com carinho, Leandro B. Peixoto – seu pastor.
Extraído e adaptado do cap. 4 (pg. 38-44) de
Relacionamento Discipulador: uma teologia da vida discipular
Autor: Diogo Carvalho. Editora: Missões Nacionais.
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